Depois que eles me deixaram em um quarto (com banheiro desta vez, e, ufa, pude finalmente fazer xixi), eu me vesti e preenchi uma ficha que eles precisavam sei lá para quê.

Nome: Lolla Bianca de Souza.

Idade: 19

Endereço: meusamiguinhosdosbackyardigans! (Definitivamente não é da sua conta)

Altura: 1,53 (Sem bullying, please)

RG: hugobatecomtrêsmartelos (Também não é da sua conta)

CPF: barneyéumdinossaurodanossaimaginação (Não tenho, rs)

As outras perguntas como fotos e descrições já tinham sido preenchidas por alguém.

Uma moça de coque chamada Agente Maria Hill (A mãe dela devia ter muita raiva dela para o primeiro nome dela ser 'Agente'...) entrou e pegou a minha ficha, a avaliou e arqueou uma sobrancelha para mim. Sorri e acenei, como os pinguins do filme Madagascar.

–Negar informações para a S.H.I.E.L.D0 é quase um crime sabia? Sem contar que não é nada esperto, afinal, só queremos esses dados para sua proteção. - Ela grunhiu saindo da sala.

–Meu QI é mais baixo que o normal, então... Pode-se dizer que eu sou meio... Burra. - Sorri enquanto ela fechava a porta, eu tinha certeza que ela ouviu, tanto que ela suspirou.

Deixei algumas músicas do meu celular (que a ruivinha já tinha me devolvido) tocando aleatoriamente e até dancei um pouco.

Devia ser tarde quando uns caras foram no meu quarto, pegaram o meu violão e me levaram no colo para algum lugar aí.

Devo esclarecer que me levar no colo, desta vez, não foi minha culpa. Fui abordada por esses dois, e carregada como uma noiva forçada para o altar. Talvez eu dê queixa na polícia.

Fiquei trocando argumentos de como o Brasil estava despreparado para receber a Copa do mundo com o Agente 451. Ele não me disse seu nome, mas ele tinha um sotaque sulista bem forte.

Era um absurdo, ele achava que o Brasil era perfeito.

–Ah, querido é por que você só viu por cima. É sério, lá é terrível, não devia ter esses tipos de evento lá...- Bufei e ele riu. - Meu país é lindo, mas a política é uma merda.

–Sei lá, lá tem bastante árvore...- Olhei para ele, irritada com a resposta e bufei.

Afinal, até parece que eram as árvores que iriam organizar a Copa do Mundo.

Ele me colocou dentro de algum tipo de avião e me prendeu nos cintos, agradeci meio seca por causa de seu último comentário (provavelmente por que eu não conseguiria colocar aqueles cintos de maneira nenhuma). Quando ele foi embora comecei a debochar.

–Mimimi, é, senhor 451, lá tem bastante árvore, SÓ NA AMAZÔNIA NÉ FILHINHO, POR QUE ATÉ OS COQUEIROS DO LEBLON ELES TÃO QUERENDO DERRUBAR! - Gritei para o nada. Fiquei debochando por um bom tempo até cansar, e percebi que um carequinha estava me fitando boquiaberto.

– Tem uma mosca na sua língua! - Apontei para dentro de sua boca, ele pareceu despertar, sacudiu a cabeça e fechou a boca me olhando irritado e eu sorri lindamente.

–Nós vamos para a Itália, você precisa ficar em uma praça por um tempo, nós vamos te dar um cartão e você vai poder comprar o que quiser, mas cuidado... - Ai meu deus, que legal, cartão ilimitado, Itália, ain, será que lá tem nova edição de all star, ai deus, eu vou poder comprar M&M, lá no Brasil tá tãããõ caro! Kinder Ovo então, é quase um salário mínimo! Eu vou poder me entupir de doce sem ter ninguém para me enfurnar, eu posso decorar o meu violão e comprar aquelas novas meias anti-derrapantes, ai, eu também vou poder retocar as minhas mechas verdes!

– Lolla?! Lolla! - O carequinha e o cosplay Capitão América me abanavam e passavam a mão no meu rosto.

–Ela deve estar em choque, será que está se lembrando? - A ruiva andava de um lado para o outro.

–Oi, tudo bem com vocês? - Sorri contente com a notícia do cartão de crédito.

–Lolla, você está bem? - Capitão América perguntou.

–Claro, cosplay da bunda bonita. -Meu sorriso parecia que ia rasgar a boca quando o Capitão tentou olhar sua própria bunda, não sei se ele conseguiu ver, só sei que ele se sentou meio incomodado.

Observei um perfeito cosplay do Homem de Ferro entrar no avião. Tentei me levantar para correr até aquela perfeita armadura reluzente e linda, mas o cinto prendeu.

Ôh merda, eu encontro o cosplay mais irado do Homem de Ferro e não posso nem admirar de perto?!

–Caralho, essa é a armadura mais foda que eu já vi... - Sussurei embasbacada.

–Por quê? Já viu muitas? - Acho que era aquele carinha chato de cavanhaque que estava lá dentro.

–Acredite, você é o cosplay mais irado que eu já vi, eu não vi nenhum assim pessoalmente sabe? Só pela internet, e acredite, armadura até de panela. - Estendi meus braços tentando tocar a armadura. Eu tenha certeza que os meus olhos deveriam estar até brilhando.

–Cosplay? Ok, eu vou ignorar essa, mas fique ciente querida, que eu sou o Antony Stark em carne e osso. - Ele flexionou os músculos de lata (Só tinha ali na máquina mesmo né? Por que se fosse para fazer isso sem a armadura...).

–Aham.

Coitado, devia ser mais um nerd da vida viciado em quadrinhos igual ao meu irmão. Eu não me espantaria nada, já que um dia o queridinho resolveu colocar uma calça bailarina azul minha e uma blusa com os símbolos dos Estados Unidos e a tampa da panela gigante que a mamãe usava para fazer cachorro quente em dia de festa lá na vila, sem contar a que ele tingiu a minha antiga sapatilha de balé de preto e eu não sei como ele fez caber no pezão dele, mas coube.

SIM, ele foi vestido deste jeito para a convenção-de-sei-lá-o-que-amadores-de-gibis. Mamãe deixou eu mandar ele fazer alguma coisa para passar vergonha como punição por ter roubado a tampa da panela e por ter pintado a minha sapatilha.

E eu, como sou uma irmã muito legal mandei ele ver as minhas fitas de balé de quando eu dancei Lago dos Cisnes e tentar refazer alguns passos.

É claro que ele não conseguiu, mas foi divertido ver o meu irmão de calça justinha dançando balé. Mas o mais legal foi gravar escondido e postar no facebook.

Pensando bem, acho que foi por isso que ele colocou tinta verde no meu shampoo, mas ficou irado e eu adorei o tom de verde, depois que saiu a cor eu descolori as pontas do meu cabelo e as pintei com o mesmo tom.

–Vamos pousar em três horas e aí o nosso plano já estará funcionando, alguém quer alguma coisa? - A cosplay Viúva Negra perguntou.

Por favor, me traga o Rex?! É aquele bicho molenga e sem uma orelha que está cheio de baba e sujo de batom aonde deveria ficar a boca...

Suspirei e encostei a cabeça na poltrona sentindo a minha pressão cair conforme o avião ia subindo.

REEEEEEEEXXXXXX!!!!!!

2 horas e 43 minutos depois...

–TERRA! AH, CHÃO, CHÃO, COMO EU TE AMO, CHÃO!

–Isso é nojento Lolla, pessoas pisam aí sabe? - Natasha (descobri o nome dela enquanto estava vomitando em um saquinho de papel, alguém chamou ela pelo nome quando pediu para pegar outro saquinho) torceu o nariz.

–Foda-se, é o chão, é aonde eu me sinto segura, é o meu todo, o meu tudo, o meu onde, e o meu... CARRO DE SORVETE!

Do outro lado de uma rua tinha um carro com um sorvete gigante e uma musiquinha irritante, mas o que aquele carro colorido e decorado transportava não era nada mais nada menos que o elixir dos Deuses.

–SORVETEEEEEEE! - Eu e mais umas mil crianças gritamos.

Do outro lado da rua...

–É só fingir que não a conhece...- Tony Stark olhava envolta e assobiava. -Alguém conhece aquela garota de meias coloridas e short jeans? Eu não...

–Será que ela vai ficar bem? - Agente Coulson perguntou pelo celular á Natasha.

–Acho que ela vai ficar bem sim,.. Bem diabética. - Tony bufou voltando para dentro da nave.

Steve ficou tentando achar Lolla entre as crianças, mas, ela era quase do tamanho das crianças!

–Duas opções, ou a Lolla é realmente baixa ou as crianças estão comendo fermento com ovos no café da manhã! - Steve colocou as mãos na cabeça frustrado.

–Na dúvida, escolha as duas opções. - Natasha deixou uma bicicleta laranja com uma bolsa com unicórneos dentro da cestinha, o violão estava amarrado na 'garupa' da bicicleta. Em breve Lolla voltaria para buscá-los mesmo...

30 minutos depois...

Aqueles vigaristas, me deixaram sozinha com uma bicicleta, um violão e uma mochila (linda, de unicórneos!) e eu ainda não consegui tomar sorvete por que o filho de uma p*** pegou dois sabor baunilha (que é o único que eu tomo), e aí acabou e só tinha de chocolate. Mas eu ganhei um pirulito de graça por que comecei a chorar.

As outras crianças que queriam de baunilha também fizeram birra, começaram a gritar e espernear.

Ai mamãe, eu tô sozinha, na Itália, o que eu faço?!

Do nada um cachorrão surge e passa por mim correndo todo feliz, e uma dona desesperada atrás estava gritando.

–Marley, Marley! -Ela gritava.

Notei que ela não ia conseguir pegar o bicho, subi na bike e comecei a pedalar atrás do cão.

–Hey, Marley, vem cá com a titi...- Antes mesmo que eu pudesse terminar de chamar o cão ele já estava em cima de mim, me lambendo.

Caí da bicicleta e rolei um pouco na grama, mas consegui pegar o cachorro... Er... Cadela.

–Muito obrigada mesmo por pegar a Marley! Eu não ia conseguir! - A menina chegou depois de um tempo.

–De nada! - Sorri satisfeita pelo meu bom ato.

–Ai, mil desculpas pela sua roupa! Eu... Eu não sei, o que eu posso fazer para te agradecer? - A menina era ruiva, tinha muitas sardas na bochecha e era meio alta demais (ou eu que sou um pouco baixinha), seus olhos eram castanhos, como os meus e ela tinha uma pele moreninha, pelo visto tinha pego bastante sol!

–Ah, que isso, não precisa de nada! - Corei e juntei os meus pés.

–Ah precisa sim! - Ela insistiu. -Você caiu da bicicleta, se sujou toda, ralou as mãos e ainda conseguiu pegar a Marley! Com toda certeza, eu preciso te pagar um sorvete. - Ela piscou.

–Ei, como você sabe que eu queria um sorvete? - Arqueei a sobrancelha e peguei a minha bicicleta do chão.

–É que eu estava na fila também, quando você fez cara de choro, eu fui uma das que começou a berrar que eles traziam muito pouco de baunilha. E foi nisso que a Marley se assustou e conseguiu se desprender. - Ela sorriu tímida.

–Bom, eu aceito tomar sorvete com você, mas só se for de baunilha hein? - Sorri.

–Claro, claro! - Ela deu pulinhos e a Marley latiu.

Mon dieu! Arranjei uma amiga!