Velhice

De todas as coisas que tinha imaginado para sua vida, não se lembrava de ter imaginado isso que vivia agora. Sempre imaginou que se casaria com uma espécie de príncipe encantado e teriam meia dúzia de filhos bonitos e então, morreria antes que ele para ficar mais romântico.

Mas agora, ali, olhando para o campo vasto de primavera, sentindo a brisa praticamente acariciar seu rosto — não tão juvenil como antes —, e lembrando-se de tudo que passou em seus sessenta e cinco anos de vida, percebeu que nada que teria imaginado, se compararia com aquilo.

Casou-se com um imperativo dragon slayer de fogo — que de príncipe não tinha nada —, que ao longo do tempo, mostrou-se ser um completo pervertido e o resultado disso foram três filhos maravilhosos. Tão inteligentes quanto ela e tão imperativos quanto ele. Viu seus amigos também casarem e terem seus próprios filhos e enquanto o tempo passava, o seu amor por Natsu somente aumentava, como uma chama frequentemente alimentada.

Viu os membros mais velhos morrerem, mas não sem deixar algo em sua memória, gravado como ferro em brasa. E os anos foram passando e passando, os filhos crescendo, quando se deu conta, já estava ali, beirando os sessenta anos. Ela ainda era bonita apesar da idade e Natsu também não tinha perdido sua animação, mesmo que precisasse tomar alguns cuidados.

Tudo era perfeito.

Olhou para Natsu que estava cochilando na cadeira de balanço ao seu lado. O cabelo rosa com vários fios já grisalhos e as rugas no canto de seus lábios que apenas deram um charme extra.

Sorriu. Admirada por ele não ter conseguido deixá-la louca. De insanidade, claro.

Seu sorriso sumiu, e então, revirando os olhos, disse em voz alta para despertá-lo:

— Natsu, você está colocando fogo na própria roupa.

— O que?! — Acordou de repente, fazendo uma expressão assustada, quando se deu conta das palavras da mulher, passou para uma expressão hilária. — Ai, droga!

É, tem coisas que nunca mudam, mesmo com a idade.

“Amor, te amo,

Preciso de você aqui comigo o tempo todo, todo

Amor, somos feitos um para o outro,

Você me faz sorrir o tempo todo”