Shiroi Yama escrita por Yato


Capítulo 9
Capítulo VIII: Anjo Caído


Notas iniciais do capítulo

As provas estão acabando! /o/ E mais um capítulo de Shiroi :D



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"Shiroi Yama"

 

 

:: Capítulo VIII: Anjo Caído ::

 

 

Reita andava desgostoso pelos corredores do prédio policial - havia esquecido documentos importantes e estava voltando para seu escritório para pegá-los - suas nádegas doíam horrores e ele nem sabia por quê. Virou para a direita, lentamente, entrando em um outro corredor igualmente branco e vazio, que daria em sua sala. Já era tarde da noite e haviam poucos funcionários, o que ele agradeceu, aliviado.

 

 

- Ainda está aqui, Reita? - Virou-se lenta e dolorosamente para ver a silhueta de Takashima atrás de si.

 

 

- Hai. - Respondeu baixo. - E o que você faz aqui às... - Olhou no relógio em seu pulso esquerdo. - dez horas da noite?

 

 

- Yuu me deu trabalho em dobro hoje... - Uruha respondeu, amargurado, gesticulando, como se espantasse um mosquito. Akira riu. Aoi era, de fato, um protelador, largara as coisas na mão do mais novo para ficar aos amassos com Yune, no aconchego de sua casa.

 

 

- Ja, bom trabalho! - O loiro girou nos calcanhares e empurrou a porta de sua sala, deu um passo à frente, mas parou.

 

 

- Akira... | - Kouyou...

 

 

Ambos falaram ao mesmo tempo, e riram em seguida.

 

 

- O que queria me dizer?

 

 

- Aki, por acaso você... - Mal havia começado a dizer e Takashima havia sido interrompido.

 

 

- REEEEEEEEEEEI... - Ambos se viraram e viram a silhueta de Takanori do outro lado do corredor, gritando o apelido do namorado, um sorriso sacana nos lábios cheios, que logo foi desmanchado. - ...-chan...?

 

 

Takanori e Akira estavam namorando há duas semanas, o mais alto finalmente havia se dado conta de que amava o pequeno, e finalmente tinha criado coragem para se declarar.

 

 

- Ruki?

 

 

- Aki... Porque você... Está menstruado...? - O ruivo apontou para a calça manchada de sangue do mais alto.

 

 

- Era exatamente isso que eu ia perguntar... - Uruha disse, prendendo o riso, ato que foi reparado por Suzuki. De fato Takashima havia mudado bastante desde o ano passado, estava mais espontâneo e humilde, ao contrário do rapaz arrogante e cheio de si que era há um ano atrás.

 

 

- Pode rir, infeliz, mas antes... ME AJUDE A DESCOBRIR POR QUE RAIOS EU ESTOU MENSTRUANDO PELO CU!! - O loiro explodiu, e Kouyou caiu na gargalhada, Ruki continuava espantado, o dedo apontado para o traseiro do namorado. - Ruki, tira esse dedo da minha bunda, por favor, tenshi...

 

 

O ruivo deixou a mão cair morta ao lado de seu corpo. Não entendia por que seu namorado sangrava, e ainda mais em um lugar tão... baixo. Será que Reita o estava traindo? (Ele teria sido o Uke da relação, então?) Não, ele não estaria fazendo uma coisa dessas, afinal, os dois estavam namorando, se Akira não o amasse, porque estariam juntos?

 

 

Uruha ainda ria, apoiou a mão na parede para não cair, estava perdendo as forças, mais um pouco e suas pernas cederiam. Não conseguia respirar direito e sua cabeça doía, faltava oxigênio em seu cérebro, disso ele tinha certeza. Enxugou as lágrimas que saíam de seus olhos e encostou-se na superfície fria. O riso foi morrendo conforme os segundos passavam, até um silêncio esmagador tomar conta da atmosfera.

 

 

- Pronto, Kouyou? Acabou? - Reita cuspiu as palavras, uma fúria inexplicável lhe invadiu.

 

 

- Acho que sim. - Suzuki revirou os olhos e voltou-se para o namorado que permanecia calado.

 

 

- Anou ne, sumimasen... - A figura tímida de Kai apareceu interrompedo o loiro, e foi o suficiente para o vulcão chamado Suzukia Akira entrar em erupção.

 

 

- PUTA MERDA!!! - O da faixa virou-se, raivoso, quase espumando pela boca, e o moreno se encolheu.

 

 

- AAAAHHHH!! - Kai berrou ao ver o sangue na calça do loiro e caiu duro no chão. Com certeza ser hemofóbico era uma droga.

 

 

XXX

 

 

Akira estava parado do lado de fora da enfermaria, Kouyou e Ruki estavam lá dentro, cuidando do pobre desmaiado. Ao final de tudo, ninguém havia feito nada; Reita não havia pego sua preciosa pasta, Kouyou não havia terminado o "dever de casa" e Ruki não conseguira jantar com o companheiro loiro.

 

 

- "MEU DEUS!" - Reita gritou em pensamentos. - "Só pode ser brincadeira! Eu estou mudando muito. Que raiva foi aquela ao ser interrompido pelo Kai!? Isso não está normal, isso não está normal. ISSO NÃO ESTÁ NORMAL!!"

 

 

- Aki...? - Takanori fechou os pequenos dedos no ombro do namorado e ele relaxou.

 

 

- Yo... Taka.

 

 

- Vamos pra casa, sim? Precisamos dormir, já é quase meia noite.

 

 

 - Claro.

 

 

XXX

 

 

 Os raios do sol penetravam as janelas de vidro clareando a sala populosa e quieta. Hajime como sempre mantinha a expressão séria e indecifrável, estava sentado na cadeira de forma que suas costas não encostassem na madeira e as mãos ossudas e grandes ficassem pousadas sobre suas pernas. Eiji mantinha um sorriso misterioso estampado no rosto, e estava na mesma posição que seu primo, apenas um pouco mais relaxado. Sua atenção voltada à figura tímida do homem a sua frente, que se desculpava repetidamente.

 

 

- Gomen nasai! Eu confundi os horários. ...E o dia... – Kai corou e desviou o olhar, de repente o chão lhe parecera tão interessante...!

 

 

- Não tem problema nenhum! – Yune riu, o que fez com que o moreno corasse ainda mais. – Afinal, o importante é que você compareceu para o teste.

 

 

- Mas... Eu acabei incomodando o Uruha-kun... – Os olhos castanhos desviaram-se do chão e miraram o loiro encostado na parede, ao lado da porta.

 

 

- Não foi incômodo nenhum, já que você veio de Tókyo até Okinawa. Foi muito trabalho de sua parte, Uke-san.

 

 

- Me chame de Kai, por favor. – Yutaka sorriu sincero, mostrando suas covinhas e espantando Uruha com o gesto. Não estava acostumado a sorrisos.

 

 

- Claro, Kai. – Uruha retribuiu o sorriso. - "Ele já tem um 'nome', muito bom..."

 

 

- Não se incomodaria em fazer alguns testes, Kai? – Aoi inquiriu, divertido. O queixo apoiado nas mãos cruzadas, os cotovelos sobre a mesa.

 

 

- Sem problemas.

 

 

O procedimento do teste foi explicado ao moreno e Yutaka foi guiado até uma sala onde teria um combate corpo a corpo com Hajime. Afinal de contas, o físico ajuda e muito um detetive.

 

 

- Yoroshiku onegai shimasu! – Yutaka posicionou-se no centro do tatame e fez uma reverência ao seu adversário.

 

 

- Hunf! – Hajime revirou os olhos escuros, desinteressado e mal-humorado. Se não fosse por seu primo, não faria essas babaquices.

 

 

- Podem começar! – A voz do pianista ecoou no recinto e o moreno avançou.

 

 

Kai tentou um chute na altura do abdômen do homem, e foi bloqueado para logo em seguida receber um soco no estômago. Gemeu de dor e seus joelhos cederam levemente, os fios negros foram puxados pela mão bruta de Kobayashi e o rosto do rapaz foi de encontro à outra mão.

 

 

Yutaka foi largado no chão rapidamente. Suas condições físicas não lhe ajudavam muito nessas horas, mas seu cérebro sim. Bolaria um bom plano e derrubaria o oponente presunçoso.

 

 

Parou de raciocinar instantaneamente ao ver o líquido vermelho no chão a sua frente. Espasmos incontroláveis tomaram conta de seu corpo. Seus olhos se arregalaram; encolheu-se como uma criança que havia se perdido dos pais; fechou a mão em punho, segurando o tecido da calça emprestada, com força.

 

 

- Tch, um hemofóbico! – Hajime girou nos calcanhares e se direcionou ao primo. – Não está pensando em admití-lo, está... Eiji-sama?

 

 

Yune não respondeu, seus olhos e sua mente estavam concentrados apenas em Uke Yutaka, e sua figura encolhida sobre o tatame, enquanto sussurrava palavras desconexas a si mesmo.

 

Takahashi analisava os prós e os contras em contratar o rapaz. Ele era calmo, não se precipitaria em situações de risco como Yuu fazia. Mas seria ele calmo demais?; Era fraco, mas aparentava ser inteligente. Entretanto, seria inteligente o suficiente?; Não se destacava, isso seria de grande ajuda caso precisasse se disfarçar - o que acontecia constantemente. Esquecia-se dos horários, mas nada que uma agenda ou coisa do tipo não resolvesse, bastaria que ele a checasse constantemente. A questão era: ele faria isso?; Não aparentava ser escandaloso e nem frio demais como Ruki, Uruha e Jeffresus T. Nidow (De fato o codinome do primo era o cúmulo do fanatismo para com os E.U.A), respectivamente. Talvez o garoto desse conta de fazer o trabalho que Yune lhe deixaria. Eiji realmente havia gostado do rapaz, porém, eram 3 dúvidas contra 2 certezas. Bastaria apenas uma qualidade e ele seria contratado.

 

 

- "Vamos, garoto! Me dê algo! Ajude-me!"

 

 

- Oh, não, Yuk-kun! – Kai resmungou, rouco. Suas mãos, antes fechadas em punho, agora agarravam seus cabelos em um gesto de insanidade. Os olhos arregalados, brilhavam, maníacos, logo um grito rouco deixou sua garganta e ele se jogou no chão, rindo descontrolado e maniacamente mirando o teto, como se debochasse de Deus.

 

 

- Kai... – Kouyou murmurou, desencostando-se da superfície branca e fria. Uma mistura de pena, medo e espanto. – Eu sinto muito... Eu sinto tanto... – Ele abaixou a cabeça, a franja lhe tampava a feição delicada e dolorida. O loiro tentava, inutilmente, não ouvir os gritos que vez ou outra deixavam os lábios do moreno estirado no chão em meio a gargalhadas.

 

 

- O que foi que aconteceu?! – O ex-secretário adentrou a sala de treinamento, escancarando a porta no ato, o namorado e Shiroyama em seu encalço. – Dá pra ouvir os gritos lá de baixo!

 

 

Ruki desviou os olhos da expressão de "felicidade debochada" dos mais velhos e voltou-se para Kai. Akira e Yuu desviaram os olhos, assim como Kouyou havia feito. Inevitável e doloroso o destino dos escolhidos por Deus.

 

 

- Senhores... – Eiji mantinha os castanhos sobre Yutaka, os braços cruzados na altura do peito e um sorriso satisfeito no rosto. Virou-se para encarar os demais. Gesto que foi imitado pelos outros detetives, a atenção agora era voltada para, e somente para, Takahashi Eiji. – Deem as boas vindas ao mais novo detetive do the GazettE: Uke Yutaka.

 

 

3 x 3

 

 

XXX

 

 

"O fato é que a sociedade simplesmente esnoba, desconhece e despreza os fatos a sua volta. Pessoas de idade avançada são velhas; Seres humanos de etnias diferentes são raças diferentes; Quem tem instabilidade social é pobre; Aqueles que amam uma pessoa de outro sexo são gays ou lésbicas; E aqueles que são portadores de Anjos Caídos sofrem de múltipla personalidade. Pensando bem, isso tudo é apenas um jeito 'chique e bem escrito' de dizer aquelas mesmas coisas... No fim, isso tudo não passa de pura baboseira e perda de tempo pra mim. Isso é realmente inútil..." – Uke abriu a porta da sala e caminhou em direção à outra.

 

 

- Kai! Quando abrir a porta, não se esqueça de fechá-la!!

 

 

- Claro, Reita... – Após a reclamação, o loiro fechou a porta com um baque.

 

 

- "...Porque apesar de tudo... Eu estou é morrendo de fome..." – O moreno caminhou em direção a lanchonete que se encontrava no térreo do edifício, sentando-se na cadeira. – Dois yakitoris¹, por favor.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

¹ Yakitori – Espetinho de frango. Tadinho, o Kai tava sem dinheiro! XD *rola*

Esse flashback era pra ser do Reita, mas o Kai roubou a atenção D:

Reviews???? *w*



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