Impossível escrita por Nataly


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Contada em forma de cartas no começo e depois será narrada.Minha primeira fanfic postada aqui! Espero que deem suas opiniões, pois gostaria muito de saber o que acharam. Boa leitura! ^^



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Londres, 21 de Janeiro de 2006.

Draco Malfoy.

Tenho total consciência que, achará ridículo tudo isso e o pior é que eu não me importo. Não me importo se você não ler esta carta, não me importo se ler e chegar ao final achando tudo uma baboseira. Eu aprendi a lidar com isso e, aprendi a gostar exatamente de você assim. Frio, estúpido, preconceituoso e insuportavelmente orgulhoso.

Pode parecer ridículo ou totalmente infantil tudo isso, mas não achei uma forma melhor de expressar a você. Todos aqueles sete anos de convivência só ao menos me traziam incertezas do que fazer.

Não me lembro bem como comecei a nutrir sentimentos por ti, sim, você leu certo. Mas, lembro do primeiro olhar que trocamos aos nossos dez ou onze anos. Erámos crianças e eu estava ao lado de Harry e Ronald, foi você com seu jeitinho egoísta e metido que começou toda aquela guerra de “inimigos”. Seus olhos claros e com postura astúcia perante todos nós, foi você que quis que as coisas se tornassem difíceis e cruéis.

Lembro-me da primeira vez que me chamou de sangue-ruim e, acredite, aquilo doeu, mas eu te achava um tremendo idiota e por isso não perdi meu tempo guardando rancor de alguém que não valia nada. Tão orgulhoso e chorão. Qualquer coisinha dizia: “Eu vou contar ao meu pai!”... Lamentável. Mas eu te entendia, consegui lhe entender por que agia de tal forma, pois sempre teve tudo o que quis e quando perdia a fama para Harry o que não se podia comprar, apenas guardava mais ódio de nós.

Perdeu a popularidade para Harry, ficou em segundo lugar de aluno com boas notas perdendo exclusivamente para mim. E Ronald, Ronald você só o odiava porque vinha de uma família simples. Talvez o odiasse porque a família dele lhe dava compreensão, carinho e amor coisa que você, meu caro Draco Malfoy, nunca recebeu.

Não fique com raiva, pois sabe que não falei nada que não seja mentira ou novidade. Só tornava-se popular em sua maldita casa Slytherin e com as garotas bobinhas que não sabiam se decidir entre você ou Harry. Mas acabavam contigo, pois meu amigo amava somente uma garota.

Eu comecei a lhe observar desde que nos conhecemos, desde que entramos para Hogwarts e descobri muita coisa á seu respeito apenas lhe observando. Até ao quatorze anos era um garoto comum, porém ridiculamente esnobe. Aprontava para cima de nós, extremamente covarde e, ah! Lembra-se do soco que eu lhe dei? Lembra-se que saiu correndo e chorando que iria contar para o seu pai? Tsc... Tsc... Tsc... Covarde. Você era fraco e covarde. Não sabia fazer nada sozinho, sempre tinha que colocar alguém junto contigo, e eu me perguntava por que as garotas lhe achavam o máximo, mas encontrava a resposta logo depois. Dinheiro. Sim querido Malfoy, a grande maioria das meninas eram gananciosas.

Fomos crescendo e por algum motivo eu ainda continuava a lhe observar, observar o modo como se vestia e como pegava um livro para ler. Como se dirigia ao falar com as pessoas que você gostava, como: Blaise Zabini, Theodore Nott, Vincent Crabbe e Gregory Goyle e alguns outros Slytherin. Seu rosto tronava-se mais maduro e não havia mais aquele garoto irritante que eu soquei. Parou de nos atormentar, apenas fazia isso quando nos encontrava nos corredores, mas era sempre uma futilidade rápida e menos cansativa.

Eu lhe observava no quadribol enquanto as outras garotas observavam Ronald, Harry e Comarc MClaggen. Ás vezes me sentia estúpida ou louca para ficar observando alguém que me odiava ao ponto de ter preconceito ao sangue que corria em minhas veias. Eu não me sentia digna de uma Gryffindor, tornando-se tudo mais sufocante e desesperador.

Posso dizer que, jogava muito bem, mas o seu único problema era que pensava demais. Sim, podia notar você calculando os próximos movimentos dos adversários e qual caminho tonaria a pegar. Digo, uma boa tática, mas os outros garotos apenas eram mais velozes e enquanto você estava no meio da sua trigonometria eles já estavam indo atrás do pomo de ouro. Não que ficasse parado como um idiota pensativo, mas perdia tempo pensando nos próximos ataques invés de atacar. És inteligente, Malfoy. E isso não posso negar.

Nas aulas que tínhamos juntos assim quando acabava de fazer o que os professores nos pediam eu pegava esse tempo para olhar em volta e lá estava meus olhos em ti novamente. Você estreitava os olhos enquanto lia as instruções do livro, lambia levemente os lábios apenas para umedecê-los, segurava firme sua pena, mas escrevia de uma forma suave e rápida. Quando tinha dificuldades para resolver algo, coçava levemente a testa, e quando estava nervoso, simplesmente mordia o lábio inferior tentando controlar a respiração descompassada.

Loucura não, eu te dizer tudo isso?

E foi no baile de inverno que senti uma pontada de ciúmes de ti. Pode rir, eu confesso novamente. Eu senti ciúmes de você, Malfoy. Senti tanto nojo de Pansy Parkinson que passei a odiá-la de uma forma horrorosa. Mesmo acompanhada pelo famoso Victor Krum não me sentia preenchida o bastante e no fundo eu sabia com quem realmente queria estar, mas nunca quis concordar.

Um dia á noite voltando da biblioteca lhe avistei com Parkinson no corredor e a vi tocando o seu rosto, minha mente gritou no exato momento perguntando-se qual era a sensação de tocar-te. Se sua pele era macia ou áspera, quente ou gelada. Trinquei a mandíbula, aquilo não podia estar acontecendo. Mas infelizmente estava. E logo depois vocês se beijaram o que me quebrou. Aquele maldito beijo causou-me pesadelos e consequentemente insônias por um bom tempo.

O fato de não querer admitir a mim mesma havia ido à água a baixo, eu gostava de você ao ponto de sofrer calada, ao ponto de manter-me em segredo, pois nunca iria dar certo já que, sou uma sangue-ruim e você puro-sangue. Você me odiava e tinha nojo de mim. Enquanto eu... Amava-te.

Aos dezesseis anos você tornou-se um comensal da morte, lembro-me bem, pois foi onde todo o pesadelo começou. Harry suspeitava disso até eu mesma já havia comentado com o mesmo sobre você, mas tudo que meu amigo dizia á seu respeito eu sentia necessidade de lhe proteger, afinal, não tínhamos provas ainda. Ele sabia que foi engenhosidade sua de enfeitiçar Katie Bell, mas discordei. Ele sabia que foi você que envenenou a garrafa de hidromel que quase matou Ronald, além de escutar conversas suas. Eu tentava frustradamente apaziguar, na verdade, não queria abrir meus olhos e cair na realidade ao que você estava se transformando. Porém, tinha plena consciência que você nunca iria ser um de nós e, isso era o que me doía. Gostar de alguém totalmente ruim.

Naquele ano eu te observava drasticamente, tornou-se mais quieto e isolado. Sempre que havia aula conosco você estava pensativo e nunca terminava os deveres, só ficava balançando a pena de um lado para o outro entre seus dedos longos e finos. Com o queixo apoiado sobre uma das mãos e o olhar perdido, não havendo mais aquele ar frio que possuía e sim, apenas uma expressão cansativa, preocupativa e medonha. Nunca mais lhe vi nos corredores e Harry me dizia que você estava usando a sala precisa e tudo fez sentido. A realidade bateu fortemente na minha cara e eu chorei por ti. Chorei ao ver a situação em que se encontrava. Quando avistei Dumbledore morto eu sabia que você estava metido nisso sem ao menos saber ainda da verdade.

Ah! No último jogo de quadribol daquele ano em que a minha casa ganhou da sua, eu saí da festa que estavam comemorando e lhe avistei na torre de astronomia, pensativo. Isolado. Apenas vendo a chuva cair, vestido em um dos seus ternos negros e caros. Juro que senti vontade de ir até você e ficar ali calada ao seu lado, mas não... Você iria me insultar e dar-me as costas. Então lhe deixei em paz e segui para outro lugar onde eu pudesse acompanhar os pingos da chuva exatamente como estava fazendo.

Voldemort o ameaçou se não matasse Dumbledore e isso estava lhe matando naquele ano. Ou matava Dumbledore ou Voldemort te matava. Harry nos contou que você não queria mata-lo, estava em pânico e quase desistindo e então, Severo Snape apareceu e cumpriu seu serviço salvando-o da morte. No fundo fiquei feliz por saber que ainda existia humanidade em ti, não vou dizer bondade, pois isso nunca irá possuir. E talvez, só talvez, não fosse totalmente um monstro quanto seu pai ou sua tia.

A guerra havia começado e nós nos separamos. Eu participava da Ordem e você era um Comensal da Morte. Bem e mau. Como pode, não? Engraçado aos olhos alheios. Totalmente impossível. Saímos à busca das Horcruxes e no meio de todo aquele pesadelo acabamos parando na sua maldita mansão. Lembro-me que meu coração disparou ao ver-te, seu rosto incrivelmente cansado, olhos opacos e aparentava estar mais magro. Senti-me completa ao lhe ver mesmo que a situação não fosse favorável.

A louca da sua tia Bellatrix iniciou a tortura comigo, desejei que você fosse até lá e me arrancasse de toda aquela dor agonizante. Em meios aos gritos eu pude te ver por rápidos segundos antes de Bellatrix enfiar seu rosto monstruoso no caminho da minha visão. Você estava amedrontado, talvez com pouco de dó de mim, juro que notei virar o rosto para não querer assistir aquilo. Não estou querendo supor que você, Draco, gostava de mim. Pelo contrário, apenas não queria me ver ou como já disse, por pena.

Mas não fora você e nunca iria ser você a me salvar. Infelizmente. Ronald e Harry me salvaram. Após aquele dia apenas lhe vi quando estávamos atrás da última Horcruxes na sala precisa, lhe salvamos e mesmo assim eu queria poder te observar melhor e ver se estava realmente bem. Mas a situação era precária tanto pra ti quanto pra mim. Depois você aceitou o lado de Voldemort mesmo que fora sua mãe lhe chamando, mas foi e mostrou-se o quão fraco e alienado tu és. Eu tinha tanta vontade de lhe surrar e fazê-lo acordar para a vida, mas apenas lamentei suas decisões.

A guerra havia acabado. Harry vencera. Você e sua família desprezável sumiram, mas depois de alguns meses o ministério lhe encontrou, seu pai foi preso e sua mãe condena a ficar presa na tão amada mansão Malfoy. E você... Bom, quem lhe salvou foi eu, meu caro. Não fique surpreso, ou fique. Tanto faz.

Eu lhe salvei! Salvei de terem lhe jogado junto ao seu pai em Azkaban e ser beijado por dementadores sugando toda sua maldita e mísera alma podre! Pois eu achei suas cartas ajudando a Ordem, Harry disponibilizou a lembrança do dia que era pra você matar Dumbledore e não o fez. Eu busquei tudo o que podia para lhe inocentar e consegui! Você só teve que passar quatro meses em Azkaban se responsabilizando pelos atos de usar as maldições Cruciatus e Imperius, sem falar de enfeitiçar Katie Bell e envenenar Ronald.

Quem diria a sangue-ruim salvando sua maldita pele? Tsc. No fundo me arrependia loucamente por ter lhe ajudado naquela merda toda, pois se fosse eu, você nunca iria meter um dedo seu para querer me livrar e sim, para querer piorar a situação. Não estou pedindo que me glorifique ou que me diga um obrigado em recompensa, só estou jogando com tanto gosto nessa sua cara que fora EU que lhe SALVEI. Ninguém além do ministro e meus amigos ficaram sabendo da minha ajuda, pois preferi manter tudo em segredo para não te assustar ou ir por água a baixo. E isso realmente vai te deixar tão enojado e atormentado ao ponto de ficar com raiva de si mesmo. Anos te absorvendo Malfoy, eu sei exatamente qual será sua reação.

Eu vi no profeta diário sobre seu casamento com Astoria Greengrass. Depois de anos uma notícia sua, não foi tão boa como eu esperava. Mas ao ler a matéria vi que se tornara um Medi-bruxo e lhe parabenizo por isso. Eu me tornara uma Auror junto com Harry e Ron. Eles riram de você, o grande Malfoy um Medi-bruxo, quem diria. Eu queria ir ao seu maldito casamento e olhar em seus olhos para saber se realmente queria aquilo, se realmente um dia eu iria te ver feliz e com um sorriso sincero nos lábios, pois essa era minha maior curiosidade.

E então fomos ao seu maldito casamento. Eu fiquei camuflada no meio das pessoas, mas Harry e Ron fizeram questão de lhe cumprimentar e mostrar que compareceram. Você os cumprimentou de um modo diferente e isso fez meu estômago embrulhar, uma súbita vontade de chorar bateu-me em cheio. Você os cumprimentou sorrindo. Um sorriso de gratidão, sinceridade e outros adjetivos que preferi esquecer naquele dia. Era pra ter ficado feliz lhe vendo com traços bondosos, mas não fiquei! Porque aquilo não era você! Draco Malfoy estava apaixonado, alegre por estar prestes a se casar com uma sangue-puro! Foi o que pensei.

Tentei ir embora para não ver a próxima cena, mas fora tarde, Astoria havia chegado e subitamente virei para trás para enxergar seus olhos e lá estavam eles... Estreitos e Frios. Respiração normal, expressão nula e postura ereta. Não... Você não se encontrava apaixonado. Você a desprezava, apenas ficou feliz em ver Harry e Ronald em seu casamento por ser um ato um tanto incomum ou engraçado. Eu sorri, queria gargalhar de tanta felicidade, mas decidi ir embora seria doloroso do mesmo jeito ao ver perdendo-te para o resto da vida. Sim, nunca teria chances contigo, mas um casamento é eterno e já não havia mais o que fazer.

Eu tentei enterrar esse maldito sentimento insano por ti depois daquele dia. Jurei nunca mais lembrar do seu rosto e até pensei em contar para Harry, Ronald ou Gina e implorar que algum deles me lançasse um Obliviate para te esquecer. Somente para te esquecer! Isso estava me matando, eu desejava morrer porque se tornava doloroso a cada dia, a cada hora! Um maldito amor impossível e platônico.

Eu te amo tanto seu desgraçado, sempre te amei desde meus doze anos! Apenas não percebia, peguei suas manias para tentar preencher esse vazio enlouquecedor que possuo dentro de mim. Os anos em Hogwarts te observando só me trouxeram problemas, na guerra onde nós acampávamos eu queria estar te olhando vendo seus mais singelos movimentos, mas não tinha o que fazer já que lutávamos em lados contrários. Durante esses anos todos gostaria de poder te reencontrar em um lugar qualquer só para matar a saudade sufocante de te ver! Isso é enlouquecedor! Eu te salvei da maldita Azkaban para poder lhe encontrar por aí e pelo menos ver seus olhos de íris cinza e frios, pois se você morresse... Eu não aguentaria. Simplesmente não aguentaria... Seria horroroso demais, doloroso demais e eu iria me matar com tanto gosto como tive em te salvar daquela prisão.

Esse amor é doente! Faz-me adoecer só em lembrar que você sente nojo por mim, nojo do que sou! Eu nunca serei algo pra ti. Eu sei disso, Malfoy... Se por um a caso nos esbarrássemos por aí você ficaria surpreso a me ver depois de tantos anos e logo em seguida viria seu velho sorriso de lado irônico, iria estufar o peito e dizer: “Ora ora quem diria, a sabe-tudo irritante”. Estamos com vinte e seis anos, e perdi quatorze anos por ti. Meus amigos encontram-se casados e prestes a ter filhos. Eu sou sozinha! Eu poderia estar casada e feliz da vida, mas esse maldito sentimento seu, não deixa!

Espero realmente que tenha lido essa carta, Malfoy. E não quero que sinta pena de mim, só estou tomando coragem ao lhe dizer tudo isso, pois eu já não aguento mais. E senti necessidade de te contar, senti necessidade de você saber que eu a sangue-ruim e sabe-tudo irritante um dia te amou.

Eu tomei minha decisão. Contarei aos meus amigos tudo isso que acabei de te contar e implorarei que eles me façam esquecer de você. Draco Malfoy nunca irá existir em meu mundo.

É triste... Demasiadamente triste jogar fora um sentimento que guardei por longos anos. Mas não há o que fazer, Draco. Você é um homem casado e talvez já tenha filhos ou deve estar pra ter, pois preferi não saber mais o que ocorre em sua vida.

Se um dia nos encontrarmos por aí e você me cumprimentar e eu lhe disser que não o conheço, não se espante. Pois eu estarei curada.

Obrigada Draco. Mesmo nem imaginando tudo isso você me fez conhecer um belo sentimento.

Com amor,

Hermione Jean Granger.

***

Londres, 22 de Janeiro de 2006

Hermione Jean Granger.

Tu és louca? Eu juro por Merlin, se ousar a apagar sua memória sem ao menos ler essa merda de carta, Granger. Eu vou caçar você e fazer de tudo para que possa se lembrar de mim em peso maior!

Não faça isso!

D. Malfoy.

Londres, 23 de Janeiro de 2006

Hermione Jean Granger.

Granger, responda-me! Ou vou atrás de você e não estou brincando! Ousou-se tamanha idiotice... Eu... Vou atrás de você hoje mesmo!

D. Malfoy.

***

Três semanas depois Draco encontrou Harry fazendo compras com Gina, encontrava-se furioso e se parassem para observá-lo notariam grandes bolsas arroxeadas em baixo dos seus olhos, mostrando noites mal dormidas. Draco depositou sua mão no ombro de Potter fazendo-o virar em sua direção.

— Olá, Potter. — olhou para o lado direito do homem. — Olá, Weasley. — ambos ficaram chocados com a aparição do ex-colega.

— O que faz aqui, Malfoy? — indagou Harry.

— Olha, eu estou sem paciência! E só quero que me respondam a onde Granger está! Porque eu não encontro a porra do endereço daquela idiota? E me digam que vocês não jogaram um Obliviate nela fazendo-a me esquecer? — disse tudo em um só fôlego. Harrry e Gina se assustaram com o rumo da conversa. — Me respondam logo, porra! — esbravejou.

Harry suspirou e o levou para fora do recinto deixando Gina terminando as compras. Malfoy encontrava-se totalmente eufórico andava de um lado para outro esperando sua resposta.

— Porque veio atrás disso só agora? — questionou Harry. Draco limitou-se a rir descaradamente, mas podia notar-se tão nervoso que ele estava. Sua risada não surgiu humor algum.

— Sua amiguinha escondeu algo todos esses anos e me enviou uma carta dia vinte e dois falando que vocês a fariam se esquecer de mim! Nem ao menos me contou antes e nem deu-me a chance de conversar com ela! — Harry chocou-se.

Uma veia estava saltada no pescoço pálido de Draco. Harry engoliu seco, encontrava-se em uma situação drasticamente delicada.

Suspirou e estremeceu ao lembrar-se de tudo o que aconteceu nas últimas semanas.

— Porque está interessado agora? Justo agora? — perguntou.

— Isso não é da sua conta!

— É muito da minha conta! Ela é minha melhor amiga e eu fiquei tão chocado quanto você quando me contou que te amou por longos anos!

— Foda-se, Potter! Só preciso saber o que lhe pedi antes. Para de me enrolar e me conta de uma vez!

As pessoas que passavam ao lado deles os olhavam com o cenho franzido, Harry desejava estar em outro local para conversar com mais calma, mas vendo a situação do homem á sua frente, essa possibilidade não iria adiantar. Draco queria saber, e logo. Sentiu-se estremecer ao lembrar-se de tudo e temeu a futura ação de Malfoy.

— Ok... — outro suspiro. — Hermione nos procurou e nos contou tudo o que sente por você. Ficamos todos surpresos por ela guardar tão bem por todos esses anos. Eu nunca a vi tão desesperada, Malfoy. Ela realmente estava implorando para que fizéssemos isso, mesmo que nós pedíssemos para descartar essa possibilidade, mas ela chorava tanto e... Eu fiquei sem reação. Gina tentou acalmá-la e lhe deu alguns concelhos, mas nada adiantava e então, Ron fez. Mas não sabíamos que ela havia lhe mandado uma carta no mesmo dia antes de tudo acontecer. E nem ao menos citou que escondeu de você por todos esses anos. Gina pediu se já havia lhe contato, e ela respondeu que sim e que não deu certo. — Harry percebeu a gravidade da situação ao acabar de falar.

Draco encontrava-se paralisado. Os olhos já não brilhavam mais e nem se ouvia sua respiração. Harry deu um passo à frente, mas Draco deu outro para trás.

— Como pôde? — disse entre dentes. Sua expressão estava dolorida e confusa.

Harry nunca o viu assim, lamentou-se e culpou-se por tudo o que aconteceu. Ele viu diante dos seus olhos que Hermione poderia sim, ter sido feliz e todos aqueles anos não foram por água abaixo. Só não entendia o porquê que mentiu dizendo que já havia contato para Malfoy.

— Eu... Eu... Não sabia... — sua voz falhara saindo baixa e a garganta ficou seca.

Culpou-se pela infelicidade da sua única e melhor amiga.

— Eu quero vê-la! Leva-me até ela agora, Potter. Eu juro que o mato aqui se não o fizer! — os olhos de Draco encontravam-se tão frios e avermelhados que Harry nem ao menos hesitou.

Aparataram-se em frente á porta da casa de Hermione. Draco tocou a campainha vinte vezes seguida porque Harry contou. A porta fora aberta e Hermione apareceu por detrás dela. Seus cabelos não estavam volumosos como eram na época de Hogwarts, encontrava-se cumpridos e ondulados. Seu ar irritante não existia mais, as sardas no nariz lhe mostravam que ainda era aquela garota que conheceu e passou anos desprezando-a. Os lábios levemente carnudos eram os mesmo que lhe tiravam o sono desde os treze anos. Os olhos âmbar eram os mesmo que, ao fechar os seus eles apareciam. O corpo mudou, estava mais bela. Sempre se sentia um merda ao lembrar-se de todas as brigas, sendo que, poderia tratá-la melhor, mas não podia. Não podia por medo do seu maldito pai. Da maldita linhagem sanguínea da família. Ele a humilhava na tentativa de abafar o que sentia por ela. A achava a garota mais brilhante, mas a mais irritante. Ela era única, a única que não podia ter e a única que lhe causava aquela sensação de agonia.

Draco fora destinado a guardar tudo o que sentia por Hermione e trancafiar á sete chaves para ninguém saber, pois temia se alguém invadisse sua mente e avistasse o que estava sempre lá. Ele tentava encontrá-la em outras garotas, diversas garotas! Mas nunca a achava. Não queria admitir, mas sabia que a amava tanto ao ponto de odiá-la pelo simples fato de nunca poder tê-la em seus braços sabendo que a mesma sempre o odiou.

Não podia olhá-la, pois tinha medo que alguém percebesse onde tanto olhava e isso acabaria consigo, e talvez, com Hermione. Sua família louca podia machucá-la e não duvidava disso. Ele observava quando não tinha ninguém envolta, ninguém que pudesse entregá-lo, quando ela estava na biblioteca e através de estantes ele a via. Sempre calma lendo os livros grossos demonstrando prazer em estar arrodeada de livros, as expressões que fazia quando a leitura tornava-se complicada, tudo parecia espetacular e quando ia dormir sonhava coma visão que havia tido horas antes.

Na guerra perguntava-se se ela estava bem, sempre buscou notícias da mesma em segredo, pois se descobrissem seria morto, e quando as recebia de Nott ia dormir melhor. Mas no dia em que invadiram sua casa e sua maldita tia a torturou, sendo que, não podia fazer nada, pois ou ele a salvava e logo depois os dois morreriam de um jeito ou de outro. Então, com um feitiço silencioso que aprendera através de livros, passou o que pôde da dor que Hermione sentia para seu corpo, aguentou calado sem demonstrar nada. Nos primeiros segundos lhe pareceu impossível, mas os gritos dela acabaram dando-lhe mais forças para suportar. Aliviou-se quando Weasley e Potter a socorreram e fugiram daquele inferno. Pôde respirar melhor, mas seu corpo estava tão dolorido quanto o de Granger.

Ficou surpreso ao saber que fora ela que lhe ajudou a não ser morto por dementadores como seu pai. E ficou mais ainda ao saber que fora em seu casamento, mas decepcionou-se por ela não ter aparecido em seu campo de visão, pois tinha certeza que iria largar tudo na frente de todos e sumiria com ela. Não amava Astoria, apenas se casou para poder ter a maldita herança da sua família, só para aumentar seu consultório. Draco Malfoy amava Hermione e desesperou-se ao saber que a mesma nutria o mesmo sentimento, mas o julgou errado. Muito errado.

Ela estava ali parada á sua frente enquanto Draco buscava todas as forças para não cair aos seus pés, pois não conseguia aguentar aquele nó em sua garganta, aquela costumeira agonia só que, com uma súbita vontade de chorar.

— Olá... — ela disse lhe olhando, esticou o pescoço e avistou Harry atrás de Draco. — Olá, Harry. — sorriu.

Draco quis matar Ronald por ter feito isso com ela e quis matar Harry e Gina por participar, mas não podia. Não podia causar mais dor a Hermione. Ele olhou para trás e encarou Harry.

— Não tem como desfazer? — sua voz saiu rouca e tão amargurada deixando Harry mais abalado do que já se encontrava.

Draco sabia que não podia desfazer, mas queria ouvir alguma esperança. Alguma maldita esperança para ser feliz um dia.

Hermione encontrava-se atônita, mas ficou observando tudo. Olhou fixamente para a figura desconhecida que falava com seu amigo e ele lhe parecia familiar, mas não sabia como não se lembrava dele em hipótese alguma. Harry sentiu-se na pele do homem á sua frente e quis sumir só para não ter que dar a resposta que julgou ser mais cruel que irá receber.

— Não.

Viu Draco abaixar os olhos por alguns segundos, levantou e olhou para Hermione que se encontrava na porta com seu ar duvidoso e espontâneo ao mesmo tempo. Ele ficou a observando e ela retribuiu o olhar.

— Eu... — a garganta de Draco arranhou, sentiu-se um nada. Daria de tudo para voltar no tempo e concertar tudo aquilo. A dor que sentia estava matando-o. Nunca sentira algo parecido.

Porque era tão difícil ser feliz? Justo agora que, recebera a certeza que ela nutria os mesmo sentimentos. Sempre foi assim... Sua alegria sempre durou pouco.

— Vocês gostariam de entrar? — Hermione perguntou ainda olhando para o homem que depois de observá-lo o achou bonito.

Draco deu meia volta e sumiu. Aparatou em sua casa e desabou na cama, nunca sentiu tanta vontade de morrer. Nunca sentiu tanta vontade de estar em Azkaban e levar o beijo de dementadores para acabar com tudo de uma vez. Se Granger podia esquecê-lo, ele também podia esquecê-la da mesma forma que fez. Mas não tinha coragem, não queria esquecê-la dessa forma. Não dessa forma.

***

Londres, 22 de Fevereiro de 2006.

Hermione Jean Granger.

“Eu sou apenas alguém ou até mesmo ninguém. Talvez alguém invisível que a admira a distância sem a menor esperança de um dia tornar-me visível. E você? Você é o motivo do meu amanhecer e a minha angústia ao anoitecer, você é o brinquedo caro e eu a criança pobre o menino solitário que quer ter o que não pode, dono de um amor sublime, mas culpado por querê-la como quem a olha na vitrine, mas jamais poderá tê-la. Eu sei de todas as suas tristezas e alegrias, mas você nada sabes, nem da minha fraqueza, nem da minha covardia, nem sequer que eu existo e como um filme banal entre o figurante e a atriz principal meu papel era irrelevante para contracenar no final.”*

Com eterno amor,

Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

* Pertence á Renato Russo.Desculpa-me se houver erros ortográficos!