A Morte Lhe Cai Bem escrita por MahDants


Capítulo 5
|| A Baixinha e o Gigante


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM A DEMORA! Por motivos pessoais, fiquei longe do PC. Se alguém quiser saber, mande uma MP que talvez eu lhe conte ;)
Recapitulando o capítulo passado: Katniss se vingou de Peeta, quebrando o iPhone dele. E os dois ficaram de castigos. Dentro de um quarto. Sozinhos.
Enjoy it!



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Meus olhos arderam. Não por arrependimento do que fiz com Peeta, mas por arrependimento do que fiz com mamãe. Ela me ensinou a pensar, me ensinou a ser uma pessoa responsável e honesta. O que eu fiz? Merda! Imagine a tensão que deveria estar naquele momento entre ela e Snow. Isso era tudo que eu menos queria. Não, não, não. Snow era um cara bacana. Talvez o primeiro cara bacana que minha mãe arranjou, depois do meu pai, obviamente.

Meu pai... Não consegui evitar as lágrimas ao pensar nele. Ele também não aprovaria isso. Meu pai era um cara que admirava. Inteligente, culto e com um humor indiscutível. Se ele ainda tivesse casado com mamãe, nada disso teria acontecido. Meu perfeito livro estaria inteiro e eu jamais teria conhecido um ser tão repugnante como Peeta.

Mas eu não os culpava pela separação. Eu achava melhor. Achava que sofreria mais ver eles dois brigando dia após dia. Elevando a voz na minha frente. Eles se separaram quando eu ainda era nova, e fico feliz por não me lembrar das brigas. Depois de anos, eles atingiram maturidade o suficiente pra se tornarem amigos. Melhores amigos.

E não, eu não tinha esperança de eles dois ficarem junto novamente. Digo, ele era casado com Effie Trinket, e tinham uma filhinha, Rue. Minha irmã! Ah, eu amava minha irmã... Ela era um pouco mais nova que Prim e tinha os olhinhos ativos, que brilhavam de admiração para mim. Não, eu não tinha ciúmes dela com papai. Eu compreendia.

Se papai e mamãe não estivessem separados, eu não teria a Rue. Nem conheceria a Clove, pois estaria estudando em outra escola. Não conviveria com vovó. Minha vida seria muito diferente. Talvez eu virasse uma pessoa mimada, ou não brigasse tanto assim com mamãe. Talvez nem tivesse uma amizade com ela.

O dia se passou tão lento quanto as horas passam na escola. Do lado de fora, eu ouvia as risadas de Madge e os resmungos de Clove. Ouvia a voz grossa de Gloss e a voz fina de Cashmere. Prim soltava risadinhas e Johanna era a mais normal. Eu poderia estar ali! Mas não... Eu estava presa com Peeta Mellark num quarto. Eu passei o dia deitada na cama, uma boa parte dele chorando. Eu e Mellark não trocamos nenhuma palavra e se ele percebeu que eu chorava, nada disse; passou a tarde sentado no chão, passando os dedos nos tijolos da parede.

A porta foi aberta e Clove, seguida de Johanna e Madge, entraram no quarto. Peeta saiu sem dizer nenhuma palavra e as meninas sentaram na outra cama. Passamos um bom tempo num silêncio constrangedor, até que Clove perguntou:

– O que vocês acharam deles? Gloss e Cashmere?

– Deixa ela ouvir tu chamar ela de Cashmere... – advertiu Madge.

– Em? – insistiu Clove. – Eu achei a Cashmere superficial.

– Eu também – respondeu Johanna, eu e Madge concordamos. – E o Gloss?

– Aquela voz... – eu comecei, mas mordi os lábios. Ainda estava com vergonha da ceninha mais cedo.

– Caramba, ela me deu arrepios – disse Madge.

– Não seja tão delicada – pediu Johanna.

– Ele é gostoso... – disse Clove.

– E...? – perguntei.

– A boca dele é carnuda, vocês viram? – ela perguntou e nós quatro nos olhamos, caímos na gargalhada. Toda a tensão havia se dissipado.

– Você ficaria com ele? – perguntou Madge.

– Não importa do que você é fã, sua religião ou opção sexual... Qualquer um ficaria com Gloss.

– Ele é tipo... Max Irons? – perguntei.

– Tá mais pra Alex Pettyfer – respondeu Clove.

– Britânicos – Madge disse com a voz fina e olhos brilhando.

– Max Irons não é britânico – eu falei. – É?

– Alex Pettyfer é.

– Madge... A gente mora na Inglaterra, é meio sem sentido você babar por britânicos, como se eles fossem todos perfeitos – disse Johanna.

– Mas eu sou americana – ela disse.

– Sério? – perguntei.

– Nascida em Los Angeles, dois beijos.

– Tá explicado porque é tão... – falou Clove.

– Tão o que?

– Gente – falei. – Vamos voltar para Max Irons.

– Alex Pettyfer – corrigiu Clove.

– Os dois são gostosos, ponto final – eu disse.

– Assim como Gloss...

– Você ficaria com ele, Clove? – perguntou Johanna.

– Achei que já tivéssemos resolvido que qualquer pessoa ficaria com ele – eu falei.

– Apoiado – disse Madge.

– Eu vou te arranjar pra ele – eu falei.

– O que? – os olhos da baixinha saltaram de suas órbitas. – Não, não, não, não...

– Sim, sim, sim, sim – falei. – Meninas, cuidem dela. Eu vou falar com Gloss.

Levantei e segui até a sala. Pude ouvir Mellark e Gloss cochichando baixinho e Cashmere cantarolando. Prim estava calada. Quando entrei no campo de vista deles, a conversa parou abruptamente.

– Hum... Gloss? – chamei.

– Oi.

– Você... Pode... Vim aqui na cozinha? – pedi e ele veio, sendo seguido pelo Mellark. – Quem te chamou?

– A conversa é particular? – ele perguntou.

– É – respondi e Gloss ergueu as sobrancelhas. – Bom... Não, mas...

– Ótimo – o loiro disse e eu bufei.

– Gloss, sabe quem é a Clove?

– A baixinha?

– É – respondi rindo. – Você quer ficar com ela?

– O que?

– Sabe... Beijar, trocar saliva... – falei e senti minhas bochechas arderem. Gloss era um menino, afinal. Eu não gostava da presença de meninos.

– Agora?

– É, no primeiro quarto – respondi.

– Essa eu quero ver! – falou Mellark.

– Por quê? – perguntei.

– Porque ela é uma anã, Gloss é um gigante.

– Peeta, meu bem – falei com falsidade. – A Clove é baixinha, mas o Gloss tem um tamanho normal para homens. A culpa não é dele se você é baixinho.

– Eu tenho a tua altura!

– Que bom que admite seu lado feminino, Mellark.

– Oi? – ele perguntou, realmente confuso e sorri.

– Eu disse que ele tem tamanho normal para homens. Você... Tem um tamanho normal... Para mulheres! – informei.

– Você é mulher? Porque com...

– Parem os dois! – pediu Gloss.

– É, vamos logo – disse Mellark. – Eu quero ver.

– Não, não – eu falei. – Você vai ficar com a Cashmere e a Prim. Assim como eu... Nossos pais não podem desconfiar!

– Foda-se nossos pais.

– Você é um idiota... – falei.

– Quem foi que jogou meu celular no chão? - ele sussurrou e eu corei.

– Por favor, não comecem – pediu Gloss.

– Foi ela – ele disse apontando pra mim.

– Vou retornar a repetir: quantos anos você tem, Peeta? – perguntei e Gloss me olhou feio. – Tá, parei.

– Cadê a baixinha? – ele perguntou. – Vai ser divertido.

– Primeiro quarto – respondi.

Puxei o Mellark pra sala e Gloss foi para o quarto. Prim veio para o meu colo e pediu para eu fazer uma trança. Vi que Cashmere me olhou feio. Ela estava com ciúmes? Segundo mamãe, ela era namorada do Mellark, eu passei a tarde trancada com ele. Faz sentido. Agora Prim, a priminha dela, estava em meu colo. Faz todo sentido.

Fui beber água e mamãe entrou na cozinha. Um sentimento de culpa borbulhou em mim. Eu não tinha pedido desculpas.

– Lava essa louça, Katniss – ela mandou.

– Tudo bem – respondi. – Mãe?

– O que é?

– Desculpa.

– Tudo bem – ela respondeu, mas eu ergui uma sobrancelha. – Você é minha filha, eu tenho que desculpar.

– Desculpa, mamãe.

– Tudo bem – ela respondeu e saiu. Ainda estava me sentindo culpada, mas sabia que no dia seguinte eu estaria perdoada.

Comecei a lavar a louça, que estava cheia, por sinal. Também, dez pessoas numa casa... Era de se esperar. Minhas mãos estavam doídas, quando uma mão depositou mais um copo na bancada. Era branca e grande. Eu sabia de quem era. Bufei.

– Eu só vim trazer os copos – ele disse.

– Já trouxe, agora sai.

– Com prazer – ele respondeu e eu revirei os olhos.

Terminei de lavar a louça e entrei no primeiro quarto. Gloss estava sentado na cama, com Clove em pé entre as pernas. Talvez só assim para suas bocas atingirem a mesma altura. Eles mexiam a cabeça rapidamente, as mãos não ficavam paradas um instante. Gloss se deitou, Clove por cima. Decidi intervir:

– Opa! Acho que tá bom por hoje, certo?

– É... – concordou Clove, respirando com dificuldade e ajeitando os cabelos, saindo de cima dele.

– Eles estavam fazendo... – sussurrou Madge e eu sorri.

– Eles iam fazer – sussurrei de volta.

– Alguém chama o Peeta? Tem mulher demais aqui – ele disse.

– A presença do Peeta aqui será pior... Aumentará o número de mulheres – adivinha quem disse isso?

– Você é gay? – questionou Madge, indo pra cima dele. – Um monte de mulher aqui... E você não vai se aproveitar?

Ela mordeu o lóbulo da orelha dele e riu. Nós todas rimos, somente ele ficou parado, com os olhos arregalados. Tivemos que rir mais por conta da cara dele. Nossas risadas atraíram Cashmere, Prim e Mellark, que vieram com The Game Of Life nas mãos. Começamos a jogar. No fim, todo meu carrinho tava cheio de pirralhos. Fui foco de piada por causa disso. A vida é triste... Muito triste.


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Notas finais do capítulo

Pipoquuuuinhas, deixem um review pra mim? *-* Ah, e vou postar dias de domingo e quarta, menos amanhã, porque já postei hoje ^^
Beijo!