Por que o sorriso?

Anne olhou para o lado e confirmou o que seu corpo já dizia, era como um despertador quando ela estava perto, tudo despertava se quisesse ou não, dessa vez sua amada estava com óculos escuros e séria como nunca tinha visto antes, seus cabelos estavam presos em um penteado formal, amava quando os deixavam soltos e desarrumados como se não ligasse para eles, presumiu que estivesse em horário de almoço.

— Quanto tempo estava aqui? - a loira a olhou com um sorriso tímido e a encarou com seus olhos semicerrados por causa dos raios de sol.

— O suficiente, talvez esse sorriso seja por causa delas. -apontou para o saquinho de pipocas. — Ou por esse dia lindo.

— Eu não sei, estou feliz.

— Bom saber disso. - falou e se recostou no banco imitando a loira quando tinha a visto, estava quente ali nada exagerado, mas a companhia também ajudava nesse quesito, a loira apenas a observa tentando imaginar seu próximo passo.

— Sabe, você está linda. - Samantha diz sem fazer o mínimo contato com Anne mesmo tendo certeza que suas bochechas estariam vermelhas, daria tudo para observá-las novamente, mas não o fez.

— Obrigada executiva. - riu.

— E como vai a Bia? - dessa vez a observou.

— Está com os avós, como cuidam bem dela não preciso me preocupar.

— Entendi, novidades medicinais?

— Eu apenas... ganhei uma residência, bom isso depende dos meus resultados finais, mas espero que dê certo, tem que dar. - disse enquanto colocava algumas pipocas na boca.

— Sério? - a morena se anima. — Uma carreira, que ótimo Anne, isso responde o sorriso. - abriu um sorriso e recebeu outro da loira.

Samantha não tinha duvidas que Anne seria uma grande profissional, não que já fosse uma excelente médica, mas gostaria que compartilhassem essa felicidade juntas, como uma dupla, como um casal. A morena a observa calmamente a alguns segundos, a loira já começa a corar então segura sua mão e se aproxima um pouco, isso faz com que um sentimento quente e frio percorressem sua espinha fazendo seu braço arrepiar.

— Sinto sua falta.

Anne desejava responder, era tudo o que queria, amaria ter a morena ao seu lado para sempre, mas sabe que Verônica pode machucar literalmente as duas e não poderia aguentar ver Samantha machucada de nenhuma maneira. A mão da morena era quente e confortante ao contrário da loira, sua mão estava fria e dura, mas conforme o contato foi se esquentando.

— Sam... - a loira gemeu com os olhos fechados.

— Só... me deixa tentar uma coisa, está bem?

Samantha então abre sua bolsa e tira um anel que estava solto em algum lugar lá dentro, coloca no dedo anelar da loira que primeiramente afasta sua mão, mas com os toques da morena nela não conseguia se mexer.

— Isso não significa nada se você quiser, não vale muita coisa é apenas um presente.

Anne ao olhar para o anel sabia que custava muito, mas "desde quando ela o guarda na bolsa" pensava, e como poderia aceitar? "Dê uma chance a vocês" uma voz dizia no fundo de sua cabeça.

— Oh! ele é lindo. - disse esticando o braço para observar melhor aquela peça.

Não se conteve e rapidamente passou seus braços em volta do pescoço da morena que logo passou os seus em sua cintura e apertou.

— Pense em mim quando olhar para ele. - Samantha sussurrou em seu ouvido.

— Eu vou. - respondeu sussurrando.

Ficaram um tempo naquela posição que ambas estavam amando, sentiam muita falta daquela aproximação, precisavam uma da outra como plantas precisão do sol para viver. Quando se separaram um rosto conhecido se aproximou.

— Cof Cof. - arrumava o óculos na ponta do nariz.

— Ah, oi Kevin. - podia sentir sua bochecha arder.

— Kevin. - a morena disse revirando os olhos.

— Oi Anne e Oi...

— Samantha. - afirmou insignificante.

— Isso, que bom que te encontrei aqui Anne, por que não começamos o projeto do teste hoje?

— Tenho que ir para casa primeiro e...

— Eu vou com você. - o rapaz se ofereceu com um sorriso enorme.

— Está bem. - se levantou seguida por sua companhia. — Te mando um sms mais tarde, está bem?

— Claro, ótimo.

Anne abriu um sorriso doce e aquele significava um pedido de desculpas por aquilo ter acontecido, gostaria de poder ficar com Samantha o resto do dia, impossível.

— Tchau.

Se viraram e a cada dez passos Anne checava se Samantha ainda estava ali e todas as vezes a morena abria um sorriso confirmando que tudo estava bem e que podia ir e deixar sua... não conseguia determinar, mas estava próximo o que ela mais estimaria. Viraram uma rua próxima e nenhuma conseguiu mais se ver, o que fez Samantha se sentir sozinha mais uma vez.

— Se eu pego aquele.... - resmungou baixinho.

Ao voltar para a empresa Samantha estava com seu humor otimizado, e o porquê ela sabia muito bem, o poder que a loira tinha sobre ela ninguém tinha igual. Chegando em sua sala Quinn e Yako notaram rapidamente o sorriso de canto da morena ao entrar.

— Olha só quem iluminou o dia. - Samantha deu um pulo para trás levando sua mão ao peito.

— O que vocês duas estão fazendo na minha sala? - falou séria.

— O amor está no ar. - disse a assistente.

— Muito engraçado. - deixou a bolça na mesa. — Terminaram o que eu pedi?

— Não foi tão bom esse almoço quanto imaginei. - disse Quinn se virou para a japonesa e logo voltou para o computador. — Quase, terminaremos esse balanço logo antes do Sr. Dorkey chegar, fica calma, agora fala o que aconteceu.

Suspirou antes de começar a falar.

— Estava no parque e encontrei ela.

— Ela disse sim a vocês? - perguntou Quinn apreensiva.

— Me espera terminar. Ela não disse nada, eu tinha um anel dentro da minha bolsa que ia dar à ela em uma primeira ocasião, como mudei de ideia resolvi guardar, então surgiu uma possibilidade hoje, coloquei no dedo dela o anel avisando que não significa nada e ela agradeceu, até que chegou uma amigo de faculdade com um olhar sínico e tiveram que estudar.

— Se fosse eu já estaria caidinha.

— Eu também. - a assistente dificilmente falou com seu sotaque.

Samantha bufou.

— Calma executiva, sei que nunca teve muito trabalho para que elas caíssem e rastejassem por você, mas acho que essa loirinha é a tal. - disse Quinn com um sorriso brincalhão cutucando a morena que examinava se o balanço estava organizado.

— Vocês poderiam ir mais rápido com isso? - disse a morena pegando uma cadeira e sentando junto a elas.

— Sim, já estamos terminando Sam. - disse Quinn digitando algo no computador.

Depois do balanço e gráficos estarem prontos para a grande reunião, as três ensaiaram tudo o que iriam dizer e fazer na reunião aonde o Sr. Dorkey estaria, fazia um tempo que ele não se encontrava com Samantha conversavam sobre assuntos importantes por e-mails e ocasionalmente um de seus assistentes vinham até a empresa perguntar algo, mas em últimos casos, ouve rumores que ele não estaria bem de saúde por isso não tava muito interessado em resultados da empresa, estava cansado do ramo e poderia até vender para conseguir dinheiro a fim de comprar um novo apartamento um Malibu, coisa não muito inteligente ao pensar da morena, pois comparado ao grande homem de negócios que era antes de sair da presidência controlar a empresa em casa. Samantha sabia que estava no controle então seria ótimo algumas mudanças, mas é claro tendo que questionar sempre o dono por escrito. Yako bateu na porta avisando que todos já estavam na sala a espera do Sr. Dorkey então resolveu esperá-lo lá, seguiu até a sala principal de reuniões com Quinn e Yako sempre próximas.

Dorkey entrou na sala de reuniões apoiado em uma bengala e segurando o seu braço esquerdo uma mulher na meia idade que acariciava seu cabelo enquanto ele dava pequenos passos, sabia que essa não era sua mulher, pois a que Samantha tinha conhecido numa festa tinha o dobro da idade dessa que o acompanhava, com um pouco de tempo conseguiu chegar até a cadeira maior que havia na sala, sentou com dificuldade e respirou fundo quando o fez, fazendo a mulher dar um beijo no rosto dele e sair da sala.

— Olá Senhorita Klein.

— Sr. Dorkey.

— Bom dia a todos. - a sala respondeu.

— Como vão as vendas? Quero dizer, com certeza está excelente com você aqui, mas quero estar a par de tudo e é claro também do assunto predominante da razão por eu estar aqui hoje.

— Claro Sr., o gerente de vendas e o das distribuidoras Sr. Gary e Sr. Trad poderão esclarecer as porcentagens e apresentar o projeto que eles tem em mente. - falou se dirigindo aos discursantes.

— Podemos esclarecer que as vendas em determinadas lojas e revendedoras estão parcialmente melhores em estruturas e produtos especializados...

Os dois gerentes após mostrarem que algumas lojas precisavam de novos investimentos, foram mais dois que falaram sobre o prazo de entrega e terminaram dizendo que como gostam de coisas rápidas precisaria de novos transportes para a empresa que fez com que Dorkey concordasse com eles.

— Obrigado, farei o possível. - disse o homem com uma carranca. — Klein?

— Sim?

— Algo para mim?

— Claro Sr. Dorkey.

Samantha se levantou com alguns papéis em mãos já Quinn com o tablet e um pen drive, colocou o objeto no computador que se situava no meio da sala e reproduziu a imagem para que todos pudessem ver.

— Como todos já apresentaram seus projetos e esperanças para o futuro patrimonial da empresa, mostro o meu e o da Srta. Sparks. Isso representa a quantidade que vendemos e esse. - apontava para o gráfico. — O quanto podemos lucrar com o novo projeto de instrução dos funcionários. Essas são, despesas, custos, bens, etc, teremos também que abrir vagas de estágios e ensinar bem nossos funcionários para que não aconteça nenhum erro tendo que começar uma produção nova gerando mais prejuízos.

— Isso mesmo. - disse Quinn. — Com o projeto implantado na empresa podemos ter o controle de pessoas aprendendo e se dedicando, e também com novas câmeras e um especializado gerente para cada distrito podemos aprimorar o bom funcionamento do depósito e RH.

— Sim. - falou a morena. — E o que mais me dediquei nesse projeto é o contrato de mais empregados em determinadas áreas além dos instrutores que ainda devemos escolher, os melhores profissionais que tiverem mais vendas por semestre se tornaram gerentes ou instrutores, deixando cargos em aberto para serem preenchidos futuramente. Me dedico plenamente a essa empresa e gostaria muito que esse projeto fosse um dos principais, seria beneficiador a todos nessa campainha. - depois de encerrar Samantha se senta na cadeira seguida por Quinn que tira rapidamente o pen drive do computador.

— Obrigado pela elegante fala Srta. Klein, está claro que o seu projeto será o principal já os outros farei uma minuciosa analise e passarei para nossa presidente, mais uma vez obrigado pela presença de todos aqui. - Sr. Dorkey terminou a reunião e chamou a mulher que esperava na porta, Samantha estranhou que não a chamou para uma conversa particular.

— Acha que é a amante? - a amiga perguntou enquanto Dorkey saía da cadeira com ajuda.

— Não me importo. - a morena guardava os últimos papéis da mesa.

Foram até a sala de Samantha, o horário de Quinn já havia acabado então guardou o pen drive em um cofre atrás de um quadro que muitas vezes a loira gostaria de ter jogar fora, mas era como uma distração para o que estava atrás, colocou a senha que somente ela e a morena sabiam, lá não tinha nada além de um papel e agora, o pen drive.

— Pronto. - fechou a pequena porta. — Vou indo. Qualquer coisa me liga?

— Pode deixar. - falou Samantha olhando sua agenda da semana no computador.

— E ei, só espera tudo vai dar certo. - disse a loira com um sorriso.

— Obrigada Quinn. - retribuiu o sorriso.

Depois de fechar alguns documentos mais tarde, resolveu ir embora, seu pescoço estava tenso e sua cabeça começando a doer de um certo modo que precisava ir embora.

— Toc toc.

O som chamou a atenção de Samantha que apanhava sua bolsa.

— Acho que você não me conhece, já está saindo? - disse apontando para a porta.

A mulher era baixa, mas realmente muito atraente, seus lábios eram grandes e seus cabelos negros estavam bem colocados atrás da orelha, e não poderia deixar de notar o quanto seus olhos eram grandes e faziam uma curva sensual pelo seu rosto pequeno.

— S-sim, já estou indo.

— Me acompanha no elevador?

— Claro, vamos. - pegou a bolsa e o blazer e fechou a porta.
O elevador já estava no andar então apenas entraram, e Samantha foi logo apertando o térreo.

— Me chamo Lola, e você Samantha, certo?

— Sim, prazer. - abriu um sorriso tímido, de algum modo aquela mulher provocava sua timidez.

— O prazer é todo meu, sabe, venho te observando esses dias e queria saber. Gostaria de um café ou um drinque em um lugar mais calmo?

— Não sei se deveria. - travou o maxilar.

— Bom, de qualquer forma, vai ter uma festa em um bar bem próximo daqui, é muito bacana o lugar, se estiver afim, toma aqui meu número. - entregou a papel para a morena que aceitou.

— Espero você lá?

— Vou pensar, está bem?

A mulher concordou com a cabeça com um sorriso sedutor em seus lábios carnudos, e colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha que caía em seus olhos. A porta do elevador se abriu e as duas saíram em direção a porta.

Já em seu apartamento, Samanha esperava infinitamente a mensagem que Anne havia dito, não poderia tomar a iniciativa dessa vez, e não deveria, era um assunto que somente ela poderia tratar, era engraçado como o convite de Lola parecia mais concebível agora.