— Bom dia. – diz Samantha. — Eu tenho café da manhã.

— Shh. – Anne respondeu com um chiado. — Se você não reconhecer a hora, talvez ela vá embora.

Com a resposta sutil Samantha puxou a loira para si com sua mão esquerda em seu quadril depositou com beijo calmo em seus lábios avermelhados. Seus olhos azuis estavam arregalados, alertas, apesar de tê-los abertos só agora. Samantha, então, beijou sua bochecha, depois seu queixo, sua garganta, demorando lá por alguns segundos. As mãos da loira tremulam por aquele maranhado de sentimentos que nem ela sabia que seu corpo poderia sentir algum dia, passou pela lateral do corpo moreno enquanto suspirava no ouvido de sua amada. Samantha e seu autocontrole estavam prestes a desaparecer em cinco, quatro, três... Então, rapidamente a loira deslizou seus dedos quentes e insistentes pela costa da morena movimentando-os com delicadeza e com todo o carinho que sentia por Samantha neles.

Poderiam ficar naquela posição o resto do dia, era lá o lugar de cada uma, sabiam disso agora. Nesse mesmo momento ambas se sentiam cientes de tudo ao mesmo tempo, da pressão de sua boca, o gosto dos seus beijos, as texturas de suas peles se encostando, a luz branca que entrava pela vidraça cobria suas pálpebras fechadas e o cheiro de pétalas de rosas que usaram na banheira se misturava no ar frio e quente. Quando se afastam do beijo e abrem os olhos, veem tudo sobre eles, finalmente veem tudo. O feixe de luz branca que iluminava tanto como os olhos azuis como os negros eram tão brilhantes como os mais lindos dos diamantes que existia para ambas. Sentiam-se seguras em seu interior, como se ali era o lugar desejável, o lugar que deveriam pertencer, lugar e olhar que poderiam ser compartilhados pelo resto de suas vidas juntas.

Samantha rapidamente trançou suas pernas ágeis em torno do corpo pálido e com sua habilidade e sentou-se sobre o abdômen da loira e começou sua sessão de beijos e cócegas por toda a extensão de seu torso o que tirava altas risadas da loira que se contorcia sobre o lençol branco e impecável.

TOC TOC

— Sam? Tem alguém aqui.

— Não tem ninguém, vem aqui. – respondeu a morena a puxando para um beijo e a loira recusou.

TOC TOC

— É definitivamente alguém! – exclamou a morena sussurrando.

— Eu te disse! – a loira sussurrou de volta.

O nervosismo ali era intenso agora, a morena desceu da cama apenas de lingerie apanhando sua camisa azul que estava no chão e vestiu-a, Anne fez o mesmo e vestiu o roupão da morena que também se localizava ao lado da cama. Samantha apanhou seu taco de baseball dentro de seu armário e caminhou devagar para a porta com Anne segurando firme e estável em sua camisa, com suas bochechas vermelhas e olhos saltados para fora puxou a camisa para que Samantha parasse.

— Não vá e se for...

— Ela não teria coragem. – disse a morena.

— Sam...

TOC TOC

Dessa vez o barulho foi assustador como que se quisessem derrubar a porta de madeira com apenas duas batidas. A morena rapidamente olhou para a loira e ela já deduziu o que iria fazer, abrir a porta. Sua respiração estava acelerada seu coração poderia sair de seu peito a qualquer momento, a morena girou a chave e posicionou seu pulso para girar a maçaneta com cautela, mas rápido para atingir primeiro quem quer que seja que estaria atrás da porta. Abriu finalmente a fortaleza de madeira e ambas deram um pulinho para trás ao se depararem com o tamanho da pessoa parada diante da escada. As misturas de cores verdes de sua farda contrastavam com a sua pele morena e o queixo estruturado perfeitamente iguais de Samantha, também, o mesmo brilho do olhar quando se olhavam.

— Feet!

Anne se assustou com o grito que Samantha soltou enquanto saltava no pescoço do irmão que sorria muito com seus olhos marejados enquanto afundava seu rosto no ombro da irmã que parecia fincada em seu colo.

— Eu não sabia que... – falou a morena perplexa.

— Queria fazer uma surpresa. Você está linda e agora desça, pois sinto seus seios. – o rapaz disse e todos riram.

— Alex, esta é Anne.

— Ah claro. Muito prazer sou Alex irmão de Samantha. – se apresentou enérgico enquanto seu maxilar se apertava como o de sua irmã quando nervosa.

— Muito prazer sou Anne. – disse já corada.

— Ela é realmente bonita Hips! Desculpe-me interrompê-las estava morrendo de saudade da minha irmã mais velha.

— Tudo bem. – disse a loira arrumando seu roupão.

— Agora vá, logo descemos. – ordenou a morena que deu mais um abraço no rapaz.

— Espero vocês lá. – disse enquanto pulava a escada até o chão embaixo na sala que não era tão baixo.

— Ok, nunca mais faça isso! – a morena apontou para o irmão embaixo da escada.

— Desculpa. – gritou de volta.

— Não acredito que ele chegou. – Samantha falou e Anne não deixava de notar a felicidade em seu rosto. — Vai gostar dele An. – disse enquanto colocava seu jeans que se encaixava perfeitamente em suas coxas.

Anne entendia que era importante para que ela gostasse de seu irmão, pois ele era sua única família, então, se aproximou e tirou um beijo que tirou o fôlego da morena em segundos enquanto abotoava uma camisa preta de Samantha, sempre achou que ficaria bem nela.

— O que achou? – perguntou Anne.

— Acho que perdi minha camisa definitivamente, ficou muito melhor em você. Vamos? – a morena disse oferecendo sua mão a loira.

— Sim.

Desceram as escadas e as duas seguiram para a cozinha e Anne se deparou com a enorme mesa de café da manhã. Samantha, quando viu o irmão não teve duvidas de pular em sua costa e o fez enquanto o rapaz se inclinava para frente rindo desesperadamente.

— Sabe Anne, ela te ama muito. Nunca tinha visto ela assim, tão boba. – ele disse e a loira abriu um sorriso envergonhado.

— Sabe o que precisa? Alguns encontros... – a morena disse em meio de socos que dava em seu irmão.

— Estou esperando sua agenda.

— Agenda? – a loira perguntou.

— Agenda da pegação, cheia de mulheres que a Sam já se encontrou. – disse ele brincalhão dando ênfase em suas palavras.

— A maioria é gay, Alex. E nunca mais as verei em minha vida. – disse olhando para Anne.

— Nenhuma hétero?

— Posso ver se tem algo. – falou com um sorriso de canto.

— Quero ver essa agenda sendo queimada logo. – disse a loira séria.

— Tudo bem, separarei algumas para o Alex e em seguida a queimo.

— Ótimo. – disse a loira que puxou a morena para um beijo apertado e todos riram.

— E então Feet. Saiu mais cedo do tempo combinado?

— Não, saí no tempo certo só não deu tempo para eu te ligar, por isso fiz a surpresa. – disse o rapaz com postura militar aparentava receber uma ordem.

— Estou ansiosa para ouvir algumas histórias de guerra. – falou a morena com um sorriso aberto. ­

— Contarei todas. – disse colocando um pedaço de pão na boca. — Isto está ótimo!

— Fiz para Anne.

— Foi uma ofensa? Não interpretarei desse modo. – disse o rapaz. — Isso é realmente amor, Samantha nunca cozinha! Mas Samantha definitivamente terá que me explicar sobre seus roxos e pontos em seu rosto mais tarde. – disse ele passando os dedos longos sobre o cabelo com estilo militar.

— Muito obrigada, Alex. Isso é uma longa história. – disse apontando para os pontos enquanto Samantha encarava o chão.

— Bom, bem vinda à família! Vou para o chuveiro agora, estou sentindo falta da água quente. – Alex tirou um beijo rápido da bochecha da morena e entrou no quarto de hóspedes.

— Ele é muito parecido com você!

— Você acha? – perguntou colocando um pedaço de pão em sua boca como eu irmão.

— Sim. – riu. — O mesmo olhar persuasivo.

— Posso ser mais persuasiva se você quiser. – falou a morena mordendo o lábio.

— Como?

Samantha puxou a loira escada a cima com muita pressa daquilo.

+++

— An, tem certeza que esse é o endereço?

— Sim, minha mãe me passou esse. – disse olhando pela janela do porsche.

Elas tinham saído à procura do seu professor da faculdade para começar sua residência o mais rápido possível, já não sentia mais dores e os remédios que estava tomando não tinham efeitos colaterais, estava mais que pronta e inspirada para começar a atender.

— É ele ali?

— Sim, é ele! Pare o carro. – disse a loira saltando do carro até a calçada.

— Ei, professor!

— Oh! Olá Anne. – disse o homem que parecia um pouco alarmado.

— Desculpe incomodá-lo de desse modo.

— Está tudo bem. Precisa de algo? Sua mãe me avisou sobre seu acidente. – disse o homem prestativo.

— Não foi um acidente. – afirmou Samantha que chegava atrás da loira.

— S-amantha-a?

— Klein, muito prazer. – falou a morena com seu ar profissional estendendo a mão para o homem.

— O prazer é meu. Anne, o hospital está a sua espera, não se preocupe, já falei com seus superiores e creio que ainda essa semana possa começar.

— Muito obrigada Sr. – agradeceu animada.

— Eu a agradeço por vir, agora tenho que correr até a papelaria. Hale, Klein. – disse balançando sua cabeça para as mulheres e saindo.

— Por que causa isso tudo nas pessoas? – Anne disse se virando para a morena.

— Não sei, meu charme, talvez. – disse abraçando a loira pela cintura.

— Charme? Sei...

Trrrrrr Trrrrr

O celular de Anne vibrou e com isso a morena a soltou com delicadeza enquanto a loira olhava com uma expressão indecifrável para o aparelho que refletia a luz azul em seu rosto.

— O que foi? – falou a morena preocupada. — Anne?

— Sam... Minha irmã esta na cidade.

— Isso é bom. Certo?

— Não sei se já disse, mas ela é juíza em Londres. E, ela quer “resolver” esse acidente.

— Anne, você sabe que só piorará desse jeito. Não sabe? – disse encarando os olhos azuis.

— Eu sei Sam, eu sei. Acredito que você e Lola possam resolver isso, mas... Ela quer conversar com você também. – disse a loira tensa.

— Comigo? Mas por que... – a morena disse, mas foi interrompida por pequenos gritos que vinham do outro lado da rua.

— Tia Anne! Tia Samantha! Minhas Tias ali!

A voz soava muito bem em seus ouvidos.