Solano

      A família de Miranda era tão animada. Fiquei com medo de ser espancado por seus irmãos mas no fim eu gostei deles. Acabei confessando meus sentimentos para toda a família dela. Não era justo com Miranda. Ela deixou tudo para cuidar da minha filha sem nem ao mesmo ter o mesmo sangue, porque eu também não poderia fazer o mesmo? Há tempos eu já sabia que a amava, mas quando vi aquela casa sem ela, foi demais. Ela é importante. Eu estou realmente apaixonado por ela. Nunca me senti assim com mulher nenhuma, mesmo estando com várias. Eu nunca quis cuidar e proteger, só queria transar e só. Mas Miranda era diferente. Seus sorrisos, ela pensa que eu não sei, mas eu a vi muitas vezes, cuidando de mendigos, visitando orfanatos. Ela era tão gentil com todos, tão doce e, no entanto virava uma leoa para defender manu. Eu me sentia estranho no inicio, pensar tanto nela, querer tanto nela. Tudo em Miranda me chamava atenção. Seus cachos vermelhos e longos. Seus olhos claros e exóticos. Seu corpo escultural. E quando ela dançava... Eu ficava louco. Naquela noite, quando ela se entregou para mim foi único. Eu era o único homem na vida dela. Eu era o primeiro e senti uma imensa vontade de ser o ultimo. Eu a queria pra mim. Ela era minha cigana. Minha mulher. Sei que ela possui sentimentos por mim. Pretendo casar com ela. Eu preciso tê-la ao meu lado. Ela precisa saber que eu a amo.

- Mira esta tudo bem? A irmã loira de Miranda, Laila olha pra ela preocupada e eu entendo o por que. Ela está pálida e assustada. Miranda se levanta rapidamente.

- Eu só preciso tomar um pouco de ar. Com licença. Ela se retira da sala sem olhar pra mim. Eu peço licença e a sigo. Ela vai para o quarto da nossa filha. Eu fico na porta, sem me revelar. Ela pega a pequena manu no colo e sorri para a menina que entrelaça as mãozinhas no cabelo da mãe.

- O minha pequena. Eu não sei o que fazer. Meu coração parece sair pela boca. Seu pai disse que está apaixonado por mim, tenho medo filha. Pois eu o amo tanto. Será que ele será capaz de mudar para cuidar de nós três?  Três? Solano ficou pasmo. Será que?

- Três? Ela se virou no susto. Eu estava curioso, o que ela tanto escondia?

- Nós... Eu e nossos filhos. Ela disse de cabeça baixa.

- Desculpe Miranda, eu ainda não entendi. Eu queria que ela dissesse.

- Eu estou grávida de um filho seu.

- Você pretendia esconder isso de mim? Eu me sentia traído e com raiva. Ela pretendia esconder meu filho de mim, pretendia fugir assim como Emmeline.

- Eu descobri hoje. E eu não sei o que eu iria fazer. Eu só não queria ficar ligada com alguém que não me amasse. Só isso. Ela olhava nos meus olhos e eu vi sinceridade ali. Ela pensava que eu não a amava. Eu estava feliz. Miranda estava grávida de um filho meu. Eu queria poder abraçá-la e dizer que estava tudo bem, mas antes, eu teria que ajeitar as coisas. Ela merecia saber de tudo.

- Miranda. Ela me olhou, ainda tinha manu nos braços.

- Eu te amo.  Ela me olhou e sorriu. Tinha lágrimas nos olhos.

- Você não precisa dizer isso. Está tudo bem, Solano. Você não precisa se sentir obrigado...

- Cala a boca marrenta. Eu beijei aqueles lábios vermelhos e senti o gosto de sua boca quente. Eu ainda a desejava. Ela estava especialmente bela com esse vestido decotado. Os seios convidativos eram uma distração então olhei nos seus olhos, surpresos e chocados. Eu sorri.

- Eu não me sinto obrigado a nada. Não ouse dizer que vai cuidar de tudo sozinha porque você está carregando nosso filho ai e eu não podia estar mais feliz. Acredita em mim Miranda. Eu amo você. Eu amo seus sorrisos, amo sua doçura, sua força. Até esse seu jeito teimoso e marrento. Eu quero muito que você seja a única mulher em minha vida. Ela sorriu como eu nunca vi, um sorriso doce e sincero. Como não percebi antes? Aquele sorriso tão lindo.

Ela tinha lágrimas nos olhos. Eu nunca a vi chorar. Ela sempre era tão forte.

- Eu também te amo Solano. Você é o único homem que eu amo. Estou feliz por ser a mãe dos seus filhos. Eu me senti tão feliz ali. Eu tinha tudo. Eu estava realmente feliz. E eu queria que isso durasse para sempre.

- Quer ser minha esposa Mira? Eu me ajoelhei perante ela. A feiticeira que roubou meu coração e minha calma.

- Claro que eu quero. Ela tinha deixado nossa filha no berço e se jogou nos meus braços. Eu ainda tinha que pedir permissão ao pai e aos irmãos, mas isso era surpresa.

- Então é melhor nós voltarmos né? Se não um dos seus irmãos podem pensar que eu estou me aproveitando. Eu digo rindo. Logo nós voltamos a mesa onde todos conversam animadamente e param ao nos ver chegar.

- Finalmente o casal apareceu, eu estava para mandar os meninos atrás de vocês! Disse Pietro sorrindo maliciosamente. Meu futuro sogro era esperto e ele sabia o que estava acontecendo realmente.

- Eu queria conversar algo com vocês. Eu disse meio hesitante.

- Desembuche rapaz. Mesmo tendo trinta e três anos, perto do pai dela eu parecia um adolescente. O que não deixava de ser verdade.

- Eu quero pedir a mão de Miranda em casamento, e gostaria da sua benção.

- Ora que rapaz cavalheiro. Bem, você faz minha garotinha feliz, e o pai da minha única netinha. É claro que eu dou minha benção. Tudo o que eu quero é a felicidade das minhas meninas. Confesso que fiquei aliviado. Essa família louca também me conquistou. Tudo o que vinha dela era assim, surreal e interessante.

- Obrigado senhor. Eu vou fazê-la feliz. Eu dou minha palavra.

- Acho bom cunhado, caso contrário... Um dos gêmeos me deu um sorriso macabro. Acho que era o Doug.

- Você pode contar com isso. Reforçou Marcos.

- Calem a boca meninos. Você é bem vindo a família cunhadinho! Disse a gêmea loira sorrindo e as outras também sorriram. Eram mulheres lindas, e eu sei que meus irmãos não perderiam tempo...