Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Pra quem leu esse cap antes, aviso que ele sofreu algumas modificações... ;)



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Por Laura

Fui recepcionada por uma mulher que aparentava estar por volta de seus trinta e poucos anos, sua pele morena parecia que iria se rasgar a qualquer momento repuxado sobre as maças de seu rosto magro. Estranhei a presença daquela mulher já estava acostumada com a cara de limão azedo da Luzia me recepcionando nas visitas a casa de meus pais.
– Pois não em que posso lhe ajudar?
– Pelo visto você é nova aqui nesta casa... Sou Laura Assunção Vieira não estou sendo esperada, mas não acho que meus pais faram alguma objeção em me receber.

Ela me olha com estranheza como se não tivesse entendido nada do que lhe disse ou como se estivesse considerando as minhas palavras para ver se não eram falsas. Por fim ela parece se recuperar e abre caminho para que eu passe.
– A senhora pode aguardar um instante que vou anunciar a sua chegada ao patrão.
– Não acho que seja necessário apenas me diga onde eles estão que irei ter com eles.
– Eles?
– Sim os meus pais, eles ainda estão á mesa fazendo seu desjejum?

Ela parece pensar em sua resposta, estava claramente desconfortável com alguma coisa eu só não entendia o que era e estava ficando irritada com aquilo.
– O seu pai esta no escritório senhora, tem certeza de que não quer ser anunciada?
– Tenho sim muito obrigada.

Deixo a sala de estar e caminho até o escritório do meu pai, pronta para lhe fazer uma serie de perguntas a começar pela nova empregada, mas também estava estranhando o silencio daquela casa, havia algo no ar que me parecia estranho. Dou umas batidinhas de leve na porta e a abro com cuidado vendo surgir na minha frente aquele cômodo da casa que me era tão conhecido e querido, o meu refugio após muitos desentendimentos com minha mãe, era ali que eu me sentia segura o único lugar da casa além do meu quarto que eu tinha toda a liberdade de rir e chorar mesmo não estando sozinha.

Meu pai, meu amigo e conselheiro em muitos desses momentos estava em sua cadeira detrás daquela secretaria enorme como na maioria das vezes que estive aqui, pronto para me receber em seu colo e me perguntar com uma voz paciente e compreensiva o que fora que a minha mãe me fizera desta vez... Mas hoje havia algo de errado em sua expressão, ele não tinha o olhar dócil nem exibiu um sorriso confidente ao perceber de quem se tratava as batidas a sua porta.

Acho até que não as percebeu estava com o olhar perdido e a mesma expressão de tristeza que eu vira em minha festa estava presente em seu rosto. Ajeito o Antônio em meus braços e levo à mão a porta novamente para terminar de abri-la, o meu movimento chama a atenção de meu pai que parece se iluminar ao me notar ali em sua porta com o seu neto nos braços.
– Minha filha mais que surpresa boa... Entre deixa-me ver esse meu neto que parece que esticou desde a minha ultima visita.
– Olha eu só não digo que é um exagero porque realmente o Antônio vem crescendo numa velocidade que julgava impossível... sua benção meu pai.
– Deus te abençoe minha filha.

Ele responde com um sorriso nos lábios enquanto toma o pequeno Antônio para si. A sombra melancólica que ele estava tentando esconder ainda estava presente em seus olhos, o que ressaltava a minha curiosidade. Eu teria que abordar o assunto mesmo sabendo que ele iria fazer de tudo pra me distrair.
– Como esta lindo esse meu neto, e as cólicas minha filha já pararam?
– Graças a Deus pararam me partia o coração vê-lo chorar daquela maneira... mas agora é outra coisa que me incomoda meu pai.
– Pois me diga.
– Pai eu acho que o meu leite não é muito bom para ele.
– O seu leite não é muito bom? Da onde você tirou isso minha filha.
– Não sei ele não parecem satisfazer o Antônio como antes... ele parece estar satisfeito assim que termina a mamada, larga do meu peito e não o aceita quando lhe ofereço de novo, mas então pouco tempo depois esta chorando de fome novamente.
– Isso é normal nessa fase Laura ele vai reclamar de fome com mais frequência mesmo.

Eu devo ter feito uma cara de desanimo, pois o meu pai logo me abriu um sorriso compreensivo e me chamou para se juntar a ele no pequeno sofá do escritório.
– Isso te incomoda minha filha? Você esta sentindo algum desconforto ao amamentar o Antônio?
– Não é isso meu pai é... bem não tem outra palavra se não essa eu estou exausta.

Sou sorriso se amplia com a minha confissão e nesta hora é quase impossível enxergar a sombra por trás de seu olhar.
– E o Edgar tem sido compreensivo com você?
– Pai!

Levanto-me contrariada do sofá abrindo uma certa distancia entre a gente para que ele não perceba o meu rosto ruborizando, ando de um lado para o outro na ampla saleta arrumando nervosamente na luva que ainda mantinha em minhas mãos.
– Meu bem esqueça que sou seu pai, neste momento estou na condição de médico e estou tentando te ajudar.

Ergo os olhos das minhas mãos e o encaro me perguntando como falar dessas coisas, já seria difícil abordar o assunto com um homem ele sendo medico ou não, como fazer isso com o meu pai...
– Laura o Edgar tem sido compreensivo com você?
– Ele sempre o é meu pai, mas...
– As coisas tem sido diferentes entre vocês?

Eu balanço a cabeça assentindo e ele apoia a cabecinha do Antônio para com a outra mão me indicar o lugar ao seu lado para que me junte a ele novamente e assim o faço mesmo sentindo o meu rosto em chamas.
– Filha não tem como ser igual você teve um filho há poucos meses, esta em uma fase cansativa onde o Antônio exige muito de você... é normal se sentir cansada.
– Eu não quero que o Edgar pense que eu me sinto diferente com relação a ele pai... não quero estar cansada demais para o meu marido.
– Filha o melhor que você tem a fazer é conversar com o seu marido, você passaram de um simples casal para um casal com filhos isso muda muita coisa... Com a Melissa as coisas estavam mais fáceis porque ela é grandinha a atenção que ela exige, ela exige dos dois, no caso do Antônio ele é mais dependente de você.

– O que o Edgar pensara se eu ficar me negando a toda hora?

– Filha vocês já conversaram sobre isso?

– Não

– Você já se negou ao seu marido alguma vez?

– Pra dizer a verdade sim, eu invento alguma desculpa que me vem na hora não consigo dizer a verdade.

– Poque não, vocês sempre se entenderam tão bem minha filha porque acha que agora seria diferente?

– Não quero que o meu marido pense que não sindo desejo de estar com ele pai, mas é que me sinto tão cansada ao findar o dia que não me vejo cedendo.

– Meu bem, tenho certeza que o Edgar ira entender a sua situação, é até sera mais fácil pra você não precisar inventar desculpas tolas, você ira ser verdadeira com o seu marido e ele ira respeitar o seu tempo, aos poucos e no ritmo certo vocês vão voltando com a intimidade de vocês.

– Não sei como ele reagirá meu pai, como o senhor mesmo disse para o homem funciona de maneira diferente que para mulher e o fato dele estar me procurando só prova isso.

– Laura meu bem, a chegada de um filho na vida de um casal muda muito a sua rotina, principalmente na intimidade e muda muito mais para a mulher do que para o homem... é preciso uma conversa e muita compreensão para manter a harmonia do casal.

Eu balanço a cabeça assentindo e volto a minha atenção para o Antônio que resmunga no colo do avó, fixo a minha atenção nele pensando se falo ou não sobre a conversa que tive com o Edgar naquela manhã.

– Tem mais alguma coisa te incomodando minha filha?

– Pai o Edgar levantou uma suspeita hoje que... bem eu neguei na hora mais não me sai da cabeça a possibilidade dele estar certo desde então.

– Sobre o que?

– Ele sugeriu que eu pudesse estar gravida novamente... eu ando meio sensível e tem também as minhas regras que não vieram ainda... pai eu estou com medo de estar gravida de novo em tão curto tempo.

– Também acho muito cedo minha filha acho até que seria perigoso.

– O senhor acha que ele pode estar certo?

– Eu teria que te examinar minha filhas, as regras ficam mesmo irregulares nos primeiros meses após o parto, você pode estar sensível por diversos motivos...

– O senhor poderia fazer isso hoje.

– Até poderia mas não acho que descobriríamos se fosse o caso... o melhor seria você esperar alguns dias, ver se as suas regras não veem de fato e então eu lhe faço um exame.

– E permanecer na duvida por quanto tempo?

– Umas duas semanas minha filha, no minimo... hei não precisa fazer essa carinha., como eu já lhe disse acho muito difícil que estejas gravida.

– Eu espero que esteja certo meu pai, eu sei que a noticia de ter mais um filho iria alegrar muito o Edgar, mas acho que ainda é muito cedo para isso, quero poder dar mais atenção ao Antônio.

– Então fale com o seu marido minha filha, explique a ele os seus medos e tenho certeza que ele entenderá, alias onde esta o meu genro que não acompanhou a esposa numa visita ao seu velho pai?

– Ele tinha alguns assuntos pra resolver pai, tem umas pendencias a resolver em uma das fazendas da família e ele quer aproveitar da ocasião para passarmos alguns dias afastados da capital.

– Acho uma excelente ideia minha filha, é uma ótima oportunidade pra você descansar leve alguém para lhe ajudar com o meu neto assim sobrara mais tempo para você ficar a sós com seu marido e então tratar dos assuntos que estão lhe incomodando.

– Sim eu farei isso meu pai, mas por falar em assunto que esta a me incomodar eu estou inquita para vir ter contigo desde a minha festa.

– O que mais a esta incomodando Laura.

– Pai o senhor estava estranho em minha festa, me parecia abatido e não me olhe assim pois eu te conheço... e aquela história da minha mãe não estar se sentindo bem também não me convenceu... o que aconteceu de fato meu pai? Ela não queria me ver, não queria estar em minha casa por causa dos meus convidados e por isso o senhor ficou entristecido daquela forma? foi isso meu pai, ou a dona Constância inventou mais uma de suas desculpas para não ter de estar no mesmo ambiente que as pessoas com quem convivo?


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Notas finais do capítulo

E agora será que o Dr. Assunção ira abri o jogo e revelar pra filha o que esta por trás dessa ausência da Baronesa de Boa vista?

* Esperamos que tenham gostado ;)



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