O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 33
Éramos 6




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Quando acordei estava me sentindo muito melhor, Mike tinha razão dormir faz muito bem para a mente e nos ajuda a pensar estreitamente.

–Vamos sair deste labirinto? Perguntou Mike animado, ajudando-me a levantar.

–Dormiu bem, Ju? Perguntou Felipe.

–Sim. falei olhando em volta.

–Vamos andando, sinto que estamos perto de sair. Falou Felipe.

Voltamos a andar, Eu me sentia um pouco melhor, eu e o Mike, caminhávamos na frente escolhendo os caminhos enquanto o Felipe andava atrás não muito feliz. Não que eu esperasse que ele estivesse feliz, na verdade estávamos só tentando ter algum momento de paz, sem pensar em tudo, os fantasmas tinha razão, o Destino está fazendo-me, fazendo-nos sofrer arrancando um pouco de nós de pouquinho em pouquinho.

O ar estava leve e não haviam mais espinhos nas paredes, o destino já havia se alimentado da nossa tristeza.

Chegamos em outra bifurcação e como prometi fomos pela esquerda, andamos muito, e depois de muito, muito andar chegamos numa parede sem saída.

–Ótimo, erramos em algum lugar. Falei um pouco desanimada.

Mas a parede foi se transformando e formou-se um portão que ficava embaixo das plantas. Pelo portão consegui ver minha rua novamente, os carros passando e o sol mostrando que já eram umas quatro horas da tarde.

–Como vamos abrir? perguntei.

–Não faço ideia. falou Felipe.

Os pedestres que passavam pela rua não pareciam nos ver, mostrando-nos que teríamos que encontrar a saída sozinhos.

Fiquei com um pouco de raiva e arranquei as plantas do muro e vi uma placa dourada.

"E não é que a Julie conseguiu? mas não vai sair tão fácil, para sair terá que deixar as "coisas" mortas aqui, tudo que acabou aqui deve ficar aqui

–Destino"

Era óbvio o que o Destino queria aí eu fui e gritei para a placa.

–Ela não vai ficar aqui com você!

A placa foi mudando as palavras deixando outra mensagem:

"Então fiquem aqui para sempre e eu fico com todos

–Destino"

Mike colocou a mão no meu ombro e eu comecei a chorar de novo, sou muito chorona, talvez por quê tenho muitas coisas guardadas dentro de mim que machucam muito e eu não sei tirar.

–Não temos outra escolha, né? Perguntou Felipe.

–Felipe! não vou dar minha amiga, não vou deixa-la aqui.

Vi os três fantasmas do meu lado só que havia um novo, era Laura.

–Laura! falei abraçando minha amiga-fantasma.

–Vai, Ju, eu estou bem. ela falou beijando minha testa, eu teria falado mais algo, mas quando vi estava sentada na calçada com o Mike e o Felipe e o labirinto havia sumido.

–Não! cadê a Laura? procurei os fantasmas, mas não vi mais nada.

-Sumiu. falou Felipe.

Olhei em volta, estava na minha rua mesmo, pouco movimentada e com o exuberante jardim que herdei.

Felipe me ajudou a levantar e me abraçou.

-Vai ficar tudo bem, Ju. ele falou me olhando com aqueles olhos verdes brilhando.

-Obrigada. falei.

-Eu tenho que ir, meus pais devem estar preocupados. Falou Felipe indo embora.

-Tchau, Mike, obrigada por tudo. falei dando-lhe um abraço.

-Vou te acompanhar até sua casa para você não ficar sozinha. ele falou.

-Não precisa. respondi sem graça.

-Quer mesmo ficar sozinha? ele perguntou.

-Não, mas meu pai já deve estar chegando.

Ele segurou minha mão e fomos de mãos dadas até minha casa.

A casa estava  a mesma bagunça, a sala estava toda bagunçada com os salgadinhos e os filmes. Comecei a arrumar e o Mike começou a ajudar.

O telefone tocou e antes que eu atendesse Mike atendeu.

-Alô? sim... não... é que... infelizmente ela... não... não sabemos ainda... achamos que ela foi sequestrada... eu sinto muito... também acho... eu sinto muito mesmo... tchau. e ele colocou o telefone de volta no gancho.

-Quem era? perguntei como se não soubesse qual era a resposta.

Mike deu um suspiro.

-Ju- ele falou colocando as mãos nos meus ombros- Você não é culpada de nada, não havia nada que você pudesse fazer, não deixe que ninguém lhe diga o contrário.

Dei um suspiro de tristeza.

-Como você explicou?

-Eu disse que começamos a ser seguidos por alguém e que Laura... e que não sabemos onde o corpo dela foi parar, mas que conversaria melhor com os pais dela amanhã.

Comecei a chorar ainda mais e Mike me abraçou.

-Como acha que vai ser ir para a escola amanhã e não ver a Laura?perguntei limpando meu rosto com minhas mãos.

-Uma nova aventura. ele falou triste.

-Mas eu não quero viver uma nova aventura. falei abraçando-o com força.

-Eu sinto muito, Ju, mas acredito que não temos escolha.

Passamos um tempo ali abraçados.

-Laura tinha razão. Mike falou rindo.

-Razão do quê? perguntei.

-Nada. ele falou me deixando curiosa.

-Se não vai falar não comenta. falei tentando pensar em outra coisa.

-Ju, eu sinto muito, mas tenho que ir agora, você vai ficar bem?

Fiz que sim com a cabeça e o acompanhei até a porta. Fiquei observando-o ir embora e me deixar naquela casa enorme sozinha e assustada.


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