Hoje já é sexta, fiquei um dia sem falar com ela. Sim, foi torturante. Eu simplesmente não sabia o que dizer. Bateu uma depressão enorme depois do ocorrido no cinema.
A mensagem? Não tive coragem de enviar. Estou completamente confusa.

Tinha terminado a prova e vim me esconder no banheiro. Não queria ver ninguém, não queria que ninguém me visse.
 – Tem alguém ai? - Escutei a voz da Hana. Imediatamente coloquei meus pés em cima do vaso para que ela não percebesse que eu estava lá. - Olá? - Tentou mais uma vez. - Hum. - Murmurou enquanto suspirava. Alguns segundos se passaram quando a ouvi chorando. O que será que havia acontecido? O Lucas a teria magoado? Se for isso eu...
 – Não, Hana, não pense mais nisso. Precisa esquecê-la. - Hana estava falando sozinha e... Esquecê-la? - Pense no Lucas. É um cara legal, simpático, gosta de você e o mais importante, é um cara. - Ok, isso doeu muito em mim. Mas espera... Ela disse "Precisa esquecê-la"...
 – Hana! - Fui em direção à ela.
 – Clara? Achei que não tivesse ninguém aqui!
 – Hana, você tem que me dizer porque está estranha comigo.
 – Mas você ouviu tudo, não foi? Não tenho mais nada a dizer.
 – Sim, você tem. - Falei puxando-a para perto de mim. Talvez até perto demais.
 – Não, não tenho. - Hana estava olhando em meus olhos.
 – Eu preciso entender tudo direito. Não quero te perder. - Hana voltou a chorar.
 – Ei pequena, não chore. - Sequei suas lágrimas.
 – Por que? Por que continua se importando tanto comigo? Eu te tratei tão mal e mesmo assim, mesmo assim... - Não conseguiu terminar sua frase.
 – Eu só não quero te perder... - Não poderia me declarar ali, naquela hora. Ou poderia?
 – E por que? O que tem de tão especial em mim? - Ela me olhava como se esperasse uma resposta específica. A admirei por algum tempo, sem falar nada. Posso parecer meio má, ou sei lá, mas ela era linda até chorando. Percebi naquele momento que ela não estava me tratando mal do nada. Percebi que tinha algo por trás disso.
 – O que tem de especial em você? Nem eu sei. Como posso gostar tanto de uma baixinha birrenta e medrosa? - Falei rindo, esperava que ela risse também. Apesar de ser linda chorando, ficava mais ainda rindo. Mas isso não aconteceu.
 – Pare com essas brincadeiras, Clara. Estou falando sério! - Hana tirou seus óculos que já estavam encharcados de tantas lágrimas.
 – Eu te amo, ok? - Enquanto falava isso, meus olhos se encheram de lágrimas. Hana parou de chorar e ficou me olhando surpresa. - Já faz um tempo que estou apaixonada por você. Te ver com o Lucas me irritou sim, fiquei com ciúmes. Mas o pior nem era isso, era você me desprezando sem nenhum motivo aparente. - Nessa hora eu já estava desabando em lágrimas. Ela tentou fugir mas a puxei pelo braço. - Não, dessa vez você não vai fugir de mim.
Bem nessa hora alguém entrou no banheiro. Droga. E a Hana aproveitou o momento para sair.

Eu tinha mesmo feito aquilo, tinha me declarado. Ela não falou nada. Mas que droga!
 – Hana, espera! - Finalmente a alcancei. - Vamos terminar nossa conversa em outro lugar, por favor.
 – Essa conversa já acabou.
 – Não, Hana, por favor. - Disse no tom mais suave que consegui.
 – Eu... - Ela me empurrou e se foi. Fiquei um tempo parada e então sorri. Sim, sorri. E o motivo era porque ela tinha voltado a ser a garota inocente e frágil que eu conheci.

Passei o dia inteiro mandando mensagens para ela. Pedindo desculpas, pedindo para nos encontrarmos em algum lugar para conversar direito... E obviamente ela não me respondia.

Depois de muitas tentativas em vão já estava bem tarde, umas dez horas, e precisava dormir um pouco. Deixei meu celular de lado e me deitei, esperando conseguir dormir.

*23:00h - Você tem uma nova mensagem.*