Lolita Trickster escrita por Wingates, Isamu H Ikeda


Capítulo 3
O que há de errado?


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, mais surpresas! ♥
Boa leitura!



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O sábado amanhece. Porém, não era um dia bom para todo mundo.

Ichinose Shiori, vizinha de Sanada e também estudante da Rikkaidai, acompanhara-o ao treino naquela manhã por não ter nada o que fazer no momento, porém estava se arrependendo devido ao "trabalho escravo" que fora imposto a ela: segurar lanches para os membros do clube de tênis de seu colégio.

– Gen-nii malvaaaaaaaado! – a menina reclama.

– Malvado por que, Shiori? – Sanada pergunta com um tom indiferente.

– Por me acordar, me fazer cozinhar lanches e energéticos, sei lá o que você me mandou fazer, vir e ficar de pé aqui!

– Você deveria parar de reclamar, Shiori.

– Eu?! Olha quem fala!

– Fique aí e não atrapalhe o treino, está bem?

Silêncio.

***

Naquela manhã de sábado, as duas amigas acordam praticamente ao mesmo tempo, e preparam seu café da manhã.

Era bom poder dormir até mais tarde, mas Ayanami precisava ir trabalhar no Café e Yukari ainda tinha que resolver alguma maluquice com a sua mãe.

Logo que acabam de comer, escovar os dentes e fazer todo aquele ritual matinal de sempre, despedem-se. Ayanami se arruma e vai trabalhar. Como seus pais ainda estavam viajando, o trabalho com certeza seria bem puxado.

A garota fica no Café. Preparando doces, atendendo os clientes, limpando o chão e as mesas. Sentia uma saudade enorme do namorado, mas sabia que mesmo aos sábados ele tinha treino do clube de tênis. "Bonezinho malvado, eles treinam muito!", ela pensava.

E na Rikkaidai, Akaya já estava esgotado e não suportava mais correr. Não por impedimento físico, mas por seu estado emocional. Largou tudo de mão e sentou-se, ignorando a gritaria incessante do subcapitão.

– Akaya! Já descansou o suficiente. – diz Sanada aproximando-se.

– Não! – o mais novo o confronta.

– Akaya! Que tom de voz é esse? Volte já para o treino! – Sanada ameaçava perder a paciência.

– Eu tô cansado, porra! Me deixe! – altera-se, mas não olhava para o subcapitão. O olhar estava baixo.

– Você tem mais cinco minutos. Se não voltar a treinar até lá, vai ser pior pra você. Dessa vez vou relevar esse seu comportamento, mas só dessa vez. – Vira-se e volta a treinar no lugar onde estava.

Niou, notando a estranha confusão entre aqueles dois, nota que Akaya estava diferente. Fica preocupado, e vai falar com o amigo:

– Eu hein... Akaya, tá tudo bem?

– Você acha que está? – responde ironicamente.

– Ahn... Não né... Mas calma, nem vem querer brigar comigo, eu não te fiz nada. Mas o que aconteceu? Não é cansaço, tenho certeza.

– Não te interessa, Niou-senpai... – levantou-se em direção ao vestiário.

– Oe, Akaya! – insiste e vai atrás do amigo.

– Para de me seguir!

– Fala logo o que aconteceu, então!

– Eu to com ciúmes do Sanada-fukubuchou e da Amane!

– Ei, é claro que isso me interessa! O que ele fez!? – fica surpreso e curioso.

Já no vestiário, o garoto confessa o incômodo a Niou, contando tudo sobre a tal carta enviada a Ayanami pelo seu vice-capitão.

– Eu sei que não é nada de mais, porque eu conheço o jeito da Ayanami... Sei que não tem como o fukubuchou querer algo com ela, porque ele só estava retribuindo o favor... Mas lá no fundo, eu não consigo conter os ciúmes. O que eu faço? – o garoto abaixa a cabeça, e lágrimas involuntárias ameaçam escorrer por seu rosto.

Niou deposita uma mão sobre o ombro do amigo, procurando palavras que pudessem confortá-lo. Por todos esses anos, o garoto de cabelos brancos sempre fizera de tudo para que a paciência de Akaya fosse para o espaço (ou até mais longe do que isso), com suas trapaças e brincadeiras; mas agora ele estava espantado. Nunca vira Kirihara naquele estado, parecendo ter um grito de desespero preso na garganta.

– Akaya?

– Hm? – o menor respondeu ainda cabisbaixo.

– Você tem medo de perdê-la, não tem?

Ele hesitou um pouco, mas precisava desabafar:

– Tenho. Porque talvez eu não tenha a mesma sorte de encontrar outro anjo como ela... Não, isso seria impossível.

– Tem razão.

– Niou-senpai... O que eu faço?

Agora que Akaya já o encarava, ficou ainda mais difícil para o maior respondê-lo. Ele sabia que precisava ajudar, só não sabia como. Mas, de repente, Renji aparece no vestiário:

– Niou-san, Kirihara! Acho melhor vocês voltarem logo para o treino. O Sanada não vai mais tolerar por muito tempo a ausência de vocês. – informou-lhes, não muito paciente.

Os dois se levantaram e voltaram às quadras. Não que Akaya estivesse agora completamente disposto, pois ainda não o estava, mas pelo menos sabia que poderia contar com Niou caso acabasse extravazando a raiva mais uma vez. O maior ficou de olho em Kirihara o tempo todo, e até acertava algumas bolas de tênis nele quando era necessário lembrá-lo de que deveria manter a calma, por mais difícil que fosse.

Encerrado o treino, todos se aprontam para ir embora. A caminho da saída do colégio, Niou faz um convite ao Akaya para que este fosse a sua casa no dia seguinte. E prometeu que encontraria uma forma de ajudá-lo. O menor agradeceu e se despediu.

Com o cansaço e o sono o vencendo, o garoto de cabelos negros acaba adormecendo enquanto espera por seu ônibus. Mas de repente, ouve uma voz doce e muito familiar chamar por ele:

– Akaya... Acorda.

Dificilmente conseguindo distinguir realidade de sonho, o garoto vê um semblante familiar. Ele sorri ao constatar ser o de Ayanami, mas jurando que era um devaneio, cai no sono.

– Amane...

A garota ri de leve, tentando acordá-lo mais uma vez:

– Akaya, acorda! Você vai perder seu ônibus! – balança o garoto.

– Só mais 5 minutos...

Ele realmente estava cansado, mas a garota acabou cogitando a possibilidade de ele a estar evitando, já que, no dia anterior, ele tinha agido muito estranho. Mas ela não queria brigar. Tinha ido até o ponto de ônibus onde sabia que o namorado estaria porque não o encontrara na Rikkaidai. Como eles não tinham se falado por todo aquele dia, Amane preparara um obentou especial para o garoto, e pretendia entregar a ele depois do treino do qual ele acabara de sair. No entanto, seu namorado mal reagia a suas tentativas de despertá-lo. E depois de tantas, ela constatou que ele estava mesmo dormindo (o que era um alívio).

Já impaciente, a garota decide beliscá-lo na barriga. Sem piedade.

– Acorda! – diz ao beliscá-lo.

O garoto dá um pulo de susto, abrindo os olhos mais do que depressa.

– Ai! Por que fe... Amane!?

– Finalmente! – ela diz rindo de leve, orgulhosa por ter alcançado seu objetivo.

– O que faz aqui? – ele sorri, confuso.

– Bem... Eu te fiz isso. – mostra o obentou preparado exclusivamente para ele. – Eu fui até a Rikkaidai, mas você não estava mais lá, então corri pra cá porque sei que espera o ônibus aqui. Mas você estava dormindo e não acordava de jeito nenhum! A única opção foi te beliscar.

– Ah, entendi. Mas você belisca forte, sabia? – ele ri, e ela acaba fazendo o mesmo.

Akaya toma gentilmente o obentou das mãos de Ayanami. Porém, ao olhar para ela no intuito de lhe agradecer, ele simplesmente perde a fala. A garota olhava-o ternamente; os doces olhos acompanhavam um pequeno sorriso, e Kirihara estava agora perdido em tudo aquilo.

– Akaya? – ela pergunta, notando o quanto o garoto parecia estar em outro planeta.

– Hm? – ele indaga, acordando do transe.

– O que aconteceu?

– Ah... Nada, não... – ele cora levemente.

– Você já tá vermelho, seu bobo. – ela sorri.

– T-tô? – ele coloca as mãos sobre o rosto.

– Sim!

De repente, ambos percebem uma luz forte se aproximando.

– Ah, é o seu ônibus! – Ayanami afirma.

– Droga, é mesmo!

– Vai logo! – ela ri, sempre se divertindo com o jeito do namorado.

– Tá! – ele faz o sinal para que o veículo pare, e rapidamente dá um beijo de despedida nos lábios da garota. – Dorme bem, tá? – ele diz enquanto olha naqueles olhos meigos, ainda corado. Nunca vai deixar de ficar vermelho ao chegar tão perto da namorada.

– Você também... – ela fica sem jeito, mas feliz. E sorri da forma mais doce possível.

O garoto entra no ônibus. Estava vazio. Ele se acomoda em um assento bem próximo à janela, e observa Ayanami conforme o meio de transporte vai se afastando do local de agora há pouco. A garota fica parada, também o acompanhando com os olhos, observando-o ir embora.

"Por um breve momento eu esqueci que estava com raiva. Parecia que nada mais tinha importância. Nada mesmo", pensa Kirihara.

***

No dia seguinte, Akaya acorda confuso. Não tinha mais certeza do que estava sentindo. No momento em que esteve com Ayanami no dia anterior, esquecera-se de tudo o que lhe havia ocorrido durante a estressante tarde de sábado.

Pensou em ligar para a garota. Pensou em pedir desculpas. Mil e uma delas.

Quando abriu o seu telefone celular, encarou-o. Num comportamento habitual, foi reler as incontáveis mensagens que Ayanami lhe enviava. Releu a última e se arrependeu amargamente. Agora sim estava mais confuso do que nunca.

Ligou para Niou.

O amigo lhe avisou que àquela hora estava praticando um pouco em uma quadra de tênis pública, e Akaya foi encontrá-lo lá mesmo.

Ao encontrar o maior, Kirihara explicou o que acontecera na noite de sábado, quando esperava seu ônibus, e explicou também o sentimento de revolta que lhe voltara à tona naquela mesma manhã de domingo. Com isso, Niou achou melhor que fossem para a casa dele, porque ali não era o lugar mais “seguro” para se conversar, ainda mais sobre tal assunto. E assim fizeram.

Mas ao chegarem à casa de Masaharu, qual não foi o espanto dos dois garotos.

– Yuka!? O que você tá fazendo aqui!? – o dono da casa indaga, confuso por ver a amiga ali, no sofá da sua sala, como se fosse a coisa mais normal que alguém pudesse fazer.

– Bem, eu fiquei sabendo sobre a conversa dos dois na quadra pública, e soube também que viriam para cá. Então saí correndo e pulei a janela do seu quarto! A da sala estava trancada. Só que vocês enrolaram muito! LERDOS! – a garota diz, ignorando as caras de espanto do amigo e do primo.

– Yuka! Você não pode invadir a casa dos outros assim! – afirma Kirihara.

– É!! Não tem permissão ALGUMA para simplesmente pular janelas e entrar aqui! – o garoto de cabelos brancos diz, enquanto aponta para ela.

– E NÃO TEM COMO VOCÊ TER ESTADO NA QUADRA PÚBLICA! NÓS NÃO VIMOS NINGUÉM LÁ! – protesta Akaya, inconformado.

– Tenho meus informantes. – sorri maliciosamente.

– Que informantes? – pergunta Niou.

– This is a secret. – ela pisca para ele.

– Hmmm, I get it.

– Parem com isso, os dois! Vocês sabem que eu sou péssimo em inglês! – afirma Akaya, irritado.

– Akaya sem graça... Devia aprender inglês é logo, pff. – a prima debocha dele. – Mas isso não vem ao caso agora. Acontece que eu tenho a solução para o seu problema, querido priminho.

– Tem nada.

– Sshhh! Cale a boca senão transformo esse cabelo seu em um ninho de passarinho de verdade! – ela ameaça.

– T-tá bom... – Kirihara cruza os braços e olha para baixo. Nada o assustava mais do que as ameaças da prima.

– Explique-se. – pede Niou.

– Façamos a querida Amane sentir ciúmes também! – declara Yukari.

– O QUÊ!? – Akaya se espanta. Nunca havia pensado em tal coisa, e estava ainda mais incrédulo por aquelas palavras terem saído da boca de ninguém mais ninguém menos do que Fujiwara Yukari, a melhor amiga de sua namorada.

– Mas ela é sua melhor amiga! Isso não adiantaria, você acabaria contando tudo pra ela, mesmo. – diz Niou, como se quisesse estragar os planos de Yukari.

– Ah, não. Não mesmo. Tenho um motivo ÓTIMO para não contar. – o sorriso malicioso mais uma vez se revelava.

– E esse motivo seria...? – os garotos perguntam.

– Vocês verão, verão... – a ruiva fitava o celular, observando as horas. - Ah! Logo, logo ela deve chegar!

Após os dois estudantes da Rikkaidai se indagarem, a campainha da casa de Niou tocou. Yukari, fazendo-se de dona da casa atendeu e, quando abriu a porta, viram que havia uma garota de cabelos roxos, mais ou menos compridos e com piercing nos lábios e orelhas. A garota, que aparentava ser da mesma idade que eles, porém na verdade um pouco mais velha, carregava uma mochila e uma sacola nas mãos.

– Esta é uma grande amiga minha: Kuina! Ela sabe maquiar como ninguém. – diz Yukari, apresentando a amiga.

– E por que isso vem ao caso? – pergunta Niou.

– Então, Yuka. Qual dos dois vai se vestir de lolita? – pergunta Kuina, encarando os garotos, agora um tanto quanto assustados.





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Notas finais do capítulo

Gen-nii:
O nii, refere-se à "onii-san", que significa "irmão". Gen = Genichiro

Ichinose Shiori, vizinha de Sanada e estudante da Rikkaidai Fuzoku Chuu, vê o rapaz como seu irmão por ter uma amizade de muitos anos com ele. Além disso, é também amiga de Ayanami e de Yukari.



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