– Me conta Mel, o que ele te falou? – Ela perguntou curiosa. Eu ainda estava pasma com o que ele me contou, mas logo me recuperei.

– Ele disse que aquele garoto que me segurou ontem era o irmão dele.

– COMO É? – ela gritou e eu tapei a boca dela, mas já era tarde, todos estavam olhando para nós, inclusive o professor Marcos. – Desculpa professor, é que eu errei uma coisa aqui e, desculpa. – Ela falou sem graça e depois voltou a olhar pra mim. - Não acredito que eles são irmãos, então acho que não vai demorar muito para vocês se reencontrarem. – ela disse com um sorriso bobo no rosto. – mas apresenta ta amiga. – eu ri com aquilo.

– A claro, se ele tiver a infelicidade de cruzar comigo novamente eu te chamo e vocês se conhecem, trocam telefone e quem sabe não começam um relacionamento. - revirei os olhos e fiz uma careta. Ela me respondeu com um risinho debochado e o professor interrompeu nossa conversa, com a matéria nova que estava passando. Prestamos atenção no resto da aula dele, não demorou muito para acabar a aula e o professor sair e começar mais uma aula chata de inglês, sinceramente, a professora era uma lerda, nem conseguia passar o que queria, como eu nunca fui uma boa aluna, não prestei atenção em nada, eu e Sidney começamos a conversar sobre qualquer coisa, de novo, terminou a sua aula e nem vimos, só notamos quando chegou a professora de ciências, ela era tão amarga, eu tinha muito medo dela, só pela cara, assim que todos viram ela, se arrumaram e imediatamente não se ouviu um som dentro da sala, minutos depois de puro tédio, a aula dela acabou e finalmente saímos para o intervalo. Fomos aos nossos armários e pegamos nosso lanche e fomos sentar em qualquer lugar no pátio, e assim como de manhã as pessoas ainda me olhavam assustadas, foi estranho, -mas de certo modo adorei- por onde eu passava todas elas saiam de perto, foi assim que conseguimos achar lugares vagos. Comemos e conversamos mais, e assim que bateu o sinal entramos para a sala, que legal, duas aulas de português, pelo visto hoje eu durmo.

Sentamos de novo em nossos lugares e a aula começou, coloquei meus fones no ouvido e abaixei a cabeça, Sidney se virou para trás e deitou a cabeça na minha mesa e tirou um dos fones do meu ouvido para escutar também, a professora não ligava com isso, ela mesma já disse que quem não quiser assistir aula é só dormir, e isso eu já faço sem que ninguém mande.

Eu amo rock e Sidney também. - uma de suas qualidades, estou amando isso, ter uma amiga. - Escutamos varias musicas até que eu dormi.

E de repente sonhei com coisas estranhas, o mesmo homem de branco, ele estava até nos meus sonhos, dizia que queria me ajudar, que era um anjo e que era meu amigo, depois disso ele desapareceu e eu estava sozinha em um lugar com pouca luz e o cheiro de sangue era insuportável, de longe eu conseguia ver alguma coisa vindo em minha direção, rastejando e chamando por meu nome, quanto mais ela chegava perto de mim dava para ver que era a mesma mulher que estava no meu espelho, ela não tinha as pernas e a visão era pior ainda, eu via e ouvia perfeitamente tudo, mas não conseguia me mexer, eu estava paralisada e ela continuava chegando mais e mais perto de mim, e além dela vindo, apareciam varias pessoas, mas elas não se mexiam ou faziam nada apenas gritavam ou sussurravam meu nome, mas a mulher continuava vindo. Quando ela pegou no meu pé eu acordei com um grito e percebi que ainda estava na sala.     

Todos me olhavam assustados inclusive a professora, eu estava quase chorando, olhava em volta para ver se aquilo era um sonho e se o que havia acontecido era mesmo real, olhei para Sidney e ela me olhou espantada, a professora logo veio ao meu lugar.

– Você esta bem querida? – ela me olhava preocupada.

– Eu só preciso de ar, posso sair? – perguntei aflita.

– Claro, vai lá. Não quer companhia?

– Não, pode deixar, eu preciso ficar sozinha. – tentei sorrir, não deu muito certo.

– Ok então. - ela voltou para frente e voltou a dar suas aulas e quando eu ia levantar Sidney segurou meu braço, olhei para ela.

– O que aconteceu? – me perguntou curiosa. - tem certeza que quer ir sozinha?

– Depois te conto, tenho sim, preciso ir. – ela assentiu e me soltou, sai dali às pressas, quase esbarrando nas pessoas que passavam por mim, fui direto ao banheiro e logo lavei meu rosto e fiquei de frente ao espelho me olhando e pensando sobre o que estaria começando a acontecer de novo, quem será que é essa mulher? E esse homem que fica atrás de mim? O que eles querem? Me deixar louca, só pode. – conclui.

Sentei no chão do banheiro e ali fiquei durante o resto da aula, não queria que ninguém me visse do jeito que eu estava, assim que bateu o sinal abriram a porta do banheiro, era Sidney, ela olhou em direção onde eu estava e veio correndo com nossas bolsas em mãos e jogou-as em qualquer lugar e me abraçou, me senti uma criança indefesa nessa hora, mas aceitei o abraço, eu não estava chorando, mas um abraço fazia me sentir melhor. Eu repetia varias e varias vezes.

– Por que eles fazem isso comigo? Por que logo comigo? Eles querem me deixar louca, eles querem. – Sidney ficava me olhando preocupada, mas não a culpo, eu parecia mesmo uma louca.

– Ok Mel, levanta, se acalma e hoje eu te levo pra casa ta bom? – ela ainda abraçada comigo me ajudou a levantar e passou o dedo onde tinha uma lagrima se preparando para cair. – lava o rosto e vamos embora, que acho que só restamos nós aqui na escola. – ela sorriu para mim. Fui à frente a uma das pias e lavei meu rosto novamente, ele estava muito vermelho, parecia que tinha levado uma tapa.

Recompus-me peguei minha mochila, Sidney segurou em meu braço e saímos da escola, hoje como ela disse ia ficar em casa achei ótimo, pois não queria ficar sozinha novamente, tinha medo que acontecesse o mesmo de ontem.