Maldição Wilde escrita por A Costa, Rosalie Potter


Capítulo 32
Capítulo 30




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Quando Sophia viu todos entrarem no quarto, estava pronta pra revelar tudo. Naqueles dias ela esteve tentando assimilar tudo e estava travando uma briga feia mentalmente que a deixara exausta. Mas agora era hora de revelar seu segredo para os amigos e não verter lágrimas enquanto fazia isso. A ruiva levou a mão ao ventre como instinto.

Alex, Ian, Taylor e Melina perceberam que ela tomara a força e coragem típica de Sophia, mas os olhos dela, as orbes profundas e azuis, mostravam o quanto ela estava apreensiva. O machucado na boca de tanto morder também.

–Okay. –Sophia deu um sorriso enquanto todos se sentavam. –Eu sinto muito por preocupar vocês. Sinto de verdade. Mas... Como todos já devem saber, estou grávida. Eu deveria ter percebido as tonturas, as náuseas. De qualquer forma, não foi fácil lidar com isso como eu vou explicar mais pra frente. Eu precisei desse tempo pra assimilar tudo. Não é fácil saber que você vai ter um bebê nas atuais condições e tem a Makayla. Makayla odeia esse bebê com todas as forças que ela tem no ser dela e eu tive que travar altas brigas mentais. É ainda mais perigoso. Tenho medo do que ela possa fazer se assumir meu corpo, mas enfim... Sei que todos querem saber como isso aconteceu.

“Não é fácil falar disso. Não é fácil me lembrar do que aconteceu todos os dias, mas eu vou contar porque não acho justo que vocês não saibam o que está acontecendo. E além disso, vocês são as pessoas em que eu mais confio no mundo inteiro. Vamos pelo começo. Com quatorze anos eu fiz uma prova para um daqueles colégio de riquinhos que são perfeitos no quesito educação e eu passei. Naquele tempo minha vida era extremamente corrida. Eu tinha cursos todos os dias, e a escola e ainda tinha a casa, era bem complicado eu ter amigos e por isso eu era mais pra dama solitária.”

“Então eu entrei nesse colégio e logo fiz fama na sala, por ser nerd. E um dia, no intervalo eu estava lendo e Rafael se sentou ao meu lado. Ele me pediu ajuda com a Lena, irmã dele. Falou que ela estava saindo dos eixos, que ele não sabia o que fazer e que eu era a pessoa mais ajuizada que ele conhecia. Nisso eu fiz amizade com os dois e eu até consegui colocar a Lena nos trilhos. Foi aí que eu e o Rafael começamos á namorar.”

“Era algo muito novo pra mim. Não parece, mas o Rafael era um ótimo namorado. Então a Lena foi presa e eu me lembro que foi péssimo porque eu consolei o Rafael que ficou no chão pela irmã e a família quase foi à ruína. Foi horrivelmente péssimo para os negócios que eles tivessem aquela fama que a Lena trouxe. A família conseguiu se levantar por um triz. Foram tempos turbulentos.”

“Hã... Eu sempre fui uma garota reservada no quesito aproximações. Eu sou careta, sou tradicional e não, e mesmo eu namorando há um ano com o Rafael, eu não me sentia segura pra... Relações mais intimas. Então um dia eu fui jantar na casa dele e dos pais, e os pais dele foram chamados ás pressas na empresa e ficamos só nós dois. Estava caindo um toró, Rafael ainda não pode dirigir e eu não poderia sair então ele me convenceu á ficar. Eu fui para o quarto de hóspedes. E foi então que o meu pesadelo começou e se estende até hoje.”

“Sim, se alguém pensou nisso, é verdade. Ele invadiu meu quarto no meio da noite e me violentou. Não vou dar detalhes, acho que vocês não merecem ouvir o que aconteceu. Só posso dizer que tenho pesadelos com essa cena até hoje.”

“Eu obviamente abri um inquérito contra ele. Mas se lembrem que quando a Lena foi presa à família teve uma queda gigante nos lucros, eles não poderiam deixar que acontecesse novamente. Então eles pagaram e subornaram as pessoas certas e meu corpo de delito foi alterado como se ele fosse inocente. Então para que não corresse o risco de eu conseguir um corpo de delito verdadeiro, ele próprio abriu um inquérito contra mim de calúnia e difamação. Nesses casos nós teríamos que pagar uma indenização, mas o valor era alto demais. Então a família dele disse para verter como pena num reformatório e bem... Aqui estou eu.”

“Claro que eu nunca imaginei que estava grávida dele. E esse bebê vai mudar tudo. Se for comprovado que é do Rafael, o jogo muda completamente á meu favor. Mas não vou fazer DNA enquanto ele estiver no útero. Eu li tudo sobre, sim estive na biblioteca, não fiquei moscando esse tempo todo. Eu li que tem um pequeno risco de aborto com o exame e não quero arriscar. Rafael me tirou muita coisa, não vai tirar meu filho.”

“Peço que não contem á ninguém isso. Rafael vive aqui e tenho medo do que ele possa fazer quando descobrir. Se ele foi capaz de me estuprar por um puro capricho, o que ele seria capaz de fazer contra um bebê que pode por a vida dele á perder?”

Então ela se calou, vendo as reações dos amigos. O grupo primeiramente estava sem reação. Como eles iriam assimilar que a amiga deles estava grávida, tinha ido para o reformatório injustamente a gravidez tinha sido resultado de um estupro de um cara que eles viam sempre? Eram informações muito fortes para ser computadas de uma vez.

O primeiro á se levantar foi Alex, passando as mãos pelos cabelos sem saber o que falar:

–Ele vem aqui praticamente toda semana te atormentar. Como consegue olhar nos olhos dele e não mata-lo? Como eu vou conseguir olhar nos olhos dele e não mata-lo?

–Escuta Alex, não é fácil. Makayla usa isso pra querer assumir e dar á ele o que merece e eu tenho que recusar todas às vezes. Eu odeio ter pesadelos com ele toda a noite. Odeio ver o rosto da Lena me lembrando todos os dias que eu tenho passado ali.

De repente, os amigos de Sophia a admiravam mais do que antes. Porque ela tinha que ser forte á casa segundo naquele lugar e ela nunca transpassava. Pelo contrário, saía resolvendo os problemas dos outros quando ela sangrava por dentro.

Melina estava tão confusa quanto os outros amigos, mas ela teve o bom senso de perceber que Sophia tinha que conversar com Ian. Afinal eles namoravam e ela estava grávida. Uma conversa era algo essencial:

–Gente, nós precisamos digerir isso. E o Ian e a Soph precisam de uma conversa. Vamos unir o útil ao agradável e sair daqui um pouco.

Taylor e Alex saíram junto com a garota de olhos verdes, deixando Ian e Sophia pra trás. Essa última mordia o lábio inferior levemente sem saber o que fazer ou falar.

–Agora eu entendo. –Ian começou devagar. –O porquê de você não querer ir além.

–Eu pensei que nunca mais iria pensar em outro rapaz então foi muito além do que eu pensei. –Ela abriu um sorriso meigo. –Ian, eu sei que quer me dizer algo. Por favor, não rodeie, diga.

–Eu não posso Sophia. Você está grávida, vai ter um bebê de outro cara. A família que eu sempre quis, mas de outro homem. Eu não consigo, eu não posso lidar com isso. Eu sei que você não quis, mas mesmo assim. Toda vez que eu olhar para esse bebê eu vou lembrar que ele não é meu, que ele foi do seu primeiro homem, o que eu daria de tudo pra ser. Eu não consigo Soph.

Sophia sentiu os olhos se encherem de água e ao ver aquilo o coração de Ian partiu em dois, mas não podia continuar com ela sabendo que não suportaria ficar no mesmo lugar que a criança. Não suportaria saber que o filho que ela carregava na barriga era de outro. De qualquer maneira, a ruiva sorriu. Aquele sorriso meigo que ele sabia que ela dava toda vez que estava prestes á desabar, mas não podia se dar ao luxo de ser fraca:

–Tudo bem Ian. A escolha é sua. –A voz dela saiu completamente magoada. –Infelizmente não posso fazer nada para mudar isso. Agora que já disse, você poderia, por favor, dar licença do meu quarto? Do mesmo jeito que você precisa engolir as informações que eu te dei, eu preciso digerir o nosso término. Por favor, saia.

~X~

Quando Melina entrou no quarto novamente encontrou Sophia com a cabeça enterrada no travesseiro.

–Soph... –A amiga não sabia nem por onde começar. De tudo que já pensara para o passado de Sophia, aquilo tinha passado longe.

–Eu sei, devia ter contado antes. –Ela se sentou e Melina viu que não estava chorando, mas estava segurando as lágrimas. –Lina, ele terminou comigo. Ian, eu me refiro.

–O que?! –Melina arregalou os olhos, sem acreditar na informação. –Ele terminou por causa do bebê?

–Sim. E eu nem posso exigir isso dele, afinal, não posso pedir pra assumir um filho que não é dele. De qualquer forma, eu não quero pensar nisso tudo bem? Como eu disse, ele tem o direito de escolha. Se for isso que ele quer, que se dane.

“Você sabe que pode abortar não sabe? Prove que é fruto de um estupro e aborte, você tem esse direito.”

“Makayla, entenda uma coisa... Eu. Não. Vou. Abortar.”

–Eu entendo porque não contou. E agora que eu sei... Sinto que quero muito esfregar o rosto do Rafael no asfalto.

–Não vale a pena. Cheguei á conclusão que realmente não vale a pena. Tudo o que eu realmente quero agora é acabar com essa maldição, fazer com que Rafael pegue meu lugar nesse reformatório e criar meu filho. Ah e descobrir como vou dar essa notícia para os meus pais.

–Eles sabem tudo o que aconteceu?

–Sabem, sabem de tudo. Mas eu vou esperar a próxima visita para contar ou pelo menos até a próxima ligação. Sinceramente, eu preciso deixar primeiro cair à ficha do que está acontecendo pra depois contar á eles.

–Você está bem?

–Tenho dezessete anos e estou grávida. Estou num reformatório. Meu namorado acabou de terminar comigo. E tem um demônio dentro de mim que não para de falar em aborto. Mas sim, eu estou bem. Não se preocupe comigo, de verdade. Esse tempo aqui dentro serviu para que as coisas ficassem mais claras pra mim.

~X~

Sophia saiu do banheiro já vestida enquanto Melina entrava no mesmo. A ruiva foi arrumar os cachos em frente ao espelho de corpo inteiro que tinha, mas logo começou á se analisar. Ficou de perfil e tocou a barriga onde carregava uma pessoa e pela primeira vez conseguiu acreditar que realmente estava grávida.

“Sophia, pelo amor de Deus, ouça a voz da razão. Você é uma garota linda, inteligente, tem todo um futuro pela frente. Faça o maldito DNA, prove que foi um estupro, aborte, saia daqui e comece a fazer a carreira que sempre quis. Qual é a dificuldade nisso?”

“Makayla, é meu filho. Eu o amo. Não vou matar ele.

“E eu que sempre te achei tão inteligente. Mudei minha opinião sobre você.”

“Eu não mudei. Eu sempre soube que você não tinha coração. Mas agora eu sei que você também não tem um cérebro, afinal, que tipo de pessoa burra iria tentar me convencer á fazer um aborto?”

Nessa pequena conversa mental, a ruiva nem viu quando Melina saiu da banheira e flagrou a amiga com a mão no ventre em frente ao espelho. A morena deu um sorriso pequeno. Sophia poderia ser jovem, mas Lina sabia que a sua melhor amiga seria uma boa mãe.

~X~

Sophia estava quietinha andando pelos corredores. Mais uma vez dispensada mais cedo. Estava se cansando daquilo, mas admitia que precisava de um tempo queria. O que diria para Ruby? Sua psicóloga a encheria de perguntas que ela realmente não gostaria de saber.

–Soph? –A ruiva ouviu a voz de Kath que tinha horários um pouco diferentes da dela e por isso estava num intervalo entre as aulas.

A ruiva se virou e se tocou de que fazia muito tempo em que não via Kathleen. Quando a vira pela última vez ela não parecia mais ela e estava sendo assim, como se ela fosse outra pessoa. Mas naquele momento ela viu que a verdadeira Katz estava ali e sentiu seu coração se aquecer:

–Oi Kath.

–Eu estava tão preocupada. –A loira a abraçou e Sophia de um sorriso. –Você faltou uma semana de aula, ninguém queria me falar nada. O que está acontecendo?

–Estou bem. Foi só um tempo de indisposição. –Ela sorriu. –E você? Como está?

Então um lampejo passou no olhar da garota loira e foi como se já não fosse mais ela. O olhar ficou diferente, a postura mudou, o queixo se ergueu:

–Muito melhor sem vocês. –E saiu. Foi quando Sophia percebeu que tinha algo de muito errado com ela.


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