A aposta. escrita por Holden


Capítulo 24
The end.


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo povo o/
Dedicado a todos que comentaram, acompanharam, favoritaram, recomendaram, enfim, todos que fizeram parte de A aposta. Sou grata a cada um, sério, essa história não seria nada sem vocês ♥
Tem uma parte no final que é narrada pela Jane, então eu coloquei o nome dela, espero não ficar muito confuso :/
PS: O capítulo ficou grande demais, por isso não revisei, se acharem erros, repetições exageradas me avisem, por favor.
Não esqueçam os reviews ç.ç (Última vez que peço, prometo kkk)
Então... Adeus :c
Boa leitura o/



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Apaixonada.

Jane estava apaixonada por mim! É claro! Mas que diabos! Como eu ainda tinha dúvidas? Toda aquela mágoa de ontem... Foi porque ela me amava e simplesmente não aguentou o que eu havia feito com ela! Como pude ter estragado tudo, porra.

Por que tenho esse dom? Sabe, de manter as pessoas longes? De sempre as deixarem partir? Na moral cara, eu me odeio.

É tão difícil alguém se aproximar de mim pelo que sou e não só pelo dinheiro, popularidade, interesses... E quando isso acontece... Tem que dar tudo errado?

Eu havia desistido de tentar derrubá-la, mas meus “amigos” se recusaram a apagar o vídeo e responderam que aposta é aposta. Não podia fazer nada, tentei até brigar... Porém, eu realmente havia prometido acabar com aquela... aquela... Garota.

Ok, eu não poderia ter sido mais cafajeste. Tentei contar para Jane no baile, contudo não deu tempo... E quando o pior aconteceu, tive que encarar os fatos.

No exato momento, estava relaxado em minha cama, apoiando as mãos na cabeça e fitando o teto, achando-o a coisa mais interessante do planeta terra.

A que ponto eu cheguei por uma garota?

Lamentável.

– Jemy!- a voz feminina e fina de minha prima soou próxima a porta.- Você está bem?- murmurou se aproximando de minha cama.

– Tiffany, dá um tempo.- respondi ríspido.

– Se foi por aquela garota... Eu... Eu posso ajudá-lo...- sorriu timidamente.

– É? E como?- revidei entediado.

Ela não disse mais nada. Apenas se aproximou de minha cama, e fingiu um acidente, quando tropeçou no chão e caiu sobre meu corpo deitado. Seus cabelos loiros e reluzentes estavam soltos, encostando minimamente em meu rosto e usava um mini short azul escuro. Camiseta justa amarela, deixando seus seios fartos encostados em meu peitoral e um olhar bem selvagem em direção da minha boca.

– Assim.- foi tudo que disse antes de agarrar meu pescoço ali mesmo, e comprimir seus lábios com força de encontro aos meus.

Tentei empurrá-la, mas o medo de machucá-la me dominou. Acabei segurando em sua cintura e tentando me afastar minimamente, entretanto, Tiffany percebeu e avançou sobre meu pescoço, roçando sua boca rosada ali, deixando com que um grunhindo meu escapasse rapidamente.

– Jeremy.- sussurrou no pé do meu ouvido.- Não sabe o quanto esperei por isso.- sorriu de forma malvada e semicerrou seus lábios novamente nos meus.

Cara, não vou dizer que minha prima é feia que parece uma ameba e beijá-la é horrível, pois isso é mentira. Mas por que diabos ela estava me agarrando? Quer dizer... Ela é minha prima... E isso é errado, não?

– Tiffany...- tentei afastá-la inutilmente.- Por favor, saia.

Há três semanas eu poderia muito bem agarrá-la ali mesmo e acabar provocando uma besteira da qual me arrependeria amargamente... Mas não sou mais assim, me recuso a ser desse jeito. Me recuso a ser aquela pessoa vazia de alma. Me recuso a julgar as pessoas por suas aparências e classes sociais. Me recuso a ser o antigo Jeremy.

E tudo isso pela Jane. Eu a amo, e jamais teria minha consciência leve novamente.

Como se ela já não parecesse um chumbo de elefante.

– Mas eu...- tentou protestar, entretanto, dessa vez eu segurei seus braços e a coloquei para o lado, levantando-me no momento seguinte.

– Não tente mais isso.- disse lentamente apontando a porta.- Por favor, me deixe sozinho.

– Jeremy...

– Agora!

A garota saiu correndo dali, com lágrimas nos olhos. Falaria com ela depois. Eu sei, eu sei, sou um bruto com B maiúsculo, o que posso fazer?

Meu celular estava em cima da cabeceira, o que me fez lembrar de que se eu tentasse ligar pra Jane, provavelmente seria morto.

Mas eu precisava falar com ela! Esclarecer tudo! Dizer que sinto muito! Que a amo e...

Não pensei em mais nada. Apenas agarrei o telefone móvel e procurei seu número. Disquei-o enquanto do outro lado da linha o rotineiro “tuu” soava.

– Oi aqui é o Zé... Mentira, é a Jane, no momento estou ocupada me drogando, mas deixe seu recado que eu retorno sua ligação.– confesso que ri um pouco com essa mensagem eletrônica e escutar sua voz me deixou mais animado.

O que eu deixaria de recado? Jane, estou perdido por você. Por seus olhos. Por seu cheiro. Por seu perfume. Por seu toque. Por sua pele. Por como sempre sorri de lado quando está com vergonha. Por suas bochechas coradas. Por como morde a ponta da caneta. Por como enrola o cabelo com o dedo quando pensa. Por seus lábios. Por sua leveza. Por suas roupas. Por sua voz. Por seu riso. Por seu cabelo que você odeia. Pelo modo como sente medo quando chove e está de noite. Por como você consegue dormir sem fazer nenhum barulho sequer. Por sua fixação em ratos, mesmo que seja só para odiá-los. Por cada centímetro do seu eu. Eu entendo se você nunca mais quiser olhar na minha cara... Só saiba que você estará engolindo um pedaço de mim. Do meu coração. E está doendo muito quando te vi chorando ontem... eu só... Te amo como eu nunca mais serei capaz de amar ninguém... Minha pequena.

– Jane.- comecei sentindo a voz falhar.- Me liga.- e desliguei.

É, eu sei, eu sou um otário.

Deitei novamente e deixei que as frestas da janela, batessem com leves raios solares sobre meu rosto.

Que droga. Tudo começou com um suco de uva, e agora estou enlouquecendo. Como uma garota grossa, bruta, insensível, imatura, desengonçada e violenta podia estar fazendo isso comigo?

A última vez que me senti assim foi quando uma menina me recusou na quarta série depois de eu ter pixado seu desenho só para ela olhar para mim.

A menina me mostrou a língua.

E acredite, eu esqueci isso no intervalo.

Mas que diabos!

Agarrei novamente o telefone e liguei para Leni. Elas eram melhores amigas, certo?

– Alô?- indagou a menina de mau grado do outro lado da linha depois do segundo toque.

– Sou eu, Jeremy.- respondi receoso.

– Ah sim, o destruidor de lares.

– Leni.- respirei profundamente.- É sério.

– Não, não é! Você é um idiota, e vê se esquece meu número.

– Por favor.- implorei.- Me deixe falar com ela.

– Com quem? Com a Jane? A garota que você humilhou publicamente? Sinto muito, mas não.

– Eu não a humilhei!- gritei.- Só quero... Pedir desculpas e...

– Mesmo se eu quisesse, você não conseguiria falar com ela.

Não sei por que, mas no momento que ela falou aquilo senti como se um chumbo caísse sobre minha cabeça.

– Por que não?- Perguntei instantaneamente.

A loira suspirou algumas vezes, parecendo reunir paciência.

– A mãe dela veio do Texas, e quer levá-la, pelo menos até as férias de verão passarem.- respondeu chateada.- Sabe como é, acho que ela se sente culpada por não ser uma mãe tão presente e...

– Leni, me diga onde posso encontrá-la!- respondi já desesperado.

– Quem? A mãe da Jane?

– NÃO!- berrei.- A Jane! A Marie Jane!

Ela riu.

– Desculpe, mas não tenho permissão pra isso.

– Por favor! Você é linda, fabulosa, extremamente sexy e...

– Ok, não precisa jogar sujo.- riu outra vez.- Ai ai, sei que vou me arrepender mas... Anota aí o número do aeroporto.

Peguei o bloquinho e a caneta mais próxima, enquanto anotava o local que a garota ditava.

– Anda logo, o vôo parte daqui a meia hora.

– Eu... Obrigado.- respondi já trocando a camiseta por uma limpa, e calçando meu tênis.

– Jeremy!

– Sim?

– Faça-a feliz. Se não eu te mato.

Iria respondê-la, contudo, a loira foi mais rápida e desligou o telefone na minha cara. Dei de ombros, enquanto agarrava a chave do carro e já corria para o andar de baixo, logo passando pelo saguão, entrando rapidamente no automóvel.

Não me lembro de ter colocado o cinto, só sei que girei a chave, e dei uma partida tão forte, que as rodas fizeram um barulho grotesco. Acelerei no último, e, mesmo com a chance de perder a vida, não deixaria minha hippie ir embora dessa forma.

Consegui chegar ao aeroporto em vinte minutos. Abri a porta e saltei do carro, correndo como nunca para dentro do local. Tropecei em pessoas, derrubei um menininho sem querer e a bagagem de uma velhinha, que quase me deu uma bengalada.

– Com licença.- cheguei perto de uma moça no balcão já ofegante.- O vôo do Texas já partiu?

Ela olhou em seu relógio.

– Não, mas as pessoas já estão subindo a bordo.

– Como posso chegar até elas?

– O que? O senhor não tem permissão para isso.

– Que seja!- gritei.- Eu... posso comprar uma passagem agora! Não posso?

– É claro que não!- esbravejou já sem paciência.

Baguncei os cabelos e observei dois brutamontes (seguranças) na porta de entrada, observando os passageiros entregando os passaportes, e sendo autorizados a entrar.

Será que eu conseguiria?

Olhei para trás e percebi que ninguém encarava a bagunça que eu estava fazendo.

Suspirei pesadamente e corri o mais rápido que pude, desviando dos seguranças, que, por um momento pareceram confusos. Logo, retomaram sua atenção para a realidade, e começaram a me perseguir.

Entrei no desembarque, e tentava me esquivar das pessoas, também me escondendo dos seguranças (cof, cof, não queria machucá-los com minha força).

Mas ao longe... Reparo alguém encolhido em uma poltrona, talvez esperando toda a muvuca entrar no avião, para partir depois. E esse alguém... Era ela... Minha Jane.

Confesso que estranhei, ela não estava usando suas roupas desleixadas e hippies. Bem... Mais ou menos. Estava com uma calça jeans surrada, uma blusa escura não tão larga assim, chuck taylors amarelos e seus cabelos estavam soltos caindo como cascata até suas costas. Não entendi muito bem... Mas a impressão que eu tinha, era de lágrimas finas escorrendo sobre sua face fina. No seu colo, seu celular estava conectado ao fone, e, Jane movimentava minimamente os lábios como se estivesse acompanhando alguma música.

Olhei para trás, e os brutamontes ainda tentavam me caçar, mas eu estava escondido atrás de um vaso grande com uma planta sintética. Com cuidado, caminhei em sua direção.

Quando me aproximei, notei seus olhos fechados, como se viajasse em algum mundo paralelo. Contudo, quando minha sombra cruzou seu caminho, foi instintivo, ela abriu os olhos assustada.

Aqueles olhos cinza que me deixavam maluco.

– O que faz aqui?- rosnou guardando o celular com raiva no bolso.

Aproximei-me mais ainda, agachando-me de frente a poltrona, ficando de frente pra ela.

– Fica.- pedi entrelaçando meus dedos nos seus. Fiquei feliz quando Jane não se afastou.- Por favor.- mal percebi que minha voz já falhava, e grossas lágrimas já rolavam sobre meu rosto.

Cara, que patético.

– Você tem muita cara de pau.- murmurou desviando seu olhar do meu.- E-eu não entendo... Você prometeu me destruir para os seus amigos... E conseguiu! Você deveria estar feliz... Não me impedindo de ir embora, porra.- percebi que suas lágrimas finas agora estavam em maiores quantidade.

– Jane, eu nunca quis te destruir... Tá legal, no começo você me tirou do sério, e eu fui tomado pela raiva, mas agora... Você está acabando comigo! Deixando-me sem dormir, tomando meus pensamentos, fazendo com que eu fique desesperado por seus lábios nos meus... É muita crueldade, sabia?

E em dois dias, fiz um sorriso tímido brotar dela.

– Não quero que você vá.- continuei.- E sei que pode ser egoísmo meu, entretanto, vejo que você não quer ir. E eu meio que não vou deixar do mesmo jeito.

– O que você quer? Acabar comigo de novo?- questionou-me curiosa.

– Jane... Marie Jane... Eu quero você.- soltei um sorriso rápido e colei antes dela me impedir, meus lábios nos dela. Eles estavam gelados, pois a temperatura estava um pouco amena. Contudo, Jane não me impediu, e retribuiu ao toque. Suas lágrimas rolaram até mim e eu as senti salgadas.

– Mamãe está vindo.- murmurou rapidamente se afastando e agachando-se próximo a mim.

– Você quer ir? Quero dizer... Pro Texas?

Ela pareceu pensar, cruzou novamente seus olhares com os meus, e meneou a cabeça negativamente.

– Ótimo, já disse que não deixaria de qualquer jeito, mas tudo bem.- sorri.- Vem.- apontei minha mão para ela, e a mesma agarrou-a na hora com força, se levantando.

Saímos correndo dali, tentando não chamar muita atenção, e por sorte, os seguranças não nos viram. Chagamos até o meu carro, como dois adolescentes com os hormônios a flor da pele.

Espere aí, nós estávamos com os hormônios a flor da pele.

Foda-se. Jane estava comigo, e isso era a única coisa que importava no momento.

– Cara, você é louco.- indagou ainda rindo e eu a acompanhei.- Pra onde estamos indo?

– Cara, você tem que aprender que surpresa é surpresa.- brinquei.- Iriam te procurar na primeira oportunidade no meu apartamento... E eu não to com vontade nenhuma de que levem você de mim.

– Nossa! Que possessivo você! Acho que não tem problema, me esqueceram até quando eu fui presa.

– Eu não te esqueci, e agora é diferente.

– Quer me levar pra outro baile e me humilhar em público novamente?

Fiquei quieto.

– É tão difícil assim pra você Jeremy? Sabe, o mínimo que você faria depois disso é discutir esse assunto comigo! O pior já aconteceu!

– Não estou a fim de discutir.

– Caralho, o mundo não é do jeito que você quer! Eu ainda não te perdoei totalmente. Então não pense que isso muda algo entre nossa relação e...

– Por favor, não diga mais nada.- pedi.- Será que você já nasceu falando?

Ela revirou os olhos e bufou. Deixando o resto do percurso todo em silêncio.

Estacionei o carro após uma hora dirigindo, em uma praia deserta.

É, meus pais compraram uma casa ali, e nunca a usaram. Tinha uma cópia, e era um bom lugar para nossa fuga do mundo. Pelo menos por um dia.

– Venha.- sorria abrindo a porta do carro.

As ondas do mar faziam um barulho bonito de se ouvir, enquanto gaivotas cantavam ao longe, deixando o ambiente mais agradável. O sol era mais bonito ali, deixando o céu límpido de nuvens, a areia era fofinha e mais branca impossível, e o mar era o mais transparente de todos, alguns peixes eram até visíveis dali. Jane olhava tudo maravilhada, inclusive a casa de praia.

– É lindo!- murmurou tirando a blusa de frio. O calor dali era evidente.

– Vamos entrar.- convidei-a.

A garota não disse nada, então, apenas guiei-a para dentro do local.

A sala era espaçosa e as janelas enormes, os móveis coloridos enfeitavam o ambiente. Uma brisa gélida de vez em quando batia sobre nós.

– Bem... Espero que tenha gostado.- murmurei meio sem-graça por conta do silêncio.

– É... Legalzinho.- respondeu rindo.- Onde eu fico?

– Bem... Há três quarto aqui.- indaguei pegando uma garrafa de uísque na geladeira.- Escolha o que quiser.- e me joguei no sofá.

– Ótimo.

*

Jane

Sorri para ele e sumi no meio dos corredores gigantes.

Meu Deus.

Que dia.

Em um momento eu simplesmente queria matar/esquartejar/perfurar esse demônio. E agora eu topei... Em fugir com ele? Como assim produção?

Por mais que meu ódio fosse grande... Sei que a paixão platônica que sentia por Jeremy era muito maior que qualquer obstáculo.

E não é qualquer paixão adolescente. Eu o amo. Eu o amo mais do que minha própria vida, simplesmente não consigo enxergar minha vida daqui para frente sem esse garoto. Sinto que quando me distanciei dele (2 dias hôhô) uma parte de mim se foi... Eu sei, eu sei. Frescura é meu sobrenome, confesso. E lá se vai um clichê:

Quem pode mandar no coração?

Eu não me apaixonei por ele por que eu quis. O garoto simplesmente chegou em mim com uma cantada ruim, e a minha primeira intenção foi recuar (suco, o culpado de tudo) e depois... Quando menos esperei, estava ali. A mercê dele. De sua atenção. Do seu toque. Do seu cheiro. De tudo.

Lamentável.

Entrei em um quarto com paredes brancas gélidas, e uma cama de casal simples, mas era bem confortável. Havia me esquecido de pegar minha bagagem no aeroporto. Então precisava achar algo confortável e que aliviasse o calor para vestir.

Abri o guarda-roupa gigante dali, e comecei a revirá-lo.

Biquínis?

Bom... Estávamos em uma praia... Então não tinha problema, certo?

Peguei um que era da cor azul-celeste. Achei-o simples e delicado. A parte de cima era cortininha e próximo do meu tamanho, a parte de baixo tinha detalhes metálicos do lado. Peguei um shortinho ali, e o vesti. Saindo logo em seguida.

Jeremy não estava ali. Olhei por uma janela enorme próxima da porta e pude enxergá-lo dando vários mergulhos no mar. Sorri e abri a porta sentindo a brisa bater sobre mim, dando-me um alívio maravilhoso. Aquele calor estava me matando. Deixei o short em um sofá qualquer, e caminhei sobre a areia fofinha e branca da praia.

– A água está ótima.- alguém sussurrou atrás de mim segurando levemente em minha cintura. Como ele foi parar ali tão rápido?- E você está linda, sabia?

– Ah, dá um tempo.- brinquei tentando me esquivar.

– Não, não, não! Agora você vai vir comigo.- apenas senti uma palma agarrar minhas pernas e a outra minha cintura, tirando-me rapidamente do chão.

– Jeremy!- gritei desesperada.- Me põe no chão!

– Ops, acho que não.

Ele correu sobre a areia, me deixando completamente desesperada. Chegamos até um pouco mais da beirada e ele me soltou.

– Viu? A água está maravilhosa!

– Ah é?- perguntei.- Então toma.- e com o braço, soltei um jato de água sobre ele, fazendo com que o mesmo se engasgasse um pouco.

– Ora! Mas que menina má!- sorriu de lado e retrucou meu ato, com um jato maior ainda.

Ficamos assim a tarde inteira, até que, caminhamos até a beirada, e deitamos ali, com a água batendo levemente sobre nossos pés. O céu estava em um lindo tom alaranjado, com um pôr-do-sol belíssimo. Poderia ficar admirando-o até o resto dos meus dias.

Com aquele demônio ao meu lado, claro.

– Sabe, Jane.- começou virando-se de frente a mim, deixando nossas testas coladas.- Você não sabe pelo medo que passei hoje. Pelo medo de não chegar a tempo. Pelo medo de te perder pra sempre. Eu não me perdoaria. Nunca. Jamais.

– Jeremy... Você nunca vai me perder.- murmurei passando meus dedos lentamente sobre sua face e a acariciando.- Eu sou sua... Só sua, seu bobo.

Rimos um pouco.

– Promete?- sussurrou no pé do meu ouvido e descia, distribuindo leves beijos sobre meu rosto.

– Uhum.- foi tudo que precisou ouvir para avançar sobre meus lábios com voracidade.

No momento eu tinha vontade de chorar. Sério.

Cara, em toda minha vida jamais teria um momento tão perfeito assim. Tentava gravar ao máximo cada pedacinho desse dia com desespero. E eu o carregaria até meus últimos suspiros.

O beijo ficava cada vez mais desesperado, em meio as carícias e toques. Sua pele roçando contra a minha, só piorava meus arrepios. Minha necessidade não tinha limites.

E é óbvio que não ficamos apenas nisso.

Pelo contrário.

Eu havia me entregado para Jeremy. Não imaginei o quão perfeito esse momento seria. Mas foi.

Foi calmo, atencioso e intenso.

Ao mesmo tempo, indolor, demorado e único.

Não era algo apenas carnal. Eu sentia minha alma necessitada da dele, meu coração saltava a cada toque, minha mente se embaralhava, contudo, cruzar com aqueles olhos azulados deixava-me numa calma tão grande, que me deixava a ponto de sorrir. Será que ele sentia a mesma coisa? Essa mistura de sensações com tanta emoção quanto eu?

Bom, dane-se. Eu o amava, e não tinha culpa de ser uma virgem inexperiente.

– Você está bem?- ele perguntou após um tempo. Estávamos abraçados na areia da praia. E eu, com o coração palpitando tão rápido, que achei que ele sairia do lugar.

– Hã... Claro... Por que não estaria?

Ele riu.

– Oh, me desculpe sua rodada experiente.

Rimos outra vez.

– Ta legal.- falei.

– É... Ta legal.- repetiu.- Aliás, eu te amo, ok?

– Eu também te amo.- sorri e toquei seu lábio docemente com o meu.

– Pra sempre?

– Pra sempre não existe.- revidei.

– Vamos fazer de conta que nosso pra sempre seja agora.- suspirou.- Pra sempre?

– Ok, então... Pra sempre.

*

– Quer dizer que... Essa é a sua história e do papai?- Mik perguntou abraçada ao seu ursinho de pelúcia.

Amava essa mania em minha menina. Com quase dezessete anos, não largava seus brinquedos por nada desse mundo.

– A mais pura.

Ela riu.

– É linda.- murmurou com os olhos brilhando em minha direção.- Você ainda o ama?

Nesse momento, somos interrompidas por Jeremy, que bate levemente na porta.

– Morreram aqui dentro? Estão há horas aqui!- exclamou enquanto vinha em nossa direção.

– Estávamos falando mal de você, óbvio.- brinquei bagunçando seus cabelos.

– Mamãe estava contando a história de vocês!

– Mik!- esbravejei.

– Ai mãe! Qual é!

– Deixa ela, sua mãe é uma cafona.

– Estão contra mim agora?

– Claro que não.- ele revidou.- Você sabe que eu te amo!

E então, selamos os lábios rapidamente. Rindo em seguida.

– Eca...- a menina fechou os olhos.- Você podem ir pro quarto de vocês?

– Larga de ser chata, garota.- rimos de novo.

– Bom... Fiquem aí, que eu tenho que sair com o Taylor! Vamos almoçar juntos!

– Bom...- Jeremy começou.- Vocês sabem né?

– Sim pai, nada de toques ousados, beijos calientes ou sexo em público! Ou então, sua espingarda vai coçar na bunda dele e blá blá blá.

– Isso mesmo.- sorriu vitorioso.- Boa diversão.

– Ok, bye bye.- e saiu.

Olhamo-nos novamente e sorrimos, deitando abraçados sobre a cama de nossa menina, fitando o teto branco.

– Por que pararam de conversar quando cheguei?

– Mik perguntou se eu ainda o amava.- murmurei lentamente.

E foi ai que ele me fitou novamente.

– E você ainda me ama?

Sorri.

– Pra todo o sempre.


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Notas finais do capítulo

Novas fic's ~~> Ficção científica: http://fanfiction.com.br/historia/419639/Pursuit_Of_Healing/

Romance e comédia ~~> http://fanfiction.com.br/historia/426041/Vingue-se_Ou_Morra/