Anteriormente...

–Onde você pensa que vai com esse temporal todo?- fala segurando o meu braço.

–Eu vou pra casa- falo.

–Você vai como?-pergunta ele incrédulo. Apenas mostro meu guarda chuva- Está ficando louca Anna, não vou deixar você sair com um tempo desses.

–Pensa que é meu pai, por acaso?-falo e um sentimento ruim me pega- Ele foi bom o bastante pra nos deixar- paro um pouco, e sinto lágrimas em mim, ele tenta me puxar para um abraço, e me afasto dele- Apenas me deixe em paz- grito e saio correndo no meio da chuva.

Saio andando com meus pensamentos, no meio de uma grande tempestade. Não sei o que está acontecendo comigo, se fossem outros tempos, não seria boba o bastante para me arriscar assim. Mais aí me vem a cabeça aquela foto, e por mais que não queira sentir raiva, é isso que eu sinto. O Fred com uma garota em seu colo. Fico pensando, ele sempre foi ruim o bastante para mim, porque simplesmente agora, ele aparece como se tudo estivesse bem, como se ele fosse mover o mundo pra me proteger, como se gostasse de mim! Ou vai ver isso tudo deve ser pena, da garotinha frágil , que até mesmo o pai abandonou. Sinto mais lágrimas rolando pelo meu rosto e misturando-se com a chuva.

Sigo andando, e escuto uma movimentação atrás de mim, luzes são projetadas a minha frente, e então apagadas. Começo a sentir medo. Escuto um barulho de porta sendo aberta e fechada. Começo a andar mais rápido, e parece que estou sendo seguida, a pessoa está andando rápido, então começo a correr, até que escuto barulhos estranhos, meu perseguidor não está mais correndo atrás de mim, parece que está acontecendo uma briga, escuto socos, e gritos de dor, algo muito ruim está acontecendo, mais não consigo enxergar há uma neblina muito forte. Tiro uma coragem não sei de onde, e começo a me aproximar aos poucos, ajustando meus olhos, e tentando ver algo. Até que vejo duas sombras. Uma após cair no chão, levanta-se rápido e sai correndo, sobe no veículo, que não consigo identificar, liga as luzes, e agora não consigo ver nada. Do nada sinto braços fortes me segurando pelos ombros, começo a me debater.

–Ei Anna, sou eu, fale comigo! – então reconheço a voz, é o Fred, relaxo, sabendo que não estou mais correndo perigo. Com isso acabo o abraçando, e ele me abraça de volta. Então ele me solta do abraço, e segura meu queixo, fazendo com que olhe para ele -Você está bem? Ele te fez algo? Tocou em você? Está ferida? – perguntava ele parecendo desesperado.

–Eu estou bem, mais estava com medo e bem você me salvou, então obrigada- consigo dizer.

–Vem vou te tirar daqui antes que pegue um resfriado- diz ele me puxando pela mão- Você é muito teimosa sabia?- fala ele fazendo graça, para quebrar o momento.

–Sabia- respondo normalmente, e escuto ele rir. Com isso voltamos para a escola- O que aconteceu realmente?- pergunto, e sinto que ele fica rígido com minha pergunta.

–Você não quis falar comigo, e saiu correndo no meio desse temporal- fala apenas.

–Isso eu já sei, eu quero saber quem estava correndo atrás de mim?- pergunto.

–Eu que estava correndo atrás de você, devo ter te assustado- fala.

–Não, não era você, e eu sei disso, vai querer enganar quem com isso- falo olhando bem pra ele, enquanto vamos em direção a sua caminhonete.

–Só tinha eu correndo atrás de ...- não deixei ele terminar o que estava falando.

–Para com isso tá, não sei quem você está defendendo, mais foi você mesmo que me perguntou se “ele fez algo” e se “ele tinha me tocado”- falei fazendo aspas com os dedos- Só me fala a verdade tá- falei cansada já disso. Ele parou por um tempo, parecia pensativo, sem saber ao certo o que me falar e o que não falar. Paramos na frente da caminhonete.

–Está bem, você ganhou, não queria te deixar preocupada- parou e passou a mão pelos cabelos já encharcados pela chuva- Mais... tinha um cara atrás de você- falou e olhou para mim – Tá bem agora já sabe, então entra na caminhonete e sai já dessa chuva.

–Não- falo.

–Como não?- pergunta ele ficando irritado

–Só subo quando me falar o que aconteceu!-falo

– Já falei o que você queria!- fala

–Isso não é tudo e você sabe- falei – Eu vi que vocês estavam brigando, vim quem era?

–Sim eu briguei com uma cara, mais não sei que é...agora pode fazer o favor de subir de uma vez- fala ele.

–Está bem- dou um sorrisinho falso e subo na bendita caminhonete, se ele pensa que com isso tudo está bem entre nós está muito enganado.

Vamos o caminho todo em silêncio, um verdadeiro milagre. Eu ainda estou brava com ele e vou olhando pela janela. Dou uma olhada para ver ele, e percebo suas mãos segurando firme a direção, seu maxilar rígido e seus olhos estão completamente concentrados na estrada, nem ao menos percebe que estou o encarando.

–Porque está me encarando?- pergunta, ops acho que ele viu sim.

–Ãh... nada não- falo me mexendo e voltando a olhar a estrada.

–E faz um bom tempo- declara, e vejo que aquele olhar mortal que ele estava a pouco passou.

–Estava tão concentrado, que achei que não tinha percebido- falo apenas, dando de ombros.

–Aprendi que devo estar concentrado no que faço, mais acima de tudo devo me concentrar no que está ao redor- fala.

–E onde aprendeu isso?- perguntei interessada.

–Aprendi...- ele parou e pensou um pouco.

–Aprendeu...?- falei tentando fazer com que falasse. Ele então olhou para mim, e me mostrou seu sorriso de lado, que eu tanto amo. São nesses momentos que esqueço que estou brava com ele, droga.

–Quando fazia racha- ele fala ainda olhando para mim, muda de marcha, e estamos em uma velocidade ainda maior. Fico apavorada, olho pra frente e não enxergo quase nada, devido a neblina. Olho de volta para ele, que ainda olha para mim e não para a estrada, me desespero.

–Meu Deus Fred, olha pra frente, está querendo nos matar- falo, ele então percebe que estou com medo, reduz a marcha e diminui a velocidade, até que paramos, não entendo o que está acontecendo, até que percebo que estamos na frente da minha casa. Desço rápido em direção a minha casa, e ele me segue. Tento fechar a porta, mas sou impedida por ele com seu braço mais forte que o meu.

–Tome um banho e coloque roupas quentes, antes que pegue um resfriado, eu vou ali em casa, e daqui a pouco eu volto, acredito que temos alguns assuntos pendentes...

–Ei pare de mandar em mim- falo irritada- Pera aí, assuntos pendentes?

–Sim sobre uma tal foto, na qual eu estou bonito como sempre, diria até um pouquinho sexy, mais não vou ficar aqui me gabando da minha beleza...

–Idiota- falo e reviro os olhos, ele apenas ri de mim- Quem te falou isso?

–Adivinha, é uma amiga sua a muito tempo e...- nem deixei ele terminar, já sabia.

–Não acredito que ela te falou!

–Nossa você é rápida- fala -Acredite ou não ela me falou sim, e foi até fácil.

–Fácil?

–Sim ofereci chocolate- fala dando de ombros.

–Ainda por cima se vende por pouca coisa- falei e ele ficou rindo de mim- E pra que deu chocolate pra ela?- perguntei confusa.

–Ué, queria saber o que estava acontecendo com você, já que estava fugindo de mim, e ela no fundo queria me contar- olhou bem nos meus olhos- Mais a verdade é que me importo com você!

–Por que se importa?- perguntei, realmente estava ficando confusa.

–Porque gosto de você Banana- fale ele- É tão difícil assim de acreditar?- pergunta.

–Eu já não sei de mais nada- falo, e percebo que ele parece ficar triste.

–Você está certa, eu vou embora e depois nos falamos- fala- Até mais Banana- vira-se e vai embora me deixando ali, mais uma vez com meus pensamentos. Paro pra pensar, ele se arriscou por mim, e disse que gostava de mim. Então sinto uma adrenalina correndo dentro de mim, com isso corro para a rua e vejo ele quase chegando a sua caminhonete, ele me escuta e se vira, corro até ele. Que me olha sem entender nada, apenas me atiro em seus braços e o beijo, sem pensar muito sobre o que aconteceu, apenas no agora, e o que ele tinha me dito.