O Plano, o Sorvete e o Presente escrita por Hushstar


Capítulo 1
Unico




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Eu já não agüentava mais todos aqueles olhares suplicantes direcionados a mim. Sempre me culpei por ser boa demais. Mas, era impossível não ser boa quando seis olhares tristes e piedosos eram completamente destinados à minha humilde pessoa.

Jasper, como sempre, era o mais afastado de todos. Estava encostado à parede, com o semblante duro, mas divertido. Certo, vamos todos nos divertir com o sofrimento de Bella. Ao seu lado, mais a frente, estava Rosalie. Ela não parecia fazer questão de me encarar. Contudo, por incrível que pareça, Rosalie dirigiu-se a mim, uma ou duas vezes, para pedir também.

Parecia que todos eles tinham planejado isso há tempos, nos mínimos detalhes.

Emmett me olhava com um olhar zombeteiro, enquanto Esme, ao seu lado, estava com a sua mesma expressão de sempre, tão doce. Isso piorava tanto a situação.

O Sr. Cullen estava à frente, porém um pouco atrás de Alice, que havia acabado de pronunciar o seu discurso totalmente chantagista. Emocionalmente falando. Como uma pessoa tão pequena pode ser tão irritante? A voz de Edward ecoou em minha cabeça, fazendo-me suspirar.

Edward. Era tudo por ele. Eu morreria por Edward, mesmo que ele não precise de tanto esforço da minha parte para sobreviver. Porém, infelizmente, morrer era tão fácil perto disso. Por que logo eu?

Ah sim, por que a vida não é tão injusta assim. Edward não pode ler minha mente.

Mas, como eu poderia enganá-lo dessa forma? Eu não conseguiria claro, eu sempre fui uma inútil, por que logo agora seria diferente?

- Você vai conseguir, Bella – Alice disse, avaliando minha expressão. – Eu sei que vai.

É claro que ela sabe.

- Eu não quero fazer isso com Edward.

Alice bufou, enquanto Esme se aproximava de mim.

- Isso é para o bem dele, querida.

- Ele me disse que odeia surpresas!

- Edward não odeia nada que venha de você, Bella. – Emmett se pronunciou, rindo da minha cara.

Mas, eu nunca o enganei.

- Eu só quero deixar bem claro que eu só estou fazendo isso porque...

- Porque você me ama e ama Edward e só quer o bem dele! – Alice completou e dessa vez fui eu quem bufou.




- Você está calada.

Por que ele precisava ser tão irresistível?

- Uhum – concordei.

Esta era minha tática. Não falar nada, assim ele não descobriria nada. E, além disso, minha culpa diminuiria drasticamente se eu não tivesse que mentir, apenas omitir.

- Aconteceu algo?

Esta era a falha em minha tática. Eu não podia ser simplesmente diferente do que eu normalmente era. Edward perceberia. Aliás, do jeito que eu sou uma péssima mentirosa, qualquer um perceberia.

- Não – respondi rápido demais. – Dá pra andar mais devagar?

Ele sorriu com aqueles dentes impecáveis e reluzentes pra mim, sarcasticamente.

- Estamos rodando há horas. Se você ao menos falasse aonde quer ir, facilitaria a minha decisão sobre acatar ou não sua escolha da velocidade.

- Eu... ainda não decidi pra onde quero ir – hesitei.

- Então vamos pra ca...

- Não! – O interrompi. Ótimo, Bella, agora o que você vai falar pra ele?

Ele levantou a sobrancelha e me olhou interrogativamente.

- A gente acabou de sair de lá – eu disse. Tínhamos saído de lá há quase duas horas, mas foi a única estúpida coisa que veio a minha estúpida cabeça.

- Bella – ele corria mais ainda. – Eu conheço você.

- Eu adoraria um sorvete agora!

Sorvete? Como eu sou burra!

Ele me olhou e deu aquele sorriso fantástico dele.

- Claro.




O dono da única sorveteria de Forks se assustou quando o reluzente Volvo prata estacionou em frente a sua loja. Não só porque os Cullen nunca tomavam sorvete, mas porque ninguém tomava sorvete numa cidade em que a média de temperatura era cinco graus.

Os letreiros com o nome da sorveteria estavam surrados e quase não se podia lê-los. Quando abrimos a porta e o irritante sino – que todas as portas de todas as lojas da cidade tinham -, tocou, o dono levou outro susto. Parecia que ele não queria realmente acreditar que tinha novos consumidores.

Até tomar sorvete, eu tomo. Por causa dessa idéia mirabolante de Alice. O que não é uma novidade muito grande vinda dela. Todas as idéias de Alice são completamente mirabolantes. E olha que eu fiz de tudo para não fazer parte dela.

Mas, você é essencial para o plano, Bella.

A voz da pequena vampira zumbiu em minha cabeça e eu segurei um bufo para não deixar Edward mais desconfiado.

Eu cheguei a questionar o porquê de Alice não fazer o mesmo que fez na minha festa de formatura. Tudo bem que os habitantes de Forks tinham opiniões diferentes em relação a mim e ao Edward, mas pelo menos naquela festa, eu não precisei fazer nada. Eu sei que é um pensamento absurdo.

E, além do mais, eu imagino um morador de Forks, recebendo um convite do tipo: Venha para o aniversário de Edward Cullen, dia vinte de junho, ao crepúsculo. Traga sua família, para servir de banquete na festa! Não perca!

Acho que enganar Edward está fazendo mal para minha cabeça.

- Bella.

A voz magnífica dele chamou minha atenção. Eu o olhei desnorteada e percebi que o dono da sorveteria estava falando comigo.

- Sim?

- Qual sabor, moça? – Coitado. Ele já devia ter perguntado isso umas mil vezes. Pelo menos, é uma recompensa por ele não perguntar isso nunca, porque ninguém nessa cidade quer tomar sorvete.

Não que eu queira fazer isso.

- Quais você tem?

Eu tinha que enrolar ao máximo. Se possível, só sairíamos daquela sorveteria quando Alice desse um toque no celular de Edward, como combinado. Mas, infelizmente, ainda faltavam três horas e vinte e quatro minutos para que isso acontecesse.

- Chocolate, morango, baunilha,...

Claro que eu não consegui focar minha atenção por muito tempo nos milhares de sabores que deveria haver no estoque da sorveteria. Principalmente porque eu sentia o olhar penetrante de Edward sobre mim.

- Hum... – eu fingi pensar bem sobre o assunto. – Quero duas bolas de chocolate, uma de baunilha e duas de morango. Nessa ordem, por favor.

Foram os únicos sabores que minha mente processou. Eu tinha esperanças de aquele velhinho ser bem devagar.

Sentamos em uma das mesas do estabelecimento e Edward me fitou, como se estivesse lendo a minha mente.

Ele colocou sua mão fria sobre a minha e passou acariciar meu pulso, às vezes encostando na pulseira que havia me dado.

- Eu, infelizmente, não posso ler sua mente, Bella – estou ferrada -, mas acho melhor você me contar o que está acontecendo.

- Não tem o que contar. Não está acontecendo nada.

Eu sou péssima nisso. Acho melhor voltar ao plano de não falar nada.

- Você é péssima nisso. – Ele afastou a mão quando o dono se aproximou e por incrível que pareça eu agradeci pelo sorvete ter ficado tão grande.

Logo tratei de acabar com aquela coisa comestível do modo mais demorado e torturante que eu pude.

Edward me observou pacificamente, como sempre. Seu olhar era questionador e ao mesmo tempo pensativo. Parecia que ele fazia certa força para tentar tirar algo da minha mente. Como se ele precisasse disso. Eu sentia que a verdade estava gritando por todos os poros do meu corpo.

Eu tive medo que ele também sentisse isso.




Demoramos pouco mais de uma hora na sorveteira. O dono chegou a acenar sorridente pra nós, enquanto entravamos no carro. Edward continuava quieto, por vezes me observando. Senti medo, eu conhecia muito bem aquele olhar.

Em menos de cinco minutos já estávamos bem longe da sorveteria. E, em minha opinião, bem longe de tudo. Edward parou o carro, estremeci.

Eu não estava com medo de que ele fizesse algo comigo. Garanto que Edward seria capaz de qualquer coisa antes de me machucar, nem que fosse só um pouquinho. E eu preferia que ele me machucasse e me torturasse pra confessar algo. Pelo menos assim, eu não teria culpa se alguma informação escapasse.

Mas, eu tinha certeza que ele faria pior.

Edward soltou seu sinto e o meu e aproximou-se perigosamente de mim. Tremi todinha, por dois fatos irritantes. Primeiro, ele estava fazendo pior e segundo, essa proximidade dele sempre me deixava meio tonta.

Sua mão tocou minha cintura ao mesmo tempo em que seus lábios frios roçavam nos meus.
Alice vai me pagar caro por isso! Como se já não bastasse a maldita festa do casamento! Por que eu fui aceitar fazer isso? É óbvio que eu não conseguiria esconder de Edward.

Senti-me uma tola por chegar a pensar que tudo correria bem.

Ele me beijou levemente nos lábios e logo depois passou para bochecha.

- Bella, amor... – Tremi todinha de novo. Acho que nem cheguei a parar de tremer desde o momento que ele começou a me olhar daquele jeito.

Eu resmunguei algo que nem eu mesma consegui decifrar. Era como se a corrente elétrica, que sempre invadia meu corpo quando Edward me tocava assim, me impedisse de sequer falar.

- Você não vai me contar o que está acontecendo?

Outro resmungo. Dessa vez negativo. Seus lábios se dirigiram a minha orelha, dando vários beijinhos no caminho. De qualquer maneira, ele estava me torturando, mas eu ainda preferia o tipo de tortura que eu sabia que ele não faria comigo.

- Por favor...

Ele voltou a minha boca e eu fiz a única coisa que me deu na cabeça. Passei os braços ao redor de seu pescoço e o beijei violentamente. Pelo menos era uma boa forma de mantê-lo calado. Até o momento em que ele pararia, com medo de me machucar.

Eu diminui um pouco a pressão, pra adiar um pouco esse momento, mas isso não pareceu adiantar muito e logo Edward afastava-se de mim, com um sorriso maravilhoso. Ah, ele podia ser um pouquinho mais feio, não?

Por que ele tinha que me olhar daquele jeito? Eu já estava gritando por dentro! Se eu transmitisse todos os meus extintos, estaria pulando lá fora e arrancando meus cabelos! O olhar de Edward se tornou suplicante e eu quase gargalhei ao perceber a semelhança do mesmo olhar, em todos os Cullen.

Mesmo não sendo parentes de sangue, todos eles tinham essa estúpida facilidade de me fazer concordar com eles. Edward nem precisou falar nada dessa vez, e quando eu reparei, minha boca grande já gritava quase histericamente.

- Eu não posso!

Ele riu. Legal esse negócio de todos rirem de mim nos momentos mais desesperadores. Eu poderia morrer agora, de pânico, e Edward estaria rindo de mim, junto com os irmãos manipuladores dele!

- Bella, seja menos dramática.

Fácil pra ele falar. Ele é lindo, maravilhoso e não precisa esconder nada da pessoa que mais ama no mundo, enquanto essa pessoa ainda tenta te seduzir de modo tão tentador. Eu bufei. Era a coisa mais inteligente a se fazer no momento.

- Eu confesso que não consigo pensar em nada muito esclarecedor para o que esteja acontecendo – ele disse como se tivesse decepcionado consigo mesmo. Eu poderia apertá-lo, mas eu provavelmente quebraria umas costelas se fizesse isso. – Admito que Alice fez um bom trabalho com você... Novamente.

Eu dei um suspiro de alivio e ele me encarou pensativo.

- Eu apenas estou feliz que você tenha me entendido – logo depois que eu disse, desejei não ter o feito. Ele não acreditou em uma sílaba e eu não via outra escapatória no momento.

Foi quando algo na calça de Edward vibrou.

Quase gritei de alegria quando o ouvi atendendo o celular e fazendo uma careta.

- O que você fez com Bella? – ele perguntou. Era Alice, claro. Eu não precisava mais fingir nada!

Ele desligou o telefone em menos de um minuto e me encarou, esperando algo.

- O que ela queria? – Perguntei, mesmo já sabendo a resposta. E mesmo sabendo que ele conhecia o fato de eu saber a resposta.

- Nada. Ela basicamente não falou nada. – Ele ligou o carro e olhou pra estrada. – Pra onde vamos agora?

- Pra casa. – Sorri pra ele, e Edward fez o mesmo pra mim.




Quando Edward estacionou em frente à casa, tudo estava escuro. Ele pareceu nem notar tal fato e um segundo depois de desligar ele já estava abrindo a porta para mim.

- Se você quiser, eu posso te levar pra casa agora. – Ele falou, abraçando minha cintura, enquanto subíamos os degraus da entrada.

- Eu vou dormir aqui hoje.

Edward pareceu surpreso com a minha resposta. Ele deu um beijo no topo de minha cabeça e abriu a porta. Confesso que não tinha me preparado para o que ia acontecer, então eu quase pulei de onde estava quando todos os Cullen ascenderam as luzes e gritaram:

- SURPRESA!




Eu não podia deixar de me sentir culpada de novo. Agora Edward sabia que eu havia o enganado o dia inteiro. Ele estaria chateado comigo? Ou feliz? Essa agonia me matava e ao mesmo que tempo que eu queria ficar sozinha com ele logo, eu tinha um medo danado dessa hora chegar.

Enquanto Edward recebia os presentes de todos, eu pude observar a decoração, certamente feita por Alice. Havia uma faixa enorme e preta, com letras pratas e grandes que praticamente berravam: Feliz Aniversário, Ed!

Bolas pretas e brancas por todo o teto, quase tapando tudo. E, por um pequeno momento de idiotice, eu me perguntei como Alice tinha as prendido lá em cima. Havia uma mesa totalmente desnecessária de doces, com um bolo enorme no centro. Eu estava tão ansiosa pela reação de Edward que pude contar todas as 107 velinhas que havia nos cinco andares do bolo, antes de Alice começar a cantar parabéns toda animada e cortar alguns pedaços do bolo. Eu comi três, pra não fazer desfeita, já que mais ninguém comeu o bolo. Lembrei de pedir a Alice que guardasse um pedaço pra levar pra Charlie e a idéia pareceu totalmente animadora para ela.

Eu me perguntei se Edward já não sabia de tudo. Apesar de seu rosto realmente aparentar surpresa quando todos gritaram. Mas, acho que qualquer um ficaria surpreso se um bando de vampiros te desse um susto desses. Eu fiquei.

Porém, Edward é Edward.

Desde o começo do plano, eu tinha consciência de que ele estaria ouvindo o pensamento de todos os Cullen à distância. Será que ele realmente não descobriu tudo? Como ele não descobriu tudo?

Pra mim, havia tantos furos em todo o plano de Alice. É claro que ela sabia que tudo daria certo, desde o momento que eu decidi aceitar fazer a parte principal da estratégia. E só havia um modo pra eu ficar tranqüila: ver o futuro.

Por mais que eu apostasse em Alice, a alternativa me parecia ridícula demais. E a minha vontade de falar com Edward a sós ganhou mais um ponto contra o medo de o ter decepcionado.

A pilha de presentes ainda estava na metade, quando eu fui até ela o mais discretamente que pude, mesmo sabendo que não ia adiantar nada. E não adiantou, já que eu tropecei no tapete e graças à poltrona, a qual eu me segurei, eu não fui de cara no chão.

Ninguém pareceu notar. Edward não se incluía no contexto de ninguém. Eu preferi não olhar em sua direção e mesmo sentindo o seu olhar queimar minha nuca, eu fingi que nada acontecia e peguei uma pequena caixa da pilha, quase insignificante perto daquilo tudo.

Ainda tentando ser discreta e ainda tropeçando em quase tudo, eu fui em direção às escadas e respirei fundo quando finalmente entrei no quarto de Edward. Repeti o meu ato de respirar fundo, quando em menos de um minuto, ouvi a porta bater e senti a respiração de Edward em minha nuca, enquanto ele me abraçava por trás.

- Oi.

Eu fiquei dura, quase tão dura quanto ele. Infelizmente eu não consegui avaliar essa pequena frase. Ele estava bravo comigo? Eu me sentia tão suja por ter o enganado. Engoli em seco.

- Oi – respondi.

Ele me virou pra olhar em meus olhos como se estivesse segurando uma boneca de pano, suas mãos rodearam minha cintura mais uma vez, e ele afundou seu rosto em meus cabelos, enquanto suspirava.

- Obrigado.

Eu confesso que fiquei totalmente surpresa por isso. Ele... estava me agradecendo?

- O quê? – Eu perguntei e ele olhou em meus olhos.

- Obrigado. – Respondeu, achando que eu não havia escutado.

- Mas... por quê?

- Oras, por tudo! – Ele disse sorridente. Eu fiquei tonta pelo sorriso tão intenso dele. – Pela surpresa. Eu realmente me surpreendi com tudo, você foi ótima! Alice estava esbanjando orgulho lá na sala.

Minha boca abriu levemente e demorou um tempo pra eu processar todas as informações. O sorriso dele e, conseqüentemente, a minha tontura não ajudavam em nada.

- Você não está bravo comigo? – ele riu.

- Por que eu estaria bravo com você, amor?
- Eu enganei você o dia inteiro! – Edward riu mais ainda e me apertou um pouco mais, cuidadosamente.

- Foi por um bom motivo, bobinha. – Ele beijou minha testa levemente, estremeci. – Só espero que você não me engane por motivos ruins – ele falou, rindo novamente -, todos vocês conseguiram me enganar direitinho.

- Você está falando sério? – Tinha consciência de que meus olhos poderiam estar do tamanho de pratos.

- Sim, sim... Alice só não contou as estratégias usadas, porque disse que poderia usá-las novamente. Mas, é claro que eu só esperei uma distração e vi tudo. – Edward sorriu orgulhoso de si mesmo. Eu não pude deixar de perguntar.

- Que estratégias? – Me senti uma tola novamente.

- Ah, Alice não te contou, porque achou que você se sentiria menos culpada. – Eu concordei com a cabeça e ele prosseguiu – Eles usaram o fato de eu esquecer o meu aniversário.

Bufei com raiva. Por que ele conseguia esquecer o aniversário, enquanto eu fazia uma força imensa para pelo menos tentar esquece o meu?

- Acho que quando você faz aniversário pela 100ª vez, você meio que cansa e acaba deixando passar – ele parecia estar falando com si próprio -, mas eu realmente tinha esquecido! Impressionante!

- E quais foram as outras estratégias? – Ele me olhou intensamente e beijou meus lábios. Eu até tinha conseguido afastar a tontura. Tinha.

- Alice sabia que você não ia conseguir mentir – eu revirei os olhos. Edward riu -, mas também sabia que você não ia contar nada, então ela se aproveitou do fator casamento. Ela achou que eu pensaria que você estava escondendo algo de mim, algo relacionado com a festa do casamento.

Ele parecia contente com tudo, afinal. Eu me senti feliz e sorri pra ele, sinceramente. Inexplicavelmente, tudo havia dado certo.

- Quanto aos pensamentos deles? – Ele riu e me abraçou de novo.

- Eles sabem como me enganar quanto a isso.

Eu decidi que essa era uma boa resposta e direcionei meu olhar para a cama, onde tinha jogado o presente de Edward. Ele pareceu perceber e me guiou para sentarmos lá, já que eu ainda não tinha condições mentais de me locomover adequadamente.

Eu peguei o presente e me senti tão idiota. Edward já tinha tudo o que ele quisesse! E mesmo se ele ainda não tivesse tudo, eu garanto que ele havia acabado de ganhar hoje.

Ele pareceu ler meus pensamentos, figurativamente.

- Vai ser o melhor presente de todos!

Eu olhei pra ele, temerosa. Isso não me ajudou em nada. E se ele não gostasse? E se decepcionasse ele?

Edward me puxou mais pra perto e olhou em meus olhos, sorrindo com eles.

- Você é o meu melhor presente. Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, amor. Você pode até tentar, mas eu vou gostar desse presente de qualquer jeito.

Eu gargalhei com isso. E como só ele sabia fazer (talvez Jasper também saiba), eu fiquei mais calma e o entreguei o embrulho.

Observei ansiosa, enquanto ele abria a caixa e gargalhava com o presente.

- Olha, eu realmente não pude pensar em mais nada. Quer dizer, você já tem tudo! Mas, eu nunca vi você usando um desses. E não é feminino, ok? A dona da loja me garantiu que homens usam freqüentemente, eu andei por Seattle inteira com Alice e bom, ela não ajudou muito comprando milhares de coisas diferentes pra você e...

Eu felizmente não pude terminar de vomitar todos aqueles medos que eu tinha. Edward me puxou para um beijo e nós ficamos nessa por um bom tempo.

- Eu adorei! – Ele disse, depois de me soltar, quando as coisas ficaram um pouco... quentes.

Eu sorri aliviada para ele, e não pude segurar a minha boca abrindo de sono. Eu realmente odiava desperdiçar meu tempo dormindo. Mas, infelizmente, meu organismo não pensava o mesmo.

Ele colocou o presente na minha mão, e eu prendi nele, observando a insignificância que o simples colar fazia perto da beleza de Edward.

Ele me puxou para deitar em seu peito duro, e acariciava meus cabelos, enquanto cantava a música que fez pra mim e eu passava meus dedos por seu peito, às vezes esbarrando no colar prata, com uma plaquinha que continha o meu nome.


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