Isobel direcionou a vista para um ponto qualquer da mesa de centro. Seus olhos embuçavam-se aos poucos, junto há seus pensamentos. Estava atônita, sem entender; Enquanto ao mesmo tempo tentava assimilar o que ouvira.

– Mas por quê? – Sussurrou, esforçando-se para falar perante tamanha indignação.

Damon passeou com os olhos ao redor do cômodo enquanto pensava em algo adequado de se dizer. Ao fim, sua boca abriu em procura do pronunciamento por diversas vezes, mas apenas soluços vieram.

Desistindo de tentar pensar demais, optou por ser espontâneo. Embora fosse obrigado a omitir os fatos.

– É um pouco pessoal, entende? – Disse em lamentação, apanhando uma das mãos da mulher. Queria poder demonstrar gratidão a ela, mesmo perante o que estava a fazer. – Eu não quero falar muito disso agora, mas... Vai ser melhor desse jeito.

Isobel olhou para os lados ainda sem compreender.

– Mas eu não entendo por que. Só isso. Achei que tava tudo bem, a gente... Você.

– E está. – Rebateu, de modo gentil. – Isso não tem nada haver com vocês, absolutamente nada. Parece discurso pronto, mas é verdade.

– Ah, Damon pelo amor de Deus. Eu não nasci ontem. – Levantou-se do sofá, falando de modo cético. – Você vem do nada, dizendo que vai se mudar daqui e tenta me fazer acreditar que não tem nada haver com a gente. Para com isso.

Apesar da acusação, o inconsciente de Isobel sabia que o motivo para sua reação não estava no fato de acreditar, ou não, nas desculpas do rapaz, e sim em estar absurdamente surpresa com a escolha de Damon.

– Isobel eu te juro... Juro. – Ele assegurou firmemente. – Eu e você, nós nunca tivemos problemas, pelo contrario. Nossa relação sempre foi ótima, eu não teria motivos pra sair daqui por conta sua.

– Mas e os meus filhos?

Um rápido frio na espinha se fez presente em Damon. Não poderia colocar tudo a perder, por conta de uma reação instintiva. Manteve a postura.

– Se seus filhos, se o fato de... Serem meus alunos fosse problema eu já teria me mudado há muito mais tempo. Tanto eu, quanto eles, nós todos aprendemos a conviver com isso.

Vendo-se vazia de argumentos, Isobel cruzou seus braços encarando cômodos aleatórios da sala de estar. Damon continuava sentado numa das poltronas, olhando-a. Os olhos sedentos para que o compreendesse. De certa forma, não queria sair daquela casa deixando-a num ambiente estranho. Ainda mais com Isobel na qual simpatizou no momento que a conheceu. Além do que, sentia reciprocidade no sentimento dela.

– Eu só... Achei que tava tudo bem. – Choramingou timidamente. – Não queria que você fosse embora assim, de repente pra mim você é quase da família e eu...

Damon não a deixou continuar. Interrompeu a fala já ávida e esforçada perante a vontade do choro com um caloroso abraço; Nele Isobel pôde descarregar toda a tristeza e luto que sentira com a notícia.

– A cidade é tão pequena, não é como se a gente fosse deixar de se vê. – Disse ele nos ombros da mulher, que seguia a chorar. Afastou-se do enlace, para enxugar as lágrimas dela. – Ainda tem a escola, reunião de pais. Você continua sendo minha dentista. Prometo que é bem capaz de eu dobrar as minhas consultas. – Sorriu, tentando soar otimista. – Se você quiser eu como doce todo dia pra me encher de caries. O que acha?

Contagiada pela tentativa de Damon, Isobel sorriu também. Um rápido riso que logo deu origem há mais outro abraço apertado.

Mesmo com tudo apontando positivamente, seria impossível para ela não sentir a falta da presença dele ali.