O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 74
Quem morre primeiro?


Notas iniciais do capítulo

"



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Toquei a campainha de casa.

–Oh, oi, Julie.

–Oi, Lorraine. Falei entrando em casa e tomando rumo ao meu quarto.

–Pensava que o Mike viria.

–Por quê? perguntei apoiando as costas na parede e a encarando.

Meu pai saiu da cozinha e abraçou Lorraine.

–Ele deveria vir jantar aqui, um dia...

–Pai, você o conhece a mais de 14 anos, ele vem sempre aqui. Falei revirando os olhos.

Ele deu de ombros.

Subi as escadas e entrei no meu quarto.

Havia um livro em cima da mesa.

–A resposta da minha carta. Falei correndo até a mesa e abrindo o livro.

"Julie,

Não é seguro mandar cartas para cá, meu pai pode encontrar (como quase aconteceu). Por favor volte Julie, ele realmente notou sua ausência (ele sabe desde o início, mas por algum motivo não parece dar bola) e deve estar planejando algo, odiaria que algo acontecesse a você antes que perceba o quanto me ama.

P.S: Já cansou do Mike?

P.P.S: Sério, volta.

Felipe"

Revirei os olhos.

–Voltar agora? como, ainda tenho coisas para fazer. Falei alto sentando-me e lendo outra vez a carta.

Senti algo tocar no meu cabelo.

Olhei para trás.

–Fala sério, Felipe. Quase gritei.

–Eu vim por que sei que uma carta não vai fazer você mudar de ideia.

–Olha eu sei que tenho que voltar, mas eu preciso...

–Julie, meu pai vai explodir tudo, assim você não vai precisar fazer mais nada. Ele falou preocupado.

–O Destino vai explodir tudo mesmo que eu esteja lá, você sabe disso.

–Sabe por quê? por que ele viu o quão é importante para você, o quanto você se preocupa em estar com essas pessoas. Ele respondeu sentando-se e brincando com os dedos.

O encarei por alguns segundos.

–Você... você não pode vir para cá.

–Não? -ele perguntou semi cerrando os olhos - Por quê? o tom desafiador de sua voz só me deixava mais estressada.

Respirei fundo.

Ele fechou os olhos e franziu a testa.

–Julie, o que você fez?

–Um acordo, eu conseguiria se convencesse você a não vir mais para cá.

Ele riu.

–Acha que vai me impedir de vir para cá? se eu quiser você não pode nem tocar em mim.

Revirei os olhos.

–Com quem fez o acordo?

Percebi que ele estava se divertindo com aquilo.

–Felipe, vai procurar o que fazer.

–Não saio daqui sem você.

Franzi a testa.

–E se demorar muito eu morro aqui mesmo.

–Como assim?

–Julie, eu não pertenço a isso mais, não posso ficar aqui, não por muito tempo, isso gasta energia demais.

Refleti sobre aquilo.

–E mais uma coisa, nunca em hipótese alguma faça acordos com minhas irmãs, aquelas caras de santas são para enganar.

–Vocês escolhem suas aparências? Perguntei.

–Exatamente, por isso que eu sou perfeito. Ele falou sorrindo.

Revirei os olhos.

–Fecha os olhos. Ele falou sorrindo.

–Por quê? é um truque barato?

–Não, é que para trocar de aparência é revelada minha verdadeira aparência.

–É tão terrível?

Ele fez que sim.

Fechei os olhos.

Após alguns segundos ele disse que eu poderia abrir.

–Agora eu sou o Mike! Ele falou orgulhoso de si.

Me afastei dele.

–Não você é o Felipe.

–Sou o Mike... seu namorado. Senti algo me puxar até ele.

Revirei os olhos.

–Quero dizer, sou melhor que ele, por que sou o Felipe.

–Por que insiste?

–Correção "Mike por que insiste?". Ele falou sorrindo.

Revirei os olhos.

–Namorada, vamos, me beije logo por quê odeio minha aparência.

O afastei com as mãos.

Felipe sorriu.

–Isso é ridículo. Falei fazendo uma careta.

Alguém bateu na porta.

Abri.

–Espero não estar atrapalhando. Meu pai falou assim que viu o "Mike".

–De jeito nenhum, entre, por favor. Falei fuzilando Felipe com o olhar.

–Olá, Senhor Roberts.

–Oi, Michael.

Felipe riu, mas meu pai não percebeu.

–Adoraria que ficasse para jantar conosco, afinal, você agora é parte da família.

Fiz um sinal para Felipe não aceitar.

–Eu adoraria. Ele falou fazendo uma careta pra mim.

–Pai, o... Mike já estava indo embora.

Felipe puxou meu braço.

–Estava?

Meu pai me encarou preocupado.

–Er...

Felipe passou o braço por meus ombros.

–Afinal, agora sou parte da família, Julie.

Meu pai não disfarçou a surpresa.

–Pai, eu e o ... -Cutuquei Felipe- Mike combinamos de sair para jantar.

–Particularmente, prefiro conversar com seu pai, Julie.

O encarei de queixo caído.

Meu pai deu de ombros.

–Espero vocês. Meu pai falou saindo e fechando a porta.

–Me larga! Gritei.

–Não tô afim, afinal eu sou parte da família. Ele falou flutuando.

O puxei e ele caiu no chão.

–Você vai embora agora, senhor "Parte da família".

–Mas você precisa do seu... namorado. Um sorriso charmoso tomou conta de seu rosto.

–Vou ligar para o meu namorado, pode deixar, e mais uma coisa, pode enganar meu pai com esses olhinhos azuis, mas a Lorraine sabe que os olhos do Mike são castanhos.

Tirei o celular do bolso e comecei a digitar o número.

–Calma ai. Felipe falou tirando o aparelho de minhas mãos.

–Devolve.

–Vou dar um jeito no seu namorado.

O encarei com raiva.

–Se meteu com a garota errada. Gritei.

–Venha pegar. Ele falou e num segundo estava em outro canto.

Corri atrás dele e ele só ria.

–Devolve! Gritei.

Ele se sentou em cima da minha estante de livros.

–Não.

Rapidamente empurrei a estante e ela caiu no chão, antes que ele fugisse joguei um livro nele que provavelmente o nocauteou.

–Julie, olha a violência. Ele falou abrindo os olhos depois de alguns instantes.

–Pensava que estava nocauteado. Falei já próxima dele.

–Infelizmente para você não estou. Ele falou sorrindo e me devolvendo o celular.

O encarei.

–O que está encarando? não vai ligar para o seu namorado? Ele perguntou tirando os livros de cima dele.

Fiquei paralisada por uns segundos.

–Vou, vou sim. Respondi sacudindo a cabeça e espantando pensamentos internos.

Me levantei, mas ele colocou o pé na minha frente e eu cai próximo dele.

–Por favor, Felipe, para. Falei quando ele segurou meu braço.

–Por que você sempre pede para parar?

–Por que eu estou namorando.

–Por que não me dá uma chance?

–Felipe, eu gosto do Mike.

–Por que não de mim?

Respirei fundo.

–Eu sinto medo de você. Sussurrei.

Ele disfarçou o olhar distante.

–Eu também.

O encarei confusa.

–Julie, você é especial, de verdade.

Dei de ombros.

–Não é por culpa da sua energia, tem algo em você... algo especial que ainda não consegui descobrir e tenho medo por que o desconhecido me apavora.

Encarei qualquer outro canto.

–Eu preciso ligar pro Mike.

Ele suspirou e se jogou no chão.

–Atende, atende.

–Julie, nós não íamos voltar?

Pensei por alguns instantes.

–Então vou avisa-lo.

Ele suspirou novamente.

Ouvi a linha desligar.

–Melhor não ligar para ele.

–Por quê? perguntei.

Ele olhou para os lados aflito.

–Eu só fiz isso para o seu bem.

Um súbito ódio.

–O que você fez?

–Não aconteceu nada ruim com aquele príncipe chato.

Algo me empurrou para longe da pilha de livros e rapidamente ela estava em pé e arrumada.

–Eu só fiz ele pensar que foi tudo um sonho, todos.

–O quê?!

–Julie, se ele morrer você vai sofrer, se você morrer ele vai sofrer, para impedir isso... eu fiz uma coisa boa... digo algo ruim que desencadeia em algo bom.

Enchi as bochechas.

E soltei o ar.

–Pode estar super brava comigo, mas depois verá que é o melhor.

–O melhor?

Ele fez que sim.

Me abracei.

–Tem razão. Falei sentando-me.

Ele suspirou.

–Julie, precisamos voltar, agora! Ele falou nervoso de repente.

–Felipe? está tudo bem?

Ele começou a tossir.

–Agora. Ele falou entre uma respiração pesada e outra.

Voltamos a minha cela, mas mesmo assim ele tossia.

–Tem algo que possa fazer? perguntei.

Ele fez que não.

O apoiei na parede.

–Felipe isso é falta de energia?

Ele pensou um pouco antes de fazer que sim com a cabeça.

Torci o lábio.

Me levantei, mas ele segurou minha mão e eu sentei novamente do seu lado.

"Mike" voltou a ser Felipe.

–Julie - Ele falou quando conseguia parar de tossir - Eu vou ter que assumir minha verdadeira forma.

Fiz que não.

–Se for parecida com a do seu pai...

–Que outro modo? eu estou quase morrendo aqui. Ele falou nervoso.

–Calma, eu vou pensar em algo.

–Não, não tem como ficar calmo enquanto morro.

–Tudo bem então eu vou ficar de costas e pensar em algo.

Olhei a sombra que era refletida na parede, sombras não tem real perigo só as coisas que fazem elas existirem.

–Lipe, seu pai disse que as ações que utilizam energia são usadas para transferi-las, não é?

–Sim. Ele respondeu e mesmo na sua forma natural ele continuava tossindo.

–Uma delas é o medo não é?

–Sim, é forte o suficiente.

–O problema é que não sinto medo de você. - Falei apoiando a cabeça na minha mão. - Eu vou pensar em algo, calma.

–Como Julie?

–Essa é a ideia mais maluca que tive, mas acredito que vai dar certo. Falei.

Senti seu olhar de curiosidade.

–O problema é que eu vou me odiar por isso e que só está dificultando tudo. - Respirei fundo - Mas não posso deixar de salvar você, mesmo que isso só dificulte mais meus planos, é tão complicado amar o filho do cara que quer me matar.

–O que seria?

–Vou atrás do Destino, vou pedir que ele transfira logo minha energia...

Felipe rapidamente fez que não.

–Não, você não vai fazer isso.


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