A Noiva Do Cafezal escrita por Mundodoslobos


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, mais um capítulo postado, esse é um pouquinho maior...espero que gostem...



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Capítulo 2

Na manhã do dia seguinte Cecília acordou e seguiu para escola, seguindo sua rotina normal, porém algo lhe cutucava dentro de si, algo que a chamava para uma aventura, para descobrir o que realmente tinha acontecido com a pobre moça, qual a real história por trás dessa lenda, as palavras de seu avô martelava na sua cabeça.

Ao chegar na escola Cecília sentou na ultima fileira o que não era de costume, sempre foi uma aluna exemplar, que sentava na primeira fila e sempre atenta as aulas, mas hoje ela estava distante...seus pensamentos iam longe, para perto do cafezal...

“ei, psiu Ceci!”

Um menino sussurrava na fileira da frente...

“Ceci! Alô, cê ta dormindo acordada?”

Cecília: “ Oi Pedro,não, desculpa só estou distraída”

Pedro: “  ein vamos jogar vôlei depois da escola? O Hugo e os meninos vão jogar no campinho”

Pedro falou acenando para um menino gordinho que sentava ao seu lado que era o tal Hugo.

Cecília: “ Desculpa Pedro mas hoje eu não to com cabeça para isso...”

Pedro: “ e você ta com cabeça pra quê?”

Cecília: “ Bem, não sei se devo te dizer...”

Pedro: “ e por quê não?”

Cecília: “ Bem...é que meu avô me contou uma história...a história de uma noiva...”

“A NOIVA DO CAFEZAL????” O Menino gordinho a interrompeu gritando isso no meio da sala, todos se voltaram para ver o que acontecia e a professora o repreendeu.

Cecília colocou a cabeça entre suas mãos e acenou negativamente com a cabeça

Pedro: “ o que tem ? isso é só uma lenda, não é verdade essas coisas”

Hugo: “ É verdade sim Pedro! Ouvi dizer que ela até pega meninos que andam sozinhos por ai...”

Pedro: “ nada haver, se fosse assim não tinha mais nenhum menino na cidade...”

Cecília: “ Bem, eu só vou saber se é verdade investigando!”

Pedro: “ mas como você vai fazer isso Ceci? Isso aconteceu a tanto tempo, nem deve ter nenhuma pista de nada.”

Cecília: “ Eu vou lá na capelinha, talvez encontre algo sobre isso..”

Hugo: “ Ou talvez só encontre ratos e fantasmas, até o caseiro que tomava conta da capelinha fugiu de medo, ninguém mais vai lá.”

Cecília: “ Eu vou!”

Pedro: “ se você for eu também vou com você!”

Hugo: “ Hummm, Pedro e Cecília , ein ?”

Cecília mais uma vez ficou constrangida, acenando negativamente com a cabeça para Pedro que agora estava vermelho de vergonha

Hugo: “ Eu podia ir com vocês, eu e alguns meninos do vôlei, seria uma garantia de nada acontecer!”  Hugo falava isso com um certo orgulho no rosto

Cecília: “ ok, ok contanto que não atrapalhem!”

Pedro: “ Combinado então! As 5 da tarde, fechado?”

Cecília e Hugo responderam fazendo quase que um coral: “ Fechado”

E então as tão esperadas 5 horas haviam chegado, porém Hugo só havia conseguido um amigo para ir com eles até a capelinha, os outros deram desculpas esfarrapadas, pois tinham medo do lugar.

Então seguiam pela estrada, Pedro, Cecília, Hugo e Marcos ,o amigo que o Hugo tinha arranjado. Hugo e Marcos seguiam brincando um com outro e Pedro cochichava com Cecília.

Pedro: “ Mas por que você quer tanto saber essa história? Será que você já não sabe demais dos fatos ocorridos?”

Cecília: “ Saber eu sei, mas quem me garante que foram verdadeiros?”

Pedro:  “ Ué, você não acredita no seu avô? Ele deve ter vivido aquela época e ter visto até o acontecido, você acha que ele estaria mentindo?

Cecília: “ Não é que eu ache que ele esteja mentindo, é que alguns fatos me pareceram um pouco estranhos...”

Pedro: “ Como assim estranhos?”

Cecília: “ Primeiro, sobre a morte do rapaz, meu avô disse que o capataz falou para a garota que o seu amado tinha sido morto e seus pedaços jogados aos porcos...mas porcos não são carnívoros, o porco é um animal onívoro, todo mundo sabe disso.”

Pedro: “ Ah mas talvez aqueles eram carnívoros...”

Cecília: “ ok, vamos supor que eles fossem e isso realmente aconteceu, como não iria se saber a identidade do rapaz? Já que o mesmo era filho de empregados da fazenda e seus pais? Ficaram calados o tempo todo? Não protestaram? Não vingaram a morte do filho? Simplesmente aceitaram isso? Acho que não, né?”

Pedro: “ Tá, mas como você pretende descobrir se isso é verdade ou não?”

Cecília: “ Olha, eu não sei te dizer, mas que eu quero tentar, eu quero...talvez isso possa ajudar ela...”

Pedro: “ Ela? Ela o quê? Ah não Cecília, não vem me dizer que você acredita nessas bobagens de fantasmas?”

Cecília: “  Eu nem acredito e nem desacredito, não posso dizer que existe porque nunca vi, mas também não posso dizer que não existe só porque nunca vi nada...é como Deus , Pedro...você acredita?”

Pedro: “ Claro que sim!”

Cecília: “ Mas você nunca o viu! Mas isso não te impede de saber que ele existe, pelo menos pra você.”

Pedro: “ É Diferente!”

Cecília: “ Não, não é diferente...olha, essa moça sofreu muito, sua alma foi embora muito antes do tempo e o pior com uma desilusão, uma coisa ficou inacabada aqui na terra...talvez ela precise de paz, talvez as coisas não tenham sido dessa forma e eu quero saber!”

Pedro: “ Nunca vi você tão determinada, Ceci!”

Cecília: “ Nem eu.”

Finalmente chegaram na Capelinha que agora parecia mais uma casa velha e abandonada com uma cruz em cima, a luz do sol já estava mais baixa, isso deixava o cenário ainda mais assustador, tudo ali era assustador, até o silêncio, não tinha sinal de vida por perto, até os barulhos normais como de animais da região como grilos, pássaros, não se ouvia ali. Hugo catucou Cecília e falou muito baixo para se ouvir: “ Ceci, acho que devíamos ir embora!”

Cecília: “  Acabamos de chegar Hugo... deixa de ser medroso!”

Hugo: “ Medroso, eu? Só to falando isso porque não tem mais nada pra ver aqui, a capelinha ta trancada!”

Cecília: “ A porta sim...mas nada nos impede de entrar pela janela, não é? Pedro me ajuda aqui?”

Pedro, prontamente ajudou à amiga dando um calço para que ela subisse na janela que já nem vidros existiam mais ali...

Pedro: “ Hugo, você vem?”

Hugo: “ Acho melhor não, eu e o Marcos vamos ficar aqui fora pra dar cobertura a vocês!”

Pedro: “ Cobertura? Ah ta...”

Então com um pulo Pedro pulou para dentro da Capela, dentro não dava pra se enxergar quase nada não havia nenhuma lâmpada que funcionasse a não ser a lâmpada que ficava acesa do lado de fora da capela, a fraca  luz do sol entrava pela janela e se fazia enxergar pelo menos um palmo a frente do nariz. Muitas imagens de santos estavam quebradas no chão, velas queimadas  e quebradas ficavam sob um pequeno altarzinho.  Aquela Capela era mais uma espécie de oratório bem pequeno e fazia com que Cecília e Pedro ficassem mais próximos que o normal.

Pedro: “ Ceci, você ainda ta ai?”

Cecília: “ claro né seu bobo, onde eu podia estar? Não consigo nem me mexer direito...”

Pedro: “ Você consegue ver algo?”

Cecília: “ Nada mais que velas e santinhos quebrados...”

Pedro: “ É isso eu também vejo...”

Cecília: “ É acho que não tem mais nada pra ver aqui...”

Neste momento Cecília virou em direção a janela por onde eles tinham entrado, porém acabou encontrando o nariz de Pedro.

Cecília: “ Ai, Pedro quer me matar de susto?”

Pedro: “ Acho que quem quer me matar aqui é você, só que não é de susto não!”  Pedro falava isso olhando nos olhos de Cecília, suas mãos tiravam levemente uma mecha de cabelo que atrapalhava sua visão daquele rosto de anjo que Cecília tinha, era claro que Pedro tinha sentimentos por Cecília.

Cecília: “ cala boca!”

Cecília então voltou em direção a janela e já se preparava pra pular quando ouviu a voz de Pedro

“ ei, o que é aquilo?”

Cecília virou imediatamente para ver “ O que? A onde?”

Pedro: “ ali, embaixo do altarzinho, cor prata, parece uma correntinha”

A Corrente brilhava sob luz quase inexistente do sol. Cecília se aproximou e esticou sua mão pra pegar, quando Neste momento ouviu-se um grito no lado de fora. Seguidos de murros e batidas na porta da capela, neste momento Cecília caiu pra trás, e Pedro ficou assustado com tamanha violência das batidas.

Pedro: “ Cecília, vamos sair daqui, deve ter alguém lá fora, acho que talvez é o caseiro, se ele descobrir a gente aqui ele nos mata!”

Cecília: “ Calma deixa eu pegar...”

Quando ela voltou seus olhos para o lugar onde estava a corrente, ela já não estava mais lá, havia sumido.

Cecília:  “ Mas que droga! Cadê essa corrente?”

Pedro: “ Cecília, vamos!” disse Pedro a puxando pelo braço, os dois pularam a janela e já do lado de fora não havia sinal do Marcos e do Hugo.

Cecília: “ Pra onde será que eles foram?”

Pedro: “ Acho que eles queriam nos assustar “

Cecília: “ Mas, você ouviu as batidas na porta, parecia mais um monstro batendo...”

Pedro: “ e o Hugo é o que? “  Cecília tentou mas não agüentou a gargalhada

Cecília: “ É  deve ser, vamos logo já ta ficando de noite e eu tenho que correr pra casa, se minha mãe descobrir o que eu to fazendo ela me mata!”

Pedro acenou com a cabeça e a seguiu.

No outro dia logo cedo a caminho da escola, Cecília tentava reorganizar os fatos que haviam ocorrido na tarde anterior, do estranho sumiço da corrente, mas talvez fosse a escuridão da capela.

Ao chegar na escola, sentou no mesmo lugar e logo em seguida Pedro veio lhe falar

Pedro: “ Oi, Ceci tudo bem?”

Cecília: “ Tudo!”

Pedro: “ Você viu o Hugo?”

Cecília: “ Eu? Por quê eu veria o Hugo, a última vez que o vi foi ontem lá na capela, assim como você, por que?”

Pedro: “ Não, é que eu tinha combinado com ele de jogar vídeo game lá em casa depois e ele não apareceu!”

Cecília: “ Acho que ele ta seguindo o plano pra nos assustar! Haha”

A Professora entrou na sala com uma cara de enterro e anunciou

“ Bom dia Turma, Bem hoje o aluno Hugo Braz não vai vir a escola, bem não sabemos quando ele vai voltar ao nosso convívio, ele está sumido desde a tarde de ontem, se alguém souber do paradeiro dele, ou conhecer alguém que tenha estado com ele ontem por favor, entrem em contato com a família dele, pois estão desesperados à procura de notícia!”

Cecília olhou horrorizada para Pedro, que também não apresentava uma cara muito boa.

Cecília:  “ Meu Deus, Pedro e agora? “

Pedro: “ Será que aconteceu alguma coisa naquela hora que ouvimos o grito?”

Cecília: “ Se aconteceu...eu não vou me perdoar!”

Pedro: “ Calma, vamos ter calma...você acha que devemos falar para a família dele?”

Cecília: “ Não! Não sei...O que vamos fazer?”

Pedro: “ Calma, vamos esperar terminar as aulas e vamos procurá-lo se não acharmos, contamos pra família!”

Cecília: “ Ok, ok”

Na cabeça de Cecília, surgiam milhares de pensamentos pessimistas e nenhum fazia sentido, o que havia acontecido? Será que Hugo estava morto? Agora era esperar para ver...

Cecília: “ Ei, Pedro...você sabe onde o Marcos mora?”

Pedro: “ Sei, sim...mas será que ele também não está sumido?”

Cecília: “ Acho que não, se não a professora tocaria no assunto já que ele também estuda nesta escola, só não na nossa sala...”

Pedro: “ OK, quando terminar a aula vamos atrás dele!”

Ao terminar a aula Cecília e Pedro saíram e foram até a casa do Marcos, que por incrível que pareça estava em casa...

Pedro: “ Ei Marcos, cadê o Hugo? O que aconteceu ontem que não vimos mais vocês quando saímos da capela?”

Marcos: “ Cara, eu sai correndo de lá, o Hugo tava me assustando com as coisas que ele estava falando...”

Cecília: “ Como assim, que coisas?”

Marcos: “ Sei lá, ele tava falando que tinha uma mulher vindo em nossa direção, mas eu não via nada...dai ele começou a me apertar o braço e falar que ela ia pegar ele, no começo eu achei que fosse brincadeira mais depois ele começou a chorar e a gritar e eu saí correndo!”

Pedro: “ Que? Cê ta falando sério? E as batidas na porta? Foi o Hugo que bateu?”

Marcos: “ Batidas? Eu não vi o Hugo bater em nada...só se foi quando eu saí...”

Decepcionados com o que tinham ouvido Cecília e Pedro saíram pela estrada para tentar encontrar Hugo quando  de repente se depararam com uma pequena multidão que se formava na beira da estrada, ao se aproximar mais avistaram um menino gordinho no meio de tanta gente que tentava ajudá-lo, suas vestes estavam rasgadas e sujas, seu cabelo desgrenhado, seu rosto apresentava um horror jamais visto, Pedro e Cecília tiveram certeza de quem era, Hugo. Chegaram mais perto abriram a multidão para tentar falar com ele, Cecília foi à frente e quando Hugo olhou para ela arregalou os olhos e falou: “ EU A VI!! EU A VI!”

Cecília: “ Viu quem??”

Hugo: “ A Noiva! A noiva!”

Cecília: “ Calma, Hugo você deve ter delirado!”

Hugo: “ EU A VI! E ela me falou que...”

Cecília: “ Falou o quê Hugo??”

Hugo tremia da cabeça aos pés, gaguejava muito, quase não dava pra entender o que ele falava...

Cecília: “ FALA HUGO!”

Hugo: “ Ela falou que quer você!”

Cecília: “ Como assim Hugo? O que mais ela disse pra você?”

Neste momento os familiares de Hugo chegaram desesperados e tentavam puxar ele para pode dentro do carro, mas ele não parava de olhar para Cecília, com aqueles olhos esbugalhados e falando sem parar: “Ela quer você, ela quer você! É você quem ela quer!”


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado desse Capítulo, foi um pouco mais extenso, porém era preciso para por todos os novos acontecimentos...Comentem, critiquem! Obrigado!



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