O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 37
Constuindo um portal




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A mãe do Mike parou o carro e virou-se para nós.

–O quê?!ela perguntou aflita

–Mãe, foi um dia muito cansativo, quero ir pra casa. Falou Mike olhando pela janela.

–Mas quem morreu? insistiu Elizabeth.

–A nossa amiga, a Laura. Falei.

Elizabeth nos olhou assustada.

–Mãe, por favor, vamos para casa. falou Mike que estava bem nervoso.

Elizabeth deu partida no carro e fomos em silêncio absoluto até a casa do Mike.

–Você quer carona para a sua casa, Julie? perguntou Elizabeth.

–Não, mãe, a Julie vai fazer um trabalho para a feira de ciências comigo, hoje. respondeu Mike tirando a mochila do carro.

Entramos na casa aconchegante de Mike, a minha era maior, mas não dava a mesma sensação de conforto.

–Vocês querem almoçar? Elizabeth perguntou enquanto subíamos as escadas.

–Não, obrigada. Falou Mike colocando a mochila no meio do corredor.

Eu também não estava com vontade, além de voltar da escola mais cedo estava preocupada de mais em ser expulsa e da injustiça que estava sendo feita.

–Quer fazer o projeto no sótão? Perguntou Mike sabendo que minha resposta seria sim, já que sempre que vou pra casa do Mike ficamos brincando no sótão que é espaçoso e tem várias coisas úteis.

Mike pegou uma escada e abriu a portinha que ficava no teto, subimos, estava tudo imundo e desorganizado, fazia tempo que não íamos ali.

–Talvez seja melhor limpar esta mesa antes de colocar o notebook. falou Mike passando o dedo na mesa e tirando uma camada grossa de pó.

–Ok. concordei descendo as escadas para buscar materiais de limpeza.

Voltei e passamos meia hora limpando tudo, mas valeu a pena por quê voltei a lembrar da minha infância, das brincadeiras e até da minha mãe, abrimos a pequena janela para que o ar circule.

Sentei-me em uma das cadeiras morta de cansaço, agora vinha a parte complicada, fazer o portal.

–Sabe o que eu estava pensando, Ju? perguntou Mike sentando-se em uma cadeira do meu lado.

–No quê?

–Talvez tenha como salvarmos a Laura.

Senti meu coração bater mais forte e a cena que havia presenciado voltou a minha mente.

–Como?

–Bom, foi o Destino que a matou, provavelmente a alma dela está no castelo dele, talvez ainda há chance.

–Mike, que ideia perfeita. falei abraçando-o. Ele riu.

–Vamos fazer as pesquisas e depois pensamos melhor no assunto. Mike falou.

–Você está certo. falei.

Pouco tempo depois já estávamos fazendo as contas e pesquisas. Passamos a tarde inteira procurando formulas e a cada coisa nova que víamos notávamos o quão seria difícil construir um portal.

Olhei para o relógio, já eram seis horas e eu havia distraído-me o suficiente para sentir fome e esquecer a cena que presenciei na escola.

–Melhor eu voltar para casa. falei olhando pela janela.

–Fica para jantar. falou Mike tirando os olhos da tela.

–Eu não sei se posso.

–Seu pai não vai se importar. falou Mike que depois pareceu arrependido de falar aquilo, eu também me incomodei um pouco por Mike estar tão a par da minha situação com meu pai.

–Eu sei, eu fico. respondi sorrindo.

Ele retribuiu com um sorriso maior.

–Deixe as pesquisas aí, quando acabarmos de jantar nos guardamos.

Descemos as escadas e sentamos na mesa.

–A diretora ligou. falou Elizabeth pondo os pratos na mesa redonda de madeira clara.

Olhamos com cara de cachorro sem dono a fim de não levarmos muita bronca.

–Você realmente acredita que... falou Mike tentando não entrar naquele assunto tão absurdo.

–Claro que não, querido. Falou Elizabeth fazendo carinho em seu cabelo e o bagunçando e ele retribuiu com um "chega pra lá".

–Boa noite! falou Rafael, o pai do Mike (e que era quase um pai para mim ou pelo menos parecia apreciar minha companhia mais do quê meu verdadeiro pai.), entrando na casa com um imenso sorriso.

–Boa noite. respondemos.

–Veio jantar conosco, norinha? Raphael perguntou pra mim assim que acabou de cumprimentar todos.

Eu fiquei com as bochechas vermelhas, não era novidade ser chamada de nora pelo pai do Mike que desde sempre me chama assim, mas vamos dizer que é meio estranho para mim.

–Pai! censurou Mike.

–Tudo bem. falei evitando que os dois iniciassem uma pequena discussão.

–Desculpem a demora. falou Henrique descendo as escadas, Henrique era o irmão caçula do Mike, ele tinha uns 11 anos, mas era muito inteligente e maduro e conversar com ele era muito interessante por quê ele parecia ter 14.

–Quando eu chamar para a mesa é melhor você vir, entendeu? repreendeu Elizabeth.

–Calma, querida. Falou Raphael.

Eu achava engraçado o modo como todos conversavam e as discussões eram para chamar atenção.

–Por quê demorou? perguntou Mike desconfiado.

–Se você está pensando que fui lá no sótão para ver o que vocês estavam fazendo, acertou. Falou Henrique satisfeito consigo mesmo.

–Henrique, é surpresa. falou Mike como uma criança.

–Não fique bravo, eu não entendi o que era, pode me contar? ele falou ansioso.

–Não! respondeu Mike secamente.

–Por quê não, querido? perguntou Elizabeth.

–Mãe, é surpresa. insistiu Mike.

–Não se preocupe, amor, tenho certeza que Mike e minha nora estão fazendo um ótimo trabalho. falou Raphael me fazendo rir.

–Obrigada pela confiança. Falei.

Raphael só assentiu.

–Continuando o que eu estava falando... o exame de DNA do sangue que estava em seu casaco era o DNA da... Laura. Falou Elizabeth tentando não fazer-nos nos sentir muito mal.

Mike olhou para o chão.

–Filho, eu sei que não foi você, mas enquanto não encontrarem o verdadeiro assassino vocês serão suspensos da escola.

–Ótimo. murmurei irônica.

–Mudando de assunto, como vai seu pai? perguntou Raphael tentando mudar o rumo dos nossos pensamentos.

–Vai bem. respondi cabisbaixa.

–Ju, já que você e Mike estão fazendo este projeto e estão suspensos das aulas, por quê não fica aqui?perguntou Henrique.

–Obrigada pelo convite, mas eu não...

–Eu acho que e uma ótima ideia, faz tempo que não dorme aqui. falou Elizabeth sorrindo.

–Eu adoraria, mas eu nem trouxe minhas coisas. Falei.

–Vamos buscar então. Falou Elizabeth animada, ela realmente gostava muito de mim e adorava minha companhia.

Sorri, talvez fosse realmente covardia de minha parte não ir para casa e falar com meu pai, talvez hoje eu só não estava com vontade de falar e ninguém me ouvir.

–Ok. falei.

Passamos rapidinho na minha casa e eu preparei uma pequena mochila com tudo que eu precisaria enquanto Raphael e meu pai conversavam.

–Estou pronta. Falei descendo às escadas.

–Então vamos. Falou Raphael.

–Tchau, pai. falei sem olhar para ele.

–Julie, espera. ele falou.

Virei-me e o encarei.

–Você quer conversar?

Não pensei, sabia que não ia conversar, eu iria ficar falando e ele fingindo que escutava.

–Não. respondi e fui embora, talvez um pouco grosso da minha parte, eu só não queria estar ali. Voltei para a casa do Mike.

–Quer voltar a trabalhar no projeto? perguntou Mike ansioso.

–Sim. falei.

Subimos as escadas até o sótão e voltamos ao trabalho.

Mike coçou os olhos.

–Isso é muito mais complicado do quê pensei. ele falou.

–Com certeza, eu não consigo concluir este calculo. falei olhando o papel com minha vista cansada.

–Melhor descansar um pouco. Falou Mike espreguiçando-se.

–Tem razão. Concordei.

Dormi no quarto de visitas naquela noite, fazia tempo que não dormia com tanta paz, talvez a energia que a minha casa exerce em mim é muito ruim.


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