O crime obviamente havia sido causado por Stefan. Cada parte do corpo da criança de oito anos aparentemente estava em seu devido lugar, porém, diante de um toque, cara membro do corpo caia pelo gramado da casa que ficava em Grantville.

- Departamento de Polícia de Mystic Falls – Ouvi uma voz conhecida falando e então vi um cara erguendo um distintivo e passando pelas faixas zebradas que cercavam a cena do crime.

Fiquei me perguntando como pude ser idiota e não ter pensado que Damon hipnotizaria os agentes da minha mãe e também me perguntei como pude ser idiota por não pensar em como Damon havia descoberto que Stefan estava em San Diego.

- A senhorita não pode entrar – O policial à minha frente me segurou e eu o encarei.

- Ah! A Senhorita Forbes está comigo – Damon falou sorrindo irônico – Pode deixá-la passar.

Assenti em agradecimento ao policial que me deixou passar e então marchei na direção de Damon.

- O que diabos você está fazendo aqui? – Sussurrei trincando os dentes.

- Procurando meu irmão Stefan... E você?

- Desejando poder arrancar sua cabeça fora e presentear Katherine com ela!

- Sou o desejo de muitas garotas mesmo.

Rolei os olhos e caminhei para dentro da casa com Damon.

Tudo estava revirado. Como se, de alguma forma, Stefan tivesse procurado por algo antes de partir. Essa teoria não fazia muito sentido. O que Stefan estaria procurando em um lugar tão longe de Mystic Falls como San Diego.

- Algum palpite?

- Há muito anos atrás, Stefan e eu passamos por San Diego. Deixamos algumas pessoas aqui e talvez Stefan tenha deixado algo de valioso pra decidir voltar tanto tempo depois.

Vasculhei a casa inteira e quando eu estava quase desistindo, tropecei – literalmente – em algo que me interessou.

Era quase igual um livro muito antigo, enrolado por um cordão de cor escura. Na capa havia apenas uma coisa:

1892

Peguei os livros na mão e o abri cuidadosamente. As folhas estavam manchadas por uma coloração amarela que quase entregava a idade do livro. Na primeira página os dizeres Esse diário pertence à Stefan Salvatore fez com que eu olhasse em volta e me certificasse de que Damon não estava vendo aquilo em minhas mãos.

Escondi por baixo da blusa de moletom que eu vestia e então sai da casa, indo direto para onde Damon conversava com o policial e observava o corpo montado, como se fosse um quebra-cabeças, à sua frente.

- Eu estou indo...

- Descobriu alguma coisa?

- Não – Menti – Prometi que voltaria para conversar com Elena quando eu tiver e quando não tiver novidades sobre Stefan.

Damon abaixou a cabeça um pouco surpreso, mas em seguida assentiu e eu comecei minha corrido de volta à Mystic Falls.

***

“Querido diário, tenho me tornado o pior de mim. Tenho sido pior até mesmo do que um dia eu pude pensar que seria.

Katherine se foi. Damon me culpa pelo que aconteceu e eu já não tenho mais nada à perder. Sou o mesmo há mais de trinta anos.

Sem sinais de velhice, sem sinais de mudanças, sem sinais de uma vida humana dentro de mim. Estou completamente desligado de mim mesmo.

Às vezes me pergunto se não seria melhor voltar ao que eu era, mas então penso que não suportaria a dor de ver o que tirei de Damon durante essas três décadas.

Algo inexplicável aconteceu ontem à noite. Eu estava caçando e um garoto, por volta de dezesseis anos me encontrou. Mesmo com as minhas emoções completamente desligadas, não matei o garoto. E me arrependo por isso.

Por isso hoje estou indo terminar o que deveria ter terminado ontem, quando notei o garoto horrorizado olhado para mim.”

- O que você acha disso?

- Ele não deveria sentir pena ou mesmo arrependimento com as emoções desligadas – Elena falou – Não sei como explicar.

- Eu tenho uma teoria, mas é simplesmente absurdo.

- Somos vampiros, Tyler era um lobo, Klaus é um Híbrido, Bonnie uma bruxa e meu irmão um caçador de vampiros. O que não é absurdo quando se trata de nós?

- Nós sabemos que Stefan é bom de uma forma injusta. Se Silas queria um ser que fosse completamente o oposto dele para que a Natureza se equilibrasse novamente... Até mesmo a parte obscura de Stefan...

- Teria que ter falhas!

Assenti e Elena se levantou, caminhando em direção à janela.

- Podemos trazer a humanidade dele de volta... Com algum esforço ou então podemos tentar o caminho mais fácil.

- E qual seria?

- Stefan é completamente apaixonado por você. Se existe ainda alguma parte boa dentro dele, você pode fazer ele voltar a si mesmo.

- Eu não sei Caroline. Eu magoei Stefan. Ele não vai mais me perdoar. Não posso fazê-lo acreditar que ainda o amo.

- Mas é a nossa única chance!

- Não posso fazer isso... Eu não consigo fazer isso!

Assenti me sentindo derrotada.

- Tudo bem. Não posso te obrigar. Talvez eu consiga alguma ajuda com a Bonnie.

- Bonnie? Caroline...

- Eu sei que a Bonnie está morta! – Gritei – Mas ela não deixaria de ajudar Stefan!

- Me desculpe! Eu não...

- Quer saber? Esquece... Talvez eu saiba agora porque Stefan se desligou de tudo. Foi demais pra ele! Você, Damon, Silas... De um jeito não muito igual, vocês têm algo em comum. Vocês o torturam sentindo gosto nisso!

- Não é verdade – Elena tentou falar, mas eu já estava na porta da entrada da casa dos Salvatore.

No mesmo instante, Damon abriu a porta e eu passei, empurrando-o e caminhando para longe daquele lugar.