Olá, diário!

Vim lhe contar, como prometido, o que Dante tinha para esclarecer comigo.

Pela manhã, eu me arrumei mais que o normal, final, eu tinha em mente que ia levar um pé na bunda, então eu tinha que mostrar pra ele o que ele estava perdendo, né?

Quando cheguei na escola, não fiquei na porta conversando, como faço de costume, porque avistei Dante e eu não queria conversar naquela hora. Então, subi correndo pra sala e fiquei conversando com alguns amigos até a aula começar. Surpreendentemente, eu consegui prestar atenção nas aulas. Isto é, até Alice me chamar e mandar olhar pra porta.

Eu me sento bem afastada da porta, então, quem fica exatamente no batente, não me vê – porém, eu vejo todo mundo. Quando eu olhei, vi Dante parado lá, olhando pros lados, parecendo procurar alguém. Ele adentrou um pouco na sala e me viu. Quando me viu, abriu um sorriso, piscou e foi pra sala dele. Eu corei, confesso! E toda a sala viu. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde, as zoações iam começar.

Quando o sino pro recreio soou, eu subi pro terraço com Alice e fomos procurar uma mesa. Nos sentamos e ficamos conversando, não demorou muito pra Dante chegar. Ele cumprimentou primeiro Alice, com um beijo no rosto. Eu me fingi de brava e perguntei, rindo, se ele não ia me cumprimentar. Ele simplesmente segurou meu rosto com as mãos e me deu um selinho bem demorado. Depois, puxou uma cadeira, grudou-a na minha e se sentou, como se fosse a coisa mais normal do mundo! Todo mundo estava olhando pra nós. Todos com cara de estupefatos – até eu estava com cara de estupefata.

Ele perguntou se podíamos esclarecer o que ele havia pedido, eu lhe disse que sim e Alice saiu, dizendo que ia conversar com Fábio, um colega de sala nosso.

Assim que ficamos a sós, ele pegou minhas mãos e se virou de frente pra mim. Começou a falar e...bem, diário, não dá pra descrever o que ele disse, então vou transcrever:

“Olha, Bi... Por favor, não fica assustada, tá? E me deixa falar tudo... É que o que eu senti quando a gente começou a conversar, quando eu usei sua blusa e pude ficar o dia todo sentindo o seu perfume nela, quando a gente ficou, quando ouço sua voz, quando vejo você e até quando penso em você... Eu nunca senti com nenhuma garota na vida toda. Meu coração começa a bater muito rápido, meu estômago dói, mas de um jeitinho gostoso... E olha minhas mãos, como estão suadas! É o efeito que você tá causando em mim. Eu tô gostando demais de tudo isso e queria propor que a gente continuasse junto, mas diferente... Você sabe da minha fama, já fiquei com muitas garotas, mas a gente sempre teve liberdade pra ficar com outras pessoas. Eu não quero isso com você. Pensar em outro cara beijando você chega a doer no meu coração, de verdade. E nem eu quero outra garota. Tá entendendo? Eu quero propor que eu seja seu, só seu, e você seja minha, só minha... Você aceita?”

Sim, diário! Ele falou exatamente isso! Se embolando um pouco nas palavras e falando rápido demais, mas foi isso! Não é um pedido de namoro, mas é um acordo de exclusividade! Eu fiquei tão chocada que permaneci calada. Ele me olhou com os olhinhos verdes cheios de tristeza e perguntou se eu não tinha gostado do que ele tinha dito, se ele tinha falado bobagem. Disse até que ia se levantar e não ia me incomodar mais. Sorte que meu cérebro acordou na hora e eu disse que sim, que topava esse acordo. Que sentia o mesmo por ele. Que queria isso com ele. Na verdade, eu queria isso e muito mais! Mas, aí eu assustaria o rapaz, né? Quando eu respondi, ele abriu um sorriso tão grande, diário, mas tão grande! E os olhos verdes... Pareciam duas esmeraldas! Eu senti uma vontade imensa de abraça-lo, mas ele foi mais rápido: me deu um selinho, um beijo na testa e me abraçou.

E assim passamos o resto do recreio. Abraçados, juntos. Às vezes, falávamos algo, mas o silêncio era melhor. Eu sabia que todos olhavam, comentavam e, talvez, até falassem mal ou rissem. Mas, que saber, diário? Eu não estou e nem estava nem aí.

Quando o recreio acabou, ele me levou até a porta da sala, me deu um selinho e foi pra sua aula. Eu entrei e Alice veio me perguntar o que havia acontecido. Eu resumi pra ela, que deu gritinhos de felicidade! Dá pra acreditar?

Nossa última aula era de Português, cujo a professora é uma fofoqueira e resolveu perguntar sobre os casais. Eu, infelizmente, não escapei. Um engraçadinho soltou, lá do fundo: “Adivinha quem tá ficando com um cara do terceiro ano? Bianca!”. A professora me chamou de arrasadora de corações e perguntou quem era o garoto. A reação dela ao saber que era Dante foi um tanto quanto...estranha. Ela disse que não acreditava que logo eu tinha conquistado o coração dele. Como assim, diário?

Bom, cheguei em casa, dormi e depois fui pro computador fazer as tarefas. Às 20h, Dante me ligou e passamos TRÊS HORAS INTEIRAS conversando! Nunca fiquei tanto tempo assim no telefone! Ele disse que estava nervoso sobre como eu ia reagir ao que ele me disse, mas que adorou minha reação e que estava muito feliz por estarmos juntos. Assistimos CSI – cada um na sua casa, claro – e comentamos o episódio. Na hora de desligar, ele disse que adorou o dia e que estava ansioso pelo amanhã, por me ver logo. Me desejou uma boa noite, disse algo e desligou.

Pode parecer loucura, mas pareceu “te amo”. Na verdade, soou como “tchamo”, mas enfim.

Bom, diário, tenho que ir dormir. Já são 1h da manhã e eu acordo cedinho! Mas, pelo menos, vou dormir e acordar sorrindo.

Boa noite!