De Príncipe Á Prisioneiro escrita por Bengie Narnians
Notas iniciais do capítulo
Demorei mas to aqui... Espero que gostem no novo capítulo! Beijos
Elídian despertou algumas horas, mais tarde deitada sobre seu leito em seus aposentos, e ao abrir os olhos se deparou com o doutor Cornelius sentado ao seu lado tocando sua testa. Meio confusa como quem desperta de um sonho a garota perguntou ao senhor ao seu lado:
– O que aconteceu Cornelius? –dizia em tom baixo.
– Você desmaiou por algumas horas princesa. Se sente bem? –respondeu o bom homem.
– Sim... –ela se sentou sobre a cama olhando ao redor vendo um soldado de pé na porta. – Onde estão todos?
– Celebrando o nascimento da criança princesa...
– Um menino não é?
– Sim.
Elídian olhou novamente para o guarda e depois se aproximou do doutor e disse em tom ainda mais baixo:
– E Caspian?
– Conseguiu atravessar os portões do palácio princesa. –respondeu o velho com um sorriso na face. – Há essa altura já deve estar bem longe.
– Graças a Deus! –ela respirou aliviada.
– Cornelius? –ouviu-se a voz de Lord Sopespian.
– Sim Lord Sopespian? –disse o velho gentil ao se levantar da beirada da cama da princesa.
– Vossa majestade o rei deseja vê-lo. Agora... –disse em tom autoritário.
– Já vou...
O doutor encarou a face da princesa ainda em sua cama enquanto esta lhe lançava um olhar de cumplicidade e de temor, como se soubesse do teor da futura conversa do rei Miraz com o tutor do príncipe. Assim o bom homem se retirou do cômodo da princesa deixando-a. Sopespian lançou um olhar desconfiado sobre a garota e depois seguiu as costas do velho doutor. Elídian se levantou e deu uma ordem ao soldado.
– Pode me deixar sozinha agora, eu desejo me trocar. –disse ela.
– Sim princesa. –este girou sobre seus calcanhares e se retirou após bater sua continência.
Assim que a porta se fechou, Elídian se escorou contra a mesma e respirou fundo levando a mão ao peito:
– Espero que esteja bem Caspian... –ela disse.
Enquanto isso em outros territórios de Nárnia fora dos limites do palácio o príncipe se encontrava descordado em uma cama pequena o suficiente para deixar metade de suas pernas penduradas para fora da mesma. Acordou com a cabeça envolta em um pano branco que logo retirou de sobre sua testa e se dirigiu ao segundo cômodo onde ouvia vozes distintas falando sobre si. Sua primeira reação foi tentar escapar dos desconhecidos, mas foi surpreendido pelos mesmos sendo que um deles o tratou com extrema gentileza, enquanto o segundo foi bastante rude com o príncipe. Este por sua vez ficou bem no meio da discussão entre os outros dois que debatiam sobre manter o príncipe vivo e segurou, ou matá-lo por ser um traidor.
– Eu não sou nenhum traidor. –disse o rapaz com um olhar curioso e assustado diante de um anão e de um texugo falante.
– É um telmarino suponho. –disse o anão.
– Sim, mas isso...
– Isso não significa que ele seja um traidor Nikabrik. –disse o texugo em tom calmo. – Está com fome? –seguiu ao se aproximar com uma tigela em mãos.
– Não, obrigado. –respondeu o rapaz com os olhos arregalados.
– Deveríamos matá-lo assim como faria caso encontrasse com um de nós. –disse Nikabrik empunhando uma espada em direção ao príncipe.
– Olhe pra ele Nikabrik, está tão assustado quanto nós...
– Eu não estou assustado. –resmungou o anão.
– Eu também não. –disse Caspian segurando sua espada, sentado sobre os degraus da cabana minúscula.
– Nunca nos viu antes não é rapaz? –disse o texugo.
– Quem são vocês afinal?
– Somos narnianos... –seguiu Nikabrik. – Ou o que restou deles.
– Narnianos? Mas... Pensei que estivessem extintos... –concluiu o príncipe.
– Graças a vocês malditos telmarinos quase fomos... –continuou o anão invocado.
– Pare com suas grosserias Nikabrik, e abaixe sua espada. Deixe o pobre rapaz descansar.
– Por que me trouxeram pra cá? E que lugar é este? –disse Caspian olhando o pequeno texugo.
– Está em minha casa. –respondeu o texugo. – E meu nome é Fiel. –este recebeu um resmungo do anão.
– Fiel?
– Recebi este nome de um rei antigo.
– Humanos... –mais um resmungo do anão.
– Venha, eu fiz sopa! –disse o texugo se aproximando da pequena mesa com a tigela. – Precisa se alimentar!
– Não o alimente. Deseja que ele fique forte o suficiente para poder nos matar? –seguiu Nikabrik.
– Eu não planejo matar ninguém. –resmungou Caspian.
– Claro que não. –disse o texugo calmamente. – Pare com essa bobagem Nikabrik, está querendo que eu sente em cima da sua cabeça outra vez?
– Eu sugiro que o matemos, e não o alimentemos.
– Eu sugiro que abaixe essa espada.
– Ele é uma ameaça. Se ele não nos matar, logo alguém virá atrás dele e será nosso fim.
– Deixe o pobre rapaz em paz Nikabrik não me tire do sério. Não vamos matá-lo.
– Não vamos alimentá-lo como um lindo gatinho.
– Ele ser um telmarino não significa que seja mal.
– Ah significa exatamente isso. Quantos telmarinos nós conhecemos que são bonzinhos?
– Não insista nisso Nikabrik. Ele vive...
– Ele morre.
– Vive.
– Morre.
– Olha se eu puder votar eu voto com ele. –disse Caspian apontando para o texugo.
– Ele não vai matá-lo. –disse o texugo arrancando a espada das mãos do anão. – Não comigo aqui. Agora se sente a mesa e coma antes que a sopa esfrie. –disse já sem paciência passando pelo príncipe.
...
Na manhã seguinte de volta ao palácio o rei estendia seu novo herdeiro da sacada principal do reino mostrando a todos aquele que seria o futuro rei de Nárnia sendo o seu sucessor. Da porta do cômodo Elídian assistia a tudo enojada. Não sabia se sentia raiva ou pena daquela criança embora soubesse que aquela não tinha culpa dos planos diabólicos do pai. A princesa foi chamada discretamente pela mãe para se unir a família, mas Elídian franziu a testa unindo as sobrancelhas e se retirou. A garota regressou ao segundo andar de onde ainda podia ouvir os gritos de salve ao filho do rei. A princesa invadiu os aposentos do primo e se trancou lá dentro logo se lançando sobre a cama do mesmo e agarrando os travesseiros que ainda guardavam o mesmo cheiro de menta misturado com canela que provia dos sabonetes de banho do rapaz.
– Como eu ficarei aqui sem você Caspian? –dizia ela com os olhos marejados. – Já sinto sua falta. –ela afundou o rosto no travesseiro.
Em seu coração ela sabia que o rapaz sequer deveria ter boas lembranças dela para levar consigo, e isso a deixava ainda pior do que já estava se sentindo. Elídian desejava tanto não ter feito as coisas terríveis que fez ao primo, desejou muito que este não a odiasse pra sempre, pois ela o amava demais para suportar seu desprezo eterno. A garota fechou seus olhos enquanto deixava que suas lembranças mais recentes fluíssem a sua mente.
[...]
– Se colocar uma perna de cada lado pode aprender mais rápido. –dizia Caspian montado em um dos cavalos enquanto assistia a princesa tentando montar um dos seus favoritos.
– Apenas homens montam dos dois lados Caspian. –ela retrucava enquanto o cavalo girava toda vez que ela tentava subir. – O que tem de errado com este animal? –ela esbravejou.
– Precisa de calma ou o cavalo não a deixará montar princesa. –dizia o instrutor.
– Estou calma! –disse aos berros. – Quem não está calma aqui?
– Vamos levar a tarde inteira. –Caspian revirou os olhos.
– Você deveria estar me ajudando e não resmungando. Por que não desce desse cavalo e vem me ajudar?
– Shepard está fazendo isso. –respondeu o jovem. – Eu não sou seu instrutor.
– Por favor, princesa coloque um pé depois o outro. –seguiu Shepard.
– Esse animal me odeia. –disse ela vendo o cavalo se afastar de novo.
– Ele deve estar com mais medo de você do que você dele. –riu Caspian.
– Eu não estou com medo, só não encontro jeito de subir. –ela se enfezou e tentou subir bruscamente sobre o lombo do cavalo que relinchou e ergue as patas frontais fazendo com que a mesma caísse sentada na grama.
– Princesa! –se apavorou o instrutor. – Está bem?
– Ah! –ela gritou batendo os braços. – Eu não quero mais fazer isso, não sei por que uma princesa deve aprender a montar. Isso é coisa para homens.
– Foi você que se ofereceu pra aprender. Majestade! –riu Caspian fazendo uma falsa reverencia.
– Cala a boca. –disse ela apanhando um chicote das mãos do instrutor e batendo nas pernas do príncipe.
– Ai! –ele reclamou. – Você é louca garota?
– Isso é pra você nunca mais rir de mim seu estúpido... –ela disse jogando o chicote na grama e saindo a passos pesados.
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