¿Qué Hay Detrás? escrita por Mari


Capítulo 12
Tudo Foi Como Num Sonho


Notas iniciais do capítulo

Milagre eu por aqui, rs.
Capítulo novo minha gente, e fofo, diga-se de passagem.
Desculpem a demora, mas está sendo meio corrido ultimamente. Obrigada pela compreensão.
Queria agradecer a Nana pela recomendação, adorei linda! ♥
Espero que gostem do capítulo, e boa leitura!



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            POV Naty

            É, havia sido um dia de muitas emoções. Iniciar a manhã com uma aula que me fez relembrar claramente o acidente foi complicado. Não aguentei, saí da sala e desabei. Sei que eu já deveria ter aceitado tudo aquilo que aconteceu há um ano, mas na verdade, acho que nunca vou aceitar, foi tão injusto. Mas como todos ao meu redor vivem dizendo, não devo ficar remexendo tanto nessa história, não faz bem para, não faz bem para Joaquim, onde quer que esteja, e não faz bem para ninguém.

Apesar de tudo, havia sido um dia agradável. Maxi fora simplesmente perfeito! Procure-me, ouviu-me, e fez-me sentir melhor desabafando toda história há mais de um ano “trancada” comigo. E depois de tudo, ainda me ajudou a sair mais cedo da faculdade sem precisar dar maiores informações para o pessoal, não que eu não quisesse conversar com eles e contar tudo, mas acho que ainda posso guardar isso comigo mais um pouco, não quero que sintam pena de mim. Maxi prometeu não contar a ninguém, e eu confio na palavra dele.

Depois que Maxi me deixou em casa, entrei e encontrei vovó lendo sentada no sofá, olhou-me um pouco intrigada, o que dava de entender, ela não esperava que eu chegasse mais cedo.

- Oi vovó – joguei minha mochila em algum canto e sentei-me na poltrona em frente a ela.

- Oi meu anjo! Está tudo bem?

- Agora sim...

- Aconteceu alguma coisa? – ela ficou preocupada.

- Sim e não – agora ela ficou preocupada. – Na primeira aula da manhã, o professor iniciou uma discussão sobre jovens, álcool e acidentes. Deu algumas estatísticas sobre o número de mortes que ocorrem por conta disso, logo alguns colegas começaram a expressar sua opinião sobre o assunto, e vovó, eu não aguentei, saí da sala aos prantos e me escondi... Foi horrível isso! Relembrei de todo caos daquela noite, dos dias no hospital, da notícia sobre a morte de Joaquim. Mesmo assim, eu não deveria ter agido daquela maneira, sair da sala sem ninguém entender o motivo e me escondi.

- Tudo bem meu amor, você não fez nada de errado, só se emocionou ao lembrar-se de como foi passar por tudo aquilo que eles discutiam ali.

- Eu sei vovó, mas isso mostra que ainda não superei tudo, que estou sendo fraca, mesmo depois de todo mundo pedir para eu seguir minha vida... Tipo, eu não quero, nunca, esquecer-me de Joaquim e de tudo que passamos...

            - Você nem deve... – vovó me interrompeu.

            - Mas queria não mais pensar tanto no acidente.

            - Com o tempo você vai aprender a controlar melhor suas emoções. Você passou por uma grande prova Naty, mas o tempo vai curar isso. E você não está sendo fraca, faz parte de todo ser humano que viveu algo desse tipo, sofrer assim – ela concluiu.

            - Tempo, tempo, tempo... Já faz um ano!

            - Agora você começou a ocupar sua cabeça com outras coisas, meu bem. Logo essas lembranças vão estar mais fracas em sua memória – sempre muito sábia, eu pensei.

            - É, acho que você tem razão – conclui. – Mas o dia não foi de um todo ruim – comentei. – Acabei contando sobre o acidente para Maxi, um colega meu, me sinto mais aliviada por alguém de meu convívio saber isso...

            - Esse menino que anda lhe trazendo em casa às vezes? – ela riu. – Você deveria dar uma chance para ele, parece um bom menino, está sendo cavalheiro.

            - VOVÓ! – exclamei e me senti corando. – Não fale assim, você sabe que... – eu ia começar a falar todo discurso de ainda não ser o tempo de namorar, mas vovó me interrompeu.

            - Tudo bem, já sei o que você vai dizer, mas pense nisso, você já fez grandes progressos, acho que deveria continuar tocando sua vida... E cavalheirismo não é mais comum nos dias de hoje – falou por fim, e levantou-se para preparar o café da tarde.

            Permaneci sentada na sala por mais algum tempo pensando no que vovó acabara de dizer. Maxi estava sendo muito bom para mim, realmente. Trazia-me para casa, ouvia-me, e sempre estava disposto a me ajudar. Tínhamos nos dado bem desde o primeiro dia, isso era inegável. Maxi tinha até acabado um namoro por minha causa, ou melhor, ele já queria terminar, mas depois que apareci tudo ficou mais claro. Essas foram as palavras do Maxi.

Foi com essas atitudes que ele demonstrou e demonstra o quanto gosta de mim, e não vou negar, porque também gosto dele, e bem, levando em consideração que todos estão sempre dando maior apoio para nós, talvez eu devesse dar uma chance a ele, uma chance a nós, uma chance a MIM!

POV Maxi

Depois de levar Naty até sua casa, voltei para Universidade, hoje era dia de treino, e não poderia faltar sem uma explicação plausível, ou levaria uma bronca do técnico, que já estava a ponto de me deixar no banco por conta dos meus atrasos.

            Fui direto ao vestiário, troquei-me, peguei uma bola no meu armário, e fui para campo ficar treinando um pouco sozinho, enquanto o resto do time não aparecia. Não estava há mais de 15 minutos por lá, quando León apareceu, devidamente uniformizado.

            - Fala aí, garanhão – já se aproximou rindo.

            - Muito engraçado – respondi sério “tocando” a bola para ele.

            - Não se chateei – riu. – Como está a Naty? – jogou a bola de volta, e fica no bate bola.

            - Já estava melhor quando a deixei em casa.

            - Que bom, ficamos preocupados.

            - Eu também...

            - Você se importa muito com ela, né – não foi uma pergunta.

            - Demais... Nunca tinha pensando nisso, é estranho, mas é verdade.

            - Nunca te vi assim, cara. Nem quando o River Plate foi campeão da Copa Sul-Americana em 1997.

            - Assim como?

            - Radiante.

            - Isso soou meio gay – eu ri.

            - Eu sei – León concordou. – Mas você me entendeu, não é? Você está mais preocupado com as coisas ao seu redor, está mais feliz. Essa garota mexeu com você.

            - Mexeu mesmo. Desde a primeira vez que a vi, senti algo diferente pela Naty sabe.

            - Esse algo diferente tem um nome, sabia?

            - Qual?

            - AMOR! – León exclamou. – Você está apaixonado, meu amigo.

            - Você não acha que é cedo pra chamar de amor? – questionei.

            - Acho que não, mas se não for ainda, não demorará muito a ser – riu.

            - Eu não pensaria assim... Não tenho só eu na história – falei triste, pensando na história que Naty me contara à tarde, e chegando à óbvia conclusão de que ela ainda não queria se envolver com outras pessoas.

            - Conselho de amigo: converse com ela! Fale de seus sentimentos, o não você já tem – León exclamou por fim, porque logo depois disso o técnico chegou, e iniciamos os trabalhos daquela tarde.

            Acabei ficando no banco de qualquer forma, o que foi bom, porque pensei na conversa que havia tido com León. Falar sobre meus sentimentos para Naty parecia não ser uma boa ideia, não depois de saber da história dela e Joaquim, mas também me parecia o certo, eu não poderia mais enganar a mim e meus sentimentos. Eu estava apaixonado por ela desde o primeiro momento, precisava falar. E faria isso. Hoje!

            Assim que o treino terminou fui para o vestiário, tomei um banho rápido e peguei meu celular para ligar para Naty e marcar de nos encontrarmos. Acendi o visor: “2 ligações perdidas”, olhei quem havia ligado, e parece que tivemos uma troca de pensamentos, as ligações eram de Naty.

            POV Naty

            Tomei café com a vovó e subi para dar um rumo na minha vida. Peguei meu celular e disquei o número do Maxi, mas chamou até cair, esperei uns 15 minutos e liguei de novo, mas continuei sem resposta, quando me lembrei de que era segunda, e provavelmente ele estava no treino. Ligaria mais tarde.

            Resolvi ocupar a cabeça com a faculdade, peguei meus cadernos e alguns livros na bolsa para fazer um trabalho que deveria entregar na quarta-feira, logo, já deveria estar pronto. Estava realmente focada no trabalho que nem vi a hora passar, foi quando ouvi meu celular, que estava em cima da cama, tocar. Como já tinha chamado algumas vezes até que me ligasse de atendê-lo, atendi sem ver quem era.

            - Alô.

            - Naty? – falou uma voz conhecida no outro lado da linha.

            - Maxi?

            - Sim, sou eu – meu coração acelerou.

            - Tudo bem?

            - Sim, sim... E você, está melhor?

            - Sim, obrigada por tudo.

            - De nada! Hey, eu queria conversar com você...

            - Pode falar.

            - Não, queria conversar pessoalmente. Você poderia me encontrar? – o tom de voz de Maxi mudou.

            - Claro. Está tudo bem mesmo?

            - Está... Nos vemos em 10 minutos, te esperarei em algum banco daquela pracinha perto da sua casa.

            - Ok, estarei ali.

            - Tchau.

            - Tchau! – eu desliguei.

            Troquei de roupa rapidamente e fui encontrar Maxi, o tom de voz tinha me deixado preocupada, e não queria demorar a escutar o que ele tinha para me falar. E parece que ele não queria demorar em me contar, pois quando cheguei Maxi já estava sentado em um dos bancos. Apesar de a pracinha estar vazia, por já ser um pouco tarde e de o tempo ter mudado, demonstrando não demorar a chover, Maxi optou por um dos bancos mais afastados. Ele estava de cabeça baixa, olhando para as mãos, mas quando me aproximei, ele olhou para mim, e logo, sentei-me ao seu lado.

            - Está tudo bem? Você me deixou preocupada... – perguntei, sem rodeios.

            - Por enquanto está, mas depende de você – ele disse um pouco triste.

            - Maxi, o que aconteceu?

            - Naty... Tem algo que eu preciso te falar.

            - Fala, por favor, estou ficando nervosa – Maxi estava me assustando.

            - Eu não sei como te falar isso... Como começar – ele olhava profundamente em meus olhos.

            Fiquei apenas olhando para ele, incentivando-o para que continuasse.

            - Não sei o quão estranho isso vai soar para você, e nem qual será sua reação depois que eu te falar, ainda mais depois de tudo que você me contou hoje à tarde... Primeiro, eu queria dizer que fiquei muito feliz em saber que você confia em mim a ponto de me contar esse segredo, e que respeito muito todos os sentimentos que você tem pelo Joaquim.

            - Obrigada Maxi... Mas eu ainda não sei aonde você quer chegar – fui sincera.

            - Desculpa, estou tentando criar coragem para falar tudo – ele riu. – Depois que te deixei em casa voltei para a faculdade, para o treino. Conversei um pouco com León antes de o técnico chegar, e ele me fez ver o quanto eu mudei desde que te conheci... – olhei para ele meio sem entender, e Maxi começou a explicar - Antes eu não queria nada da vida. Chegava atrasado a todas as aulas, todos os treinos, frequentava festa todas às noites, não estudava, e mesmo namorando a Camila, vivia cantando outras meninas por aí, mas antes que você pense mal de mim, só conversava com elas. E aí você apareceu, e mudou tudo...

            - Err, me desculpa – eu o interrompi.

            - Não Naty, você mudou minha vida para melhor... Eu me tornei mais responsável, e todos a minha volta notaram isso. Tenho frequentado as aulas regularmente, tenho ido aos treinos, e não saio mais durante a semana. Estudo para as provas e consegui meus amigos de volta!

            - Ah Maxi, fico feliz em saber que eu mudei sua vida – sorri. – Você também mudou a minha, porque como já sabe o último ano não foi fácil, mas maneira como você e os demais me receberam, e jeito como você se preocupa comigo, tudo isso tem me ajudado e me dado forças.

            - Isso Naty... León comentou comigo sobre o quanto eu me preocupo com você, e eu pensei nisso, e realmente, me preocupo muito com você... Com o como você está, como os outros estão te tratando, o que te aflige... E sabe por que eu me preocupo tanto com você? – perguntou ainda sem tirar os olhos dos meus.

            - Por quê? – eu perguntei sorrindo, imaginando a resposta.

            - Porque eu gosto de você, Naty... Gosto de você desde o primeiro dia, desde aquele momento no qual entrei na sala e você estava lá, de pé, apresentando-se. Gosto de suas atitudes, e do quanto você se preocupa com os outros. Dos seus olhos, que tão brilhantes, deixam a lua que você tanto gosta sem graça. Do seu cabelo, e como ele parece ser perfeito sem você fazer nada. Do seu rosto, e como ele combina tão perfeitamente com você. E principalmente, do modo como o meu coração para quando você sorri – eu já não conseguia mais segurar as lágrimas enquanto Maxi falava daquele jeito, e ela falava de um modo tão verdadeiro.

            Maxi parou de falar por alguns segundos, e pudemos ouvir trovões ao longe, indicando que a chuva chegaria.

            - Sei que parece cedo para estar falando tudo isso, mas para mim já está mais que claro o quanto eu gosto de você, Naty. Esses últimos dias, os quais nós estivemos mais próximos só me fizeram ver o quanto eu quero estar ao seu lado, todos os dias, cada dia mais.

            - E-eu não sei bem o que te falar, estou surpresa, não imaginava que você gostava de tantas coisas assim em mim, sou tão... Normal – ri.

            - Você é diferente, é especial... – ele falou alto, no mesmo momento que um trovão soou sobre nossas cabeças.

            - E bem, eu também gosto de você, Maxi – quando falei isso, ele não conseguiu esconder a alegria. – Gosto do jeito como você me protege e cuida de mim, como se preocupa comigo, como me entende, como me passa confiança. Te entendo quando você diz que é cedo, e pra mim é mais estranho ainda, porque depois do acidente afirmei pra mim mesma que não me envolveria tão cedo com outras pessoas, por mim e por Joaquim. Então você apareceu, e mudou minha vida e a sua por mim, e me fez entender que já está na hora de eu dar uma segunda chance pra vida. De dar uma chance para nós! Eu também quero estar ao seu lado todos os dias, cada dia mais.

            Os trovões que há pouco atrapalhavam nossa conversa cessaram, e pude sentir os pingos de chuva começando a cair sobre nós enquanto nos olhávamos em silêncio.

            Eu não tinha mais nada para falar, e não sabia se Maxi ainda queria me falar alguma coisa, mas constatei que não, quando rapidamente o vi se aproximando de mim, senti suas mãos tocando meu pescoço, e seus lábios nos meus. Foi então que nos beijamos.

            POV Maxi

            Eu não conseguia mais esperar, precisava fazer aquilo, precisava beijá-la. Na verdade, precisava desde a primeira vez que a vi.

            Combinei de me encontrar com Naty para falar dos meus sentimentos, ela veio, falei tudo, e para minha surpresa, Naty também falou dos delas, falou que gostava de mim, e que mesmo com a promessa de não se envolver tão cedo com alguém, queria dar uma chance para nós, e antes que ela pudesse falar qualquer outra coisa, eu já a estava beijando.

            Nos beijávamos em perfeita sintonia, e foi um beijo cheio de sentimentos, de vontade, e de chuva, pois aquela que ameaçava chegar, quando começou, começou com tudo. Ficamos no beijo por alguns minutos, até que nossas respirações falharam e nos separamos para recuperá-las. Abri os olhos e Naty continuava com os olhos fechados, mas sorria.

            - Tudo bem? – perguntei sorrindo.

            - Sim... Só tenho medo de abrir meus olhos e descobrir que foi tudo um sonho.

            - Pode abrir, foi tudo real – então ela abriu os olhos, e eu sorria para Naty. – Sabe, tem mais uma coisa que eu gosto em você, mas esqueci-me de dizer.

            - O quê? – perguntou curiosa.

            - Seus lábios. Poderia beijá-los o dia todo se você me permitisse. – falei isso e ela ficou corada.

            - Seu bobo! Vem, vamos embora – ela falou se levantando e esticando a mão para mim.

            - Por quê? Tá cedo – hesitei rindo.

            - Mas está chovendo... Precisamos ir para um lugar seco.

            - Já estamos molhados, não tem problema.

            - Podemos ficar doente... Vem, vamos – agora ela pegou minha mão e me fez levantar.

            - Você sempre tão sensata.

            - Minha sensatez te conquistou – ela piscou para mim.

            Não aguentei, e a abracei por trás, fazendo-a se virar para mim, e novamente nos beijamos enquanto a chuva forte e fria caia sobre nós.


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Notas finais do capítulo

É isso!
Digam o que acharam, por favor, é importante!
Bjbj ♥

@marifics