Eu era apenas uma garota com o coração partido que decidiu se afastar de toda aquela coisa chamada ‘‘paixão’’, ‘‘amor’’, seja lá como você queira chamar. Certo dia me encantei por um cara, um cara não, um príncipe que comandava um tipo de reino diferente dos com castelos. No começo eu achei que era apenas um qualquer querendo me adicionar para a lista de garotas que ele já havia despedaçado, mas na verdade eu o encantei e ele colou os pedaços do meu frágil coração. Com ele me arrisquei e conheci pessoas incríveis que hoje chamo de amigos. Tudo parecia um conto de fadas meio distorcido, porém perfeito para mim, mas nem toda história tem um final feliz e um dia eu tive que acordar para a realidade. Mas será que eu estou certa? Uma parte de mim diz que sim, mas a outra diz que não, o coração.

Um mês? Acho que um mês e meio sem ver o meu namorado, se é que eu ainda tinha um. Os dias se passavam lentamente e todo sábado eu e meus amigos íamos a cidades do estado a fim de encontrá-lo, mas quando percebemos que não estava dando certo, paramos, exceto a Possy. Ela estava super concentrada em encontrar o Nathan, era como uma missão para ela.

Eu estava rezando para a última aula dessa sexta-feira acabar.

– Katy- James cutucou o meu braço.

– Oi- olhei para ele.

– Festa surpresa amanhã.

– Festa de quem?- perguntei tentando lembrar quem fazia aniversário no dia de amanhã.

– Possy- ele disse.

– Percebeu que ela escuta tudo?- perguntei.

– Vou sussurrar então- James sussurrou.

A Possy sentava lá na frente como uma perfeita nerd, mas ouvia tudo que falávamos aqui atrás.

O sinal tocou e todos começaram a arrumar o material. A nerd veio até nós com a mochila apoiada em um ombro.

– Eu ouvi- ela disse como se fosse alguma novidade- sabe que odeio festas...para mim.

– Ta, quer que eu compre um urso gigante?- James sugeriu, provavelmente brincando.

– Eu amo pelúcia, mas...que tal se eu passar a tarde toda na sua casa? Tipo...a noite inteira?- ela se apoiou na mesa do James com as duas mãos e se inclinou para frente.

– Você pode fazer isso todos os dias, não sabia?- ele disse levantando.

James envolveu os braços na cintura dela e lhe deu beijos no pescoço.

Danna fingiu que ia enfiar o dedo dentro da garganta e nós duas rimos.

Sim, James arquitetou uma casa junto com a Possy e também pediu a minha ajuda. Alguns ajustes e pam! Uma espécie de mini mansão luxuosa foi feita, ou pelo menos boa parte. Ele agora era completamente independente dos pais e mal dava sinal de vida para eles, o que eu achava errado, pelo menos com a Lisa.
– Se vão ficar aí se agarrando, eu vou indo- declarei puxando Danna.
Saímos da sala e alguém me beijou rapidamente, não foi exatamente um beijo, um tipo de selinho.
Como se nada tivesse acontecido, Jack seguiu pelo corredor.
– Será que dá para parar com isso?- Danna reclamou para mim- você tem namorado.
Continuamos a andar até o estacionamento.
– Prometemos que não íamos mais falar do "meu namorado" e o Jack que me beijou.
– Ta chifrando o seu namorado, paaaaaaara!- ela gritou que nem uma louca.
– Chifrou o seu e foi bem pior- eu disse rindo.
– Katherine, não dá para apagar o Nathan da sua memória, caramba!
O nome dele me dava calafrios e acelerava o meu coração.
– Não fala o nome dele- reclamei.
– Não quer que eu fale o nome dele, mas todo dia está indo para o apartamento dele, você tem problemas- ela disse como se eu não soubesse.
– Ele foi embora- falei mesmo que doesse tanto.
– Você é a única idiota que acredita nisso, você e o Jack. Que porra de ir embora! Ele não foi embora!
– Então onde ele está?- perguntei realmente querendo saber.
– Eu não sei, mas ele não foi porque quis, tenho certeza. Você está tentando esquecer ele, mas é impossível, passa as aulas escrevendo o nome dele ao redor das folhas do caderno, fez um mural com fotos de vocês dois, vai todo dia para o AP dele...no fundo sabe que ele não foi porque quis e está louquinha para tê-lo de volta e não se faça de forte, eu te conheço.
– Ele nos deixou- falei.
– Está tentando se convencer disso, mas não consegue.
– Ta, ele não foi embora porque quis e vai voltar algum dia- falei de saco cheio- bom para você?
– Não, precisa mandar uma real para o Jack- ela disse.
– Já mandei várias, ele não larga do meu pé.
Peguei a chave do carro e destravei o meu.
– Nos vemos...
– Temos que estudar- avisei.
Nos últimos dias eu havia me dedicado bastante aos estudos, estava tentando ocupar a minha cabeça.
– Vai para a casa dele de novo?- ela perguntou já sabendo a resposta.
– Vou.
Era o único lugar em que eu me sentia bem.
Danna entrou no carro dela, eu no meu e seguimos o nosso caminho.
Ao chegar ao meu destino, coloquei meus livros por cima da mesa do quarto.
Eu devia estudar, mas comecei a remexer as gavetas da escrivaninha. Havia uma foto minha com o Nathan no Delly's, atrás tinha escrito "Primeiro Encontro" com a letra do James. Peguei outra foto, nessa eu estava dormindo com a cabeça encostada no ombro dele e ele fez uma careta muito fofa. No verso estava escrito com a letra dele "Meu Anjo". Segurei a droga das lágrimas e peguei mais um montão de fotos de uma vez só. Espalhei todas em cima da cama e fui olhando cada uma e lendo o verso. Tinha mais uma foto minha dormindo e eu me lembrei daquele dia de imediato, foi quando eu havia dormido aqui porque tinha esquecido as chaves de casa com a Danna e no verso tinha "Linda até dormindo". Na época ele ficava dando em cima de mim e eu o rejeitando. Ele gostava de registrar os momentos e eu nem havia percebido isso.
–-------------
No dia seguinte eu fui com a aniversariante do dia até a mansão Scar para tirar as medidas dos nossos vestidos de damas de honra e os vestidos da festa de noivado que se aproximava.
– Vai ser uma festa e tanto- Possy disse como se não fosse óbvio.
– O James vai?- perguntei já que ele não estava mais falando com a Lisa.
– Ele não quer vir.
– E se você falar com ele? Acha que ele muda de ideia?- perguntei- tipo...se insistir? Apelar?
– Eu vou falar, ele tem que vir no mínimo como o meu acompanhante e no máximo como o filhinho mimado pela mãe. Ele odeia isso, ser tratado como criança.
– É, eu sei.
Lisa saiu lá de dentro e veio falar com a gente.
– Oi meninas, vamos entrar.
Nós entramos.
– Katherine, tem tido notícias do James?- Lisa perguntou enquanto a seguíamos.
– Ah, ele continua estudando comigo, nada mudou entre nós.
– E notícias do Nathan?
– Não.
Passamos pelo quarto do James, que estava com a porta aberta. Só havia os móveis vazios.
Lisa abriu a porta do "meu" quarto.
James estava lá sentado na cama usando um terno.
– Surpresa!- ele disse rindo.
– Ah, me enganaram!- Possy disse indo abraçar ele.
– Parabéns meu amor, você disse que não queria festa surpresa nem nada, mas e se a surpresa for eu?- James disse.
– Ai eu preciso repensar- ela disse rindo.

James tinha me ligado hoje de manhã para ajudar com a surpresa dele e sim, ele voltou a falar com a mãe.
– Mas a prova de vestidos é de verdade- ele avisou.

Possy fez uma careta.
– E esse terno?- ela perguntou levantando a gola da blusa.
– Prova de ternos- ele riu e deu um beijinho no rosto dela.

Ela saiu do colo dele e ele se levantou.

Lisa desejou parabéns, deu um abraço na Possy e expulsou o James do quarto.

Nós duas experimentamos tantos vestidos que eu perdi a conta. Depois de decidir, fomos até o jardim, onde o James estava.

A decoração do jardim já havia começado e muitas flores foram substituídas por rosas brancas.
James estava sentado em uma cadeira de uma das mesas, já sem o terno e sim com as roupas habituais.
– Eai princesa?- ele levantou e me deu um abraço apertado.

Amo quando ele me chama assim, até porque ele havia sido o primeiro.
– Vai me sufocar- brinquei.
– Vamos sair hoje?
– Não estou muito a fim- falei.

– Vamos, é só um showzinho no Scrush.

– Tem que ser lá?-perguntei, já que o lugar me lembrava o Nathan.

– Será que pode parar de evitar lugares que te lembram aquela pessoa que você não quer que ninguém fale o nome?

– Eu não estou EXATAMENTE evitando lugares que me lembram aquela pessoa e você pode sim falar o nome dele.

– Você está sim- Possy disse não ajudando em nada.

– Está bem, eu voooou, satisfeitos? – cedi, vendo que aquilo ia durar a tarde toda.

– Satisfeita, mas eu não vou- Possy disse.

– Porque?- perguntei.

– Vou procurar o meu melhor amigo, não é lógico?

– Possy, você pode parar com isso?- James perguntou mudando o seu humor de uma hora para outra- será que dá?

– Sabe que não vai encontrá-lo- falei.

– Foda-se, eu não desisto- ela abriu um sorriso e ergueu as mãos como se estivesse se rendendo- sou a Possy e a Possy nunca desiste!

– É seu aniversário!- James disse.

– E daí? Só mais um ano mais velha, grande bosta! Porque não quer que eu encontre o seu melhor amigo? Mas que droga!

– Possy, sempre que você sai atrás dele eu fico preocupado, quando todos íamos era diferente porque eu estava lá com você, mas agora você fica completamente fora do meu alcance.

– Você está com medo de eu morrer?- ela perguntou, direta como sempre.

– Hm...é e eu fico...com saudades. Pode só ficar aqui comigo?

– Olha...ta bom, ta bom, eu não vou mais! Katy, chama a sua amiguinha.

Quando Danna descobriu sobre o James e a Possy, ela surtou e ainda hoje não fala direito com ele e odeia ela, mas eu sei que ela ama o Nick. É bem complicado não sentir pelo menos 10% de raiva da Possy, ela é perfeita demais.

– Sério? Aceitou isso tão fácil?- James estava surpreso.

– Não significa que eu desisti, ta? Eu vou encontrar o Nathan, vocês todos vão ver e eu vou falar ‘‘tomem bem no meio da caaara’’.

Apesar dela estar falando sério e da gravidade da situação, eu e James rimos.