O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 3
Uma perseguição estranha




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Cheguei em casa cansadíssima, o Livro era muito pesado e minha coluna provavelmente estava comprometida por um tempo. Subi as escadas até o meu quarto e comecei a folhear as páginas. O Livro falava sobre um menino chamado Julio, que o pai dele morreu quando ele era muito novo, que ele amava ler, que um dia ele encontrou um Livro pesado etc... comecei, sem querer a associar as coisas. Tive um estalo, o Livro falava sobre mim, mas os personagens estavam invertidos!

Fiquei com medo do Livro, era sinistramente exatas as informações, era o Livro da minha vida, literalmente. Procurei por alguma etiqueta no Livro, não havia nenhuma, seria a minha vida algo que valha a pena ler? comecei, novamente a folhear as paginas, aquele era o meu futuro? Me segurei para não o ler...

Meu pai me chamou... normalmente eu iria, mas o ignorei e continuei olhando o Livro, de repente as palavras, frases e parágrafos foram trocados por outros.

Uma atitude inesperada muda toda sua vida. Pensei.

Agora a única coisa que eu tinha certeza era de que aquele Livro não podia cair em mãos inimigas, nunca.

O sono já dominava minha pessoa, coloquei o Livro na mesa e me ajeitei para dormir, fiquei trinta minutos tentando dormir, mas não conseguia, olhava para o Livro, ele, parecendo perceber minha insônia fazia sombras estranhas de monstros e outras coisas na parede. Levantei, peguei o Livro e o joguei pela janela. Não o queria mais e tinha certeza: ninguém mais o encontraria no telhado vizinho e se encontrassem não iriam associar.

Quando acordei no outro dia eu já estava mais tranquila, senti um peso enorme sair de minhas costas, lembro da súbita felicidade e do pensamento de que foi uma das melhores decisões da minha vida. Comecei a arrumar o material para ir para a escola (sempre os deixo em cima da mesa). Acabei de pegar todos os Livros, cadernos e meu estojo, quando olhei para a estante vi o Livro novamente lá. Gritei, eu tinha absoluta certeza de ter o jogado pela janela.

–Quando eu voltar eu queimo você! Gritei para o Livro. Não entendo realmente por que fiz isso, mas por estranho que pareça, um bilhete caiu do Livro dizendo "não adianta".

Tremi quando li o bilhete. Olhei para o Livro com raiva e fui para a escola.

Meu pai tinha uma reunião no trabalho e precisou me levar uns vinte minutos mais cedo naquele dia.

Cheguei à classe e coloquei minhas coisas na minha carteira. Mike veio conversar comigo.

–Oi, Julie. Mike me cumprimentou com seu sorriso matinal que me faz sorrir também.

–Oi, Mike.

–Você parece um pouco er... Apavorada?

–Como assim? –Você está pálida. Ele falou sem rodeios.

Do meu lado senta a Amanda que estava conversando com as amiguinhas dela e deixou o "salão de beleza" em cima da mesa dela (escova de cabelo, espelho, batom, lápis de olho etc...) peguei o espelho, realmente, eu estava muito branca, achei que ia passar mal, coloquei o espelho de volta e respirei fundo.

–Você está bem? Repetiu Mike.

–Estou sim. Respondi indo para o banheiro.

–Julie! Eu não o ouvi me chamando, lavei meu rosto.

Eu já havia decidido, ou o Livro me mataria ou eu acabaria com o Livro.

Eu estava apavorada, cambaleava pelo corredor voltando para a sala quando vi Laura chegando.

–Laura! Gritei.

–Oi, Julie, está bem pálida hoje. Respondeu Laura se aproximando, Laura nunca perdia o senso de humor nem quando sua amiga estava tendo um ataque, acho que ainda vai perceber isso...

Mike se aproximou de nós.

– É talvez eu não esteja tão bem como gostaria de estar. Admiti.

–O que aconteceu? Perguntaram os dois. Antes que eu respondesse Amanda passou e fez as brincadeirinhas que apenas ela se diverte (ela e as "capangas" dela):

–Oh, Julie, o que aconteceu, querida? Houve um furacão no mundo da Julie ou o seu livrinho de ninar molhou?

Suspirei e fingi não ter ouvido.

Eu nunca ligo para as brincadeiras dela, mas meus amigos gostam de me defender.

Laura se aproximou de Amanda e apontou para as mãos dela. Amanda a encarou confusa.

–Permite-me? Laura perguntou levantando a mão de Amanda e observando as linhas da palma.

Amanda continuava a encarando.

Mike suspirou.

–Prepare-se para uns quinze minutos de pura briga. Ele falou se encostando na parede e observando Laura rindo.

–Aposto que ela resolve isso em menos de cinco minutos. Respondi já me sentindo melhor.

Ele riu.

–Feito.

–Amanda, minha cara, você já leu algum Livro de auto-ajuda? Melhor, já leu algum Livro?

Amanda olhou para outro lado em sinal de desinteresse e não respondeu.

–Sugiro que comece por quê está escrito nas palmas da sua mão que se continuar me perturbando e isso conta com eles -Laura apontou pro Mike e eu e nós nos entreolhamos -Você vai levar um belo chute, mas um chute tão perfeito que eu chego a ter pena... você vai precisar ler vários de auto ajuda para não...

–Mike. O cutuquei.

–Ok, Laura, vamos andando... Mike falou empurrando Laura.

Ri e os segui enquanto Laura ria descontroladamente.

–Não deveria ter feito aquilo Mike, eu juro que ia acabar com aquela paty e...

Ela começou a rir.

Fiz uma Careta enquanto Laura se apoiava na parede para não desequilibrar-se.

–Não ligue para elas, Julie. Falou Laura me abraçando.

–Você está bem? Insistiu Mike.

–Claro, um pouco de conversa chata com Amanda e tchanam.. de volta a realidade. Respondi rindo.

O sinal tocou.

– Vamos senão a professora vai ficar brava. Falou Laura ajeitando a mochila nas costas.

Fiz uma Careta.

Fomos para a classe, não gostava muito da aula de português, minha mãe me ensinava quando eu era pequena para que eu soubesse como ler todos os Livros sozinha, então eu sabia bastante, mas este ano a professora era muito simpática e comecei a gostar da matéria.

–Abram seus cadernos e conjuguem os verbos: ler, escrever e pensar em todos os modos, vocês tem até a segunda aula para acabar.

Bem nem sempre era muito legal, abri a mochila e tomei um susto, o caderno não estava lá, mas a mochila estava cheia, tirei o que havia na mochila e coloquei na mesa, o Livro do Destino estava lá.

Suspirei, Julie, você está louca, completamente maluca.

Imagino que ser completamente louca era melhor do que aquilo ser realidade.


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