Maldição Wilde escrita por A Costa, Rosalie Potter


Capítulo 30
Capítulo 28




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–Como?

–Ela vai me transferir. –Melina avisou para Sophia, segurando as lágrimas. Ela não gostava do reformatório, claro que não. Mas em outro seria bem pior. Como ela faria sem Soph, Alex, Taylor, Ian. Por Deus, sentiria até mesmo falta de Kath.

–O que?! –Sophia deu um pulo da cama, como se tivesse levado uma descarga elétrica.

–Eu te disse Soph. Na menor rachadura, ela me tiraria daqui! E é o que ela está fazendo. Nós duas querendo ou não.

A ruiva estava de boca aberta. Não poderia perder Melina, não agora. As duas precisavam uma da outra se quisessem descobrir mais sobre a maldição, se quisessem não morrer. E ela era sua melhor amiga! Como poderia deixar que ela se fosse? Como poderia deixar que ela fosse levada.

–Não deixaremos. –A ruiva falou rígida, com uma voz determinada. –Nem que tenhamos que fugir, nós não podemos nos separar. Não só pela maldição, mas também pela nossa amizade. Nós estamos controlando dois demônios, creio que aquela vaca não será problema. Você não vai ser transferida, ouviu? Nem que tenhamos que jogar Makayla e Trace em cima dela.

“Boa idéia.”

Sophia abraçou a amiga e então Melina não conseguiu agüentar. Desabou em lágrimas no ombro da melhor amiga. Não queria admitir, mas estava com medo. O que seria dela se ficasse sozinha com Trace? Como era no passado? Ela não queria pensar nisso. Como faria sem as pessoas que amava tanto? Sem os conselhos de Sophia, os beijos de Alex, as piadas de Ian, o companheirismo de Taylor e até mesmo as implicâncias de Kathleen. Não era possível que ela perderia tudo aquilo por causa de uma maldita estupidez.

–Eu sou tão idiota. Maldita idiotice rebelde. –A garota de olhos verdes murmurou entre as lágrimas.

Sophia se separou do abraço e abriu aquele sorriso que fazia com que tudo parecesse que ficaria bem, o sorriso que quase fez com que Melina sorrisse também:

–É claro que você é uma idiota rebelde. Por que você acha que eu te amo?

Dessa vez Melina teve que rir, foi uma risada desesperada e o que fez o sorriso de Sophia sair bem mais aliviado. A ruiva limpou as lágrimas da amiga e sorriu:

–Como vamos matar ela? –O jeito que ela falou, na brincadeira, fez com que a morena risse.

–Você está andando demais comigo.

–Eu sei. Mas sério, temos que começar á pensar. Temos pouco mais de quarenta e oito horas para impedir que ela te mande para a China. Ou eu acho que é a China, mas dane-se. O que faremos?

–No momento, nada. –Alex entreabriu a porta, sem nem bater. –A diretora te chama Melina Wilde.

Sophia mordeu o lábio inferior sensualmente, sinal que estava nervosa. Melina suspirou e abraçou a amiga, com medo de que fosse uma das últimas vezes que a visse:

–Deseje-me sorte.

–Toda do mundo.

~X~

Na porta da diretoria, Melina estava tremendo e balançando as pernas sem parar, sinal de que estava nervosa. E sinceramente, nervosa era apelido. Ela estava uma pilha. A diretora já tinha informado que ela iria ser transferida, o que seria dessa vez? Cadeira elétrica por ter quase transado na piscina?

–Calma morena. –Alex procurou as mãos da namorada e entrelaçou os dedos nos dela numa tentativa vã de acalmar ela. –Desse jeito você vai se esquecer de respirar.

–Claro. –Ela revirou os olhos e então a porta da diretoria foi aberta com um sonoro “Melina Wilde”. E como só esse nome havia sido dito, Alex não entrou o que o deixou com muita raiva, mas acima de tudo, muito nervoso.

A morena entrou na sala da diretoria e não conseguiu não notar que além da diretora, duas figuras também estavam presentes. A primeira ela conhecia melhor do que realmente gostaria. Era a Dra.Hendrickson, psicóloga, vulgo manipuladora de marca maior. E a segunda era uma mulher bonita, de olhos azuis e cabelos marcantes que começavam vermelhos e terminavam loiros.

–Seja bem vinda senhorita Wilde. Sente-se, por favor. –A diretora parecia estar prestes á trincar os dentes, o que era um bom sinal.

Melina obedeceu se sentando e lembrando á sim mesmo de não balançar as penas, o que foi em vão, mas ela tentou. Olhando a diretora, esperou que a mesma continuasse:

–Bem, eu fui á favor da sua transferência de primeira. Em minha opinião a senhorita não tem mais salvação e não cabe á eu ter que cuidar da mudança de quem não a quer. Mas essas duas psicólogas disseram que você é uma ótima garota e convenceram á mim e á superiores á te darem uma nova chance. Dra. Hendrickson disse que está tendo um caminho longo, mas tem altas expectativas. E a Dra. Hoffman, disse que sua paciente, Senhorita Merenwen, tem sido muito ajudada por você. Por causa delas, eu irei dar essa última chance á você. É a última, que isso fique bem claro. Não tolerarei mais nenhum desvio.

Melina teria gritado se pudesse. Não conseguia acreditar, as coisas pareciam irreais demais pra ser verdade. Olhou para a sua psicóloga com imensa gratidão, falando pra si mesma que pelo menos nas próximas semanas tentaria cooperar com o trabalho dela. Seus olhos foram para a psicóloga de Sophia, que deu um sorriso pequeno. Ela não sabia quem era aquela mulher ou porque a ajudara, só sabia que era muito grata. E por fim olhou para a diretora com um olhar travesso e um sorriso provocador que dizia “não foi dessa vez”:

–Obrigada diretora. Não irei decepcionar vocês. –Ela queria acrescentar um “prometo”, mas sabia que seria uma promessa vã. Com certeza uma hora ou outra iria acabar decepcionando as autoridades. Afinal, ela era Melina Wilde não era?

–É o que eu espero. Pode sair senhorita Wilde.

Ela quase falou “com prazer”, mas mordeu a língua no ultimo segundo. Teria outras oportunidades de provocar a diretora e naquele momento só queria contar aos amigos que eles não se livrariam dela tão cedo. No momento em que saiu da sala, abraçou Alex com força e o beijou, mas com um olho aberto pra ver se ninguém os pegaria:

–Estou livre. –Ela explicou com um sorriso. –Nunca agradeci tanto por psicologia existir.

Um mês depois:

Na opinião de Sophia, tudo estava quieto até demais. Ela e Lina estavam conseguindo controlar bem Makayla e Trace. Os namoros iam muito bem. A única coisa que estava deixando as coisas um pouco fora de controle era Taylor e Kathleen que ainda não tinham se resolvido e Kath continuava cada vez mais estranha, mas tirando isso, estava tudo indo ás mil maravilhas.

Naquele dia ela acordou um tanto nervosa. Era dia de visita e ela não tinha visto seus pais tinha dois meses. Não sabia como iria reagir. Se iria chorar, se iria sorrir, se iria morrer... Era tão estranho ter que ver seus pais no dia de visita de um reformatório... Será que Christine viria?

Levantou-se e teve uma tontura tão grande que caiu sentada na cama. Ela estava com tanto medo de não conseguir agüentar ver seus pais... Mas também estava tão ansiosa, com tanta saudade.

–O que foi isso? –Melina perguntou ainda de olhos fechados.

–Eu me levantando.

Melina já ia virar para o lado e voltar á dormir quando de repente deu um salto da cama:

–Você está acordando primeiro que eu? –Não era como se Sophia acordasse muito tarde. É que a ruiva tinha uma pequena dependência pelo sono. Ela amava dormir e dormiria vinte e três horas por dia se pudesse. –O que eu perdi?

A ruiva apenas deu de ombros:

–Existe uma primeira vez pra tudo. –Sophia deu um sorriso e entrou no banheiro. Tomou um banho demorado porque o sinal nem havia tocado ainda. Quando ele tocou, a garota saía do banheiro já uniformizada enquanto Melina se levantava novamente e, ainda sonolenta, procurava o uniforme completo.

Sophia penteou os cachos rapidamente e procurou em suas coisas algum livro, o primeiro que visse. No caso ela pegou Percy Jackson e o Mar de Monstros e começou á ler, mas seus pensamentos se perdiam em meio aos parágrafos fazendo com que diversas vezes ela tivesse que ler tudo de novo. Trincou os dentes de raiva.

“Você está morrendo de saudade. Não entendo porque está dessa forma.”

“Como você reagiria ao ter que ver sua filha num reformatório?”

“Mas você não fez nada.”

“Ás vezes eu penso que eles duvidam disso.”

–Em que mundo você está? –Melina tirou o livro da mão de Sophia. –Ah, esse daqui eu não li não.

–Se quiser eu te empresto a saga. Eu tenho só a de Percy Jackson e os Olimpianos, eu li Heróis do Olimpo porque um amigo me emprestou.

–Tudo bem, pra mim PJO está ótimo. Vamos?

–Vamos.

As duas foram conversando sobre livros até o refeitório onde se sentaram ao lado de seus respectivos namorados. Ian a beijou com doçura como sempre fazia. Durante aquele tempo ele estava ultrapassando os escudos dela com calma, pouco á pouco. Ele sempre tinha muito cuidado para não ultrapassar os limites. Apesar de todo o seu ser implorar pra tocar cada canto daquele corpo, daquela pele macia, ele sabia que tudo aconteceria no tempo certo.

–Como é difícil ter irmãs mais novas. –Alex resmungou.

–Você fala como se tivesse moral. Lembre-se da piscina. –Ian provocou com um sorriso de canto.

–Não foi na frente de todo mundo. –O loiro se defendeu.

Melina e Sophia podiam até opinar na conversa, se não tivessem preocupadas demais com Taylor. Ele ainda estava constantemente cheirando á cigarro, embora de vez quando Sophia não percebesse, mas Melina percebia sempre. As bolsas debaixo dos olhos dele continuavam. E tudo aquilo estava preocupando demais todos eles.

–Eu vou tentar conversar com ela. –Sophia prometeu olhando o amigo. Taylor olhou a ruiva, agradecido, embora tinha quase certeza que não resolveria nada. Em outros tempos Kathleen ouviria Sophia sem pensar duas vezes, afinal, ela era quase a única que tinha algum juízo naquele grupo. Mas agora ela não era mais... Ela.

–Por que a Sophia não colocou nada na boca? –Taylor perguntou desconversando, tirando o foco da conversa pra ele. Mas era uma grande verdade, Soph não tinha comido absolutamente nada.

–Isso é uma verdade. –Ian olhou para a namorada. –O que foi?

–Nada. Meu estômago está revirando, se eu colocar qualquer coisa na boca, ela vai bater nele e voltar.

–Confessa, é o dia da visita não é? –Melina sorriu para a ruiva.

–É. - Ela confessou respirando fundo. –Só estou ansiosa.

–E eu com medo. –Ian soltou.

–Sua mãe me aceitou bem. –Sophia deu um sorriso.

–Você é uma pessoa incrível. Agora, quero ver que tipos de pais me aceitariam.

–Eu te aceitei e sou irmão dela. –Alex deu de ombros. –Isso deve contar alguma coisa.

~X~

Quando Sophia viu os pais, quis se jogar nos braços deles e não soltar nunca mais. E foi quase isso que ela fez. Abraçou a mãe com força, enfiando o rosto nos cabelos dela e respirando fundo. O coração estava descompassado e ela sentia como se pudesse derreter de felicidade á qualquer minuto. Era tão bom ver aqueles rostos tão reconfortantes e familiares ali.

Logo depois de se separar da mãe, foi abraçar o pai. Antony apertou a filha contra os braços dele, morrendo de saudades de sua princesa ruiva. Sentiu o cheiro da filha e quis levar ela pra casa, mas não podia. Não poderia nos próximos anos. E isso era o que mais doía.

E por último, Sophia avistou Christine. Pensou que iria morrer. As duas se entreolharam então começaram á dar gritinhos de felicidade pra só então se abraçarem. Christine era sua melhor amiga antes de Melina. A garota tinha cabelos curtos e negros e olhos puxados.

–Ah meu Deus, eu não acredito que estão aqui. –Ela sentia os olhos azuis marejados. –Hã, antes de mais nada eu vou apresentar o Ian antes que ele desmaie. –Ian agradeceu á ela pelos olhos. –Papai, mamãe, Chris... Esse é o meu... Namorado. E uma das melhores coisas que já me aconteceu.

As reações foram diferentes. Antony quase enfartou. Os olhos quase saíram pra fora de tão arregalados e o coração apertou. Fora difícil entregar ela á Rafael e tinha dado no que deu. E agora ela estava namorando de novo? Margareth estava quase vomitando arco- íris. A mãe de Sophia podia ver nos olhos de Ian que aquele rapaz era um rapaz bom. E se ele havia conseguido ultrapassar os muros que a filha tinha colocado em volta de si mesma, era porque era um rapaz bom. E Christine olhava para a amiga com um olhar malicioso como se dissesse “Ah meu Deus, que gato. Você vai me contar tudo, ouviu?”.

–Muito prazer. –Foi Margareth quem falou, com um sorriso. –Seja bem vindo á família Ian. Acredite, temos muitas perguntas.

–E eu irei responder todas. –Ian assegurou com um sorriso bem mais aliviado no rosto.

~X~

Os cinco estavam sentados no pátio da escola, no chão mesmo conversando sobre amenidades, quando a trupe chegou. Melina foi à primeira á se apresentar:

–O que? Ela apresentou o Ian e não me apresentou? Prazer, Melina, melhor amiga. –Ela sorriu para os pais de Sophia que retribuíram o sorriso.

–Melhor amiga é Sophia? –Christine olhou com um falso olhar acusador, mas muito feliz pela sua ruiva por dentro. Não conseguia a dona dos olhos verdes, mas ela parecia ser muito legal. E não parecia ser certinha o que era do que Sophia precisava, de alguém que a empurrasse pra fazer algumas besteiras de vez em quando.

–E eu sou o irmão mais velho dela. Vocês me adotaram sem nem saber, mas detalhes. Estou cuidando dela aqui. Não se preocupem com Ian, se ele começar á folgar, eu dou uma surra. –Alex apareceu também.

Taylor não apareceu porque preferiu não aparecer com olheiras profundas e cheiro de cigarro, mas passou um recado por Melina:

–E o Taylor, um dos integrantes que não pode comparecer, mandou o seu oi. Estamos acolhendo essa ruiva. Ela que formou esse grupo maluco a propósito, que não existia antes dela entrar. E, falando de verdade agora, ela foi uma das melhores coisas que aconteceu na vida da gente. Além de ter nos unido, ela tenta colocar um pouco de juízo na nossa cabeça. Não posso dizer que com sucesso, mas estamos bem melhor com ela.

–Ah, eu não participo do grupo, sou irmão dessa daqui. –James indicou Melina que deu a língua. –Mas ela está cuidando da minha irmã e eu sou muito grato. Sem contar que ela é uma graça.

–James Wilde! O que eu disse sobre ela ter namorado? –Melina disse rindo. Quase fez um muxoxo por Ian ter entrado primeiro. Sophia e James poderiam ter realmente uma chance seria tão lindo ter aquela ruiva como cunhada... Bem, não ia rolar. Por enquanto.

Os pais de Sophia estavam rindo e Soph também. Margareth, Antony e Christine estavam bem mais aliviados ao ver aquele grupo. Pelo menos agora sabiam que a ruiva estava bem e muito bem acompanhada. Todos eles estavam no reformatório por algum motivo, mas quem eram eles pra julgar? Principalmente quando sabiam que Soph, por exemplo, estava ali injustamente.

O tempo que ainda tinham foi assim, conversando naquele grupo enorme. Mas o tempo foi passando e logo James, Antony, Margareth e Christine tinham que ir embora. O coração de Sophia se partiu em milhões de pedaços e a única coisa que a mantinha sem lágrimas era saber que no próximo mês eles estariam de volta. E, além disso, ela estava feliz. Feliz pelo grupo ter se apresentado, pelos pais terem gostado dos amigos e do namorado dela, por ela ter se divertido tanto. Levantou-se para abraçar os pais, mas uma tontura enorme a atingiu e ela caiu desmaiada nos braços de Ian.

~X~

Quando Sophia acordou, estava tudo embaçado. Precisou piscar várias vezes para ás vistas voltarem ao normal. No momento que isso aconteceu ela viu o rosto preocupado de Melina.

–O que houve? –Perguntou com a voz ainda meio débil.

–Não sei. Você desmaiou. Nós te trouxemos para a enfermaria e seus pais, meu irmão e Christine tiveram que ir embora, mas foram todos muito preocupados. O doutor Edward vai chegar daqui á alguns minutos, ele permitiu que eu ficasse, mas os outros tiveram que esperar lá fora. Em outras palavras, os meninos estão quase morrendo lá fora.

–E você não tem nem noção do que está acontecendo?

–Tentei extorquir o doutor Edward de tudo que é jeito conhecido e desconhecido pelo homem, mas ele não me disse nada.

Sophia bufou. Olhou em volta. Estava numa maca e num quarto branco demais para o gosto dela. Por ser muito branco, o quarto parecia bem mais iluminado do que realmente era e luz demais á fazia ter enxaqueca depois.

Ela não teve muito tempo pra pensar em futuras dores porque o médico passou pela porta. Doutor Edward tinha um rosto gentil, era um pouco baixinho e gordinho e tinha os cabelos castanhos claros.

–Como se sente Sophia? –Ele perguntou com um sorriso doce.

–Confusa, mas bem, sem nenhum dano externo pelo que eu percebi. O senhor pode me contar o que aconteceu?

O doutor trocou um olhar com Melina como se dissesse “Apoie-a”. Lina pegou a mão da amiga como forma de proteção já adianta:

–Senhorita Sophia, parabéns. A senhorita será mamãe. Está grávida.


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