Lolita Trickster escrita por Wingates, Isamu H Ikeda
Notas iniciais do capítulo
Mais um capítulo, mais surpresas! ♥
Boa leitura!
O sábado amanhece. Porém, não era um dia bom para todo mundo.
Ichinose Shiori, vizinha de Sanada e também estudante da Rikkaidai, acompanhara-o ao treino naquela manhã por não ter nada o que fazer no momento, porém estava se arrependendo devido ao "trabalho escravo" que fora imposto a ela: segurar lanches para os membros do clube de tênis de seu colégio.
– Gen-nii malvaaaaaaaado! – a menina reclama.
– Malvado por que, Shiori? – Sanada pergunta com um tom indiferente.
– Por me acordar, me fazer cozinhar lanches e energéticos, sei lá o que você me mandou fazer, vir e ficar de pé aqui!
– Você deveria parar de reclamar, Shiori.
– Eu?! Olha quem fala!
– Fique aí e não atrapalhe o treino, está bem?
Silêncio.
***
Naquela manhã de sábado, as duas amigas acordam praticamente ao mesmo tempo, e preparam seu café da manhã.
Era bom poder dormir até mais tarde, mas Ayanami precisava ir trabalhar no Café e Yukari ainda tinha que resolver alguma maluquice com a sua mãe.
Logo que acabam de comer, escovar os dentes e fazer todo aquele ritual matinal de sempre, despedem-se. Ayanami se arruma e vai trabalhar. Como seus pais ainda estavam viajando, o trabalho com certeza seria bem puxado.
A garota fica no Café. Preparando doces, atendendo os clientes, limpando o chão e as mesas. Sentia uma saudade enorme do namorado, mas sabia que mesmo aos sábados ele tinha treino do clube de tênis. "Bonezinho malvado, eles treinam muito!", ela pensava.
E na Rikkaidai, Akaya já estava esgotado e não suportava mais correr. Não por impedimento físico, mas por seu estado emocional. Largou tudo de mão e sentou-se, ignorando a gritaria incessante do subcapitão.
– Akaya! Já descansou o suficiente. – diz Sanada aproximando-se.
– Não! – o mais novo o confronta.
– Akaya! Que tom de voz é esse? Volte já para o treino! – Sanada ameaçava perder a paciência.
– Eu tô cansado, porra! Me deixe! – altera-se, mas não olhava para o subcapitão. O olhar estava baixo.
– Você tem mais cinco minutos. Se não voltar a treinar até lá, vai ser pior pra você. Dessa vez vou relevar esse seu comportamento, mas só dessa vez. – Vira-se e volta a treinar no lugar onde estava.
Niou, notando a estranha confusão entre aqueles dois, nota que Akaya estava diferente. Fica preocupado, e vai falar com o amigo:
– Eu hein... Akaya, tá tudo bem?
– Você acha que está? – responde ironicamente.
– Ahn... Não né... Mas calma, nem vem querer brigar comigo, eu não te fiz nada. Mas o que aconteceu? Não é cansaço, tenho certeza.
– Não te interessa, Niou-senpai... – levantou-se em direção ao vestiário.
– Oe, Akaya! – insiste e vai atrás do amigo.
– Para de me seguir!
– Fala logo o que aconteceu, então!
– Eu to com ciúmes do Sanada-fukubuchou e da Amane!
– Ei, é claro que isso me interessa! O que ele fez!? – fica surpreso e curioso.
Já no vestiário, o garoto confessa o incômodo a Niou, contando tudo sobre a tal carta enviada a Ayanami pelo seu vice-capitão.
– Eu sei que não é nada de mais, porque eu conheço o jeito da Ayanami... Sei que não tem como o fukubuchou querer algo com ela, porque ele só estava retribuindo o favor... Mas lá no fundo, eu não consigo conter os ciúmes. O que eu faço? – o garoto abaixa a cabeça, e lágrimas involuntárias ameaçam escorrer por seu rosto.
Niou deposita uma mão sobre o ombro do amigo, procurando palavras que pudessem confortá-lo. Por todos esses anos, o garoto de cabelos brancos sempre fizera de tudo para que a paciência de Akaya fosse para o espaço (ou até mais longe do que isso), com suas trapaças e brincadeiras; mas agora ele estava espantado. Nunca vira Kirihara naquele estado, parecendo ter um grito de desespero preso na garganta.
– Akaya?
– Hm? – o menor respondeu ainda cabisbaixo.
– Você tem medo de perdê-la, não tem?
Ele hesitou um pouco, mas precisava desabafar:
– Tenho. Porque talvez eu não tenha a mesma sorte de encontrar outro anjo como ela... Não, isso seria impossível.
– Tem razão.
– Niou-senpai... O que eu faço?
Agora que Akaya já o encarava, ficou ainda mais difícil para o maior respondê-lo. Ele sabia que precisava ajudar, só não sabia como. Mas, de repente, Renji aparece no vestiário:
– Niou-san, Kirihara! Acho melhor vocês voltarem logo para o treino. O Sanada não vai mais tolerar por muito tempo a ausência de vocês. – informou-lhes, não muito paciente.
Os dois se levantaram e voltaram às quadras. Não que Akaya estivesse agora completamente disposto, pois ainda não o estava, mas pelo menos sabia que poderia contar com Niou caso acabasse extravazando a raiva mais uma vez. O maior ficou de olho em Kirihara o tempo todo, e até acertava algumas bolas de tênis nele quando era necessário lembrá-lo de que deveria manter a calma, por mais difícil que fosse.
Encerrado o treino, todos se aprontam para ir embora. A caminho da saída do colégio, Niou faz um convite ao Akaya para que este fosse a sua casa no dia seguinte. E prometeu que encontraria uma forma de ajudá-lo. O menor agradeceu e se despediu.
Com o cansaço e o sono o vencendo, o garoto de cabelos negros acaba adormecendo enquanto espera por seu ônibus. Mas de repente, ouve uma voz doce e muito familiar chamar por ele:
– Akaya... Acorda.
Dificilmente conseguindo distinguir realidade de sonho, o garoto vê um semblante familiar. Ele sorri ao constatar ser o de Ayanami, mas jurando que era um devaneio, cai no sono.
– Amane...
A garota ri de leve, tentando acordá-lo mais uma vez:
– Akaya, acorda! Você vai perder seu ônibus! – balança o garoto.
– Só mais 5 minutos...
Ele realmente estava cansado, mas a garota acabou cogitando a possibilidade de ele a estar evitando, já que, no dia anterior, ele tinha agido muito estranho. Mas ela não queria brigar. Tinha ido até o ponto de ônibus onde sabia que o namorado estaria porque não o encontrara na Rikkaidai. Como eles não tinham se falado por todo aquele dia, Amane preparara um obentou especial para o garoto, e pretendia entregar a ele depois do treino do qual ele acabara de sair. No entanto, seu namorado mal reagia a suas tentativas de despertá-lo. E depois de tantas, ela constatou que ele estava mesmo dormindo (o que era um alívio).
Já impaciente, a garota decide beliscá-lo na barriga. Sem piedade.
– Acorda! – diz ao beliscá-lo.
O garoto dá um pulo de susto, abrindo os olhos mais do que depressa.
– Ai! Por que fe... Amane!?
– Finalmente! – ela diz rindo de leve, orgulhosa por ter alcançado seu objetivo.
– O que faz aqui? – ele sorri, confuso.
– Bem... Eu te fiz isso. – mostra o obentou preparado exclusivamente para ele. – Eu fui até a Rikkaidai, mas você não estava mais lá, então corri pra cá porque sei que espera o ônibus aqui. Mas você estava dormindo e não acordava de jeito nenhum! A única opção foi te beliscar.
– Ah, entendi. Mas você belisca forte, sabia? – ele ri, e ela acaba fazendo o mesmo.
Akaya toma gentilmente o obentou das mãos de Ayanami. Porém, ao olhar para ela no intuito de lhe agradecer, ele simplesmente perde a fala. A garota olhava-o ternamente; os doces olhos acompanhavam um pequeno sorriso, e Kirihara estava agora perdido em tudo aquilo.
– Akaya? – ela pergunta, notando o quanto o garoto parecia estar em outro planeta.
– Hm? – ele indaga, acordando do transe.
– O que aconteceu?
– Ah... Nada, não... – ele cora levemente.
– Você já tá vermelho, seu bobo. – ela sorri.
– T-tô? – ele coloca as mãos sobre o rosto.
– Sim!
De repente, ambos percebem uma luz forte se aproximando.
– Ah, é o seu ônibus! – Ayanami afirma.
– Droga, é mesmo!
– Vai logo! – ela ri, sempre se divertindo com o jeito do namorado.
– Tá! – ele faz o sinal para que o veículo pare, e rapidamente dá um beijo de despedida nos lábios da garota. – Dorme bem, tá? – ele diz enquanto olha naqueles olhos meigos, ainda corado. Nunca vai deixar de ficar vermelho ao chegar tão perto da namorada.
– Você também... – ela fica sem jeito, mas feliz. E sorri da forma mais doce possível.
O garoto entra no ônibus. Estava vazio. Ele se acomoda em um assento bem próximo à janela, e observa Ayanami conforme o meio de transporte vai se afastando do local de agora há pouco. A garota fica parada, também o acompanhando com os olhos, observando-o ir embora.
"Por um breve momento eu esqueci que estava com raiva. Parecia que nada mais tinha importância. Nada mesmo", pensa Kirihara.
***
No dia seguinte, Akaya acorda confuso. Não tinha mais certeza do que estava sentindo. No momento em que esteve com Ayanami no dia anterior, esquecera-se de tudo o que lhe havia ocorrido durante a estressante tarde de sábado.
Pensou em ligar para a garota. Pensou em pedir desculpas. Mil e uma delas.
Quando abriu o seu telefone celular, encarou-o. Num comportamento habitual, foi reler as incontáveis mensagens que Ayanami lhe enviava. Releu a última e se arrependeu amargamente. Agora sim estava mais confuso do que nunca.
Ligou para Niou.
O amigo lhe avisou que àquela hora estava praticando um pouco em uma quadra de tênis pública, e Akaya foi encontrá-lo lá mesmo.
Ao encontrar o maior, Kirihara explicou o que acontecera na noite de sábado, quando esperava seu ônibus, e explicou também o sentimento de revolta que lhe voltara à tona naquela mesma manhã de domingo. Com isso, Niou achou melhor que fossem para a casa dele, porque ali não era o lugar mais “seguro” para se conversar, ainda mais sobre tal assunto. E assim fizeram.
Mas ao chegarem à casa de Masaharu, qual não foi o espanto dos dois garotos.
– Yuka!? O que você tá fazendo aqui!? – o dono da casa indaga, confuso por ver a amiga ali, no sofá da sua sala, como se fosse a coisa mais normal que alguém pudesse fazer.
– Bem, eu fiquei sabendo sobre a conversa dos dois na quadra pública, e soube também que viriam para cá. Então saí correndo e pulei a janela do seu quarto! A da sala estava trancada. Só que vocês enrolaram muito! LERDOS! – a garota diz, ignorando as caras de espanto do amigo e do primo.
– Yuka! Você não pode invadir a casa dos outros assim! – afirma Kirihara.
– É!! Não tem permissão ALGUMA para simplesmente pular janelas e entrar aqui! – o garoto de cabelos brancos diz, enquanto aponta para ela.
– E NÃO TEM COMO VOCÊ TER ESTADO NA QUADRA PÚBLICA! NÓS NÃO VIMOS NINGUÉM LÁ! – protesta Akaya, inconformado.
– Tenho meus informantes. – sorri maliciosamente.
– Que informantes? – pergunta Niou.
– This is a secret. – ela pisca para ele.
– Hmmm, I get it.
– Parem com isso, os dois! Vocês sabem que eu sou péssimo em inglês! – afirma Akaya, irritado.
– Akaya sem graça... Devia aprender inglês é logo, pff. – a prima debocha dele. – Mas isso não vem ao caso agora. Acontece que eu tenho a solução para o seu problema, querido priminho.
– Tem nada.
– Sshhh! Cale a boca senão transformo esse cabelo seu em um ninho de passarinho de verdade! – ela ameaça.
– T-tá bom... – Kirihara cruza os braços e olha para baixo. Nada o assustava mais do que as ameaças da prima.
– Explique-se. – pede Niou.
– Façamos a querida Amane sentir ciúmes também! – declara Yukari.
– O QUÊ!? – Akaya se espanta. Nunca havia pensado em tal coisa, e estava ainda mais incrédulo por aquelas palavras terem saído da boca de ninguém mais ninguém menos do que Fujiwara Yukari, a melhor amiga de sua namorada.
– Mas ela é sua melhor amiga! Isso não adiantaria, você acabaria contando tudo pra ela, mesmo. – diz Niou, como se quisesse estragar os planos de Yukari.
– Ah, não. Não mesmo. Tenho um motivo ÓTIMO para não contar. – o sorriso malicioso mais uma vez se revelava.
– E esse motivo seria...? – os garotos perguntam.
– Vocês verão, verão... – a ruiva fitava o celular, observando as horas. - Ah! Logo, logo ela deve chegar!
Após os dois estudantes da Rikkaidai se indagarem, a campainha da casa de Niou tocou. Yukari, fazendo-se de dona da casa atendeu e, quando abriu a porta, viram que havia uma garota de cabelos roxos, mais ou menos compridos e com piercing nos lábios e orelhas. A garota, que aparentava ser da mesma idade que eles, porém na verdade um pouco mais velha, carregava uma mochila e uma sacola nas mãos.
– Esta é uma grande amiga minha: Kuina! Ela sabe maquiar como ninguém. – diz Yukari, apresentando a amiga.
– E por que isso vem ao caso? – pergunta Niou.
– Então, Yuka. Qual dos dois vai se vestir de lolita? – pergunta Kuina, encarando os garotos, agora um tanto quanto assustados.
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Gen-nii:
O nii, refere-se à "onii-san", que significa "irmão". Gen = Genichiro
Ichinose Shiori, vizinha de Sanada e estudante da Rikkaidai Fuzoku Chuu, vê o rapaz como seu irmão por ter uma amizade de muitos anos com ele. Além disso, é também amiga de Ayanami e de Yukari.