A Lágrima Escarlate escrita por SorahKetsu


Capítulo 1
Introdução e Epílogo




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Nenhuma dor é em vão. Torna-se quando não aprendemos nada com ela.

 

Certas criaturas, fadadas ao sofrimento, vivem das sombras, da miséria alheia, de mentiras e traições.

Uma peste que se alastra pelo mundo, matando tudo que vê pela frente. Sentiria-se melhor matando? Não importa a resposta. Não há mais meios considerados inteligentes na busca pela felicidade. Então fingem que há. Que os utilizam. Roubam novamente. Utilizam uma espécie de máscara. E desejam, tal como as criaturas que matam, apenas buscar felicidade. Métodos são apagados então, instantaneamente pelo próprio prazer. Essas criaturas são cegas, pois não vêem aos outros da própria raça. Alguns até vêem os mais próximos. No geral, essa espécie só vê a si próprio. Os outros são pequenas existências. O curioso é que elas fingem se enxergar. Apesar de só verem máscaras inúteis – pois as máscaras que usam é a única coisa que vêem uns nos outros – eles dizem saber que há outro, há sua imagem e semelhança.

O nome dessa espécie é raça humana.

Num outro lugar, há outro tipo de seres. Aqueles ditos demônios. Que odeiam os humanos. Que também os matam. Que devoram uns aos outros, se embebedam de sangue não importa a criatura que tiverem de matar, mesmo que seja um deles. O que eles são…? Uma dor. Uma grande dor. E um grupo de humanos terá de aprender com esta dor.


 

Prelúdio.

 

 

 

 

A noite se estendia trazendo consigo a chuva forte e gélida. Do sul, ventos poderosos ameaçavam arrancar as árvores grossas e baixas. O cheiro da terra molhada misturava-se ao som das gotas batendo no chão com a força da tempestade. A lua escondeu-se atrás das nuvens e lhe deu um aspecto cintilante, até perder todo seu brilho quando, lentamente, as partes mais escuras e carregadas das nuvens venceram sua luz.

A floresta densa e tenebrosa desafiava os mais corajosos guerreiros a desbravarem-na. E quando a lua não a iluminava mesmo seus habitantes evitavam sair de suas tocas. Uma névoa pesada e gelada ousava pairar entre os troncos mesmo durante a chuva. O vento dançava por entre as árvores uivando morbidamente. Não havia muitas plantas no chão além das árvores escuras e algumas vezes, já mortas. Um cenário que até o coração mais corajoso temeria.

Três vultos pareciam não saber disso.

O vento batia em suas vestes como se os mandasse embora. Os mantos negros que os três vestiam esvoaçavam atrás de si, dando-lhes uma imagem fantasmagórica. Estavam de frente um para o outro, ignorando a chuva gelada e os raios que caíam tão perto que se podia facilmente ver o local onde caíam. Usavam máscaras prateadas com espaço apenas para os olhos. Na verdade pareciam segundas peles devido à humanidade perfeita do formato das máscaras inexpressivas.

- A escuridão comemora a vitória tardia. Os ventos têm cheiro de morte. – bradou o vulto mais alto com uma voz forte, que cortou o uivo dos ventos e os trovões.

- A guerra apenas começou Belthor. – discordou o segundo vulto. Era uma mulher.

- É engraçado como a única esperança da luz teve a audácia de nascer no mesmo instante que o representante das trevas. – comentou o vulto mais baixo. Também se tratava de uma mulher.

- O destino escolheu sua vida. Mas que tragédia… nascer para destruir algo que libertou com seu nascimento… O lado do bem é tão cheio de controvérsias, incertezas e tristezas. – adicionou o mais alto, chamado Belthor. – Seria muito mais fácil se todos fossem de um único lado.

A mulher mais baixa tombou a cabeça para baixo com essas palavras. O vento uivou mais alto.

- E o pior… estar destinada a lutar contra alguém foi sua aliada antes mesmo de nascer… - adicionou Belthor.

- Isso é coisa da sua cabeça. – discordou novamente a mulher mais alta. – Você colocou Sorah contra nós.

- O destino colocou Sorah contra nós. – retrucou Belthor. – Sua ânsia por nos destruir, sua sede de sangue a colocou contra nós. E agora a esperança terá de enfrentá-la.

- “A esperança” tem nome. Já podemos chamá-la de Sabrina. – corrigiu a mulher mais baixa. – E quanto a Sorah, nós a deixaremos neste mundo. E como você deseja Belthor, esperaremos que alguma criatura a mate. Mas acho que toda sua força nos servirá de algo. Ela pode destruir aquela que for inútil. E se ela merecer sua vida, certamente resistirá.

O silêncio predominou no local. Um raio os iluminou, refletindo em suas máscaras prateadas.

- Que o destino prove que ainda há bondade no coração dela e a faça merecer sua vida.

- Como se bondade garantisse a vida dos milhares de humanos que ela matou…

- Espero simplesmente que Sabrina não se inclua nesses milhares. – suspirou a mulher mais baixa.

- O bem a desprezou… mas que ironia… A luz que sempre a julgou não a aceitou quando quis abandonar as trevas.

- Como nós?

- Como nós.


 


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Notas finais do capítulo

Bom, nao sei se vou continuar colocando, provavelmente não, vai depender de comentários.