Hermione entrou em seu quarto e jogou a mochila num pufe, trocou de roupa e desceu para almoçar. Os pais da menina conversavam, contando como havia procedido a manhã de cada um, Hermione se detinha apenas em mexer a comida com o garfo.
_Hermione minha filha, você está bem? –A mãe da menina preocupou-se com a desatenção da menina. – Hermione. – A mulher então tocou na mão da filha.
_Posso subir para o meu quarto? – Perguntou pesarosa.
Hermione sentia como se seu coração estivesse num freezer.
_Pode minha filha.
A menina trancou-se em seu quarto e se jogou de costas na cama, protegendo os olhos com os braços. A discussão com Draco havia afetado o emocional dela. Ela alcançou o celular e colocou para tocar “Jar Of Hearts-Boyce Avenue feat Tiffany Alvord”. A menina meditava na letra da música, não que combinasse com ela, mas ela sentia a letra como com quase nenhuma outra.
Levantou-se da cama e foi até a mesa do computador. Ligou o mesmo e entrou no facebook.
A menina nem viu a hora que havia digitado o nome de Draco na caixa de procurar, a imagem que aparecia no rapaz era sem sorriso algum. Ela nem entendeu o porque, mas seu coração acelerou quando viu o status ‘Em um relacionamento sério’.
Teria sido pior se ela tivesse se encontrado com Astoria. Aquela garota era realmente arrogante e merece o namorado que tem.
Hermione encarava a foto de Draco. Era impressionante como os olhos dele pareciam hipnotizá-la. É loucura.
Um pouco longe dali Draco estava numa lanchonete cheio de amigos e com Astoria ao seu lado, mas a única coisa que passava pela sua cabeça era a maneira como Hermione havia sido petulante.
_Draco você ainda tá ai? – Astoria disse com a sua voz enjoada de sempre.
_Você não está me vendo? – Draco era tão rude com ela quanto era com qualquer outro ser vivente.
_Não precisava ser grosso meu amor. – Astoria passou o braço no pescoço dele.
_Não me chame de amor. – Respondeu ríspido.
Draco tirou o braço da namorada de si e se levantou, retirando-se do local. Astoria mal conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Ele se jogou no banco da praça com as mãos no bolso, avistou de longe uma menina de trança, vestido florido e jaqueta, sapatilha e bolsa. O garoto abriu e fechou os olhos rapidamente diversas vezes, ao constatar que a tal menina era ninguém mais do que Hermione. Para piorar a situação ela estava de braços dados com Harry Potter. Draco o odiava tanto pelo simples fato do rapaz ter nascido.
_Que cara é essa Draco? – A moça que havia se sentado ao lado de Draco tinha um comprimento de cabelo no ombro e usava roupas não tão chamativas quanto às de Astoria.
_Pansy você não deveria estar com os outros lá dentro? – Draco mantinha seu olhar fixo ao local onde Hermione estava tomando sorvete com Harry e Ron.
_Não, eu deveria estar aqui perto do meu melhor amigo. – Pansy seguiu o olhar de Draco. – É a garota que te afrontou hoje não é? – Draco assentiu. – Por que você olha tanto para ela?
_Quem disse que eu estou olhando para ela? – Draco virou-se para encarar a amiga.
_Você não me engana Draco Malfoy. Mexeu com você a maneira como ela te tratou? Quero dizer, a coragem dela. – Pansy olhou para Hermione.
_Ela não podia ter me desmoralizado daquela forma. Quem ela pensa que é?! Eu odeio essa menina idiota. – Draco rangeu os dentes.
_Isso não demora em mudar. – Pansy se levantou.
_Isso o que Pansy? – Draco olha para a amiga com um olhar de interrogação.
_Você verá Draco. Do mesmo jeito que eu consegui ver isso nos seus olhos, não vai demorar em você perceber. – Pansy sorriu.
_Mas o que diabos você está falando garota? – Draco voltou a encarar Hermione que dessa vez conseguiu o ver de longe e abaixou a cabeça.
_Estou falando de sentimento Draco, o sentimento que você tanto fugiu está entrando ai dentro. – Ela apontou para o peito do rapaz e cruzou os braços. – Eu vou para casa. Vamos? – Ela faz um sinal e Draco se levanta.
_Eu não quero que você repita essas besteiras. Estamos entendidos Pansy Parkinson? – A moça era a única pessoa que Draco respeitava o suficiente para não tratá-la com ignorância.
_Estamos entendidos Draco. – Ela arqueou a sobrancelha. – Eu prometo. – Cruzou os dedos atrás das costas.
_É bom mesmo. – Os dois entram no carro de Malfoy e logo chegam á casa da moça.
_Vai com cuidado Draco. – Ela desce do carro.
Malfoy dirigia seu carro na rua ao som de “Carrie-Europe” quando as primeiras gotas de chuva atingiram os vidros do carro. Logo depois a chuva aumenta bastante e dificulta a visão do rapaz que consegue apenas ver um vulto passar na frente do carro e freia. Algo ou alguém caiu no chão. Draco da um murro no volante e sai do carro.
_Você tá bem? – Ele se dirige á pessoa que estava sentada no chão. – Ah, é você. – Ele faz cara de decepção. – Não olha por onde anda não novatinha?
_Foi você quem me atropelou no sinal vermelho. – Draco começou a odiar o fato de Hermione estar sempre certa.
_Tanto faz. – Deu de ombros e virou de costas.
_Você não vai me ajudar a levantar não seu grosso? – Hermione continuava no chão.
_Por que eu deveria ajudar você? – Draco sorri friamente.
_Vai para o infern... – Hermione parou de falar. – Idiota. – ela se levanta e tenta dar alguns passos á frente para acertar um tapa na cara do rapaz, mas se desequilibra. –Ai. – a garota espera um tombo. Um que não veio.
_Você é certinha de mais para me mandar ir para o inferno. – Draco a suspendia pelo braço a impedindo de cair.
_Você é... É um... – Hermione não sabia por que, mas não conseguia respirar. – Idiota.
_Você já disse isso. – Draco fica carrancudo. – Entra no carro, eu te levo para casa.
_Eu prefiro morrer a entrar no seu carro. – Hermione cruza os braços e se afasta de Draco. – Eu não te conheço, sei lá o que você vai fazer comigo.
_Fique tranquila novatinha. Eu nunca, nunca mesmo me apaixonaria por você. – Draco faz com que Hermione corasse. – Ou você entra por bem ou entra por mal.
_Já disse que não entro. – Hermione faz bico e Draco bufa de raiva, caminhando até ela a jogando em um dos ombros, a colocando no banco do passageiro.
Antes que ele alcançasse a porta do motorista viu quando Hermione abre a porta do passageiro e tenta correr, porém, depois de alguns passos cai no chão.
_Você é teimosa demais. – Draco se irrita e a pega pelo braço. – Senta ai. – Ele passa o cinto de segurança na moça e para, impedir que ela fugisse novamente, ele passa por cima dela para sentar no banco do motorista, a menina sente seu coração acelerar ao sentir o rapaz tão perto dela.
_Homem das cavernas. – Hermione diz baixinho, cruzando os braços e virando-se para a janela.
_Eu ouvi novatinha. – Draco revira os olhos.
_Dá para parar de me chamar assim?! Meu nome é Hermione. Hermione. – Ela solta um assopro demorado e carregado de raiva.
_Onde você mora novatinha? – Draco pergunta e provoca Hermione dando ênfase ao apelido que havia dado á ela.
_Vira a esquerda e logo depois á direita, uma casa de cor amarelo queimado. – Ela nem se da ao trabalho de olhar para ele.
Depois de alguns minutos ele para o carro na porta da casa dela. Hermione abre a porta do carro.
_Obrigada. – Ela diz, tentando sufocar o agradecimento.
_Tanto faz. – Ele responde e ela fecha a porta do carro, indo em direção a entrada da casa mancando muito.
Ela assiste o carro do rapaz dobrar a esquina e ele por sua vez olhava a menina pelo retrovisor até dobrar a esquina.

Hermione sorri involuntariamente e mal sabia ela que Draco havia feito a mesma coisa ao perceber que a garota havia deixado o chaveiro em formato de laço no banco.
Hermione sobe as escadas correndo, entrau no banheiro, toma um banho quente e veste um pijama, se jogando na cama. A menina junta um pedaço do edredom e o abraça.

Hermione estava em um parque. Ela entrou em um dos lugares aqui tinha. Era uma espécie de quarto espelhado, ela andava desconfiada e quando finalmente resolveu parar para ver seu reflexo ela ve a imagem de Draco. Ele era o reflexo dela.
_O que tá acontecendo? – Ela perguntava enquanto tocava a mão no espelho e se surpreendeu ao perceber que Draco havia colocado a mão do outro lado do espelho.
_Me ajuda. – Ele sussurra com a expressão do rosto triste.
_Como eu posso te ajudar? – Hermione estava aflita. – Me ajudem a tira-lo dali. –Hermione pedia ajuda em vão.
Algumas pessoas que por ali passavam por ela achando que ela estava louca por falar com o próprio reflexo.
_Ninguém consegue ver esse meu lado, só você. E por causa disso eu sou o seu reflexo e você é meu.
O rapaz então atravessava o espelho e fica frente a frente com Hermione que sentia sua respiração ficar desenfreada, seu coração acelerado, suas pernas bambas, suas mãos trêmulas. Draco tirou alguns fios de cabelo do rosto da menina e estava quase beijando os lábios rosados de Hermione, ele passou a língua nos lábios e estava quase tocando os lábios da moça.

Hermione abriu os olhos e encarou o teto branco do quarto. Por que ela havia sonhado com ele? Logo com Draco. Ela passa a mão no rosto e se levanta da cama indo em direção do espelho. A garota encara seu reflexo e toca-o e no fundo sentiu a esperança de ver Draco ali no espelho dela. Ela afasta os dedos do espelho ao perceber que tudo não havia passado apenas de um sonho.
Hermione volta para a cama, se deita e aperta os olhos, numa tentativa falha de retomar o sonho de onde havia parado.

“Dois reflexos em um
Porque você é meu espelho
Meu espelho me refletindo”