Canção De Ninar escrita por And


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

História boba, que eu tinha guardada e decidi repostar ♥
Essa one foi inspirada no clipe Lullaby do Nickelback.



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CAPÍTULO ÚNICO - CANÇÃO DE NINAR

Abri a porta da minha casa, desgastado por causa de mais um dia de trabalho. Olhei em meu relógio de pulso e vi que já eram 22h00min da noite. Suspirei cansado e segui em direção ao meu quarto. Não estranhei quando não encontrei minha esposa deitada na cama. Segui até o quarto do nosso bebê e abri a porta, colocando a cabeça para dentro do cômodo.

Sorri ao ouvir que ela cantava, sentada na poltrona e afagando a barriga imensa de sete meses.

'' Feche seus olhos e durma meu amor. Sonhe. Quando estiver escuro e sentir perdido, quando se sentir só, sem nenhum amigo, siga as batidas do meu coração. Elas vão guiar você pra mim. Olhe para as estrelas, eu sempre estarei aqui ''

– Cantando pra ele de novo? – Perguntei entrando no quarto. Ela abriu aquele sorriso imenso que eu tanto amava.

– Meu amor! – Me aproximei beijando seus lábios doces – É o único jeito de fazê-la parar de chutar. Isso de alguma forma a calma.

– Então se prepare! Quando ela nascer, você vai ter que cantar todas as noites...

Ela riu.

– Estou preparada e ansiosa, pode deixar!

Havíamos nos conhecido no colegial e há dois anos nos casamos.

Não havíamos planejado a gravidez, porém ficamos mais do que felizes quando soubemos do resultado. Ainda era estranho para mim me imaginar como pai. Eu não tinha idéia de como ser um. Meu pai havia morrido quando eu havia apenas um ano de idade e eu não tinha nenhuma lembrança dele, o que deixava tudo mais difícil.

Minha mãe faleceu quando eu tinha apenas sete anos e na época fui morar com meus tios, então eu não tinha ninguém para me espelhar, além deles.

– É melhor você ir se deitar – Sugeri ao perceber as olheiras que havia em baixo de seus olhos.

– Tem razão.

Ajudei-a se levantar e formos conversando até o seu quarto. Não sabíamos ainda o sexo do bebê, decidimos ter a surpresa no dia do parto (Apesar de que ela dizia com toda certeza do mundo que seria uma menina).

Coloquei-a deitada na cama e fui tomar um banho quente. Não demorei muito em baixo do chuveiro. Quando sai do banheiro, Bella já dormia. Sorri ao ver seu corpo pequeno esticado na cama. Eu sabia que ela andava muitíssimo cansada, com dor nos pés e desconfortável com a barriga gigante, mas o sorriso em seu rosto nunca sumia. Nem mesmo quando o bebê chutava pra valer, ou quando ela vomitava horrores. Ela estava maravilhada com a gravidez.

Desci e comi um sanduíche com um suco de laranja na cozinha. Depois voltei para o quarto, me deitando ao seu lado. Estiquei-me para beijar sua testa e a puxei para mais perto de mim. Pousei a mão em sua barriga, me aconchegando melhor ao seu lado. E dormi, imaginando que não havia lugar mais perfeito do que ao seu lado.

(...)

– É sério Edward! – Ela quase gritou irritada.

– Você só pode está brincando! – Falei pasmo, querendo rir.

– Não, não estou.

– Não posso fazer isso!

– Mas eu preciso... Estou com desejo.

– Bella...

– Sua filha irá nascer com cara de cebola!

– Eu não me importo – Dei de ombros, soltando uma leve risada. Ainda sem acreditar.

– Edward!

– Tudo bem! Tudo bem. Vou ver o que posso fazer.

Bella havia acordado com a ideia de comer cebola. O que me deixou maluco. Nenhum de nós gostava de cebola, era difícil tê-las em casa. Não usávamos para quase nada!

Então tive que ir ao mercado perto de nossa casa e comprar uma cebola. Me senti meio patético saindo do mercado com apenas uma cebola na sacola. Mas, dei de ombros, tudo por Bella...

– Suas cebolas – Entreguei a sacola para ela, que abriu rapidamente.

– Só uma?

– Ainda reclama?

Bella bufou, dando uma mordida na cebola, como se ela fosse apenas uma maçã. Não pude deixar de fazer uma careta. O que havia acontecido com a minha adorável esposa? Mas, depois sorri e ri ao ver o quanto aquilo deixava ela aliviada e feliz.

(...)

– Bella? Cadê você? – Perguntei descendo as escadas, ainda sonolento. Eu havia acordado e não encontrado Bella deitada ao meu lado. Devia ser umas duas da manhã e me apavorava a ideia dela descer as escadas da casa sozinha com a barriga imensa de oito meses.

– Aqui Edward! – Respondeu ela em voz alta. Soltei um suspiro de alívio e segui o som da sua voz.

– Comendo – Soltei uma risadinha quando eu a encontrei sentada na mesa da cozinha, comendo um pedaço do bolo de chocolate.

– Eu estava com fome.

– Eu sei, meu amor. – Me sentei ao seu lado, e coloquei uma mecha dos seus cabelos atrás da orelha. – Mas você não pode sair comendo qualquer besteira. A qualquer hora.

– Foi só um pedaço. – Respondeu de mal humor.

– Ok então – ri – Está sem sono?

– Sim. – Suspirou cansada – É incrível, só sinto sono quando amanhece.

– Então vem. – A puxei pela mão e subimos. Quando chegamos ao andar de cima, levei-a até o quarto do nosso bebê. Ela sorriu lindamente pra mim quando sentei no pequeno sofá e a puxei para que ela se sentasse em meu colo.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Ela tinha a cabeça apoiada em meu ombro e olhava para suas próprias mãos. Eu fitava cada gesto seu.

– Será que vamos ser bons pais? – Ela perguntou em um sussurro, quebrando o silêncio.

– Tenho certeza que você será uma mãe maravilhosa.

– Eu tenho medo.

– Eu também. Somos novos nisso meu amor, mas vamos aprender. Eu vou estar com você.

– Promete?

– Mas é claro. – Ela abriu um meio sorriso.

– Estou ansiosa para ver o rostinho. Espero que ela seja como o pai.

Se for ela, deve parecer com você – beijei sua testa – Linda

– Eu já disse que vai ser ela.

– Veremos.

Conversamos por mais alguns minutos, e quando me dei conta Bella havia adormecido. Sorri olhando para o seu rosto e sentindo o amor que eu nutria por aquela mulher em cada célula do meu corpo.

Entre em meio de risadas e beijos, tomamos banho juntos naquela noite. Comemos algumas besteiras na sala, em frente da TV e por fim nos deitamos no tapete no meio da sala. Conversamos por horas, como apenas adolescentes que já formos um dia.

Às vezes eu me via perdidamente perdido em seus olhos. Meus ouvidos ficavam meio surdos e eu somente conseguia prestar atenção no modo que seus lábios se roçavam um no outro enquanto ela falava, toda vez que ela piscava, quando umedecia os lábios ou quando sorria. Nesse momento o ar me faltava.

Aproximei-me dela puxando sua nuca e encontrando seus lábios. Lábios que eu tanto amava. Beijamos-nos com calma e paixão. Meu corpo ardia de desejo e falta de senti-la por inteiro. Eu sabia que no momento era impossível, mas eu não podia deixar de imaginar.

Beijei seu pescoço, sorrindo ao sentir o cheiro de morangos que eu tanto amava e ela gemeu quando beijei seu busto.

Sorri. Tão linda e minha.

– Vamos para o quarto amor – Murmurei

(...)

– Edward? – Escutei a voz de Bella ofegante me chamando – Edward!

Rapidamente acordei e me sentei na cama, encontrando ela ainda deitada ao meu lado.

– O que houve? Está sentindo alguma coisa?

Seus olhos estavam em pânico. Ela assentiu e tirou a cobertor que a cobria. Notei que os lençóis e sua camisola estavam molhados, mas o pânico tomou conta de mim quando percebi que havia um pouco de sangue também.

A bolsa havia estourado.

Ela ainda estava grávida de oito meses.

Caso você me pergunte como eu havia chegado ao hospital, eu não saberia o que responder.

Quando me dei conta, eu já estava lá e Bella em uma maca, enquanto os médicos a empurravam apressadamente. Eles entraram em uma sala e me pediram para esperar do lado de fora. Sentei-me em uma cadeira do hospital, desesperado. Sem saber o que fazer.

Tentei respirar fundo e me acalmar.

Vai dar tudo certo. Nada vai dar errado - Eu dizia pra mim mesmo.

Eu era o pai da criança, eu era o marido daquela mulher! Então porque diabos não haviam me deixado entrar?

Mais ou menos quarenta minutos depois me chamaram para entrar. Encontrei Bella bastante pálida deitada na cama, mas com um sorriso no rosto. Ela segurou em minha mão e disse-me que os médicos iriam fazer uma cesariana.

Durante todo o processo não desviei o olhar de seu rosto e ela fez o mesmo, olhando para mim. Às vezes sorria, às vezes apenas olhava.

Quando escutei os resmungos do bebê, os médicos me chamaram para cortar o cordão bélical. Virei o rosto encontrando o nosso bebê sujo de sangue e sorri, sentindo a emoção tomar conta do meu corpo... Sentindo meus olhos encherem de lágrimas.

Agachei-me um pouco ao lado de Bella, deixando meus lábios perto de seu ouvido.

– Você sempre esteve certa meu amor. É uma menina.

Bella começou a chorar deixando as lágrimas caírem pelos lábios sorridentes. Cortei o cordão bélical de nossa filha, e os médicos depois de verificarem como ela estava a levaram para perto de Bella.

Nossa filha simplesmente era perfeita. Não conseguia pensar em uma palavra melhor para descrevê-la. Meu peito se enchia de amor por aquele ser minúsculo, que era simplesmente a metade de mim e da mulher que eu amava. O Fruto do nosso amor.

Segurei-a durante alguns minutos, me sentindo incrivelmente feliz. Logo depois os médicos a levaram.

– E como está se sentindo, mamãe? – O médico perguntou a Bella. Ela parecia bastante cansada, seus olhos quase se fechando.

Ela me olhou antes de responder.

– Feliz... E um pouco cansada. – Me olhou novamente e voltou a olhar pro médico – E com um pouco de falta de ar.

– Tudo bem. – O médico se virou pra mim – Que tal o senhor da uma saída? Vamos sedá-la e cuidar dela.

– Tudo bem. – Concordei temeroso.

– Ele pode ficar... – Bella começou a dizer assim que me virei – Até eu dormir.

– Tudo bem. – Respondeu o médico.

Sorri me posicionando ao seu lado. Sentei-me em um banquinho que haviam trazido, pousando meu queixo na maca.

– Eai, vamos colocar o nome da nossa Princesa de...

– Renesmee? A combinação dos nomes de nossas mães. – Sorri emocionando.

– É lindo.

– É. – Ela concordou sonolenta - Pensei assim que vi seu rostinho.

– Combina perfeitamente com ela. Agora você precisa dormir.

– Estou tentando. – Ela abriu um meio sorriso.

Suspirei e sorri um pouquinho. Deixei meus lábios perto do seu rosto, e sussurrei:

– Feche seus olhos e durma meu amor. Sonhe.

Ela abriu um imenso sorriso, fechando os olhos.

– Quando estiver escuro e sentir perdido, quando se sentir só, sem nenhum amigo, siga as batidas do meu coração.

Ela esticou sua mão esquerda, segurando a minha.

– Elas vão guiar você pra mim. Olhe para as estrelas, eu sempre estarei aqui

– Eu te amo Edward. Eu sempre te amei.

Suas palavras fizeram com que meu coração se apertasse, mas ignorei. Não deixei que a emoção tomasse conta de mim. Apenas sorri, beijando de leve seus lábios.

– Eu também Isabella Marie Cullen. E sempre vou te amar.

Então ela acabou dormindo.

Vi os médicos correrem para o seu lado, quando o aparelho que pitava, parou. Praticamente me empurraram para fora do quarto e eu não fiz nada para impedir.

Tentei acalmar minha respiração e não entrar em pânico. Sentei-me novamente em um dos bancos do hospital, colocando minha cabeça entre as mãos.

Havia dando tudo certo. Nossa filha havia nascido saudável, apesar de ter sido uma cesariana tudo tinha dado certo. Só precisavam cuidar dela.

Eu não via a hora de sair daquele hospital com a minha mulher ao meu lado e nossa filha nos braços.

Quando se passaram mais ou menos vinte minutos, um dos médicos saiu da sala onde Bella estava. Levantei-me rapidamente enquanto ele falava com a mulher da recepção. Ela assentiu com a expressão fechada e decidi caminhar até ele.

– Como está minha mulher, Doutor? – Ele se virou pra mim. Não consegui entender sua expressão.

– O senhor é o marido da Sra Cullen?

– Sim.

– Me acompanhe, por favor.

Andamos até um canto do hospital. Percebi que era próximo ao berçário. Ele parou de andar e virou-se pra mim.

– Eu sinto muito em lhe dizer isso, mas a sua esposa não sobreviveu.

Parei de respirar.

– O que o senhor está dizendo? Minha... Ah minha esposa está bem. Eu assisti o parto, deu tudo certo...

– Eu sei, meu senhor. Mas a sua esposa sofreu eclampsia. Vi que ela já havia sofrido com isso nos últimos meses e que tomava remédios para pressão, assim que o parto acabou teve complicações, a pressão dela ficou muito alta e... Ela faleceu.

Onde estavam as câmeras? Só podia ser uma pegadinha.

Naquele momento eu não consegui encontrar ar para respirar. Vi que o médico falava algo comigo, tentando me acalmar, mas eu já não conseguia mais escutar. Seus lábios apenas mexiam. Meus ouvidos estavam surdos.

De repente minha visão ficou turva pelas lágrimas e uma dor massacrante instalou em mim, fazendo-me perder o fôlego. Uma dor que depois de alguns anos eu iria descobrir que passaria o resto da minha vida com ela.

Minha Bella. Minha doce Bella havia morrido.

O mundo não fazia mais sentindo. Quem era Edward? O que eu estava fazendo ali? Por que eu ainda continuava ali?

Eu não tinha resposta mais para nada.

Meus soluços eram altos e não me importei em verificar se ainda tinha alguém por perto.

Nada mais importava.

Flash’s de lembranças de Bella passavam em minha cabeça.

Quando eu havia falado com ela pela primeira vez no ensino médio. Aquela menina branquela e magricela cheia de sardas no rosto, mas com um sorriso único. Quando nos beijamos pela primeira vez, em baixo de uma árvore perto da casa dela. Quando eu a pedi em casamento. Quando nos casamos. O momento que eu a vi entrando na igreja, olhando apenas para mim...

Quando nos mudamos. As vezes que dormimos no chão da sala - porque não tínhamos cama ainda - E quando ela tentou fazer o nosso primeiro jantar, o qual havia sido um fracasso...

Todas as vezes que nós havíamos brigado, as milhares de vezes que havíamos nos amados...

E quando ela me disse que estava grávida.

A mulher que eu amava estava morta. A razão da minha existência não existia mais.

Me virei e no mesmo momento fiquei de frente pro berçário. Vi Renesmee e meu único pensamento foi:

Assassina.

(...)

Olhei-me no espelho do meu quarto. Minha aparência não parecia nada boa. Podiam me comparar com um zumbi.

Sim, um zumbi, era isso que eu havia virado.

Haviam se passado três dias desde que eu havia saído do hospital, deixando minha mulher e Renesmee no hospital. Agora eu iria voltar para trazer apenas uma para casa.

O enterro de Bella havia sido um dia antes. Haviam ido vários de nossos amigos do colegial, e o seu irmão (Seus pais haviam falecido anos atrás). Todos eles me desejaram boa sorte e disseram que eu ia me recuperar.

Eles não tinham ideia do que eu estava passando.

Com um grande esforço fui até o hospital e peguei Renesmee, segurando-a apenas em um braço.

Era estranho. O amor que eu havia sentindo por aquele bebê no momento que ela havia nascido tinha desaparecido totalmente de mim. Meu único sentimento por Renesmee naquele momento era ódio.

Sim, ódio. Porque se não fosse por ela, minha mulher não teria morrido.

Ergui a cabeça tentando não olhar para ela. Renesmee havia permanecido três dias no hospital e eu havia vindo apenas hoje para buscá-la.

O que eu faria com esse bebê? Eu não o queria. Não queria nada naquele mundo a não ser minha mulher de volta.

Enquanto eu andava pelos os corredores daquele hospital encontrei um folheto no chão, escrito ‘’ Adoção? ‘’ Me agachei rapidamente e o peguei.

Eu não saberia dizer se aquela minha atitude seria correta, ou se eu iria me arrepender daqui alguns anos. Afinal, eu não havia parado para pensar nisso. Mas naquele momento aquele folheto em minhas mãos era como uma luz no fim do túnel. No final, isso seria o melhor para ambos.

Li novamente: ‘’ Adoção? ‘’

Aquele folheto iria me ajudar.

(...)

A primeira semana foi totalmente um inferno.

Eu não tinha ideia de como cuidar de uma criança. Renesmee chorava praticamente a noite toda, não me deixando dormir uma hora sequer.

Coloquei o travesseiro na cara tentando não escutar seu choro. Olhei no relógio ao lado da cama e vi que era duas da manhã. Não fazia nem uma hora que ela havia chorado e voltado a dormir.

Levantei-me enfurecido, abrindo a porta do seu quarto com brutalidade.

– Por que você não cala a porra dessa boca! – Berrei fazendo-a chorar mais. Ignorei voltando pro meu quarto e tentando dormir.

Eu iria levá-la para adoção.

...

De manhã acordei como de costume com Renesmee chorando. Levei-a para sala, colocando-a no carrinho. Preparei sua mamadeira e a dei, tentando não olhar para o seu rosto.

Mas eu podia sentir que ela me olhava.

Quando ela acabou de comer, coloquei-a de volta no carrinho e tomei meu café da manhã.

Depois me sentei no chão, ao lado de seu carrinho com o folheto de adoção nas mãos. Nele dizia que eu precisava procurar uma assistente social. Tinha o endereço e várias outras informações.

– É Renesmee, você será mais feliz em outro lugar, de qualquer modo. – Depois ri comigo mesmo – Você não vai sentir minha falta, isso é bom.

Olhei pra ela, que me encarava seriamente. Quase sorri, ela parecia tão séria, como se entendesse algo que eu falasse.

(...)

Naquela noite liguei o som em um volume baixo, escutando as músicas preferidas de Bella - que por diversos motivos também eram as minhas.

Peguei uma cerveja na geladeira e me sentei no chão, fechando os olhos e me lembrando de minha esposa.

Eu tinha certeza de que eu nunca iria me recuperar, eu nunca mais seria o mesmo. Bella era a mulher da minha vida, eu nunca iria conseguir me relacionar com outra mulher. Eu iria carregar aquela dor comigo até o ultimo dia que eu vivesse.

Senti as lágrimas molhando o meu rosto. Por que Bella? Por que você me deixou?

Então Renesmee começou a chorar. Puxei meus cabelos com raiva, tentando controlar meu ódio.

Desliguei o som e fui até o seu carrinho.

– Por que você não dorme? É tão difícil fechar os olhos e acordar apenas de manhã?

Ela resmungou e voltou a chorar. Bufei pegando-a no colo.

Fiquei balançando Renesmee de um lado para o outro durante mais ou menos uma hora, e nada de ela dormir.

– Mais que droga, garota! – Berrei, mas seu choro era tão alto, que não dava pra escutar mais nada além dele.

Então tive uma idéia.

Feche seus olhos e durma meu... Amor. Sonhe. – Cantarolei hesitante. Ela continuou resmungando.

Quando estiver escuro e sentir perdido... Quando se sentir só– Ela ficou em silêncio, apenas me olhando. Foi inevitável não sorrir.

Sem nenhum amigo, siga as batidas do meu coração. Elas vão guiar você pra mim. Olhe para as estrelas, eu sempre estarei aqui

Cantei mais uma vez a canção de ninar e como se fosse a um passe de mágica, ela adormeceu.

– Incrível – sussurrei para mim mesmo.

Sentei-me no chão, com ela em meus braços e nesse momento a TV ligou. Percebi que sem querer eu havia sentado em cima do controle. Ofeguei com a imagem na TV.

Era ela. Bella. Um vídeo caseiro que eu havia gravado meses atrás. Ela estava vestindo uma blusa branca minha e estava deitada em nossa cama.

– Vamos Edward, vem dormir! – Ela pedia no vídeo.

– Ah vamos amor, dê mais um sorriso.

– Vou tacar esse travesseiro na sua cara, pode ser? – Minha risada foi alta, ela tentou não sorrir, mas não conseguiu.

– POR FAVOR!

– Edward sua filha está chutando caralho! – Ela puxou a blusa pra cima, mostrando a barriga grande de alguns meses. – Olhe bebê como seu pai é um chato! – Ela alisava a barriga enquanto falava. Passei a mão em meus olhos, minha visão estava ficando turva por causa das lágrimas. Tão Bela, minha Bella...

– Ele fica de gracinha, sabendo que estou sem paciência sabe? – Ela continuava falando com Renesmee. Espontaneamente olhei pra ela em meus braços. Era ela. O nosso bebê. O bebê que Bella amou tanto quando estava em sua barriga e que tinha tanto orgulho.

– Não coloque meu bebê contra a mim Isabella!

Ela riu jogando a cabeça para trás.

– Já falei seu estúpido, que vai ser uma menina! Mulher!

– Pode ser.

– Vai ser!

– Metida.

– idiota! Agora me deixe dormir.

– Mas amanhã é sábado. – A câmera foi se aproximando dela, eu tinha subido na cama ficando ao seu lado.

– Bebê, dê tchau pro papai porque hoje ele vai dormir no sofá! – Ela brincou.

– Hey!

– AI! Ela chutou – Bella gargalhou, fazendo-me gargalhar no vídeo também – Viu? Isso foi um tchau!

Olhei novamente para Renesmee encontrando ela de olhos abertos, me encarando. Meu soluço naquele momento foi alto, então fitei minha filha em meus braços.

Os olhos dela eram exatamente como os de Bella.

Como eu pude odiar aquele ser? Um pedaçinho da mulher que eu amava, um presente, um milagre.

A minha única razão pra continuar vivendo.

Apertei Renesmee em meus braços, chorando descontroladamente.

– Desculpe Bella... Desculpe-me filha – Pedi entre os soluços. Beijei sua testa e me surpreendi por ela ainda não ter chorado.

Rasguei o papel de adoção que estava em cima da mesinha, deixando-o em pedaçinhos.

– Eu te amo meu amor. Serei o melhor pai do mundo. – E eu tentaria ser o melhor pai possível. Eu não tinha um pai para me espelhar, mas eu tinha uma pessoa.

Bella.

Naquela noite, dormi com Renesmee em minha cama e por incrível que pareça em nenhum momento da madrugada ela acordou.

Naquela mesma noite, me virei e meus olhos bateram na janela do quarto. Tinha uma brechinha da cortinha aberta e meus olhos captaram uma estrela. E no mesmo segundo, lembrei-me da frase da canção que Bella havia criado.

Olhe para as estrelas, eu sempre estarei aqui

E abri um sorriso imenso. Era ela.

– Eu te amor meu amor. Sempre te amarei. Espere por mim.

E dormi com aquela estrela refletindo nosso quarto e nossa filha em meus braços.

Naquele momento eu tinha minha família completa.


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Notas finais do capítulo

Eclampsia ou Eclâmpsia é uma séria complicação da gravidez e é caracterizada por convulsões. É um acidente agudo paroxístico da toxemia gravídica. Consiste em acessos repetidos deconvulsões seguidas de um estado comatoso. As convulsões podem aparecer antes (3 últimos meses), durante ou depois do parto, embora já tenham sido registrados casos de eclampsia com somente 20 semanas de gravidez. É precedido pelo cortejo de sintomas que constituem o eclampismo: aumento da albuminúria, cefaléias persistentes, hipertensão arterial, edemas, oligúria,vertigens, zumbidos, fadiga, sonolência e vómitos.****