Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

As palavras destacadas em negrito foram tiradas de um capitulo da novela que serviu de ponto de partida para o nosso fake.



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Os dias após aquele infeliz acontecimento no escritório do Senador Laranjeiras foram passando e quando eu achava que as coisas não poderiam ficar piores eu encontro com a esposa dele na confeitaria colonial, ela se mostrou ofendida com a minha presença na confeitaria e insinuou que aquele era um lugar de respeito e não para pessoas como eu, aparentemente ela tinha consciência do ocorrido mais por incrível que pareça ela tomou partido do biltre do marido dela o que me deixou ainda mais indignada com o tamanho da sua ingenuidade, se é que aquilo poderia se chamar de ingenuidade.

Não consegui me conter e gritei a plenos pulmões para quem quisesse ouvir lá na colonial que eu fui vitima do crápula do marido dela e que ao contrario dela eu não precisava de homem para me sustentar, a acusei de estar fechando os olhos diante das atitudes insanas do marido porque era uma mulher fútil sem perspectiva nenhuma e que dependia dele para posar para a sociedade como esposa exemplar, como se viver de aparências fosse a única coisa que importasse. O que não esperava era que o Edgar ouvisse as minhas palavras, ele e o Guerra tinham aparecido bem na hora que eu estava fazendo meu discurso e acabaram ouvindo as minhas palavras e pela forma como ele saiu da confeitaria deu para ver que ele tinha entendido tudo errado.

Depois disso nós discutimos, eu tentei dialogar com ele dizendo que não estava me referindo a ele com aquelas palavras mais ele estava ressentido e não me deu ouvidos depois desta briga ele não me procurou mais e eu também não o procurei, achei que ele precisava de tempo para avaliar as coisas sobre outra ótica e quem sabe assim me compreender. Passado alguns dias eu ainda estava sem ver o Edgar e isso me angustiava porque significava que ele ainda não havia entendido as minhas atitudes. No meio da semana, no entanto aconteceu algo que me serviu de alento nesses dias que a escuridão insistia em reinar, saiu uma noticia no Jornal do Guerra que me surpreendeu assinada por um jornalista até então pouco conhecido, mas que eu já havia elogiado seu trabalho para o Guerra e que despertou em mim uma vontade imensa de saber mais ao seu respeito e principalmente de agradecer por aquele refrigério. Eu estava decidida, assim que arrumasse tempo iria até o Jornal sondar o Guerra para saber mais a respeito desse tal jornalista.

Hoje eu sai com a minha amiga Sandra a fim de lhe prestar alguma ajuda com os últimos preparativos para o seu casamento com o Teodoro, nós estávamos tendo uma tarde agradável, conversávamos sobre varias coisas sempre evitando assuntos polêmicos até que saímos de uma loja e algo mais adiante de nós me chama a atenção, a frente da confeitaria colonial estava Edgar e uma moça que eu desconhecia conversando no maior entrosamento.

Apesar das tentativas da Sandra em me convencer de que eu estava exagerando em achar que o Edgar pudesse estar envolvido com aquela moça, essa ideia não saía da minha cabeça e pensar que ele pudesse estar seguindo com a sua vida me atormentava e um encontro ocasional que tive com a D. Margarida só serviu para me deixar ainda mais estressada.

Eu mal havia me recuperado do encontro que tive com ela quando de súbito me deparei com ele a minha frente em plena rua do ouvidor, eu ainda estava tentando digerir as coisas que a D. Margarida tinha dado a entender com as suas palavras ditas há pouco e não estava preparada para aquele encontro, não sei por que mais ele também parecia nervoso, me cumprimentou de forma fria e eu retribui da mesma forma, a minha vontade era de tomar satisfações pelo fato dele estar com outra pessoa mais refreei eu não tinha esse direito. Nós estávamos separados e eu havia me recusado a voltar para nossa casa, portanto não tínhamos nenhum vinculo que me possibilitava uma cobrança de satisfação o que me deixou ainda mais abatida. Ao fim de nossa conversa que mais me pareceu uma briga eu lhe desejei que ele fosse feliz e segui a caminho de casa o mais rápido que as minhas pernas me possibilitavam, não queria chorar no meio da rua e sabia que era isso que iria acontecer se eu ficasse mais um instante sequer na presença dele.

Depois de mais uma noite mal dormida eu tomei a uma decisão, por mais que me doesse eu não podia mais ficar criando esperanças de uma reconciliação com o Edgar, estava bem claro que ele já estava seguindo em frente e que eu deveria fazer o mesmo eu só não tinha ideia se queria ou se conseguiria algum dia fazer isso, nunca achei que a minha história com o Edgar fosse ter um fim, mas era isso que apontavam os últimos acontecimentos e uma hora ou outra eu teria de admitir.

Hoje após o casamento da minha amiga Sandra eu fui até o jornal do Guerra para lhe agradecer por publicar a mateira que ele publicará em seu jornal, não havia planejado nada disso durante o meu dia mas após sair da recepção de casamento acabei caminhando pra lá.


– Laura que surpresa.


– Desculpe não quero incomodar...

– Imagina entra... por favor sente-se. Como você esta? Agente não se vê desde...

– Estou bem

Eu o interrompo vendo que ele fazia menção de citar o nosso ultimo encontro na casa da Isabel logo após o ataque do Laranjeiras.

– Vim aqui para lhe agradecer por me deixar melhor... eu li a matéria do Ferreira.

– Pois é... Laura eu queria ter feito mais, eu fiz o que eu podia fazer, fiz uma denuncia indireta mais enfim uma denuncia.

– Mais você falou do assunto não deixou cair no esquecimento, muitas mulheres que sofrem agressão ficam caladas justamente porque sabem que não adianta falar, vão ser desacreditadas, julgadas e você não deixou isso acontecer, alias você e o Ferreira... eu queria que você agradecesse a ele por mim também.

– Ah claro eu vou agradecer... o Ferreira se empenhou muito na pesquisa para escrever esse texto, ele entrevistou mulheres que foram vitimas de vários tipos de agressão, em casa, na rua, no trabalho...

– Ele soube o que aconteceu comigo?

Eu pergunto ansiosa e ao mesmo tempo esperançosa em saber que tinha alguém realmente preocupado com o que aconteceu comigo, preocupado em denunciar esse fato mesmo que sendo indiretamente, alguém preocupado em ajudar outras mulheres a não passarem pelo que eu passei.

– Claro Laura, muita gente sabe, infelizmente a maioria acredita que você era amante do senador e que se desesperou quando ele terminou o romance.

– O que?

–... que agrediu, que quebrou tudo no escritório.

– Que absurdo.

– É mais assim como eu o Ferreira sabe que isso não é verdade, essa matéria é uma maneira de enfrentar a hipocrisia dessa gente e fazer com que a verdade venha a tona.

– Guerra quando o Ferreira vem ao jornal entregar as matérias?

– Hum Laura não tem dia certo, fixo, isso varia...

Ele parece um pouco contrariado da minha pergunta, como se não aprovasse o meu interesse mais mesmo assim eu insisti.

– Guerra você poderia me fazer o favor de me avisar da próxima vez? Eu gostaria muito de conhecê-lo e também queria agradecer pessoalmente.

Depois de deixar o jornal eu voltei para casa, naquela noite apesar de ainda estar magoada com tudo o que vinha acontecendo comigo e pelo fato de estar afastada do Edgar, eu pude dormir mais tranquila. Ainda que não pudesse me dizer curada, pois a ferida em eu peito parecia estar iniciando o processo de cicatrização mais ainda estava aberta e exposta e eu sabia que levaria algum tempo para que eu me sentisse inteiramente curada.


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