Depois daquele dia insuportável na Cross, Elise não conseguiu se sentir bem. Ela não viu a Dominic depois da aula. Estava com dúvida de que ela havia finalmente conseguido ficar com o Cameron. A detenção foi realmente, algo mais tedioso do que a aula.

Ela chegou em casa no final da tarde, e estava nervosa quanto ao qual seria seu sonho de hoje.

Sua mãe havia comprado o jantar num restaurante ali do lado. Pelo que parecia era melhor do que comer a força uma panqueca dura mais uma vez.

- Pelos menos, uma comida digna pra um dia assim não é mãe?

- Que isso filha... Só quis fazer uma coisa diferente hoje!

- Devia fazer isso todo dia não acha? – Elise debochou.

- Ah filha. Eu tento... Mas seu pai não ajuda. Ele se esquece de você, pra ele você não existe e ainda fica sem pagar o que deve.

- Ele devia ser preso... Aquele rabo-de-saia que ele arranjou deve dar pra todo mundo!

- Que palavreado é esse Elise? Isso não é...

- Vai dizer que a senhora não acha?

- É... Eu acho sim! – elas riram

- Bom mãe – Elise deixou o sanduíche na mesa – Vou dormir! Beijos! Até amanhã.

Ela deu um beijo em sua mãe.

- Durma bem meu amor. Até amanhã!

Espero que seja muito bem. Ela pensava.

Elise foi dormir muito tarde pensando no que iria acontecer... Seu celular havia descarregado e ela perdeu o carregador. Seu quarto estava escuro. Ela fechou os olhos muito lentamente.

Esperando que os abrisse mais uma vez amanhã.

O que aconteceu?

Ela não conseguira mais abrir os olhos.

Estava sentada no meio da floresta, parecia tão real... Como nos outros sonhos, quando ela chegasse ao salão, era só piscar. Só... Piscar...

- AAAAAAAAAAAAAAAAH! – ela se assustou com uma mulher que a chutou por trás.

- O que você faz aqui? – ela falou.

Quando Elise se virou, ficou muito surpresa. A mulher tinha escamas, e guelras no pescoço. Tinha o cabelo preto, como o fundo do oceano, e os olhos profundos e verdes. Estava com um vestido vermelho, e descalça, mas seus pés não pareciam sujos.

- Como é seu nome? Você não fala, só grita? – ela repreendeu Elise. Quando ela percebeu que os dentes era bem pontudos, mas não parecia defeito.

- Elise... Meu nome é Elise, e o seu? – ela conseguiu falar, mas gaguejando.

- Até que enfim... Como você veio parar aqui? – ela deu a mão para ajudá-la.

- Eu não estou na minha casa... Você é uma mulher-peixe? – ela estava confusa.

- Mulher-peixe? Que nome. Não, meu nome é Serena. Sou... Você não me conhece?

- Não até agora!

- Você é daqui...?

- Daqui onde? – Elise não estava entendendo mais nada.

- Você não é daqui. Venha comigo e eu lhe ensinarei tudo o que você precisa saber sobre Lira. – Serena guiou ela pelas mãos até o final da floresta.

- Não, espera, aqui não tem saída... Não dá pra... – Elise parou bruscamente.

- Como não. Venha, você está assustada demais...

Ela se deixou guiar por Serena. Quanto mais entravam na floresta, mais ela se lembrava do seu sonho ontem... Tudo parecia real!

A floresta era a mesma.

- Essa é a floresta di Lira. Só não se perde aqui, quem é da família real.

- Floresta di Lira? Família real? Eu estou sonhando...

- Sonhando? Você realmente não está bem. Vamos, vou tentar fazer com que te acolham no castelo.

- Você será uma boa amiga...

- Obrigada Elise!

Ela não sabia como, mas se lembrou de como Leo a chamou... E do mesmo jeito elas passaram pelo paredão. Ao passar a primeira coisa que Elise viu foi uma parede branca.

- Aqui faz frio... Desculpe a pergunta Serena, mas você conhece algum Leo...?

- Leo? Você deve estar se referindo ao príncipe Leon.

- Leon... Ei, príncipe? – todas as peças dos sonhos pareciam se encaixar.

- Sim. Primeiro e único príncipe de Lira. Bem, ele está à procura de uma esposa, o baile para escolha seria amanhã, mas, ultimamente ele não esta tendo boas noites... – Elise começou a desconfiar que eles tivessem alguma ligação pelos sonhos – Os sonhos dele, não o deixar relaxar, magos e feiticeiros, já tentaram ajudar, mas de nada adiantou.

- Nossa. Eu também ando tendo sonhos esquisitos...

- Quem sabe você pode falar com ele! – Serena sugeriu.

- Não. Você está louca, eu tenho que ir pra casa... Tenho que sair desse mundo. – Elise se desesperou.

- Mas você... Você precisa nos ajudar. Se Leon não se casar, Lira pode virar um caos.

- Desculpe, mas isso não é problema meu...

- Ao menos... Tente ajudá-lo? Eu te peço... Por favor? – Serena tinha um tom na voz, que fez com que Elise aceitasse sem complicações.

- Tudo bem. Eu ajudo e vou embora OK?

- Obrigada Elise! – Serena a abraçou.

- Serena... O que você é do Príncipe Leon? – Elise perguntou confusa.

- Irmã!

Com ela pode ser irmã dele? Elise pensava, se nos sonhos ele parecia um humano normal... Seria ele um homem-peixe? Será que todos aqueles seres de que ela falou eram esquisitos assim? Bem... Só indo mais a fundo em Lira, pra poder descobrir.

Elas deram a volta naquele muro e pararam em frente a um portão dourado. Havia um símbolo. Dentro dele tinha uma figura. Uma lira.

Talvez fosse por isso que o nome daquele lugar era esse.

Havia dois guardas parados um de cada lado do portão. Ambos tinham a feição escura, e uma juba na cabeça. O corpo era de humano, mas os pés eram patas de leão.

- Esses são os Lirianos Leoninos! Existem muitas espécies deles, esses são especialmente treinados para guardar o castelo... Bem, mas se você encontrar alguns desses vestidos de violeta... Cuidado, se afaste ou corra.

- Por que Serena?

- Bem... Eles são do mal. Criados de Belinda, a bruxa de Lira, ela foi banida pela rainha Rachel, por tentar tomar o poder... As pessoas desconfiam que seja ela que pôs os sonhos na cabeça de Leon...

- E na minha... – Elise sussurrou.

- Como?

- Nada, nada... Vamos continuar...

Elas entraram pelo portão, e os Leoninos, automaticamente os fecharam com muita agilidade.

O castelo parecia maior que nos sonhos de Elise, ela já sonhara varias vezes com aquele castelo. Talvez o salão fosse lá dentro, o salão em que ela sempre aparecia. Bem... Mais uma vez, outras portas ficaram no caminho. Eram brancas e as maçanetas pratas. E mais dois guardas.

Ao entrar, os olhos de Elise ficaram cegos por um minuto, e ela pensou que estivesse acordando. Que nada. O brilho do corredor que causou tudo aquilo. Nas paredes, havia quadros, como se contassem a história daquele lugar, em um deles, estava uma garota, deitada num salão e um garoto chorando a dor de tê-la perdido. Esse era o último deles.

Os outros... Fotos da família real, e uma de Leon. Elise não conseguiu distinguir, ela estava embaçada demais.

- Vamos virar aqui Elise, a sala do trono fica aqui. Ah, antes que você faça besteira. Se curve antes de olhar para a rainha Rachel. E ela permitir você se levanta devagar...

- Mas...

- E não olhe nos olhos dela... Dizem que eles têm o poder de te deixar, um pouco paralítico... Mas se o príncipe gostar de você, eles não tem efeito nenhum.

- Serena... Sabe... Não é uma boa ideia entrar ai. Eu não gostaria de... – Elise não terminou a frase e Serena a empurrou para dentro da sala.

Elise não conseguiu se equilibrar e caiu no meio da sala. Alguns guardas gritaram tentando a impedir, mas de nada adiantou.

- Deixem-na!

Ela achou que foi a voz da rainha Rachel, e se esqueceu do que Serena falou. Olhou diretamente para a rainha. Mas nada aconteceu, seu corpo estava normal, não parecia paralisado.