O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 72
Minha querida Letícia...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391375/chapter/72

A enfermeira ficou feliz em nos ver, ela disse que Letícia já havia acordado, mas ainda estava atordoada, seguimos até o quarto onde ela estava internada.

–Lê? perguntei assim que entrei.

Ela estava entubada, mas mesmo assim me encarou e sorriu.

Eu juro, nunca pensei que viraria amiga de algum fruto da Lorraine, acho que não deveria ser amiga de ninguém, coloco-os em constante perigo, eu me arrependo tanto...

–Você voltou, Julie... ela falou com dificuldade por causa dos aparelhos.

A enfermeira saiu da sala e Henrique sentou-se numa cadeira um pouco distante.

–Letícia, preciso que me conte seu sonho com todos os detalhes. sussurrei.

Ela engoliu em seco e quase engasgou por conta da mascara de oxigênio.

–Vejo nossa casa, o sol está se pondo... tem uma gargalhada de longe...

–De quem? consegue identificar se é uma moça ou um moço? perguntei.

Ela pensou um pouco.

–Não sei, eu não gosto de lembrar...

–Mas você precisa. Insisti.

Ela fixou o olhar numa parede.

–Não me vejo... não... eu sou a pessoa caminhando até a casa... tudo fica preto... depois me vejo indo para longe e quando me afasto vou em direção a colina onde sento e fico observando... de repente a casa explode, com a explosão forte tudo fica destruído, depois eu vejo todos os corpos mortos no chão.

–De quem são os corpos? quem estava na casa?

–Você não está... mas deveria estar... eu queria lhe matar...

Ela me encarou ansiosa.

Pensei um pouco

–Julie, é sério... o mundo deve estar contra você...

–Estou contra o mundo então. Respondi sorrindo.

Ela olhou desanimada para o tubo.

–O que está sentindo? perguntei.

–Frio. Ela respondeu.

Me pergunto até hoje se alguém pode morrer de medo literalmente, se é realmente possível, por que quando ela me respondeu aquilo eu fiquei com muito medo de perdê-la...

–Mas está calor. Respondi preocupada.

–Não precisa estar frio para sentir nevar dentro de você. Ela respondeu tristonha.

Olhei pros lados.

–Quando acha que vai se recuperar?

–Não sei, Julie, mas preciso, a explosão poderá acontecer a qualquer momento.

–Vou resolver isso.

–Como?

–É só dar um jeito de tirar todos de casa na hora.

Ela brincou com os dedos.

–Não teria que ser da vizinhança?

–Quando acha que acontecerá a explosão?

–Ainda temos tempo, falta algumas semanas ainda.

–Tem certeza?

Ela fez que sim.

–É no meio do mês que vêm, daqui a três semanas provavelmente...

–Letícia, daqui a três semanas é o casamento da sua mãe com meu pai!

Ela pensou um pouco.

–Todos vão estar na festa.

–Tem certeza?

Fiz que sim.

–Espero que esteja melhor até lá...

–Não sei, Ju...

–Letícia! por favor... não fala assim.

A enfermeira entrou distribuindo um sorriso gentil pelo quarto.

Me afastei quando Henrique se aproximou de Letícia para falar com ela.

Uma explosão... Claro que programada pelo Destino... ele sabe que estou aqui!

Não esperei Henrique para voltar para casa.

Corri até meu quarto e tirei uma folha do caderno.

"Felipe,

Tudo bem aí? Felipe acho melhor que eu volte, seu pai já deve ter descoberto onde estou e-e, ele pretende explodir o local, chego um pouco depois das 7, obrigada.

Juliette"

O legal de mandar carta pros contos de fadas é coloca-las dentro dos livros e vê-las sumindo, é incrível.

Tentei prender meu cabelo, mas o comprimento não deixava, tudo bem.

Depois de 30 minutos do meu desenho favorito, mais 20 minutos estudando música e mais 40 minutos lendo juntei 90 minutos de vida completamente normal, pelo menos na aparência por que eu não me concentrei em nada, só fiquei pensando no que iria fazer em relação aos sonhos de Letícia e o Destino.

Meu pai entrou no meu quarto preocupado.

–Julie, eu e a Lorraine vamos para o hospital, a Letícia teve uma recaída.

–O quê? perguntei me assustando e deixando os livros que eu organizava caírem nos meus pés.

Ele não repetiu apenas olhou pros livros no chão e saiu.

Corri até a porta para ir com eles, mas a Isa apareceu.

–Julie! ela falou.

–Isa, oi.

–Vamos, precisamos correr.

–O que foi?

–Está vendo aquele relógio?

–Sim. Respondi olhando pro relógio de sol que fica no meu quintal.

–Já está na hora de irmos para o museu.

–Por quê? perguntei desconfiada.

–Por que ele está fechando.

Pensei um pouco.

–Tá...

Corremos até o pequeno museu que ficava próximo da casa da família da Laura.

Paramos na escadaria.

–Ouça - Isabella falou ofegante. - A Laura falou comigo.

–A Laura? perguntei surpresa, nem eu conseguia falar com ela daqui.

–Sim, falou, ela disse que você não pode voltar para o castelo.

–Isa -Falei fazendo um sinal para que ela parasse - por quê?

–Ela disse que um tal Destino sabe que está aqui, mas que ficará segura longe de casa.

–Mas e quem está na minha casa?

–Não sei, Julie!- ela falou nervosa - Só estou repetindo o que ela disse.

Pensei um pouco.

–Desculpe, mas não posso ficar aqui, talvez não tenha sido a Laura, ela morreu. Falei desafiando-a.

Ela me encarou surpresa.

–Não acredita em mim?

–Isa, desculpe, mas ela nunca poderia ter falado isso.

–É sério, Julie, ela falou "Manda a cabeça oca da Julie não voltar para o castelo, o Destino sabe que ela está na casa dela, mas se ela se esconder em um local seguro estará salva e poderá pensar num jeito de enfrenta-lo, um lugar seguro... esconda-a no museu, ele não vai descobrir."

Revirei os olhos.

–É... foi a Laura. Pensei alto.

–Quem é o Destino?

–Oh... é... mas ela não disse quando eu deveria ir?

Isabella fez que não.

–Laura não sabe passar uma informação inteira. Reclamei revirando os olhos.

É isso, eu não estarei na casa quando a explosão acontecer...

Eu preciso estar em casa e isso impedirá a explosão.

–Ah e ela mandou você não inventar teorias, deixa que ela mesmo inventa e lhe repassa.

–Obrigada, Isa, mas eu não posso ficar ai dentro, não esta semana, eu preciso ficar em casa, mas assim que for preciso venho para cá, ok?

Isabella deu de ombros.

–Tem certeza que não quer dar só uma olhada?

Fiz que não, era provável que o Destino encontrasse um jeito de colocar uma armadilha ali.

–Obrigada de qualquer forma. Falei observando os guardas fechando o museu.

–Nada mais que meu trabalho. Ela falou indo para longe.

Corri até o hospital.

–Julie... como a Laura se parece? Letícia perguntou assim que me viu na porta.

–Por quê...? Perguntei desconfiada.

–Por que me sinto entre ela e eu mesma.

–Letícia, não fala isso. Falei ignorando os olhares de meu pai e Lorraine.

Ela deu de ombros.

–Todos na área hospitalar acham que vão morrer. Respondi.

–Eu não acho, eu vou.

–Mas por um susto?

Ela fez que não.

–Pelo quê?

–Eu não sei...

Respirei fundo.

–Eu vou ficar com você até você melhorar.

–Não, você precisa estar em casa, na vizinhança, não aqui.

–Lê, eu não fico, se disser que ficará bem.

–Não posso dizer algo que não sei.

Normalmente quando fico emburrada minhas bochechas se enchem de ar e foi isso que aconteceu.

Soltei o ar.

Ela pegou minha mão.

–Só prometa que amanhã vem me visitar, amanhã de manhã, enquanto eu durmo, não consigo dormir sozinha, preciso que alguém me acorde.

Pensei na possibilidade dela pedir isso para a enfermeira, mas não discuti.

Voltei para casa com meus pais.

–Faltam três semanas e eu já estou super nervosa. Lorraine falou tirando um bloquinho de notas da bolsa.

Revirei os olhos e olhei para Henrique que colava-se na outra porta tentando ficar o máximo de distância que podia de mim.

–Julie, quer ser daminha? Lorraine perguntou me tirando dos devaneios internos.

–Lorraine quantos anos acha que tenho? Perguntei revirando os olhos.

–Tudo bem. Ela falou anotando algumas coisas.

Suspirei.

–Querido, vamos convidar a família do Mike? Lorraine perguntou e virou-se para me dar um belo sorriso.

Revirei os olhos.

–Ah, sim, claro que devem ir, né Julie? Meu pai começou a rir.

Revirei os olhos.

–Então já decidimos com quem a Julie vai entrar na igreja. Lorraine falou animada.

Suspirei.

–Você nem vai precisar jogar o buquê, querida, já sabemos que minha filhinha é a próxima.

–Pai! eu tenho 15 anos. Falei revirando os olhos.

–Henrique, está tão calado, o que houve? Lorraine falou após alguns segundos de silêncio.

Henrique me encarou e depois voltou-se para a janela.

Lorraine deu de ombros.

–Sabe que não precisa se sentir assim. Sussurrei.

–Não, não estou preocupado com a minha irmã, estou com medo de você... é diferente.

O encarei.

Estaria ele me provocando ou simplesmente falando a verdade?

–Filha, onde vai agora? passar um tempo com sua família querida ou a sua futura família? Meu pai perguntou sorrindo pelo retrovisor enquanto Lorraine disfarçava a risada.

–Pai, se minha família fosse realmente querida não me zoaria nem por minhas decisões, diga-me pai, se sempre quis que eu namorasse com o Mike por que está falando agora?

Ele deu de ombros.

–Estamos só brincando, Julie. Lorraine falou.

–Me deixe ali. Falei apontando para a rua da casa do Mike.

Meu pai sorriu e parou o carro.

–Tchau, Julie, mande lembranças pro Mike...

Peguei minha mochila, revirei os olhos e fechei a porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Livro Do Destino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.