Back In Time escrita por Hunter Demigod


Capítulo 15
Save or Suffer


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que não é quinta nem sexta feira, mas estou postando esse para comemorar a estreia da 9ª temporada de SPN!
P.S: Esse é o penúltimo capítulo.
Enjoy



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Eu enrolei o frasco num pano macio e coloquei no bolso escondido do meu novo casaco. Meus sentidos estavam mais aguçados que antes. Podia ouvir e ver com mais clareza, e eu agora sentia a presença poderosa de meu pai, como se a aura dele ocupasse toda a casa, protegendo o lugar. E, toda vez que ele se aproximava, podia sentir o qual poderoso ele era. Eu não chegava nem aos pés dele nesse quesito.

Eu havia trocado as roupas sujas e manchadas de sangue. Agora usava uma regata branca um casaco de couro preto (obrigada por isso, pai) e uma calça skinny. Eu estava parecendo aquelas adolescentes rebeldes que arranjam confusão. Não que eu esteja reclamando. Sempre gostei desse estilo, mas claro, meu pai-coruja me dava uma bronca cada vez que eu me vestia assim...

Desci as escadas, sentindo a presença do meu pai mais forte. Isso incomodava. Parecia que a aura que o rodeava me repelia. Eu me sentia fraca. Fiquei me perguntando se os outros anjos se sentiam assim na presença dele. Mas havia outra coisa que me incomodava. Se só com metade do frasco eu havia ficado desse jeito, com os sentidos apurados de um jeito quase impossível, o que aconteceria se eu tomasse o resto? A tentação de pegar o frasco e ingerir toda a essência e ficar mais poderosa era grande. Mas eu tentava vencê-la. Tinha que continuar com meus planos para o frasco até o fim.

E não eram só meus sentidos que haviam se aprimorado. De alguma forma estranha eu podia sentir em minhas veias a imortalidade. “Metade desse frasco já faria você ser imortal...”, dissera Lúcifer. Ele não havia mentido. Mas, apesar de sentir a imortalidade, sentia também que poderia morrer. E eu sabia exatamente o que me mataria. A lâmina com qual Lúcifer me cortou. Eu havia sentido algo ruim nela, e agora entendia o que era. Sentia que meu pai carregava uma lâmina igual, e sentia medo do corte dela.

Ao chegar na sala meu pai me analisou dos pés a cabeça e deu um sorrisinho de lado. Minha mãe nem minha avó estavam lá.

-Onde elas estão? -perguntei sobre as duas

-Foram para a casa de Stela... E você vai para lá também. -ele falou

-O que? Por quê?

-Quero que proteja sua mãe. -ele disse e engoliu em seco em seguida

-Você vai atrás dele, não vai? -perguntei

-Miles, você não entenderia. Sua mãe foi a única coisa que valeu a pena na minha vida, eu não vou deixá-lo leva-la de mim... Não outra vez. -ele respondeu e parecia com raiva

-Ele vai matar você, pai...

-Não vou deixar que isso aconteça. E quero que impeça sua mãe de fazer qualquer “ato heroico” para me salvar. -ele fez aspas com as mãos -Tenho certeza que ela vai querer tentar me impedir ou me salvar...

-Se você for fazer isso, ela TEM que ir com você.

-Ela já se sacrificou por mim varias vezes... Não vou deixar isso acontecer de novo.

-Pai, será que você não entende...

-Olha, só não deixe ela sair, entendeu? Engane-a de algum jeito! Diga que eu estou bem e só fui dar uma volta.

-Porra, vê se me escuta!

Assim que eu pronunciei isso ele inclinou a cabeça e franziu o cenho com a minha atitude.

-Você não vai vencê-lo sozinho! -gritei -Você e a mamãe juntos, é isso que detém ele e todos os outros que enfrentam vocês! Uma vez, quando eu era pequena a mamãe disse que você e ela eram um só. Eu nunca entendi o que ela quis dizer, mas agora eu entendo! Vocês são a metade um do outro. Você sozinho nunca derrotaria ele. Ela sozinha, muito menos! Mas vocês conseguiram, não foi? Juntos.

Ele abaixou a cabeça e pareceu pensar no que eu disse.

-Não posso deixar sua mãe perto dele de novo, Miles. -ele falou

Bufei com a ignorância dele. Havia feito aquele discurso para nada?

-Então também não vá, fique com ela. -sugeri

-Assim ele vai nos matar! -ele falou o óbvio

-Não, não vai.

Ele franziu o cenho novamente e eu virei meu olhar para o chão.

-Você e ela juntos são fortes. Eu sou filha de vocês. Tenho as duas metades. Você sempre soube disso... -levantei os olhos para ele -Sempre me dizendo que eu era corajosa como minha mãe e teimosa como você. Sempre dizendo que eu me dividia bem entre os dois... Agora eu entendo o que eu vim fazer aqui. Eu preciso acabar com Lúcifer. Eu sou vocês. Eu tenho poder suficiente para isso.

-Não vai sozinha... -ele protestou

-Pai, você não pode impedir. Alguém te impediria de salvar quem você ama?

-Alguém já acabou de me impedir. -ele disse e me olhou

E, nos olhos dele, eu vi tristeza e medo. Coisa que nunca esperava ver nele. Corri para os braços dele e o abracei sendo retribuída imediatamente. As mãos dele me faziam um carinho nos meus cabelos e eu sentia lágrimas chegarem aos meus olhos. Eu simplesmente não podia deixar meu pai nem minha mãe morrer. Mesmo que eu tivesse de me sacrificar por isso.

-Eu posso não saber muito sobre você ainda. Posso não saber que dia você nasceu, como você nasceu, quando você deu os seus primeiros passos, Miles. Mas, mesmo sabendo que você não nasceu ainda, eu já te amo, querida. Você sempre vai ser minha garotinha... Minha pequena Miles. -ele disse

As lágrimas queriam cair, mas eu me controlava o máximo para que isso não acontecesse. Precisava continuar forte. Iria enfrentar o diabo novamente e estava decidida a não perder. Precisava salvá-los. Não sabia como, mas precisava. Me soltei de meu pai e ele passou a mão no meu rosto.

-Fique com a mamãe... -falei

-Fale com ela antes de fazer essa loucura... Acho que ela vai querer conversar com você. -ele disse

Assenti e ele me levou até a casa de Stela. Essa história de voar era ótimo. Chegava em qualquer lugar em um segundo. Minha mãe estava na cozinha, conversando com Stela e logo notou minha presença. Notou também que havia algo errado. Minha avó apareceu na sala, vinda do quintal junto a mãe de Stela, pelo que eu pude julgar.

-Gabriel, o que houve? -minha mãe perguntou preocupada

Ele simplesmente olhou tristemente para ela. Minha avó pediu para que a mãe de Stela saísse um pouco para que nós pudéssemos conversar. Olhei para minha mãe.

-Sabe, você nunca foi uma mãe cuidadosa... -ri -O papai sempre contava histórias de como você sempre acabava quase me derrubando da escada. De como eu quase havia me afogado na banheira por que você esqueceu de mim lá. De como você me largou para pegar minha chupeta quando caía no chão e como você teve o reflexo rápido naquela hora para me segurar antes que eu caísse no chão... Mas, apesar de tudo isso, eu sempre te amei. Era para você que eu contava meus segredos. Era você que me consolava quando eu estava em minhas crises adolescentes... Você sempre me ajudou mãe e eu nunca te agradeci por isso. -as lágrimas já não podiam ser controladas e caíam pelo meu rosto enquanto ela me olhava, confusa -Mas, haja o que houver hoje, eu quero que você saiba que você é a melhor mãe do mundo.

-Que história é essa de “mãe”? -minha avó perguntou

-Mãe, essa é minha futura filha... Sua neta. -minha mãe falou

Minha avó me olhou surpresa e Stela abriu a boca. Expliquei rapidamente o que estava acontecendo, como eu vim parar aqui, e o que eu teria que fazer.

-Vó, eu não tive o prazer de te conhecer. Quando eu completei dois anos você morreu por um enfarte. -ela pôs a mão no coração(só eu achei irônico?) -Mas você é uma mulher incrível. Minha mãe sempre contava as histórias sobre você. Principalmente quando você espancou o papai com vassouradas...

-Ainda dói... -comentou meu pai passando a mão na cabeça

-Você não imagina o quanto eu estou feliz simplesmente por ver você... Você ainda vai me conhecer, daqui a dois anos. -sorri

Ela veio até mim e me abraçou. Um abraço que eu jurava ser totalmente conhecido, apesar de nunca tê-lo recebido quando era grande.

-Miles, você não tem que fazer isso... -minha mãe disse, já chorando

-Eu tenho. Preciso salvar vocês. São tudo que eu tenho.

Minha mãe se levantou e me abraçou. Senti mais um corpo me envolver e pude sentir o cheiro do meu pai. Era como nos dias de tempestade quando eu era pequena. Os dois sempre estariam lá para me acolher, me proteger dos relâmpagos assustadores. E, agora, eu tinha que salvá-los de qualquer maneira pois, se eles morressem, eu continuaria viva do mesmo jeito. Iria viver sem meus pais. Iria sofrer eternamente por não ter conseguido.

Salvar ou sofrer. Essa era a regra para mim agora.


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Notas finais do capítulo

Rewiens?
Como eu disse antes, esse é o penúltimo capítulo...



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