- Helena, calma – eu pedi depois dela ter me explicado tudo o que aconteceu, e como se apaixonou pelo Ian. – Vamos...pensar.
- Pensar Luce? PENSAR? – Ela estava gritando e chorando, sem controle nenhum. – Eu estou grávida! Grá-vi-da.
- Eu sei Helena...mas...- eu suspirei. O que eu podia dizer? O Ian é uma ótima pessoa, um dos meus melhores amigos. Mas que tipo de garoto de 17 anos namora uma grávida de um filho que não é dele? E...droga, o que eu posso dizer?
 - Helena, eu realmente...
A porta se abriu. O impacto me assustou. Helena estava deprimida demais até para se assustar. Era Lindsey.

- Helena, calma – eu pedi depois dela ter me explicado tudo o que aconteceu, e como se apaixonou pelo Ian. – Vamos...pensar.
- Pensar Luce? PENSAR? – Ela estava gritando e chorando, sem controle nenhum. – Eu estou grávida! Grá-vi-da.
- Eu sei Helena...mas...- eu suspirei. O que eu podia dizer? O Ian é uma ótima pessoa, um dos meus melhores amigos. Mas que tipo de garoto de 17 anos namora uma grávida de um filho que não é dele? E...droga, o que eu posso dizer?
 - Helena, eu realmente...
A porta se abriu. O impacto me assustou. Helena estava deprimida demais até para se assustar. Era Lindsey.

Ela estava igual a Helena. Parecia ter chorado muito. Seus olhos estavam vermelhos e inchados. Ela estava triste e com raiva.

Muita raiva.

- Você...- ela trincou os dentes, olhando fixamente para mim - de todas as pessoas do mundo, nunca pensei que VOCÊ faria isso comigo! 

Eu não sabia o que dizer. O que eu podia dizer? Desculpa?

- Lin...juro que não queria que isso acontecesse. Mas aconteceu. Eu não controlo o que eu sinto, e o Alex também não. Eu me sinto horrível, isso...foi horrível. M-me desculpe. Sério. Eu n-não quero perder sua amizade. Mas...não foi melhor você saber que ele não sente o mesmo por você, do que achar que os sentimentos entre vocês é recíproco? 

O que eu estava dizendo? Eu ia acabar piorando as coisas. Mas não tem mais nada que eu possa fazer. Talvez ela entenda. Provavelmente não.

- Ha! - Ela jogou as mãos para cima e riu sarcástica. - Você acha que ele gosta de você? Pelo amor de Deus Luce!  Ele não gosta de você, não gosta de mim, não gosta de nenhuma de nós! Ela só quer iludir você, como fez comigo! - Ela gritou.

Não. Não é verdade. Alex não seria capaz de fazer isso. De jeito nenhum. Eu contei tudo para ele. Eu nunca contei para ninguém. Ele não poderia fazer isso. Poderia?

- Lindsey, eu sei que...que você deve estar muito magoada. Mas o Alex não te enganou, ele gosta muito de você. Mas como uma amiga. 
- Para Luce! Para de tentar proteger ele! Você está cega! Ou está se fazendo de cega! Ele vai te magoar, do mesmo jeito que me magoou. Ele mentiu para mim, e você vai ser a próxima. - Ela disse aquilo em um tom tão sombrio que quase me fez acreditar.

Ela conhece o Alex a tanto tempo...e se ela estivesse certa? E se eu estivesse cega pelo Alex e não quisesse ver o que ele realmente é?

E realmente muito estranho ele gostar de mim. Eu, uma garota com mais problemas do que qualquer outra. Uma garota que deveria estar se divertindo e curtindo a vida, mas só estraga a vida dos outros com sua esquizofrenia.

Mas ele parecia tão real naquela hora. Tudo parecia tão perfeito naquele dia do hospital...mas, e se fosse ilusão? E se tudo o que ele disse fosse mentira? 

- Parem! - Helena gritou encolhida no chão do quarto, ela estava com as mãos no ouvido e estava chorando.

Eu olhei para Lindsey. Ela estava sem reação. Corri até Helena e ela começou  a gritar. Eu me afastei e encarei Helena e Lindsey, sem saber o que fazer.

Corri até Helena novamente, dessa vez ela não reagiu. 

- Helena...tudo bem - eu sussurrei - calma, você não pode se estressar. C-calma...

Helena...
- Eu vou chamar alguém - Lindsey correu pela porta.

Eu me sentei do lado de Helena, em silêncio. Ela tremia e murmurava coisas sem nexo. Eu olhei para o teto do quarto, com a cabeça apoiada na parede. Droga. Porque eu faço essas coisas? Porque eu sou tão estúpida? 

Eu sempre sou a culpada por tudo o que acontece de ruim a eles. Não entendo porque gostam de mim. Não entendo porque colocam tanta fé em uma pessoa que só causa prejuízo a eles. Será que não enxergam? Eu sou um problema. Nada mais que isso.

- Eu tenho medo...- sussurrou Helena.
- Medo? De quê? - eu perguntei fitando ela. Seu rosto estava vermelho.
- Medo das pessoas. Medo que as pessoas sejam diferentes do que eu pensei que fosse. Medo das reações. - Eu não sabia o que ela queria dizer com isso. Mas eu sabia que eu sentia a mesma coisa. Percebi que eu e Helena somos muito parecidas. As vezes sentimos as mesmas coisas. Principalmente, medo. Especialmente das pessoas. Nós duas temos uma má experiência com elas.

A porta se abriu. Diana entrou ofegante e se aproximou de Helena, me ignorando completamente.

- Hey, Helena...- ela disse enquanto passava as mãos pelo cabelo da irmã. - O que você está sentindo?
- Minha...barriga...doí muito - ela gemeu.
- Pai! - Diana se controlava para não chorar.

Olhei para o lado e percebi que todos estavam lá. Todos mesmo, até Ally. Eles pareciam assustados. Sem saber o que fazer. Tyler se aproximou de Helena e disse alguma coisa no seu ouvido. Ela assentiu e ele a ergueu do chão. Ela levantou um pouco zonza e cambaleante.

Ian se aproximou e ajudou a levar Helena lá para baixo. Diana se aproximou de mim, chorando.

- O que aconteceu? Porque ela está chorando? - Ela perguntou em um tom rígido. O que é compreensível. A irmã dela está passando mal, e está grávida. 
- Ela me disse que...- os outros estavam me encarando. Não podia contar aquilo. Helena me contou um segredo, ela gostaria que eu contasse. Eu eu não contaria. - A culpa foi minha Diana. Desculpa, a culpa é toda minha...eu estava gritando na frente dela e ela começou a se sentir mal...eu sinto muito, não queria fazer isso.

Diana me encarou decepcionada. Ela balançou a cabeça como se não pudesse acreditar, e depois correu pela porta, atrás de Helena.

- Porque você fez isso? - Perguntou Jake. - Lu, você não deveria ter gritado com ela. Você sabe que a Helena...
- Eu sei Jake! Eu fui estúpida! Mas pare de gritar isso! Eu não preciso que me lembrem de uma coisa que eu já sei! - Eu me exaltei.

Eu não queria gritar com ele. Não queria gritar com ninguém. Mas o que eu podia fazer? Porque eu sempre fazia tudo errado? Porque eu sempre faço coisas estúpidas?

Perguntas, perguntas, e mais perguntas. E sempre as mesmas respostas:
" A Luce é esquizofrênica" 
" A Luce tem problemas" 
"A Luce é doente" 
"A Luce tem muitos traumas."

- Desculpa Lu, eu não quis dizer nada que te magoasse, só...estava tentando entender - ele explicou.
- Não. Tudo bem. Me desculpe, eu...- olhei para o lado, Alex me encarava. Esqueci que todos estavam ali. Pessoas demais. Pessoas demais. 

Então, eu corri. Eu sai do quarto o mais rápido que pude. Não ouvi passos. Ninguém me seguindo. Ótimo.

Fui até o quarto de Ally, já que todos estavam no meu. Encostei a porta e me sentei no chão frio. A janela estava aberta, um vento gélido e forte vinha de fora. Mas eu não me importei.

Eu não queria chorar. Eu não queria gritar. Só queria ficar em silêncio. Ficar sozinha. Sem ninguém para atrapalhar meus pensamentos solitários e deprimentes.

Mas, nem sempre as coisas são como nós queremos, né?

A porta se abriu devagar. Eu fechei os olhos. Não queria ver quem era. Não queria que me vissem. Como se fechar os olhos me deixassem invisível...Quem dera.

Senti alguém se sentando do meu lado, no chão frio. Mas esse alguém não falou nada. Não fez nenhum barulho, movimento ou gesto para demonstrar que estava ali.

Eu respirei fundo. Pisquei os olhos devagar, e olhei de canto de olho. Alex, é claro.

- Porque você está aqui? - Eu perguntei sem olhar para ele.
- Porque estava com medo que você fizesse alguma coisa estúpida. 
- Acho que já fiz coisas estúpidas demais para uma semana, não acha? - Eu perguntei tentando parecer um pouco irônica. Mas aquela conversa era calma e sincera demais para ter ironia. 
- Acho - ele se virou para me olhar. - Mas não é esse tipo de coisa que eu estou falando.

Eu sabia do que ele estava falando. Olhei para os meus pulsos. Tantas cicatrizes...Porque eu fazia isso? Isso não me ajuda com nada. A dor não elimina outra dor. 

Senti vontade de chorar. Mas trinquei os dentes e me forcei a parecer firme. Eu estava frágil demais. Quebrada demais. Temos que ser quebrados quantas vezes até sermos consertados para sempre? Será que existe esse conserto? Ou será que nós vivemos sendo quebrados e vamos nós consertando no meio do caminho?

- Luce, você não precisa disso - ele agarrou a minhã mão. - Tem muitas pessoas que podem te ajudar. Então, quando você tiver com um problema, conte ok? Não esconda das pessoas. Não esconda de mim. Você é muito importante para todos nós. E você não sabe como machuca saber que uma pessoa que você ama está sofrendo por uma coisa, e você não pode ajudar.

 As palavras ficaram vagando pelo ar.

"  E você não sabe como machuca saber que uma pessoa que você ama está sofrendo por uma coisa, e você não pode ajudar." 

Uma pessoa que você ama.  Amor...o que é? Sei que é uma coisa muito forte. Sei que eu não uso a muito tempo. Sei que ele tem o poder de curar e machucar. Sei que ele é uma arma e um remédio.

Sei que no fundo eu o sinto. Sei que por mais frio e frágil que meu coração tenha se tornado, eu ainda sinto amor. Sei que eu amo Emma, como eu amava, e amo, a minha mãe. Sei que eu amo a Diana, Helena, e a Ally como irmãs. Como eu amei, e ainda amo Max, meu irmão. Sei que eu amo a Lin, o Jake e o Ian, como amigos. Os melhores que eu podia ter.

Sei que Alex me ama, ou acho que sim. Pelo menos, é o que ele diz. Independente dele me amar ou não, eu sei que eu o amo. Talvez como um amigo, ou um irmão. Ou talvez, mais que isso.