Pov Narradora

Mônica estava em seu quarto se perguntando quem era aquele garoto que Magali falou. Ela não sabia se era um defeito ou uma qualidade, só sabia que era extremamente curiosa. E Magali não ajudou em nada não contando quem era aquele garoto.

Flashback

— Quem? — Pergunta arqueando uma das sobrancelhas.

— É um dos garotos da escola. Amanhã eu falo quem é. — Respondeu desinteressada.

— Ah não! Me conta vai? Agora eu fiquei curiosa. — Pedi fazendo uma carinha de cachorrinho que caiu da mudança. Mas Magali conhecia bem aquela carinha, pois também fazia a mesma quando queria alguma coisa que não lhe davam. — Por favor?

— Não. Amanhã! — Mônica vendo que não tinha outra escolha a não ser esperar até o dia seguinte, deu o braço a torcer, o que não fazia muito frequentemente.

Flashback Off

Magali ficou apenas mais alguns minutos na casa de Mônica, pois tinha que ir embora. A garota de dentes salientes, por sua vez, foi a seu quarto, tomou um banho quente e relachante. Colocou o seu pijama azul celeste, que na verdade era uma blusa regata com um short curto.

Abriu a janela na lateral do seu quarto. Quando fez tal ato viu que sua janela ia de encontro com um cômodo a casa ao lado. Que se parecia muito com um quarto.

"Deve ser o quarto da Magali" — Pensou. — "Não ela mora na casa da frente".

Deixou todos os seus pensamentos curiosos de lado quando dormiu, na manhã seguinte seria um novo dia. Ou talvez, uma nova vida.

Pov Cebola

Hoje é o dia. O primeiro dia de aula.

"De volta á velha e chata rotina". — Foi a primeira coisa que pensei ao acordar.

Levantei e fui para o banheiro. Tomei um banho frio para despertar, não foi tão bom quanto um banho quente, mas me deixou a disposição para enfrentar Carmem, a minha namorada. Ela é muito chata, não larga do meu pé. Eu só namoro com ela porque ela é popular e todos dizem que devemos namorar porque combinamos. Além disso, ela é muito bonita e me pediu em namoro e eu não pude pensar em nenhuma resposta além de 'sim'.

Depois que sai do banheiro, coloquei um All Star preto, uma calça jeans surrada, uma camiseta cinza, e uma jaqueta de couro preto.

Desci as escadas da minha casa e fui diretamente á cozinha. Lá vi minha irmã, Maria Cebolinha, tomando café.

— Não vai falar comigo não? — Ela disse olhando no fundo dos meus olhos enquanto eu me sentava à mesa. O que fez meu coração se partir com as próximas palavras que diria.

— Não falo com pessoas sem importância em minha vida. — Quando eu disse aquilo, vi seus olhos se encherem de lágrimas, o que me fez ter vontade de chorar também.

— O que foi que eu te fiz em Cebola? — Perguntou-me já derramando as lágrimas que estavam em seus olhos. — Por que você me odeia tanto? — Não era só ela que me perguntava isso. Ninguém sabia o real motivo, e para falar a verdade... Nem eu.

Eu prometi ao meu pai que nunca a contaria o que havia acontecido naquela noite. Ela era pequena demais para entender o que estava acontecendo e agora, oito anos depois, ela não sabe de mais nada. Talvez se eu manter uma certa distância dela seja melhor, assim eu não corro o risco de revelar tudo á ela.

— Você nasceu, foi isso que você fez. — A respondi frio e rispído. E todo o brilho de felicidade que existe em seus olhos, que eu sempre vejo, até quando eu não falo com ela, se foi.

Eu me levantei da mesa e sai da cozinha, e ela veio atrás de mim e me perguntou: "Você não vai comigo pra escola?" e eu simplesmente respondi: "Você já conhece o caminho e tem duas pernas, vai sozinha!".

Depois que eu disse aquilo, ela simplesmente abaixou a cabeça e continuou deixando as lágrimas rolando. E eu sai de casa e fui andando a caminho do colégio.

Pov Mônica

Eu acordei. E já estava amanhecendo. Eram 6h15min da manhã.

"Droga! Hoje tem aula" — Pensei ao acordar.

Me levantei e tomei um banho longo e relaxante. Quando sai do banho percebi que o dia iria ser quente.

Fui ao meu closet, peguei um vestido florido, uma sandalha beje e um colar com um símbolo do infinito. Lá também fiz a minha maquiagem. Depois já estava pronta.

Fui á cozinha. Lá vi uma mulher.

— Oi, quem é você? — Perguntei a ela desconfiada.

— Oi eu sou a sua mais nova empregada, meu nome é Socorro. — Falou me estendendo a mão. Eu peguei a sua mão e a apertei. — Então, senhorita Sousa, eu fiz o seu café da manhã. O que achou? — Eu olhei bem para a mesa e vi que tinha panquecas, bolo, pão, suco de limão, laranja, morango, e alguns outros. E salada de frutas. Por quê tudo isso? — Bem... Eu não sei o que você gosta, então eu fiz tudo.

— Tudo bem! Mas eu não vou conseguir comer tudo isso! — Eu me sentei e ela ficou me olhando. — Ué! Você não vai se sentar não?

— Sério? — Ela parecia indignada e surpresa.

— Por que não seria?

— É que no meu último emprego eu era proibida de sentar à  mesa. Principalmente de meu chefe ou seus filhos estivessem sentados também. — Respondeu de forma carinhosa.

— Eu nunca faria isso com você!

— Obrigada! — Falou e depois se sentou a mesa comigo. — Então... Você vai comer o que? — Verbalizou.

— A salada de frutas e o suco de morango. — Eu disse e ela me passou as as coisas. — Onde estão os meus pais? — Perguntei a ela.

— Eles já foram trabalhar, e por isso eu anda não sei o que você gosta. — Respondeu rapidamente.

— Já era de se esperar. — Sussurrei para mim mesma. — Não se preocupe! Tudo o que você colocou à mesa eu gosto. Só não gosto muito do suco de manga. — Falei.

— Que bom, Senhorita Sousa, tratarei de não fazer mais suco de manga.

— Me chame apenas de Mônica.

— Está bem, Mônica. — Ela olhou para o meu rosto e fez uma cara confusa. — Você está bem? Parece meio pálida.

— Tive um pesadelo. É uma coisa bem comum comigo, já estou acostumada, mas agora estou bem.

— Você não...

— Desculpe, mas não gosto de falar sobre isso e nem contar o que sonho.

— Então vamos conversar sobre outra coisa.

Nós duas tomamos café juntas. Conversando sobre todos os assuntos — Com exceção dos meus pesadelos. Até que vejo que já são 6hs 45min, então encerro a nossa conversa e vou para escola. Eu não sabia muito bem o caminho, então fui olhando no GPS para não me perder.

Quando cheguei ao colégio ,vi que ele era enorme.

Entrei e fui diretamente a diretoria.

— Oi, você é uma aluna nova? — Uma mulher de aparentemente 40 anos me perguntou, me fazendo assentir com a cabeça. — Bem... Meu nome é Aldení, a cordenadora, muito prazer.

— O prazer é todo meu! — Nós nos cumprimentamos. — Bem eu queria saber onde são as minhas salas. — Eu disse um pouco envergonhada.

— De que ano você é?

— Segundo ano médio. — Remecheu em algumas gavetas e depois estendeu-me a mão que segurava uma folha.

— Aqui estão os seus horários. — Bem... Seus pais te disseram que essa escola funciona? — Perguntou-me.

— Como assim?

— Você escolhe as aulas que quer fazer. Português e matemática são obrigatórios, pode até frequentar só estas aulas se quiser, mas no final do terceiro ano tem que ter feito todas as matérias e também atividades extracurriculares como artes. Se tiver alguma duvida, venha falar comigo.

— Claro. Acho melhor fazer todas as aulas.

— E eu acho melhor você ir logo se não vai se atrasar. Já são 6hs 55min. — Ela me disse. E quando eu me virei de costas para sair... — Ah! E antes que eu me esqueça... — Me virei para ela novamente... Os intervalos duram 1h, então se você quiser passar na sua casa para almoçar ou tomar um banho, está liberada, mas se você faltar em alguma das matérias obrigatórias, pode levar uma detenção.

— Okay, Obrigada! — Disse abrindo um sorriso sincero.

— Disponha! — Retribuiu o meu sorriso.

Sai da diretoria e olhei para o papel que Aldení havia me dado. Eu tenho aula de AÑD. O que significa isso?