Saio correndo daquela sala, o desespero me dominou novamente. Entro na sala de preparo e tiro a mascara e as luvas rapidamente e saio de lá. Saio correndo a esmo pelo hospital, chego a ala que os bebes ficam, sento de costas para o vidro e enterro novamente meu rosto na minha mão, fico assim por um bom tempo.

Vejo Michael me procurando em um corredor paralelo ao que eu estou, ele passa direto, mas logo volta e vem em minha direção.

–Eu conversei com James, ele vai cuidar de sua proteção até o terrorista ser preso. Não tenha medo... – Ele diz, se sentando ao meu lado.

–Ele deve estar naquela sala agora, mas não acho que ele seja o marido da Alexis, pois não havia ferimento em seu corpo, o marido dela deve estar em outro lugar...

–Onde você mora? – Ele pergunta, mudando totalmente o assunto –James pediu para eu perguntar.

Falo meu endereço, meio confusa, e ficamos em silêncio por um bom tempo. Michael se levanta e estende sua mão em minha direção:

–Chega uma hora que temos que perder o medo e seguir em frente, mas antes você tem que dar o primeiro passo...

Seguro sua mão e ele me ajuda a se levantar, Michael me leva até James Ford e se despede:

–Lexie, tenho que ir. Não tenha medo, tudo fica bem no final, e esse é o final do seu problema...

–Você que pensa, tenho terroristas atrás de mim, mas obrigada... – Respondo, com um tom de brincadeira.

Michael sorri e exibe seus dentes brancos, seus olhos brilham e falam:

–Até amanha, Lexie...

O observo indo embora, Michael é alto e anda de um modo confiante, parece que ele tem tudo que deseja, sem medo e angustia. Sento no banco e espero James me chamar para ele me levar para casa, pareço uma criança, aquela que deixou seu medo transparecer. Vejo Charlie se aproximando de mim, ele sorri e senta o meu lado.

–Quer um pouco? Ajuda a acalmar. – Ele diz, estendendo um pote de manteiga de amendoim para mim.

–Claro, mas não aqui...Venha comigo! – Coloco um bilhete avisando onde eu estaria. Saímos daquele corredor e vamos para um corredor pouco usado, aquele que dá acesso ao necrotério, onde eu conheci realmente Michael.

Nos sentamos e começamos a comer pasta de amendoim, enfio me dedo no pote e depois na boca, aquele sabor doce é como chuva no deserto. Divertimo-nos lá, percebo que dentro dessa cara de bobo há um grande amigo.

–Bom, agora vamos para a parte que realmente interessa. Michael é sexy! – Ele diz, imitando Kemily.

–Sério, essa garota tem problema! Todo mundo é sexy! Até uma lagarta é sexy pra ela! – Falo em meio de risadas.

Ficamos lá por uma boa meia hora conversando e comendo manteiga de amendoim com nossos dedos, até que James nos acha e me guia até o carro dele. Nunca pensei que andaria em uma viatura policial, pelo menos não estou algemada. Fico observando James, ele é negro e tem pouco cabelo, seu é serio e mostra que ele sabe o que tem que fazer, o agente Ford emite confiança.

–Desculpa por isso ter acontecido com você... – James fala, enquanto dirigia por uma rua pouco movimentada em Los Angeles.

–Tudo bem, sempre quis viver uma cena de ação quando criança. Pensei que seria mais divertido... – Falo, tentando não o deixar muito culpado. A culpa é minha.

–Bom, quando criança também pensei que seria mais divertido, esse pensamento saiu da minha cabeça quando levei um tiro... – Ele diz, no começo com risadas, mas depois com um olhar misterioso.

–Você levou um tiro? – Pergunto, com um tom de compaixão, ninguém merece tamanha dor.

–Sim, no meu primeiro dia de trabalho. Que sorte, não é? – Ele diz rindo.

Começo a rir, mas por pouco tempo, James freia o carro bruscamente. Minha cabeça bate no banco da frente e o agente Ford olha para mim com um olhar assustado. Ele pede para eu me abaixar, mas antes de fazer o que ele mandou olho para frente, e vejo algo estranho...

Vejo parado na frente do carro, com suas mãos no capo, um homem, bem parecido com a Alexis, mas com algo diferente: no seu peito havia uma bomba. O pavor toma conta de mim, ele fecha seus olhos e fala:

–Isso é por você, Alexis...

Ele aberta o botão e a bomba explode.