A Lágrima Escarlate escrita por SorahKetsu


Capítulo 28
Razões incertas


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curto, porém importante.



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Depois da aula, o dia passou rápido. Poucas coisas aconteceram e o tempo era baseado em esperar que a noite chegasse, para que um novo dia começasse. No entanto, pequenas coisas davam a entender que o dia seguinte seria tenso.

Enjoada de ficar naquele seu velho mundo, já passavam das oito da noite quando Sabrina seguiu Dart quando o mesmo disse que gostaria de voltar à Ilha Eid, supostamente sem motivos. Era claro para todos, menos a Sabrina, que havia sim uma razão para o lifing voltar. Sorah ainda estava por lá com Kiev, talvez correndo perigo ou qualquer coisa parecida. Não importava. Mas a sensação de estar tão longe dela incomodava como um martelo batendo seguidas vezes em sua cabeça, dizendo para ir buscá-la.

Sabrina tentou manter-se calma nos momentos em que estava sozinha com ele. Apesar disso, seu coração batia forte. E era quase instintivo olhar nos olhos azuis e brilhantes, destacados na face bem formada, com alguns fios do cabelo azul escuro, que se ajeitava conforme o vento, caídos sobre o rosto. Dart era mais bonito que qualquer garoto, homem, ator, cantor, modelo ou qualquer coisa parecida que já tinha visto.

Caminharam em silêncio por todo caminho até a torre. Foram cerca de quinze minutos ou um pouco mais. Lentamente toda a estrutura de pedra erguia-se no horizonte. Ao vê-la, Sabrina achou que nenhum segundo havia se passado. Queria ficar um pouco mais andando ao lado de Dart.

Este, ao aproximar-se da torre, passou a olhar ao redor. Provavelmente procurando por Sorah. Mas não a encontrou. Então, de cabeça baixa, subiu as escadas de madeira, já renovadas, pois as antigas desabaram semanas antes.

Em determinado momento a humana achou que ele ficaria em outro quarto, mas o lifing a seguiu até o que ela dividia com Sorah.

Sabrina sentou-se na rede e ficou observando o que ele faria. O lifing foi até a janela. Onde permaneceu vários minutos. O silêncio parecia não incomodá-lo. Era a primeira vez que Sabrina o via triste, abatido, com o olhar perdido. Cerca de quinze minutos depois, ele virou-se sem olhar em seus olhos e deitou-se na rede ao seu lado.

A humana levantou-se e foi ver o que ele tanto olhava. Lá em baixo, Sorah, treinando com Kiev, na ultima luz do sol, parecia completamente alheia à tristeza dele. Sorria.

Suspirou e voltou para a rede. Já era tarde. A lua já se responsabilizava por iluminar o que o sol tinha deixado de ver. Demorou a dormir, mas quando o fez, nem os sonhos a incomodaram.

 

Muitas coisas aconteceram no tempo em que nada acontecia. Dart pensou em tantas coisas, tantos tempos, tantas lembranças que mais do que simplesmente sua vida fora revista por inteiro. Sabrina por sua vez ficava observando sua tristeza com pena dele.

Em determinado momento ele se levantou e foi até a janela. Ela estava lá, exatamente como ontem, treinando com aquele Kiev. E como estava feliz! E como esperou para ver essa felicidade brotar em seu rosto! E mesmo assim a dor de vê-la tão contente era enorme, quase tão grande quanto a falta que fazia.

Irritado, voltou-se à rede, alheio à Sabrina. Sorah não estava ali e mais nada importava. Ela não estava naquele quarto, não estava por perto. Sua presença simplesmente não preenchia o quarto e seu coração. Era como se houvesse um lugar em cada chão que pisasse, reservado àquela lifing. Mas no momento esse lugar estava desocupado. E isso doía como se fosse uma parte de seu corpo arrancada.

A procurava em cada canto, acostumado com sua presença. Por que era assim tão difícil conviver com sua falta? Olhava para os lados achando que a veria de repente, em qualquer lugar.

Mas sua ótima audição lhe informava que ela estava longe, treinando com Kiev.

Nervoso, foi até a janela novamente, sempre sendo seguido pelos olhos de Sabrina. A lifing parecia ter parado finalmente. Abraçou Kiev, o que fez Dart fechar os punhos com força. Ela tomou o caminho oposto ao dele. Vinha em direção da torre.

Dart nunca descera aqueles degraus tão rápido. Pulava cerca de cinco ou mais por vez. Sabrina simplesmente foi até onde sua visão o acompanhou. Ficou no quarto, pensando que seria inútil que ele fizesse qualquer coisa para separar os dois. Esperaria até que o mesmo voltasse, com a mesma cara abatida ou pior.

Sorah assustou-se ao vê-lo lá em cima, no topo das escadas de madeira que levavam à abertura da entrada da torre. Os dois se encararam longamente trocando acusações com o olhar.

Isso foi só até que ele tomasse coragem de descer, lentamente, cada um dos degraus frágeis até ela.

Parados ali, a menos de meio metro um do outro, sob uma distância segura feita de uma enorme tensão que se formava.

- Vejo que está feliz. – começou Dart, tendo certeza de que era o primeiro golpe de uma guerra.

- Estou. – confirmou Sorah em tom indiferente – Isso o incomoda?

- Muito.

Fim do primeiro combate.

- Por que ainda está aqui? Deveria ter ido embora.

Nocaute.

- É você quem deveria volta para seu reino com Kiev.

- Ainda tenho um trabalho pra finalizar com as guardiãs. Você não tem mais nada pra fazer aqui.

Sorah chutava Dart caído.

- Então não se importa de que eu quebre minha promessa. – afirmou, tocando numa ferida.

- Sua promessa não vale mais nada depois do que tem feito. Você é um traidor. Um traidor sujo do reino Antigo.

- Sou eu quem te traiu? Não vejo dessa forma.

- Você disse que não deseja minha felicidade. Após todos esses anos, só agora vem me dizer isso? Por que não me matou logo de uma vez? Ou quis brincar comigo ou não percebeu que eu confiava em você. Pra mim isso tudo não foi só uma brincadeira.

- Foi você que passou anos ao meu lado e me trocou por esse Kiev! – acusou Dart gritando.

- Te troquei? Ficou louco? Uma coisa não tem nada a ver com a outra! A relação que tenho com Kiev é completamente diferente da que tive com você! Isso é mais do que óbvio, não sei do que está falando.

- E por que é tão óbvio assim!? Por que você faz questão de fazer disso tão óbvio!? Você é fria demais para perceber as coisas, Sorah!? Então me diga como foi que percebeu que Kiev gostava de você!

- Kiev sempre gostou de mim e eu sempre gostei dele. Isso era claro e novamente óbvio. Ele era a única pessoa que eu tinha e sempre me tratou muito bem. Metade do que sou hoje é por causa dele. Não há como não amá-lo.

- Amar!? O que você sabe sobre amar? NADA! Você não sabe nada sobre isso!

- Cale a boca! E pare de falar coisas que você não sabe!

Era a primeira vez que brigavam sério. Não sabiam nada sobre brigar um com o outro.

- Me fez prometer que jamais te abandonaria. E agora é você quem quer que eu vá.

Sorah permaneceu em silêncio diante da primeira verdade com que ambos tinham de concordar.

- Naquela época eu achava que você se importasse comigo tanto quanto eu com você.

- Você nunca se importou comigo mais do que eu com você! Acontece que minha visão de felicidade é completamente diferente da sua! Na minha visão não existe nem nunca vai existir nenhum Kiev!

- Não importa o que você diga! – exclamou Sorah realmente nervosa – Nunca mais me forçarei a esquecer Kiev! Nunca mais vou me afastar dele!

- Então fique com esse desgraçado! Posso ter a garota que quiser!

- Você sempre teve a garota que quis. Não sei o que isso tem a ver.

- Eu nunca tive quem eu realmente quis. E é claro que você não sabe o que isso tem a ver. Pra você eu sou só um capacho. Um mero companheiro de viagem. Nunca te passou pela cabeça que você fosse muito mais que isso pra mim. Parece que só Kiev sabe como realmente é. Só ele te conheceu antes que seu coração congelasse. Sorte dele. E sejam muito felizes juntos.

Dart virou-se e subiu as escadas duras querendo destruir qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Pisando duro e olhando para baixo, bufando. Sabia perfeitamente que ainda naquele dia toda raiva viraria uma imensa tristeza. E se preparava pra conter as lágrimas.

Sabrina estranhara a demora e vinha descendo. Não seria muito grande o tempo até que os dois cruzassem na escadaria.

A humana sentiu a face corar o vê-lo. Tentando fingir que não era atrás dele que tinha descido, passou reto e seguiu em direção à saída.

Dart ia seguir, quase tendo ignorado-a. Mas algo o fez parar. Irritado, virou-se e antes que pudesse perdê-la de vista, a chamou.

- Sim? – respondeu Sabrina imediatamente virando-se para olhar em seus olhos.

- Quer namorar comigo?

 

                                                 ***


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Notas finais do capítulo

Será que a garota aceita? aUHsuha



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