Uma Garota Fora Da Lei escrita por Bia Alves


Capítulo 28
Desabafando!


Notas iniciais do capítulo

Agora é sério, eu não aguento mais escrever isso em todo o capítulo, eu to super feliz pela quantidade de leitores que vem crescendo como nunca, mas CADÊ VOCÊS?
Gente é sério, eu fico horas em frente ao PC para fazer um capítulo e nem quinze comentam, tá difícil a situação hein? Números de favoritos e reviews está lá em baixo, comparando com os de leitores? Era para ter muito mais, mas ok.
Esse capítulo ficou tipo, GRANDE, é o maior da historia e se não me engano, terá maiores que esse. Ele não está bom, tipo, eu achei ele insuportável, mas como ele é meio que muito importante para a historia, eu postei né... '-'
Boa leitura.
Ps: Eu não sei se vão entender muito bem esse capítulo, terá um bônus explicando direitinho okay?



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Finalmente eu estou arrumando as minhas malas para voltar para o internato.

Nunca pensei que lá seria tão bom quanto aqui em casa, mas lá pelo menos não tem uma mulher enchendo o seu saco e toda hora falando coisas desnecessárias, não mesmo.

Termino de arrumar as minhas coisas, Lara tinha dormido comigo, no meio da noite ela bateu na porta do meu quarto, deitou em minha cama, brincamos e conversamos como irmãs muito felizes e depois dormimos.

- Emily, hoje ainda é domingo, dá para você ficar até mais tarde.

- Eu sei Lara, mas acontece que eu não aguento mais olhar para a cara da minha mãe.

- Ela é legal Emily – ela bate o pé no chão.

- Nem começa com seu chilique, por favor, eu vou, mas logo eu vou voltar. Ok?

- Não. Eu não quero que vá hoje – Fecho a mala.

- Sinto muito mesmo, mas eu vou ter que ir.

- Você quer ir para ficar com o seu namoradinho.

- Ah Lara! Poupe-me, eu não tenho um namorado.

- E o David, o que seria?

- Seria uma pessoa que entrou em minha vida para atrapalhar, só isso.

- Sei... – Ela revira os olhos, quantos anos a minha irmã tem? Por que oito ou nove – não sou uma irmã muito competente então não sei a idade dela – ela não tem mesmo.

- Ah! – Pego a mala e saio do quarto – Vai ficar ai de enfeite ou o que?

- Vou ficar de enfeite para o seu quarto.

- Ótimo, tchau! – Desço as escadas e enquanto descia vejo minha mãe abrindo a porta e logo em seguida os policias entrando, legal né? Garanto que não.

- Emily! – Ela me grita.

- Eu estou aqui – Me aproximo dela e dos policias.

- Bom dia senhorita Moore! – Os policias me cumprimentam.

- Vocês não cansam mesmo não é? Eu sei que a audiência está perto e tal, mas não precisam vim até aqui todos os dias que eu me encontro aqui me falar que ela está perto, eu sei tá? Infelizmente eu sei.

- Na verdade Emily, viemos mais uma vez tentar te convencer a dizer a verdade e essa audiência vai por espaço...

- Ah! Agora acreditam que sou inocente?

- Não! – Um dos diz – Acontece que queremos que você diga agora que foi você, ou quem foi.

- Acontece, que eu gosto da minha vida, por mais chata que ela seja, mas se for para que eu diga algo, vai ser para a juíza, agora se poderem dar licença eu agradeço.

- Não vai fugir não é?

- Pensa comigo senhor policial, se fosse para fugir, nem mais um fio de cabelo meu estaria aqui. Obrigada e tchau! – Olho de relance para a minha mãe e saio deixando os três lá dentro.

Pego um táxi qualquer em direção ao internato, coloquei a mão no bolso e tirei o celular, olhando para ver se o desocupado tinha mandado mensagem, mas na verdade tinha uma mensagem do David, e não do "admirador secreto”.

Então quer dizer que a senhorita Moore precisa de mim,é isso?”.

Revirei os olhos e respondi.

-Acredite, eu não preciso! E além do mais, essa mensagem tem dois dias.

Não demorou muito para que ele respondesse:

- Mas o importante é que eu estou respondendo e... Não importa o dia que mandou, ela ainda está registrada aqui no meu celular, com o texto “Preciso conversar com você”. Ou como eu prefiro “Preciso de você David”.

-Vai se ferrar, David.

-Ignorando a sua última mensagem, então... Já está no internato?

-Vá até o meu quarto e veja.

-Está me convidando para o seu quarto? Hmmm... Gostei, gosto de lingerie branca. Se quiser algemas, tem direito a usa-las.

-Sim, terei algemas, para te prender e te torturar um pouco.

-Opa! Assim que eu gosto mesmo, só para o desejo aumentar, igual a outras coisas que irá aumentar junto com o desejo...

-Não inverta o sentido da minha frase.

-Acho que é um pouco tarde Emily... Estarei te esperando, não se esqueça hein? Lingerie branca.

- Morra David.

Ele não responde, e eu achando que o idiota não pode ser mais idiota.

Tá! Eu vou ser sincera, eu até ri com as mensagens dele, não levarei nada a sério, é do David que estamos falando, certo? Ele apenas está tentando me ver sorrindo, não é assim que ele gosta? Então.

Ah! Que idiota eu, fazendo as vontades dele.

Não demorou muito para que eu chegasse ao internato, o táxi não estava lá na mínima velocidade, passaram-se mais ou menos umas meia hora, e cheguei.

- Valeu! – Digo entregando o dinheiro da corrida a ele e logo ele sai sem pedir pelo menos obrigada ou algo do tipo – Morra seu velho idiota.

Passo pelo porteiro que mais dorme do que trabalha e vou direto para o meu quarto, mas, antes de entrar.

- Eu não acredito nisso – Digo soltando uma risada.

- Pois é... Acredite.

- David, como pode ser tão doente?

- Eu disse que estaria te esperando não foi?

- Na porta do meu quarto?

- Onde quer? No banheiro da sala do diretor?

- Se lá for confortável e a parede com azulejos, quem sabe – Ele sorri maliciosamente – Mas agora sai.

- Da frente da porta para você entrar e começarmos não é?

Aproximo-me mais dele.

- David, entrada um coisa: Não vamos fazer isso, nunca. Se você quiser – Me aproximo mais e pego a sua mão – mate seus desejos com isso ok? Mas comigo, nunca.

Ele ri.

- Tudo bem, eu paro.

- Obrigada.

Entro no quarto e adivinha? Ele entra também.

- O que é? – Eu pergunto.

- Não iríamos fazer...

- Cala a merda dessa boca David. Você disse que iria parar.

- De falar para praticarmos – Começo a bater nele e por ironia daquilo que algumas pessoas chamam de destino, que para mim é a coisa mais inútil do mundo.

David cai na cama, mas isso ai, ele me leva junto. Por sorte eu caio por cima dele.

- Olha só! O Destino quer que... Bom... Você sabe, e como minha visão está bem aprimorada, vejo que está usando branco.

Olha a merda do destino atuando novamente. Levanto e me controlo para não matar o David.

- David, se você ainda quer respirar e ter batimentos cardíacos, saia desse quarto.

- Desculpa – Ele levanta da cama rindo – É que... Estou bem atrasado...

- Não sou relógio para tirar atrasos, então saia daqui e se puder não volte mais.

- Desculpa tá? Eu acho que bati com a cabeça enquanto vinha para cá e a coisa tomou conta do cérebro.

- Interessante a sua teoria, mas eu adoraria que saísse do quarto.

- Vamos conversar.

- Não tenho nada para conversar.

- Vejamos – Ele pega o celular, não acredito que ele fará mesmo isso – Preciso conversar com você – Ele fala em uma voz de menininha – É isso que a mensagem diz.

- Legal, mas a gente já se viu ontem já conversamos o suficiente, não tem mais nada que saber.

- Vai Emily, desembucha, sobre o que queria falar comigo?

- Não é nada tá?

- Vai demorar para contar? Por que se sim diz logo que eu até posso deitar esperando.

- Era só sobre o Félix, mas você já o conheceu ontem e fim.

- Era sobre o que ele fez com você?

- Sim...

- Eu não fui com a cara dele.

- Era de se esperar isso.

- Como não vai entrega-lo Emily?

- David, ele disse que me mataria se eu entregasse.

- Mas... Emily, você tem medo dele, por isso que não o entrega.

- E o que eu deveria ter? Ele me ameaçou.

- Eu sei,mas... Tem que entregar Emily.

- Me desculpa David, mas... Ainda não.

- Ainda? Por onde eu saiba o julgamento é daqui a três semanas.

- E daí?

- Como assim e daí? Emily...

- Quer me ver morta? É isso?

- Não é isso Emily, é que... Eu me preocupo com você... Eu sei que eu não deveria nem saber da metade disso, mas tudo que está acontecendo é... Por acaso eu fiquei sabendo e agora que eu sei com quem você se meteu... Você tem que entregar.

- Eu não quero morrer tá? Eu sei que eu não importo para as pessoas. Mas... Eu não quero morrer.

- Você prefere ir presa do que dizer a verdade?

- Pelo menos eu acho que se eu for presa eu não irei morrer.

- O que foi que ele fez?

Ele me encara nos olhos, seu olhar era profundo e eu via que ele queria a resposta, mas não vou dar.

- Não posso falar.

- Qual é Emily, eu já sei da metade de tudo.

- Você sabe demais... Cuidado!

- Eu to falando sério Emily.

- Eu também David, eu não posso.

- Então é isso? Eu sei de tudo, sei do que o Félix vai fazer se você entrega-lo, sei como você fica quando pensa nesse caso, mas não pode falar o que ele fez?

Olho para o nada e penso se devo ou não conversar com o David sobre tudo que rolou, quer dizer, somente com o Félix, já que mais nada de interessante aconteceu.

- Ah David... – Suspiro.

- Fala... – Ele diz manso e com um pequeno sorriso nos lábios.

- É que... Eu nunca pensei que fosse tão difícil dizer sobre isso.

- Senta aqui – Ele senta na cama e eu sento de frente para ele – Vai contar?

Fico o encarando por alguns segundos, ele estava mesmo preocupado comigo? Ou será que só era curiosidade. Para ter algo a mais contra mim, eu confio no David, mas não a ponto de contar isso, não é tão sério, depende do ponto de vista das pessoas. Para mim isso foi horrível, para o Félix foi a mesma coisa que pisar em uma formiga. Não sei o que seria para ele saber disso, eu não sei o que ele vai fazer quando souber disso, pode ser que ele não queira nunca mais olhar para minha cara, pode ser que ele pode me apoiar... Ou simplesmente fingir que nada aconteceu a me esquecer.

- Vai? – Saio do transe e respiro fundo.

- Tudo bem, eu te conto – Ele abre um meio sorriso – Mas... Você não pode deixar isso escapar nem sem querer.

- Nunca, eu juro de dedinho – Ele coloca o seu dedinho em minha frente e eu dou risada.

- Idiota – Bato em sua mão.

- É sério vai... – Ele coloca o dedo novamente perto de mim – Vai! Eu quero jurar de dedinho – ele ri assim como eu.

- Olhe lá hein? É de dedinho que estamos jurando.

- Exato – Cruzo meu dedo com o dele – Jurado oh! – Ele beija meu dedinho.

- Tá chega de tanta melação.

- Estou te ouvindo.

Olho para David e mordo o lábio inferior.

- Todos pensam que foi eu que foi eu quem matou o Guilherme.

Ele fica um pouco sério depois diz:

- O seu... Ex-namorado?

- Sim, mas... Foi o Félix.

- E por quê ele matou seu namorado e todos pensam que foi você?

- É bem complicado. Mas eu vou tentar explicar direitinho.

- Continua...

- Eu fui a única que fiquei no lugar do crime e... Agora eu sou a “culpada” por isso.

Ele fica em silêncio.

- Eu juro que eu tentei evitar que o Félix atirasse nele, mas... Eu não consegui, eu tentei, eu não ia matar a pessoa que eu amava.

- Mas então por que você estava lá?

- Era eu quem iria mata-lo.

- O quê? – Ele franze o cenho e fica sério.

- Eu não sei... Eu não queria, mas o Félix me obrigou, mas não foi eu que matei o Guilherme, foi o Félix, eu... Eu era tão idiota, eu fazia todas as vontades do Félix, e no fim eu era a única que saia ferrada de tudo, por isso e outros motivos eu tive que ser presa várias vezes.

Ele não dia nada. Então eu continuo.

- Eu tinha entrado nesse “grupo” para ficar perto do Guilherme, eu era aquelas meninas toda cheia de mania, que sempre teve o que queria e sempre rodeada de “amigos”. Eu conheci o Guilherme no colégio, eu tentei me aproximar dele várias vezes, aqueles olhos verdes me deixavam hipnotizada e... Aqueles lábios eram tão convidativos – David limpa a garganta – Desculpa! – Respiro fundo – Eu queria está perto dele, mas ele me dizia que eu era muito... Diferente dele que pelo jeito que ele era... Podia me machucar e isso era o que ele menos queria fazer. O que ele queria evitar.

Ao lembrar de tudo, não demorou muito para lágrimas tomar conta dos meus olhos.

- Eu fiz de tudo para está perto dele... Daí, eu tive uma desculpa para me tornar quem eu sou hoje, eu já conhecia o Félix, e meus pais já estavam divorciados, e nessa época eu não estava muito... Gentil com a minha mãe, então daí, eu conversei com o Félix, ele disse que eu passaria por várias “experiências” para ficar com eles. Eu consegui, eu me tornei quem eu sou... O Guilherme ainda me evitava, mas eu só queria aproxima-lo de mim, a gente começou a se falar, viramos amigos, e logo eu já estava mais apaixonada por ele, não demorou para que ele se apaixonasse por mim também, mas bem – solto uma risada abafada – Não foi tudo tão rápido com parece. A gente começou a namorar em segredo do grupo, lá o amor era “proibido”. Eu e ele ficamos muito tempo juntos, mas daí... O Félix cometeu seu pior crime...

David passa a mão pelos meus olhos e com depois passa o dedo pela minha bochecha, demorou um pouco e eu tiro sua mão de meu rosto.

- Ele tinha roubado um banco... Botou fogo na casa da mãe... A matando.

David arregala os olhos.

- Os policiais nunca duvidaram dele, até hoje eu não entendo como ele está solto, na verdade, ele só está sendo procurado pela policia por um crime recente, mas... Naquele dia, Guilherme ficou com muita raiva dele, ele não aceitou o que Félix fez, ele estava com raiva do Félix, ele achou tudo... Muito pesado. E ele queria entregar o Félix, ninguém sabia, mas depois que descobriram contou logo para Félix, e daí... Ele queria da um fim no Gui...

Deixo mais lágrimas escaparem junto com um soluço.

- Calma tá? – Ele passa mais uma vez a mão pelo meu rosto – Se estiver te fazendo mal para. Por favor.

- Não, eu vou continuar.

- Você que sabe...

- Eu não queria que ele fizesse algo com ele, eu amava o Guilherme, eu não queria perde-lo, mas eu não sabia que o Félix iria fazer o que fez, eu não estava sabendo de nada, exatamente nada... Mas... O Félix me ligou me mandando ir para um lugar na cidade, eu fui... Não sabia o que me aguardava. Assim que eu cheguei lá, começamos a conversar e ele me disse... Que eu teria que fazer um serviço mais pesado do que o que eu fazia, eu perguntei o que era, ele apontou para um pouco a frente de nós, e Guilherme estava lá. Eu não entendi bem o que era para fazer, então eu perguntei o que é que tinha o Guilherme, ele falou que eu teria que mata-lo.

Deixo mais lágrimas escaparem.

- É claro que eu disse que não, ele era meu namorado... Mas o Félix não sabia... Eu falei, eu implorei, mas ele tirou a arma e se aproximou de mim, e disse que se eu não fizesse o que ele estava pedindo, ele não daria um fim só no Guilherme, como em mim também. Ele me ameaçou, disse coisas horríveis para mim, ele me colocou em um lugar escondida de todos, ele veio comigo me entregou uma arma e saiu, era para eu matar o Guilherme, eu não tive coragem, olhei para o Félix que estava pouco longe de mim, e ele me mandava atirar ainda com outra arma apontada para mim. Ele quase gritava para eu atirar, mas eu olhava para Guilherme e não tinha coragem... Guilherme tinha levantado, e já estava saindo do lugar, eu comecei a enrolar para não atirar, mas o Félix não me deixava e eu não tinha coragem... O Guilherme já estava pouco longe então se ele se distanciasse mais um pouco a bala com certeza não iria pegar, era essa minha intenção... 

- Emily... Calma... Se não quiser... – Eu não o deixo terminar de falar.

- Foi tudo ao rápido, eu enrolei e o Félix e veio para cima de mim, ele me deu um tapa e me empurrou para longe, eu olhei assustada para o Guilherme e ele estava um pouco longe, mas o tiro ainda tinha muitas chances de chegar nele, eu corri para cima do Félix, mas quando eu consegui chegar... Ele já tinha atirado... Eu perdi o Guilherme...

Abaixei a cabeça e comecei a chorar mais ainda. Não sei se o David tinha entendido muito bem, eu mais chorava do que contava.

Não demorou para que ele levantasse minha cabeça, enxugasse minhas lágrimas e me abraçasse. Eu tinha perdido a pessoa que eu mais amava, a pessoa que eu mais queria o bem, e foi quem eu dei o pior, eu tenho pouco de culpa sobre tudo, mas eu tentei evitar.

Eu queria um abraço, David sempre me abraça quando eu preciso... Ele desde que descobriu sobre tudo, não para de tentar me ajudar com as coisas e de me dar conselhos. E de sempre me apoiar.

- Eu juro que eu tentei evitar, eu gritei eu corri, mas eu o perdi... – Choro mais ainda – E ele não vai mais voltar... – Ele me abraça mais forte, e eu também, eu nem sei de onde estava vindo mais lágrimas, eu não sei como o David ainda está aqui, eu sou quase uma assassina, e não é exagero, ele devia se afastar de mim, mas ele só me aproximou mais.

- Vai ficar tudo bem Emily, calma tá? – Ele da um beijo no topo da minha cabeça e me abraça mais ainda... – Eu... Eu... Quero que fique bem, tá?

Não respondi, apenas o abracei mais forte ainda.

- O Félix me ameaçou de novo. Mas dessa vez pouco pior, nossa conversa foi bem rápida e direta.

- Ah Emily, denuncia logo esse cara.

- David, ele disse que me mata se eu o entregar. Depois de tudo que eu te conto você ainda quer que eu entregue mesmo ele? Se sim... Eu vou simplesmente dá adeus a minha vida.

Ele fica sério, somente me encarando.

- Emily, eu sei que é complicado, mas diz aos policias que foi ele.

- Você pensa que é super fácil entregar o Félix, não é? David, ele... Ele já fez coisas que não dá nem para acreditar, me matar, para ele seria roubar uma chupeta de um bebê.

Ele me encara, acho que estava pensando no que dizer, mesmo não tendo.

- Emily... Você não pode se entregar, você não fez nada

- Eu sei! Mas eu não posso – Merda, logo agora eu vou voltar a chorar? – David, eu sei que minha vida não é tão importante assim para as pessoas, mas eu não quero morrer tá?

Ele se aproxima de mim, limpo as lagrimas.

- Não diga isso Emily, é importante sim...

- Para quem? Minha mãe que me odeia? Meu pai que depois que se divorciou mal sabe que tem uma filha? Um padrasto idiota que se bombear só lembra o meu nome porque alguém cutuca dizendo? Acho que se eu morrer não deve ser tão ruim – Agora sim eu chorei, mais do que chorava, ele não diz nada, apenas me puxa e me abraça forte, eu o abraço também, estava precisando disso, de alguém que me aconchegasse...

- Vai ficar tudo bem – e dissesse que tudo iria ficar bem, eu precisava de quem me abraçasse toda vez que uma lágrima escorria, precisava de alguém, e ele era esse alguém. Eu preciso dele... Mas ele não precisa saber.

- Não vai!

- Emily, eu sei que é tudo difícil... Mas... – Ele não diz nada

- Você não sabe o que dizer certo? – Me afasto dele o encarando ainda com lagrimas nos olhos. Ele as enxuga.

- Desculpa...

- Tudo bem, já estou acostumada que todos me achem um problema, que todos não têm uma solução para mim, eu sei disso.

- Não Emily, eu... Eu to aqui.

- Você... Você tá aqui, eu sei, mas... David é tudo tão complicado, eu pensei que não ia doer tanto sentir saudades dele, eu pensava que não doía tanto perder alguém, e depois sofrer com todos te acusando que você quem deu fim na pessoa que amava, eu pensei que era mais fácil esconder a menina frágil que você é atrás de uma rebelde, que na verdade não existe e nunca existiu. Mas não é... Eu quero morrer – Ele me abraça novamente – Mais forte.

Ele obedece.

- Emily, eu... Eu... Quero que você fique bem, eu não gosto de te ver chorando, eu não sou um bom conselheiro, nem... Uma boa pessoa que sabe como aconchegar alguém, mas não pense que é tão difícil assim, não pense que é... Sempre tem alguém que quer seu bem, que quer você sorrindo, pois seu sorriso é o mais lindo, Emily, com certeza tem alguém que quer que você seja forte... E que não deixem te acusar por uma coisa que não fez... Tem alguém que não quer que você chore e sim sorria.

- David, não minta para mim. Eu sei que ninguém gosta de mim, nem minha própria mãe gosta, imagine...

- É claro que tem alguém que quer seu bem, Emily...

- Quem é esse alguém, David? – Me afasto olhando em seus olhos.

Ele me encara por um bom tempo, as vezes desviava o olhar para o chão. Mas logo voltava para os meus.

- Sou eu.

Houve um bom, um longo tempo de silêncio, não sei se quem estava mais vermelho era ele ou eu. Eu olho em seus olhos e ele desvia, ele olha nos meus e eu desvio.

- Hã? – Depois de uns bons minutos em silêncio eu falo.

- Sou eu que... Quero te ver sorrindo sabe? – Ele começa a gaguejar - Não altere o sentido das coisas tipo, eu quero te ver sorrindo sim, eu não gosto de te ver triste – franzo o cenho – Não! Quer dizer sim, não, bom, eu gosto mesmo de te ver sorrir por que... Quem vai ser a Emily brava que vai querer parar com os meus batimentos cardíacos que se a minha Emily...

- Sua?

- Você entendeu, se você estiver triste e chorando toda hora? – Eu solto uma risada pelo nariz e sorrio – É assim que eu gosto, agora me dá uma resposta bem legal vai, aquela que me faça sair daqui e nunca mais falar com você.

- Mas eu quero falar com você.

- Eu sei, todas querem, mas calma... Tem David para todas. – Dou um tapa em seu ombro.

- Idiota, só você mesmo para me fazer rir em uma situação dessa. – Nos abraçamos novamente

Acredite, ficamos minutos em silêncio, apenas abraçados, ele não teve coragem de dizer nada, qual é, isso nem foi tão pesado, há não ser pelo fato de que eu vi a pessoa que eu mais amava sendo morta, e tudo isso é parte da minha culpa, mas me dá um crédito, eu tentei evitar.

- David?

- Oi?

- Vamos continuar abraçados ou você vai dizer algo?

- Desculpa.

- Pelo quê?

- Não sei o que te dizer, mas só quero te abraçar – Eu me separo dele, ele me olha nos olhos – Eu sinto muito, me desculpa por ser assim tão... Sem falas, mas... Emily, eu te entendo, quer dizer, eu nunca cheguei a ponto de matar uma pessoa que eu amava, mas... Eu sei que você tentou evitar.

- Se fosse outro estaria longe de mim agora, dizendo que eu sou uma idiota, delinquente... Que matou a pessoa que “amava”.

- Eu sei, mas mesmo você não contando detalhes de tudo mais... Eu acredito que você não o matou.

- Que bom, pelo menos você acredita.

- Sua mãe acredita em você né?

- Antes fosse, mas não.

Ele não diz nada, nos aproximamos mais... Muito mais, mas se pensa que a frase a seguir será “e eu e ele nos beijamos”, se engana, mais ou menos, ele me beijou sim, mas na testa. E depois me deu um rápido abraço.

- Eu acho que eu vou indo.

- Hã? Eu te conto tudo isso e você simplesmente vai embora? Eu queria tanto...  – Penso um pouco - Esquece, pode ir.

- Queria...?

- Nada, pode ir embora, eu me enganei quando pensei que você iria me apoiar...

- Mas eu estou te apoiando, o que você quer?

- Nada.

- Fala Emily.

- Não é nada.

- Fala logo, por favor.

- Eu só queria que ficasse aqui comigo, tá? Que passasse o resto do dia e se for possível a noite aqui comigo.

Ele sorri e volta a sentar na cama.

- Quem diria...

- Por favor, não agora.

- Tudo bem, eu fico com você, mas...

- O que é?

- Se você prometer que não dorme no meio do filme, e vai ter que me contar detalhes desse Guilherme.

- O quê? Claro que não.

- Vai sim!

- Eu conto se eu quiser, a boca é minha.

- Ui! Foi mal ai criancinha – ele ri – mas vai ter que me falar detalhes de tudo.

- Não, eu não quero chorar de novo.

- É só aguentar, vai Emily, você vai me contar.

- David, você não vai me obrigar a fazer isso.

- Duvida?

- Sim!

Começamos a discutir, fala sério, David é tão idiota a ponto de me fazer rir nas piores situações da minha vida, eu acabei de assumir um quase crime cometido por mim para ele e ele apenas me faz ri. Idiota? Eu acho que claro que sim.

Não que isso seja tão ruim assim, eu odeio quando ele me faz rir, odeio quando sorri para mim, odeio o seu abraço, e odeio os seus olhares... Resumindo:

Eu odeio o David.


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Notas finais do capítulo

Bom, como eu disse, o capítulo não está as mil maravilhas, tipo assim, eu não sei se deu muito bem para entender, mas como eu disse nas notas iniciais. Vai ter um capítulo bônus explicando direitinho, melhor que esse drama meloso nojento desses dois kkkk, enfim... Não é o próximo ok? Mas vai ter, e um aviso... A historia PARECE que vai ser um pouco só prolongada, uns dois capítulos ou três no máximo, eu estava vendo as coisas que ainda vão acontecer e não se exatamente se vai acabar nos 35 um pouco mais, ou talvez não, não sei direito, enfim. Não sei quando vou postar o próximo, eu estou super ocupada essa semana, com provas entre outras coisas do colégio, como amanha não tem eu decidi postar logo, mas não sei quando eu vou postar o próximo, mas irei postar, ('-')/
Vamos colaborar leitoras fantasmas? Pelo menos uma vez em um capítulo? Eu irei responder TODOS os reviews atrasados - não são muitos, pq né -, prometo, deixa essa semana passar que eu vou está livre e desimpedida, beijos.
E oi leitoras fantasmas, eu não mordo tá?
Bjs :*