Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 41
- Anything can happen.


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO ENOOOOOORME. Gente vocês não tem ideia do quanto eu demorei pra escrever esse capítulo. Por causa dele to enrolado com a história e com um monte de outros capítulos atrasados; Acho que foram um pouco mais de duas semanas pra escrever e eu ainda tenho minhas dúvidas sobre ele. Não sei se ficou bom, mas espero que vocês possam me dizer.
Dedico ele à Brubs somerholic e a LaviiTvD pelas recomendações, de verdade. Tbm quero agradecer à lavii novamente, a rayane (sds rayane) a lucy e a carolBueno por favoritarem a história e me ajudarem à meta chegar aos 100 favoritos. Se mda tá entre suas fics favoritas, mas vc esqueceu de favoritar ou sei lá, por favor me ajudem.
Boa leitura meninas.



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Somente um rápido estalo e uma intensa sensação de alivio foi-se entregue ao corpo de Elena. Sentia sua coluna mexer-se devagar, contraindo-se aos movimentos das mãos hábeis da mulher.

– Você pelo jeito tem andado muito tensa ultimamente. – Constatou a massagista apertando os dedos ao longo de sua espinha, ombros e pescoço. Nem faz ideia do quanto. Pensou Elena fechando os olhos, aproveitando a deliciosa sensação que ela lhe proporcionava.

Ir ao spar nesse momento havia sido a melhor decisão que fez em dias. Estava realmente precisando. Nem a própria possuía noção do quanto até deitar seu corpo naquela maca. Bonnie e Caroline, ainda continuavam na sauna e pelo visto não sairiam de lá tão cedo; Era a primeira vez delas ali e queriam aproveitar tudo. Rebekah, apesar de não ser sua primeira visita ao lugar, não tinha pretensões de sair daquela hidromassagem.

A expressão de perdedor que Matt fez ao ver que disponibilizaram horário de ultima hora para ela e suas amigas fez o dia ontem valer a pena. Também foi engraçado o susto da recepcionista ao atender sua ligação.

Mas agora... As únicas coisas que queria pensar eram aproveitar o pouco de luxo que a Virginia tinha a oferecer. Não são muitos. O que significava que desfrutaria ao máximo tudo que era de seu direito.

Acabou a massagem sentindo-se como uma pluma ao vento. Realmente conseguia ver o quanto de estresse estava sob suas costas.

Seguiu para o vestiário colocando seu biquíni azul. Não estava com vontade de ir para a sauna agora. Havia outras mulheres lá e quanto menos pessoas a visse, melhor. Preferiu acompanhar Rebekah na hidromassagem; A banheira não era muito grande e com as duas já ocupando a maioria do espaço seria difícil de alguém importunar.

– Aproveitando loira? – Perguntou Elena bem humorada, sentando-se a água quente. Pelo sorriso no rosto de Rebekah e a expressão relaxada, nem era necessário responder.

– Essa sua ideia foi de gênio. To adorando.

– A gente vai fazer mais vezes, não tenha duvidas. – Sussurrou ela, fechando os olhos enquanto as mãos passeavam pela água quente em ondas com os jatos fortes.

Como esperado, as quatro meninas saíram sentindo-se renovadas. Mesmo localizado nesse fim de mundo, era realmente um spar muito bom. Claro que não era nenhum Golden Door ou um Ojai Valley Inn, mas era aceitável o suficiente para gostar. Seria um bom relaxamento preparatório para a viagem infernal que teriam que fazer semana que vem. A uma universidade comandada pelo regime grego de fraternidades e irmandades. E uma vez por ano eles abrem as portas para visitantes dos últimos anos de toda a Virginia em procura de possíveis futuros selecionados.

A ideia de ir a tomava inteira por duvidas. Precisava distrair-se e seria bom se entreter com jogos de fraternidades, mas haveria pessoas lá de todo o sul. Se alguém leu a noticia de seu possível ‘’ desaparecimento’’, poderia a reconhecer e informar a imprensa ou postar em alguma rede social.

Mas para ser honesta, cada vez importava menos o fato de alguém descobrir onde morava. Jenna havia dito ontem algo que fez sentido; A imprensa provavelmente viria até aqui, faria fotos, entrevistaria moradores da cidade, publicariam em massa a noticia de que agora vivia uma vida de garota do interior, mas depois... Iriam embora; Los Angeles, Nova Iorque, etc... Esses eram os grandes centros das celebridades, onde em cada esquina poderia haver uma para fotografar. Ou seja, se tornaria algo para ser esquecido rapidamente.

Nenhum paparazzi mudaria para esse fim de mundo apenas para ter uma foto sua indo para escola, nem muito menos, viajaria o país todos os dias ou toda semana para uma nova matéria.

Precisava continuar vivendo sua vida sem medos. Mesmo que fosse para viver ali.

‘’ Essa é sua nova vida agora’’. Repetiu sua mãe diversas vezes no começo da mudança até que aceitasse. Jurava para si mesmo que nunca aceitaria...

E agora se via aceitando.

Antes todos seus pensamentos se voltavam para uma única conclusão. Berravam em alto dentro de si ‘’ Não. Esse destino não é meu. ’’ Já hoje, não ouvia mais essas vozes. Só não sabia ainda se isso era bom ou ruim.

As garotas insistiram para irem a um cabeleireiro da cidade, Elena recusou a ideia na hora. Seu cabelo já havia sido tratado pelos melhores especialistas do país. Não desceria tanto seu nível para os deixarem ser tocados por um dono de salão qualquer de cidadezinha.

Não mudou tanto assim para isso. Nem mesmo sua mãe podia tocar em suas madeixas sem que implorasse muito, quanto mais um desconhecido.

Pesquisava na internet tutorial de hidratação caseira e fazia ela mesma. Mandava um email antes para seu antigo cabeleireiro e tirava duvidas, perguntava se era mesmo confiável fazer o que o vídeo indicava e etc.

Continuaria assim até quando fosse necessário.

– To sentindo até minha pele mais lisinha. – Exclamou Caroline passando a mão pelo rosto.

Bonnie concordou.

– O cheiro desse creme é uma delicia. Quero ir mais lá. – Era a terceira vez que Bonnie ressaltava o quanto amou o cheiro daquele creme de baunilha. Elena havia achado um pouco enjoativo, o que era normal em conta do fato de sempre enjoar de doce após a quarta mordida. Ou nesse caso, a quarta cheirada.

Deixou-as cada uma em suas casas e voltou em baixa velocidade para sua. Sentia-se mais leve, mais calma e relaxada. Via suas mãos aconchegando-se ao tecido preto que cobria seu volante e todo seu corpo em encaixe ao couro do banco do carro. Não havia rigidez e nem dor na nuca, nem ao menos aquela sensação pesada nas costas em razão do estresse.

Adentrou a garagem e saiu em seguida em direção a sua casa.

Um aroma forte de chocolate invadiu suas narinas no momento em que abriu a porta de entrada. Ouvia batidas na cozinha o que indicava que alguém estava preparando algo.

A sorte é que estava tão relaxada que a curiosidade de ver o que acontecia ali nem ao menos tocou em seu corpo. Subiria as escadas e seguiria para o quarto para descansar ainda mais.

– Elena? É você? – Chamou sua mãe quando estava apenas no terceiro degrau.

Mãe? Em casa? Pensou ela estranhando. Tudo bem que era sábado, mas ela sempre trabalhava aos sábados e pela hora já deveria estar no consultório.

– Sou eu mãe. Tá tudo bem? – Perguntou confusa, ainda parada no degrau.

– Preciso falar com você. Vem aqui rapidinho, meu amor.

O tom de Isobel não indicava nada. Não soava raivoso, não soava amoroso, não parecia ser um pretexto. Apenas a chamava. E isso que era o incomum; Sua mãe sempre tinha uma razão, uma desculpa.

Ajeitou o lenço preto em volta de seu pescoço certificando-se de que cobria o machucado. Hoje cedo ela e Jenna questionaram do porquê de estar usando esse lenço todos os dias. Afinal, era estranho Elena, que odiava repetir roupa, com frequência, usar o mesmo acessório por dias seguidos, com todas as roupas que colocava.

Deu a desculpa de que estava pagando uma promessa e que teria de usar o lenço por alguns dias para poder cumprir. Fora a melhor desculpa que encontrou; e que agradeceu aos céus por terem acreditado tão facilmente. Jeremy e April sabiam o que tinha acontecido no bar. A escola inteira perguntou o porquê de ter feito o que fez. Inventou que foi por reflexo, que fora apartar a briga e, por acidente, aconteceu o que aconteceu.

Desculpa que possuía meia verdade, afinal, fora mesmo um acidente. Mas havia se posto a frente do vidro, tentando defende-lo e não para parar a briga. No fim, conseguiu convencer os irmãos a não contarem nada.

Terminou de arrumar o lenço ignorando as lembranças do porque estar tendo de usar o acessório. Era sim tortura, mas também era necessário.

– Fala. – Adentrou a cozinha sentando em uma cadeira em frente à de sua mãe, que estava em pé do outro lado do balcão.

Olhou rapidamente em volta. Não precisou olhar muito para ter sua confirmação. Era um pretexto; Isobel estava batendo bolo, sempre fazia bolos quando estava nervosa, triste ou muito estressada.

– Preciso falar com você. – A voz aflita endossou sua certeza. – Eu hesitei pra te perguntar por causa do que aconteceu. A notícia de que a gente não tava na Rússia, o seu nervosismo, a confusão que essa casa ficou... Acabei deixando de lado, só que agora eu preciso falar.

– Tá me assustando. – Disse Elena com o olhar fixo e o corpo paralisado pelo que poderia acontecer.

Isobel levou as mãos aos cabelos, coçou, fechou os olhos, bufou... E fez tudo de novo repetidamente. Outros indícios claros de angustia na qual colocava o medo de Elena em mais evidencia.

Enfim, a mãe respirou fundo e apoiou os braços no balcão. O olhar rígido na direção dos olhos da filha que já tinha a postura em total paralisia pela preocupação do que mais poderia estar por vim, em conta do azar que sua vida se banhava nos últimos tempos.

– Na missa, no domingo... O pastor me perguntou sobre você e me disse que te conheceu quando você foi com o Damon pra ajudar a cancelar o casamento dele com a noiva. Contou também que você tava dando apoio e que foi muito gentil. Muito caridosa. Então eu te pergunto exatamente isso. Porque razão você, logo você, foi com o Damon na igreja pra desmarcar o casamento dele? O que você tem haver com esses dois?

Sentindo-se em total desespero por uma saída. A mente de Elena não possuía mais som. E se acaso houvesse, não haveria nexo. Era como se seus olhos não enxergassem mais devido ao susto. A expressão rígida de Isobel com a vista ardente em sua direção pioravam ascircunstâncias. Sentia como se seu corpo estivesse congelado. Não conseguiria se mexer se não quisesse cair ao chão.

Devido à falta de explicações, Isobel arqueou as sobrancelhas na procura por uma resposta, dando play aos pensamentos de Elena para gritarem alto dentro de si. Antes não conseguia pensar em nada e agora não era capaz de raciocinar a onda que se formava em seu cérebro.

Era melhor dizer qualquer coisa. Muito tempo em silêncio daria a iniciativa necessária para sua mãe tirar suas próprias conclusões.

Falaria a primeira desculpa que viesse na cabeça e daria, depois, um jeito de contornar a situação. Só precisava de uma mentira. Só uma.

– Eu... – Começou em voz baixa. –... Posso explicar.

– Pois bem. Explica. – Disse Isobel ainda com em tom firme.

Concentrando-se, Elena fechou os olhos na tentativa de poder ouvir seus pensamentos e conter qualquer tipo de gagueira e nervosismo ao falar. Precisaria convencê-la e demonstrar confiança, caso contrário, Isobel investigaria.

Isso não podia acontecer. De maneira alguma.

Não.

– Eu tava saindo de casa, indo pro Grill e ele tava na garagem com raiva porque tinha acontecido alguma coisa com o carro... Falou que precisava fazer uma coisa importante e eu ofereci carona. Como ele tava sem nada pra voltar, disse que ia ser rápido e eu levei... Depois o trouxe de volta.

Assimilando as palavras Isobel afastou-se um pouco do balcão e assentiu pensativa. A vontade de Elena era respirar fundo toda aquela ânsia por ar que seus pulmões suplicavam. Conseguir ao menos falar em um momento como aquele era uma vitória.

Desconfiada, Isobel perguntou outra vez.

– E porque você entrou na igreja com ele?

A tensão voltou outra vez para Elena. A dúvida de sua mãe era sinal de que não havia se convencido totalmente, e se Isobel não se deixou persuadir de primeira, significava que possuía suspeitas maiores. E eram essas suspeitas que a amedrontavam profundamente.

Ainda mantendo o teatro, Elena deu os ombros como se não se importasse.

– Eu não queria ficar lá... No carro esperando. Entrei, foi só isso.

Para sua sorte, Isobel já parecia mais crente em sua história. Os lábios torcidos para esquerda, preso em um dos dentes e os olhos postos para baixo, junto às sobrancelhas franzidas. Ao contrario de Isobel, a expressão de Elena não indicava nada. Estava parada, focada em tentar controlar todos os sinais de aflição que seu corpo sentia por dentro.

– O que eu não entendo. O que não entra na minha cabeça é porque você fez isso. – Admitiu a mãe nervosa, gesticulando rapidamente quase em desespero. – Cá entre nós, Elena. Você não costuma ser muito gentil com as pessoas. Nunca foi. Não entendo isso. Porque agora? Porque com ele?

Uma campainha atrás soou alto interrompendo qualquer tentativa de Elena em pensar. Agradeceu mentalmente por ter, mesmo que por alguns segundos, o olhar de sua mãe sendo desviado dos seus. Toda aquela desconfiança sendo despejada em cima de si era torturante e impedia de pensar em qualquer coisa, por mais simples que fosse.

Isobel de imediato virou-se para abri o forno e retirar de lá o bolo já pronto. Colocou a forma por cima em uma área livre do balcão e retirou as luvas. Tudo isso em uma velocidade absurda. Não queria deixar Elena escapar de suas perguntas.

– Responde Elena. – Ordenou Isobel retirando as luvas. Mesmo que rápido, fora o tempo suficiente para a filha pensar. Ou melhor, ouvir seus pensamentos.

– Mãe às vezes eu acho que você tem problemas. Parece que não raciocina.

– Como é? – Indagou Isobel fingindo-se de desentendida.

Elena estalou a língua e deu os ombros outra vez, como se aquela fosse a explicação mais obvia do mundo.

– Acho que você esquece de que ele também é meu professor. Eu tenho que ser gentil às vezes, tratar bem, ou ao menos ser legal. Por mim eu mandava o homem ir pro inferno, mas eu não posso. Ainda mais depois do que aconteceu naquele dia, lembra? Que eu tentei chantagear ele e deu aquele problema todo e você...

– Nem me fale disso. – Interferiu Isobel estressada. Só em mencionar aquele dia que já se alterava. Eles dois no quarto dela, gritando um com outro... Pensou tantas coisas na qual lembrar já lhe enchia de aflição. – Quero esquecer esse dia.

– Eu também quero. – Disse ela com brandura. – Por isso eu to sendo legal, pra tentar apagar isso que aconteceu. Só por isso e mais nada. – Garantiu Elena confiante, fazendo automaticamente as suspeitas de Isobel se esvaírem.

Reparou sem dificuldades o arrependimento de sua mãe por suas duvidas e desconfianças, mas achou melhor não falar nada. Era melhor que fosse assim, faria o arrependimento pesar mais e ela não suspeitar de si tão cedo.

– Só mais uma coisa. – Avisou Isobel, percebendo que Elena se levantava para sair.

– O que? – Perguntou revirando os olhos. Já estava entediada por todas aquelas perguntas.

– A Caroline tava na igreja e quando eu perguntei pro seus amigos e pra ela sobre algum trabalho. Eles me disseram que não tinha nenhum trabalho pra fazer. Porque mentiu sobre isso pra mim Elena?

Droga. Pensou ela gritando em sua mente. Outra vez todo seu corpo fora atingido pela mesma raiva de antes. A única diferença era que não estava com medo. Queria mesmo era estrangular Caroline por dizer que não iria à missa. Como o nome de Damon não estava mencionado, fora mais fácil pensar em algo. Envolve-lo era o que a apavorava. A possibilidade de descobrirem e as consequências que viriam para ele depois.

Damon era sua grande preocupação sempre.

– Desculpa. – Sussurrou ela com faceta de arrependida, encarando o chão sem coragem de encarar Isobel. Estava mentindo demais, nem ao menos conseguia olhar para sua própria mãe de tão afundada que estava em si mesma. – Eu tive um encontro naquele dia e não queria que você soubesse.

Confusa, a mãe repetiu aquelas palavras sem entender.

– Não queria que eu soubesse? Elena você sempre faz questão de avisar quando tem um encontro. Joga na cara de todo mundo e nunca escondeu isso de ninguém. Porque isso agora?

Aos poucos, Elena ia percebendo que não podia inventar meias palavras sem explicações profundas. Isobel conhecia sua personalidade, todos conheciam. Mas para a sorte de Elena, ela também conhecia sua mãe muito bem para saber o que falar. Ou nesse caso, saber como a despistar.

– Foi porque gente veio pra cá. – Confessou ela já sem paciência e de voz alterada. – Nós saímos, almoçamos e depois eu trouxe o cara. Pronto foi isso. Feliz agora? Menti porque eu sei que você odeia quando eu levo garotos pra casa.

– E mesmo assim você trouxe? – Disse Isobel também impaciente.

Elena odiava quando brigavam consigo e mesmo que estivesse mentindo e atuando, fora o bastante para se irritar ainda mais e não poupar seus gritos.

– Queria o que? Fala pra mim. A casa dele tinha gente e eu não gosto de motéis baratos. Já foi. Já trouxe. Será que dá pra esquecer pelo amor de Deus?

– Como você quer que eu esqueça sendo que você continua desrespeitando essa casa. A MINHA casa, Elena. – Desejando mostrar quem mandava ali, Isobel deu ênfase ao minha e bateu no peito endossando sua afirmação. –... Trazendo desconhecidos pra cá. Aposto que você nem deve conhecer essa cara direito pra isso.

– Olha aqui não é porque você não transa já sua autoestima foi pro lixo quando descobriu sobre o papai que eu vou cultivar teias também. Agora me dê licença que eu vou pro meu quarto, tenho mais o que fazer.

Em passos largos, Elena saiu em disparado na direção às escadas. Nem olhou para trás. Não queria de maneira alguma ver a expressão triste e destruída de sua mãe por aquelas palavras. Bateu a porta do quarto e jogou-se na cama sentindo as poucas lágrimas descerem por seus olhos. Eram finas e em pequena quantidade, mas não fazia de sua tristeza menor.

Era horroroso ter de falar coisas assim tão horríveis para sua própria mãe. Só que infelizmente era a única maneira de fazer com que as desconfianças saíssem da mente dela. As suspeitas seriam substituídas pela dor. E isso que alagava o coração de Elena a fundo.

Não queria. Não queria mesmo. Ela não merecia depois de tudo.

Secou suas lágrimas, recendo os traços pretos da maquiagem na ponta de seu indicador. Era melhor lavar o rosto. Seguiu para o banheiro e retirou tudo deixando a face limpa. Não sairia mais desse quarto hoje. Não tinha coragem depois do que aconteceu.

Só havia uma maneira de desabafar. Desabafar sobre tudo. Não no seu diário, mas sim em um lugar onde poderia ser ouvida.

Com seus leitores.

Foi até seu notebook e entrou no site.

Precisava, pela primeira vez, expor algum sentimento para o mundo.

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Uma semana depois.

Ainda tomada pela preguiça, Elena enrolou-se na toalha deixando para trás os quentes fragmentos de fumaça pelo tempo que ficou no banho. Afinal merecia. Seria um dia e tanto.

Saiu do quarto e olhou o cabide pendurado na maçaneta da porta de seu closet. Revirou os olhos fazendo uma cara nojo para a roupa pendurada.

O uniforme de identificação que a escola estava os obrigando a usar para a excursão a fraternidade. Parecia-se mais com um uniforme de escoteiro. Short bege, largo, grande na qual ia até a linha a cima do joelho, meia ¾ cinza e blusa polo verde escura de manga media e sapatos fechados sociais, masculinos. Um horror na qual causou um escândalo da parte de Elena ao diretor, implorando para que não fosse obrigado usar aquilo. Infelizmente era.

Pelo que explicaram a faculdade mantinha-se em Covington. Que era relativamente longe de Mystic Falls, significando que a viagem seria longa.

Usar essa roupa ridícula e ainda andar de ônibus. Tem como ser melhor? Pensou irônica enquanto criava algum tipo de coragem para vestir aquilo.

O corte em sua garganta não precisava mais do curativo. Com a pequena marca que ficou se foi possível cobrir com maquiagem. O que era ótimo, pois assim não precisava mais usar aquele lenço o tempo inteiro.

Terminou de se vestir fazendo outra careta de nojo ao espelho. Ao menos seu cabelo estava bonito e sua maquiagem também.

Afinal era o mínimo que poderia fazer em consideração ao atentado de moda que estava vestindo. Lá embaixo, Jeremy e sua mãe a esperavam. Não fora difícil perceber a chateação de Isobel depor conta da discussão que tiveram, e das palavras tenebrosas que Elena descarregou. Após uns três dias, tudo voltou ao seu normal, embora a filha soubesse que havia a magoado profundamente.

Sim, também era difícil para Elena, mas sim, o que disse ainda era necessário. Precisava afastar as desconfianças de Isobel para suas mentiras e suspeitas sobre Damon. Era o único jeito.

– Cadê a April? – Perguntou Elena mal humorada enquanto descia as escadas.

Jeremy levantou-se do sofá e apanhou sua mochila.

– Na cozinha. Comendo um sanduíche ou sei lá.

– Então chama ela logo que eu to com pressa. – Queria acabar logo com aquilo. Quanto antes fosse antes voltava. Em mal grado pela falta de delicadeza de Elena, o irmão bufou em tédio e foi até a cozinha chamar a irmã caçula. Esta que vestia o mesmo uniforme que Elena.

– Não acredito nisso. – Disse ela, mostrando toda sua tristeza. – Você April, logo você que é a pessoa mais brega do mundo... Quem diria que um dia a gente ia vestir a mesma roupa. Isso dói, dói demais.

Acostumada, a menina somente revirou os olhos e cruzou os braços esperando sua mãe retirar o carro da garagem. O ônibus estaria na escola esperando.

– Que horas são Jeremy? – Perguntou ela, ignorando o comentário de Elena.

– São nem oito horas ainda. Calma.

– Finalmente. – Grunhiu Elena ao ouvir a buzina do carro de sua mãe lá fora. Em passos rápidos os mais novos saíram apressados na direção do banco de trás.

– Jeremy você vem na frente hoje. – Afirmou Isobel abaixando o vidro. Impedindo a filha mais velha de abrir a porta do banco do passageiro.

Mas eu sempre vou na frente. Pensou Elena tentando disfarçar o misto de raiva e frustração que estava sentindo.

Era melhor não falar nada. Afastou-se da maçaneta e seguiu para a porta do banco de trás, de onde seu irmão saiu e ela entrou, sentando-se ao lado de April.

Passou o caminho inteiro com a cabeça apoiada ao vidro fechado. Algumas vezes sentiu os olhos azuis de sua mãe a observando pelo retrovisor. Não a olhou de volta.

Na entrada do colégio, um grande ônibus azul escuro estava estacionado. Muitos carros de pais em volta. Alguns conversando com seus filhos e outros, filhos conversando com seus amigos. Todos igualmente vestidos com aquele uniforme ridículo, exceto pelos meninos que ao invés do short, usavam calças beges e meias curtas.

– Eu ainda não entendi o porquê de vocês estarem indo também. – Reclamou Elena para os irmãos, que concentrados, conferiam na mochila se tudo estava lá. – Pelo que tava no panfleto, seriam apenas alunos do terceiro. Somos nós que vamos nos formar esse ano e somos nós quem essas faculdades gregas, e outras universidades, vão selecionar. Não vocês.

Convencido, Jeremy abriu um sorriso presunçoso.

– Pois saiba que fizeram uma exceção pra alguns alunos do primeiro e do segundo. Entre eles: Eu, a April e a Anna.

– E porque fizeram isso? – Perguntou confusa.

Jeremy normalmente não era alguém tão cheio de si e com o ego inflado, mas poder exibir algum tipo de vitória sua para Elena, era algo que não tinha preço. Ela sempre tão nariz em pé, às vezes chamava-os de perdedores e dizia que em um mês, ganhava mais dinheiro do que eles jamais ganhariam na vida inteira sozinhos com seus futuros empregos.

Era boa a sensação de exalar conquista a ela.

– Porque somos um dos melhores alunos da escola. Ficamos entre os dez mais na lista das maiores médias do colégio esse bimestre.

– Ah, é, me esqueci da ‘’nerdeza’’ de vocês. Desculpem-me. – Sorriu irônica, mas logo sua expressão voltou a ficar duvidosa. – Existe uma lista de dez melhores notas?

Jeremy, agora mais educado, assentiu.

– Existe. No site da escola. Ele é aberto pra alunos também, pode ir vê se quiser. Quer que eu te passe?

– Eu não. – Disse ela rudemente. – Tenho mais o que fazer da vida; Acho isso tudo uma idiotice.

Existem pessoas que não tem o que fazer da vida. Pensou ela revirando os olhos.

Em defesa, April interferiu-se.

– Não é idiotice. Incentiva os alunos a melhorarem.

– Pois pra mim é idiotice. – Rebateu mostrando toda sua indiferença ao assunto.

– Não devia ser. Você, por exemplo, foi muito bem. Ficou entre os vinte mais. Em décimo quarto da escola inteira.

Em surpresa, Elena encarou April com os olhos abertos pelo inesperado. Esperava que fosse uma piadinha ou algo do gênero, mas não. Até porque April, a sempre doce April, não era de fazer esse tipo de brincadeira com as pessoas.

– Serio? – Sussurrou ela maravilhada e a irmã assentiu feliz. Não conseguiu evitar o largo e orgulhoso sorriso que brotou em seus lábios.

Percebendo sua reação, Jeremy comentou com ironia.

– Pensei que achasse isso uma bobagem.

– E... E... Acho, acho muito. – Gaguejou atrapalhada. – Quer saber? Vou embora. Faz tempo que a gente tá parado aqui e eu não aguento mais esse carro.

Sem que precisasse pedir, Isobel destravou as portas e os três desceram em direção aos grupos espalhados pela calçada da escola. Logo o carro de sua mãe deu partida seguindo caminho para o centro da cidade. Pelo visto ficariam assim por um bom tempo.

– Elena. – Gritou Caroline há alguns metros, distraindo-a de seus pensamentos. – Aqui... Vem estamos aqui.

Forçou um sorriso e ajeitou a mochila rosa pesada em suas costas. Não estava em humor para aquela viagem.

Mas tinha que ocupar sua mente. Precisava após a sequência de coisas horrorosas que aconteceram: termino com Damon, o rumor sobre sua falsa mudança, a briga dele com Mason, seu pescoço, sua mãe...

Eram muitas coisas de uma só vez.

– Cadê o pessoal? – Perguntou ela ao se aproximar. Apenas Caroline estava ali.

– Bonnie e a Rebekah foram no banheiro. Matt ainda não chegou e o Tyler tá com o Dick e a turminha tirando dinheiro de alguns nerds. Típico.

– Então somos só nós duas pelo jeito. – Suspirou Elena sorrindo levemente. Retirou o peso da mochila de suas costas e apoiou no poste que estava atrás delas. Não aguentava mais carregar aquilo.

– Seu pescoço tá melhor pelo jeito. Nem dá pra ver mais o corte. – Disse a loira olhando fixamente para onde ficava seu machucado.

– Ainda bem. Usar aquele lenço o tempo todo tava me matando.

– Sua mãe não desconfiou? Nem um pouquinho?

– Eu disse pra ela que tava fazendo uma promessa, acreditou. O problema foi que tinha muita gente da escola no bar e acabou chegando no ouvido dos meus irmãos. Foi inevitável.

– E o que você fez? – Perguntou preocupada.

– O que mais eu podia fazer? Tive que chantagear. Minha irmã é mais fácil. É um docinho. Inventei uma mentira pra ela, pedi pra ela não falar nada e concordou, ficou toda preocupada comigo, pediu pra ter mais cuidado, quase chorou. Agora o Jeremy... – Sua expressão contorceu-se em raiva ao lembrar-se de seu irmão. – Ameaçou contar... Eu tive que pegar pesado.

Confusa, as sobrancelhas de Caroline se franziram.

– O que você fez? – Apenas a menção da pergunta já era o bastante para fazer Elena rir.

– Chantageei. Disse que se ele falasse alguma coisa, eu ia contar pra namoradinha dele um ocorrido que aconteceu no aniversario de catorze anos dele. – Novamente a vontade de rir pela lembrança atingiu o corpo de Elena.

Não aguentou.

– Tava rindo de que sua maluca? – Zombou Caroline pelo ataque súbito de gargalhadas da amiga.

Recuperando-se, Elena se aproximou para sussurrar perto ao ouvido da loira. Se Jeremy descobrisse que havia contado essa história para alguém, ele a mataria.

– Há dois anos minha mãe quis fazer uma festa surpresa pra ele. O Jeremy sempre foi muito solitário, sempre muito quietinho, sozinho. E ela queria mostrar que ele era querido pela família e que a gente se importava, o amava, toda essa baboseira. – Revirou os olhos, aborrecida. Sua mãe às vezes conseguia tornar-se insuportável por ser sempre tão caridosa com os outros. – Ai a gente chamou a família inteira praticamente. Todos os nossos primos, tios, tias... Os que moravam perto lógico. Até alguns amigos meus ela pediu pra chamar. Aí depois, bem na hora meu pai inventou que eu e ele íamos sair pra resolver um problema que teve na época com a minha matricula na escola de artes. O que era um pretexto. E a minha mãe e a April iam até a doceria pegar um bolinho pra todo mundo comemorar junto e comemorar, fazer uma coisa pequena.

– E depois? – Curiosa, a loira apertou seu braço pela ansiedade.

– A gente morava em uma cobertura de dois andares, grande, maravilhosa... E os telefones não eram interligados, não era uma linha só então o barulho do toque era muito alto pra poderem ouvir. Só que normalmente eram os empregados que atendiam e naquele dia a gente também mentiu dizendo que tinha dispensado os empregos. Só que... Todo mundo tava lá fora, no corredor. Esperando com bolo, salgado, presente... Tudo isso. Esperamos alguns minutos. Entramos na casa, nos escondemos pela sala. As luzes todas apagadas. Ligamos do andar de baixo pro telefone. Alguns segundos depois ele desce, atende... E a gente acende a luz e grita ‘’ SURPRESA’’. – Inundada pela lembrança, Elena começa a gargalhar outra vez.

Novamente sem entender, Caroline pergunta:

– E qual é a graça disso? – Até ai, para ela, parecia uma festa surpresa comum. Como a que tinha nos seus doze ou treze anos. Não entendia a razão para tantas risadas.

– Me deixa terminar. – Pediu Elena enxugando algumas lagrimas de seu rosto. Era inevitável não chorar de rir e perder o fôlego toda vez que recordava esse momento. – Quando a luz acendeu... Meu irmãozinho estava... Nu com o ‘’negocio’’ dele completamente duro e fazendo alguns movimentos com a mão.

– NÃO. – Chocou-se Caroline repousando a mão na boca para abafar seu riso.

– Fica quieta. – Sussurrou Elena já rindo outra vez.

– Que mico. Ele tava se masturbando lá em cima? Ai meu deus... Coitadinho.

– Coitadinho nada. Foi engraçado.

– Você não presta Elena. – A loira continuou a rir.

Logo em seguida, Rebekah chegou junto a Bonnie. Conversaram e disfarçaram o motivo de estarem rindo tanto. Finalmente, o diretor saiu de dentro do prédio e verificou na prancheta em sua mão o nome de todos. Matt chegou um pouco atrasado. Os olhos vermelhos de cansaço por ter trabalhado demais na noite anterior.

Quando fora confirmado que todos estavam ali, entraram no ônibus.

– Senta aqui alguém. – Disse Caroline batendo em seu banco e Elena sentou-se. Rebekah e Matt namoravam no banco de trás enquanto Tyler e Bonnie dividiam uma garrafa de chocolate nos acentos ao lado. – Eu quero. – Miou a loira estendendo o braço.

– Pega manhosa. – Sorriu Bonnie lhe entregando o recipiente.

Após isso Elena não viu mais nada, não ouviu mais nada. Toda sua atenção fora tomada pelo homem que entrava ao grande automóvel. A maioria dos estudantes reviravam os olhos por ele estar ali. Exceto por ela que mantinha toda sua vista presa e entregue a olha-lo.

– Desculpa o atraso. – Alaric pediu ao diretor que assentiu em compreensão. – A gente tava tomando café no grill... Atrasamos. Desculpa.

Damon não pareceu procurar por ela. Havia muita gente. Sentou-se logo no primeiro banco e recostou-se no vidro querendo acabar com aquela tortura.

Era nessas horas que ela queria estar lá... Na frente invés de tão longe.

– Só por curiosidade... Daqui até Covington... São quantas horas? – Perguntou Elena esperando que alguém ao redor lhe informasse.

– Um pouco mais de sete horas. – Respondeu um garoto ruivo olhando ao celular.

– Como é que é? Tá brincando comigo? É piada? – Perante a falta de resposta do menino, logo viu que não era uma gozação.

Sua vontade era pular daquela janela e correr de volta para casa. Considerou rapidamente a ideia de inventar estar passando mal e ir embora, mas... Damon estaria lá. Há alguns bancos de distância lá estava ele.

Fora a única coisa que lhe deu ânimo para prosseguir.

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As primeiras duas horas passaram-se regadas por animação. Jogos no ônibus foram feitos. Brincadeiras, piadas e conversas engraçadas entre os alunos e o professor Saltzman. Que se manteve a maior parte do tempo de pé para interagir e conversar com todos. Mas após isso o cansaço predominou e todos ficaram em seus lugares quietos, comendo ou conversando entre seus grupos. A maioria dormia. Elena preferiu não adormecer. Não queria chegar lá com a cara amassada e a maquiagem borrada. Ligou a pequena televisão que havia na parte traseira de cada banco e conectou fones de ouvido para poder assistir sem a reclamação alheia. Ao menos era um ônibus decente, ao invés de qualquer um.

Em menos de quatro horas todos já dormiam, exceto por ela. Foi só achar um bom canal de moda que o tempo passou-se rápido.

– Ai povo. Acordando, acordando. Andem ânimo, acordem. – Chamava o senhor Saltzman andando pelo corredor e batendo palmas.

Os olhos de cada um aos poucos iam se abrindo regados pelo cansaço.

– Já chegamos? – Perguntou a voz embriagada pelo sono de algum aluno.

– Falta menos de uma hora quase, mas quando a gente chegar tem que tá todo mundo muito atento e muito bem acordado. – Explicou em voz alta, ainda sem interromper suas irritantes palmas. – Anda, acordem... Vai pessoal, acordem.

Logo todos voltaram a despertar. Alaric aconselhou que comessem algum biscoito ou um pão, sem excessos, para que o deixassem todos mais atentos.

Damon nem ao menos levantava do banco. Às vezes inclinava o corpo alguns centímetros para poder ver seu cabelo apoiado ao encosto. Varias vezes olhava-o e perguntava para si mesma se ele já havia virado, alguma vez, durante essa viagem para ver se a encontrava.

Afinal ficou tão concentrada na TV com aqueles fones em suas orelhas que não ouvia nada e foi completamente entretida pela programação.

Torcia positivamente. Ao menos uma vez ele deve ter virado ou pelo menos pensado.

Sim, sim.

Tinha que ter esperança de que ao menos a mente dele, ainda ocupava.

Pensava nele o tempo inteiro. Era impossível que ele não pensasse nela... Pelo menos uma vez.

O ônibus finalmente foi parado. Emitindo sussurros e agradecimentos da parte de todos ali.

De imediato, todos levantaram seus corpos quando a ordem foi dada pelo professor.

– Primeiro eu preciso checar o nome de vocês aqui... – Avisou Alaric apanhando a prancheta das mãos de alguém. Damon. Não conseguia ver o rosto dele, afinal estava atrás, mas ele estava sentado ao lado de Alaric. – Bom... Vamos lá. Por ordem: Abner Jones...

– Aqui. – Respondeu o garoto.

Após o termino da checagem todos recolheram suas mochilas em ansiedade. Não o viu na saída. Havia uma porta do lado de trás e os alunos saíram por ela.

Damon saiu pela da frente, só o viu quando estavam todos no estacionamento da cidade universitária.

Cidade universitária entre aspas. Aquela claramente não era uma comum cidade universitária, cheia de prédios altos e modernos. Havia mais de um prédio sim, mas todos muito afastados um dos outros e ao invés de edifícios variavam nos formatos de pequenas escolas e de mansões, que se situavam mais ao longe. Mansões essas que eram as casas de fraternidades e irmandades. Estava parada a frente do prédio principal, com o resto do grupo e dos professores. Todos encantados com a beleza da construção branca e larga em sua frente. Feita em formato grego antigo, onde vários alunos desciam e subiam suas escadas. O campus era gigantesco. Cheio de arvores, embora todas muito afastadas uma da outra. O mato não era artificial. Era aparado, curto, mas verdadeiro o suficiente para o cheiro forte de natureza chegar às narinas de cada um ali.

– Isso aqui é enorme. – Rebekah comentou afoita.

– Bem vindos. – Disse um homem loiro de maneira simpática. Aproximando-se ao lado de uma adolescente que também sorria. – Meu nome é Wes Maxfield. Sou o reitor da universidade. É um prazer conhecê-los. E essa... – Dirigiu-se na direção da garota a sua esquerda. – Essa é a Davina. Ela é presidente de uma das nossas irmandades. Ela guiará vocês na excursão.

– Olá. – Cumprimentou a garota.

– Olá. – Todos responderam em coro, com alguns assovios indiscretos de alguns meninos.

Ainda animada, a garota continuou a falar.

– Bom eu primeiro vou levar vocês até as casas... E depois a gente vai pro acampamento que fica logo aqui atrás que é onde tem o rio e onde a gente vai fazer as atividades e os jogos. Lá também tem as casas dos visitantes, onde vocês vão dormir e podem deixar essas mochilas e se instalarem.

– Vocês estão em ótimas mãos. Eu garanto. – Afirmou o reitor, ainda com aquele mesmo sorriso no rosto.

– Então vamos? – A menina disse outra vez e todos assentiram.

Davina aconselhou que fossem para primeiro até o acampamento que ficava do outro lado do campus. Falou que era melhor, assim deixariam as mochilas lá e ficariam familiarizados com o lugar onde passariam a noite.

Andaram bastante. Cada vez mais o enorme campus movimentado ia sumindo quando entravam cada vez mais fundo no matagal. Não era uma floresta. E sim uma clareira. Bem rasa e curta sem muitas arvores, somente campo e um enorme rio ao redor.

Agora sim se sentia uma escoteira. Barracas eram postas de maneira organizada ao meio do campo. Todas muito coloridas e divididas; As do lado esquerdo, mais femininas, para as mulheres e as do lado direito mais masculinas, para os homens.

– Que diabos é isso? – Elena sussurrou para Bonnie.

– É lindo não é? Olha só o rio lá na frente.

Pararam finalmente a caminhada, onde Davina se colocou a frente dos professores para falar outra vez. O que fez Elena se aliviar, pois estava cheia de duvidas perante o que estava acontecendo.

– Bom pessoal essas são as barracas onde a turma de vocês vai ficar. O acampamento é muito então a turma das outras escolas vão ficar do outro lado do rio. Não tem o que se preocupar em questão de segurança. Temos vigilantes durante a noite e a clareira é livre de qualquer animal perigoso, fiquem tranquilos.

– Minha filha isso por acaso é uma piada? – Ironizou Elena com os braços cruzados e a cabeça baixa. Não queria ser reconhecida pela menina.

Desentendidos, todos a olharam. Principalmente Davina.

– Não entendi.

– Por favor, não se faça de sonsa. No panfleto não dizia que íamos dormir em barracas.

Tentando contornar a situação, a menina continuou a forçar um sorriso. Precisava ser educada em qualquer circunstância. Caso contrário, pesaria sobre si.

– Bom, senhorita, avisava que era uma excursão a uma cidade universitária, mas também avisava que era um acampamento, então... Acho que poderia deduzir que...

– Lá no campus você disse ‘’ Casa dos visitantes’’. – Interrompeu Elena, com o tom mais elevado. – Isso aqui não é uma casa. Isso aqui não é nem uma cabana. São barracas... Tem nem banheiro nesse lugar.

– Na verdade temos um banheiro químico do...

– UM? – Fora impossível não gritar. – Um banheiro químico. Não acredito nisso.

– Elena, fica calma. – Sussurrou Tyler em seu ouvido. Davina respirava fundo e ainda forçava o sorriso.

– Calma? Não me pede uma coisa dessas. Um banheiro, Tyler. Um banheiro. Como é que você quer que eu fique calma?

– Senhorita, escute... – Pediu a garota envergonhada pela situação. – Passaremos o dia inteiro em atividade. Algumas delas pelo campus; Lá tem diversos banheiros nos prédios e todos muito bem limpos. De noite, terá uma festa em uma das mansões da irmandade, na qual eu sou a presidente. Lá também tem banheiros, incluindo um vestiário pra todos poderem, e se quiserem até tomarem banho. Somente de noite, na hora de dormir, depois do toque de recolher é que estarão submetidos aos banheiros daqui. Eu garanto.

Com a confiança da menina em suas palavras, a respiração de Elena ia aos poucos voltando ao normal. Os olhares julgadores do grupo, por sua falta de educação, fora inevitável. Mas não estava nem aí. A verdade era que ela sabia que todos queriam dizer a mesma coisa; A diferença é que não tiveram coragem.

Percebeu rapidamente que Damon a olhou da mesma maneira. Rapidamente porque não teve bravura o suficiente para olha-lo demais. Era provável que estivesse pensado: quão imatura e mimada era.

Mas já é isso que ele acha de mim... Com ou sem o que aconteceu.

Havia acampado em uma barraca uma vez... Em seu quarto logicamente. Nunca teria coragem de passar uma noite em meio ao mato escuro, separada apenas por um colchão de ar de bichos rastejantes.

Somente o fato de ter reclamado do banheiro e não de ter que dormir em uma barraca, ao ar livre já era uma mudança enorme em sua personalidade.

Quando tudo voltou a acalmar-se por completo, Davina continuou a falar.

– Cabem quatro pessoas nas barracas. Todas são bem espaçosas e já estão com colchões de ar e lençóis cobertos, incluindo travesseiros. Podem escolher as suas. Toda barraca deve ser composta ou só por meninas, ou só por meninos. – Um gemido de tristeza foi ecoado da parte dos garotos, que fez Davina rir. – Os professores... Terão individualmente suas próprias barracas que são essas daqui. – Disse ela apontando para uma sequencia de barracas cinza colocadas um pouco mais a frente das demais coloridas. – Podem ir lá se quiserem. Escolherem as suas, deixarem as mochilas.

– Obrigado, Davina. – Agradeceu Ric sendo seguido pelos outros.

Após a instalação, andaram o caminho de volta até uma das casas da irmandade. Uma mansão amarela construída no inicio do século XX. Aquela era a irmandade na qual, orgulhosa, Davina apresentou-se como a presidente. Todas as casas eram muito bonitas. Por dentro, muito comuns, embora fossem grandes. Os moveis não eram de luxo, eram simples e até antiquados.

Estavam agora em uma fraternidade, comandada por um dos estudantes homens. Eram seis casas no total. Três irmandades e três fraternidades. Três tendo como presidente uma garota cada uma e três tendo como presidente um garoto cada um.

– Essa foi a Omega. A casa delta. Nossa ultima casa na visita. Eu espero realmente que vocês tenham gostado da excursão. De verdade. – Agradeceu a menina em frente ao grupo, que em sincronizadas palmas a aplaudiu. – Agora vocês voltam pro acampamento onde lá terá o reitor e as outras turmas visitantes. Onde vão começar os jogos que eu tenho certeza que vocês vão adorar.

– Você vai? – Disse uma das meninas.

– Infelizmente não. – Lamentou Davina. – Eu vou voltar pra minha irmandade. A gente vai arrumar a mansão pra mais tarde... Mas na festa a gente se vê.

Felizes todos a aplaudiram novamente e a garota deixou o grupo agradecida e com um belo sorriso ao rosto. Os professores garantiram terem decorado o caminho e responsabilizariam em levarem todos de volta para o acampamento.

Deram algumas voltas em falso, mas acabaram chegando lá. Davina disse que o reitor estaria os esperando com as outras turmas para os jogos, mas havia somente outro homem. Moreno e baixinho vestia roupas folgadas e de visual praiano. Diferente de Mystic Falls, a temperatura ali estava agradável.

– Amigo. – Confuso Alaric o chamou. – Falaram pra gente que o reitor estaria nos esperando aqui pra começar os jogos, mas não tem ninguém. Aconteceu alguma coisa?

– Não aconteceu nada não senhor. As atividades são feitas no outro acampamento. No acampamento próprio pra esses jogos. Eu to aqui pra levar vocês.

Pedindo que o seguissem, o homem os guiou até o deque do rio, onde um barco a motor estava parado a borda. Um a um, todos subiram a bordo do veiculo e os que não sabiam nadar vestiram um colete salva a vidas que estava disponível.

Não era uma lancha de luxo; Mas era um barco espaçoso o suficiente para poderem levar a todos sem riscos.

Atravessaram todo aquele rio em menos de cinco minutos. Elena queria que durasse mais; Queria que o veículo seguisse o caminho até chegar a uma praia longe dali. O que infelizmente não veio a se concretizar.

Foram liberados até outro deque. Completamente movimento por pessoas, com uma arquibancada de ferro posta de frente ao rio. Aonde alguns alunos da universidade chegavam e escolhiam seus lugares. Ao lado dessa arquibancada, uma mesa de auditório de três lugares mantinha-se vazia.

A movimentação era grande, pessoas carregavam barcos remos para todos os lados, junto a alguns empreiteiros que concertavam um placar automático do outro lado da arquibancada.

O sol tapava o rosto de Elena impedindo que enxergasse direito. Era nessas horas que se odiava por ter esquecido seus óculos escuros. Na verdade, não esqueceu. Só imaginou que como em Mystic Falls, o clima ali estaria frio e que logo após as oito da manhã, o sol já seria totalmente coberto pelas nuvens nubladas.

Engano seu.

Cobriu seu rosto na sombra do corpo de Tyler que estava sua frente. Ainda estavam todos no deque. Wes, vinha da arquibancada até o encontro do grupo.

– Que bom que chegaram. Só faltavam vocês mesmo, os outros já estão tudo aqui. – Com a mesma alegria na voz, a postura calorosa do homem foi à mesma do primeiro encontro no campus. Educado, bem humorado e sorridente. Na qual fazia Elena ter a sensação de que todos ali eram desse jeito. Ele, Davina, o cara que os trouxe no barco... Uma das coisas que ela mais odiava era gente feliz demais o tempo todo. Irritava.

April se daria bem nesse lugar.

Falante o caminho inteiro o homem os levou para junto dos estudantes de outras escolas, também visitantes como eles. Não demorou muito para alguns começarem a conversar entre si e outros até se estranharem.

– Ei, ei, ei. – Nervoso Damon intrometeu-se ao meio de Dick e outro garoto. Estendendo os braços a frente dos dois. – Briga hoje aqui não. Cada um pro seu canto anda. – Disse, ou melhor, ordenou. Logo que o rapaz do outro colégio se foi embora revirando os olhos e recolhendo do chão o seu boné. Aquele garoto não tinha jeito; Se não era ele, era Tyler ou outro daquela turminha. Era melhor mostrar firmeza com um para que o recado fosse dado para resto. De maneira intimidadora ao de Dick, Damon aproximou seu rosto ao de Dick, que respirava fundo pelo soco que havia levado do outro menino. – Mais uma sua e eu dou um jeito de você sumir daqui hoje, tá me entendendo? – Perguntou em sussurro que até a própria Elena se aterrorizou.

Não esperou por respostas vindas do rapaz e se afastou, exigindo que ele se sentasse em dos bancos ali perto e ficasse calado até segunda ordem.

A única coisa que Elena queria ou se importava era em tentar não ser reconhecida. Ficou o tempo inteiro de espera, com os braços abraçados a cintura de Tyler e a testa colada as costas do rapaz. Fazia isso apenas para esconder o rosto ao máximo; Já ele não conseguia retirar o sorriso de felicidade do rosto. Tanto que nem em confusão havia se metido.

– Olá pessoal. – A voz do reitor soou a um dos autos falantes. – Bem vindos a mais uma edição do campeonato amador dos visitantes. Todo ano, escolhemos cinco escolas espalhadas pelo estado para participarem dessa brincadeira entre alunos do terceiro ano. A escola vencedora será premiada com uma doação de cinco mil dólares e os estudantes, do ultimo colegial, do então colégio ganhador serão estudados pela comissão educacional da universidade onde terão a chance de serem avaliados. Os melhores alunos, não só no quesito acadêmico, como também no esportivo e participativo, poderão ser selecionados o ano que vem com a grande oportunidade de estudarem aqui. – Maravilhada por aquelas palavras, o sorriso de Caroline fora carregado com toda a animação para começar logo. – Serão cinco provas. Que revelaremos ao longo das rodadas. A primeira é a famosa corrida do saco. Cada escola deve escolher um estudante para representar em uma corrida de saco de quinze metros.

– Mas isso é fácil. – Sorriu Tyler voluntariando-se.

– Cada saco está contido com um quilo pequenas pedras. Quem for o primeiro a atravessar a linha de chegada, vence. Levando dez pontos para sua escola. Cada colégio tem dois minutos para decidir seu representante.

A voz do homem se foi calada dando lugar a ruídos baixos dos estudantes que conversavam em procura de uma decisão.

– Tem que ser um garoto. Obvio. – Exclamou Alaric. – Qual de vocês é mais forte? Mais rápido?

De imediato todos os olhares se voltaram para Matt. Quarterback do time da escola, já fora elogiado por olheiros e já era observado por diversas faculdades esportivas. A escolha perfeita.

– Você vai Donovan? – Perguntou outro professor.

Em descanso o loiro deu os ombros.

– Pra mim tanto faz.

– Todos concordam do Matt ir? – Alaric dirigiu-se ao grupo e todos assentiram. – Ok então Donovan pode ir...

– Espera. – A voz cautelosa de Damon interrompeu os passos do loiro. – Acho melhor escolher outro.

Todos o olharam confuso. Principalmente Alaric.

– Como assim?

– Pensa Ric. O Matt é muito alto; O saco é pequeno e ainda vai tá cheio de pedrinha. Ele vai se atrapalhar, vai fica todo desengonçado... – Mesmo não suportando o olhar, dando-se por vencido, Damon se virou a direção de Tyler o encarando. – Você é mais baixo. É tão forte quanto o Donovan e tão rápido quanto ele... Melhor você ir, Lockwood.

Matt não pareceu importar-se muito com a substituição e concordou em deixar o amigo ir. Novamente de acordo, o grupo apoiou a decisão e Tyler seguiu até a improvisada pista de corrida mantida entre o meio do lago e da arquibancada. Estavam todos em uma área reservada para as equipes de baixo de uma tenda branca ao lado da então arquibancada. Era só uma, então não era possível que os presentes vissem seu rosto com completa exatidão para um reconhecimento.

Com exceção dos outros estudantes, na qual escapou somente por ter ficado com rosto impregnado em Tyler. Para despistar, Davina ficou sempre ao fundo da fila com várias pessoas a sua frente e de cabeça baixa. Na hora da ‘’briga’’ a menina deveria ter ficado tão assustada que nem tempo houve para reparar.

Misturava-se junto ao grupo de seu colégio e seus amigos. Dava graças pelas pessoas estarem tão entretidas com os jogos. Havia pessoas o suficiente para poder esconder-se entre elas.

Quando todos os representantes foram postos em suas marcas. O apito foi soado. As pedras, embora muito pequenas, fizeram toda uma diferença na hora de pular. Segundo as regras que o diretor exigiu, disse que precisavam estar descalços para essa prova. Onde com o pulo, as pequenas pedras entravam em contato com a sola do pé de maneira infernal.

Foi aí que Matt viu que Tyler era a melhor escolha para fazer aquela prova. Ele tinha uma incrível resistência física à dor; Que causava inveja a todos do time. Mesmo após diversas pancadas ou treinos exaltantes, ele continuava sempre firme.

O palpite e observação de Damon fora observado e eles ganharam a prova. Todas as escolas haviam escolhido os garotos mais fortes, altos e atléticos. Acontecendo exatamente o que ele previu que fosse acontecer, caso Matt estivesse lá.

Em vitória, todos comemoraram animados, o resultado da primeira prova.

– Dez pontos para a Mystic Falls High School que abre o placar. – Gritou o reitor ao autofalante.

– Você é brilhante, Damon. – Disse Alaric dando socos à cabeça do amigo e esfregando seus cabelos entre os dedos, depois cumprimentou Tyler – Parabéns Lockwood, foi ótimo.

– Atenção para a segunda prova. – Wes voltou a falar e todos deram atenção. – Corrida de ovo na colher.

Entediado, Damon estalou a língua.

– Sério? Corrida de ovos, corrida de saco. Cadê a criatividade desse povo. Que horror.

– Três representantes de cada equipe, não vale o representante da prova anterior, devem percorrer os percursos impostos pelas fases sem deixar que o ovo caía da colher que ficará presa a boca. O primeiro percurso será andar em zig-zag em torno dos cones laranja separados por apenas alguns centímetros de distância. Tanto o ovo quanto os cones não podem cair. Na segunda fase, pneus serão postos lado a lado, onde o segundo representante terá que andar pisando em todos os pneus sem deixar que o ovo caía da colher. Detalhe: Também não pode deixar o ovo cair ao passar para o próximo representante. Na terceira e ultima fase, o outro representante terá que, agachado, cruzar a linha de chegada, com o ovo intacto em sua colher. Preparados? Escolham seus representantes. Cinco minutos.

Ao calar da voz, todos os olhos se voltaram para Damon em busca de um palpite.

– Que foi? – Perguntou ele sem entender.

– O que acha? – Alaric foi direto ao assunto.

Com indiferença, Damon coçou os cabelos e deu os ombros.

– Sei lá... Só acho que pelo menos na primeira fase tem que ser uma garota. Exige muito mais delicadeza do que rapidez e por causa dos cones, tem que ter um pé pequeno.

Alaric voltou a perguntar.

– Pensou em alguém? – Ric parecia muito interessado nisso tudo; Queria muito que um de seus alunos estudasse numa universidade boa como aquela. Havia muitos ali que realmente mereciam.

Sugestivamente, os olhos de Damon direcionaram para Caroline.

– Forbes? Primeira fase... Topa ou não? – Preferiu ser curto e grosso, não tinha tempo para pensar demais.

– Tá bom, mas eu acho que...

– Tu não acha nada minha filha. Próximo... Bom como na segunda exige que a pessoa tenha pernas longas, eu ainda acho que tem que ser uma menina. Uma menina alta. Ou então um garoto, alto, mas que seja delicado.

Hesitante, Rebekah levantou a mão.

– A mais alta das meninas sou eu, só que eu não sou muito delicada.

– Acha que consegue ser? – Alaric a perguntar.

– Acho que sim.

Damon não parecia muito confiante com a incerteza de Rebekah, mas era a única opção que tinha levando em conta que todos os meninos ou eram muito brutos ou muito atrapalhados.

– Três meninas Ric? Tem certeza? – Bonnie voluntariou-se para participar da ultima fase. Ela era baixa então andando o que era perfeito para poder andar agachada. – Vai faltar agilidade... É melhor por um menino no lugar da Rebekah. Um do time. Acostumado com os pneus de obstáculos no treino. Põe um menino é melhor.

– Menino não vai ter delicadeza, Damon. Vai derrubar. Deixa assim que tá melhor.

Confirmando as três meninas para a segunda rodada, a partida começou bem. Caroline foi realmente à opção perfeita para a primeira fase, como Damon previu. Mas também como seu palpite avisou Rebekah não possuía muita prática com o obstáculo. Apesar das pernas longas, ela se atrapalhou várias vezes em dividir a atenção entre tentar ser delicada e não estar familiarizada com os pneus. Ao menos um jogador poderia estar acostumado com o objeto, então só teria que se preocupar em ser delicado. Rebekah tendo de se ater as duas coisas, demorou o dobro dos outros. Bonnie havia ido bem, como ele também supões, mas acabara sendo tarde demais e uma escola de Bristol os venceu.

– Talvez a próxima seja mais fácil. – Disse Damon tentando soar o mais otimista possível, mas ao invés disso só pareceu irônico.

O barulho do autofalante apitou alto, indicando que estava ligado. Logo a voz do diretor se foi ouvida novamente.

– Parabéns ao colégio de Bristol. Dez no placar empatando com a escola de Mystic Falls. Agora sem mais delongas vamos a terceira prova da tarde: Pão pela corda. Cada representante será submetido a um delicioso desafio de comer essas deliciosas rosquinhas presas em cordas, sem utilizar as mãos. Quem comer mais rápido o pão... Ganha 10 pontos. Dois minutos. Escolham seus representantes.

Com um sorriso convencido no rosto revirou os olhos pela simplicidade que seria a escolha. Automaticamente todos já tinham um nome para que pensar.

– Clint. – Alaric gritou chamando o menino. – Vai você.

Já prevendo a situação, o garoto bufou em tédio e caminhou para o meio do campo esperando a chegada dos concorrentes. O que não esperavam era que as outras escolas tivessem a mesma ideia, ou mesmo raciocínio que eles. Colocarem alunos... Um pouco mais a cima do peso para a realização da prova.

– Não acredito. – Damon reclamou em um rosnado.

Ainda sim tinham esperança. Clint era capaz de comer até um sapo num momento de fome extrema. E fome extrema para ele resumia-se a mais de três horas sem uma garfada.

As mãos dos garotos foram amarradas e outro apito soou alto. Minutos de tortura até que finalmente o grito de vitória saiu pela garganta do grupo vencedor.

– Mais dez pontos! Mais dez pontos! – Comemorou Caroline pulando enquanto abraçava Bonnie.

Aliviado pela tensão da espera, Alaric suspirou em alto.

– Sabia que ele ia ganhar.

A espera pela penúltima prova fez a esperar mais do que imaginavam. Nas outras vezes, após a retirada da prova improvisada, o reitor voltava ao autofalante para anunciar à próxima.

Dessa vez, minutos alastraram enquanto um grupo de homens apressados corria para o outro lado do deque. Na hora, pensaram que algo de ruim havia acontecido, mas ao perguntar para um dos trabalhadores, ele respondeu que fazia parte do próximo desafio. Atiçando ainda mais a curiosidade de todos pelo o que estava por vim.

– Atenção. – Dessa vez a voz do autofalante vinha mais séria. – Essa penúltima prova e valem vinte pontos para o primeiro colocado e dez para o segundo. Recomendamos que somente pessoas que saibam nadar participem. Os quatro representantes de seus colégios terão que cruzar a distância de cem metros do rio em um barco a remo. Os uniformes e equipamentos de segurança estarão no deque. A escola tem cinco minutos para decidirem por seus escolhidos. Novamente não vale integrantes de provas anteriores.

Optando pelo obvio, quatro garotos foram os escolhidos, entre eles Matt, Dick, Gale e Jack. Todos do time de futebol americano do colégio. Eram fortes e de porte bastante intimidador para deixarem as outras equipes preocupadas e distraídas.

A presença de Tyler entre os quatro era uma pena. Mas, infelizmente as regras eram claras.

A escolha não fora muito complicada como nas outras provas. Estranhamente outras duas escolas ocuparam quase que todo o tempo permitido, sendo finalmente tomada uma decisão, nos últimos segundos.

Algum tempo depois se passou até os garotos serem levados para um dos banheiros e trocarem de roupa. Voltaram com o típico uniforme de nadador, de látex preto e tocas de cores diferentes para cada equipe.

Ao lado de instrutores, foram postos na água em direção aos seus barcos. Subindo um por um e apanhando os remos.

Ao checarem a segurança e conforto dos meninos, os instrutores deixaram a água, confiantes de que tudo estava em perfeita ordem.

Outro apito foi ouvido. Dessa vez o da largada. Onde uma escola de Bristol, que já haviam vencido na prova dos ovos, saiu à frente. Sendo seguida pelo colégio de Hopewell que vinha logo atrás.

– Meu deus. – Sussurrou Elena sem conseguir tirar os olhos da água. – Olha como eles remam. Isso não é amador não, isso é profissional. – Sem haver o que contestar, todos ficaram tristes em silêncio. As duas primeiras iam à folga em frente das demais.

Pensativo, Damon comentou.

– Eles devem ter um time profissional de remo do colégio deles. Por isso demoraram tanto pra escolher, queriam se decidir entre os melhores.

Damon fora necessário muitas braçadas para Bristol cruzar a linha de chegada, assumindo seus vinte pontos. E Hopewell fazer o mesmo com seus dez.

Agora, Bristol liderava com trinta pontos. Dez a frente de Mystic Falls e vinte a mais que Hopewell com seus dez. As outras duas casas ainda não haviam pontuado.

Não tardou até os meninos voltarem.

– Eles foram muito rápidos. Desculpem. – Pediu Matt ofegante, correndo para frente do grupo com o resto dos garotos.

Terceiro lugar.

Não ganhavam pontos, mas em compensação, se comparasse a falta de experiência que tinham com o excesso do outro time, não fora assim tão mal.

– Falta mais uma prova. – Alaric os lembrou, deixando em obvio que ainda possuía confiança para poder vencer. – Acho que vale o suficiente pra desempatar.

E estava certo. Repetindo o ato pela ultima vez, o diretor voltou a falar.

– A ultima prova vale cem pontos. Ou seja, quem ainda não pontuou tem chances de vencer, quem já pontuou, mas está perdendo, vira o jogo... E assim, como quem está ganhando as chances são as mesmas. A prova na verdade é muito simples. Resume-se inteiramente a um exercício de matemática. Temos cinco lousas postas em nosso campo. Onde eu recitarei um problema matemático pelo microfone e os representantes tentaram resolve-lo no tempo mínimo de vinte minutos. Caso ninguém conseguir, o grupo que está na frente, vence o desafio. Entendidos? Cinco minutos. Escolham seus jogadores.

Já ganhamos. Pensou Elena sorrindo maliciosamente, virando-se para Jeremy e April.

– Irmãozinhos, preparados para o par ou impar? Tá na hora de algum de vocês dois terem uma utilidade nessa vida maravilhosa.

– Como assim, Elena? Do que você tá falando? – Indagou April confusa e instigada, fazendo Elena rolar os olhos, entediada pela lentidão da irmã.

– Vou tentar ser breve, a gente não tem muito tempo. To querendo dizer, que um de vocês, monstrinhos nerds ,tem que fazer. Entenderam agora ou eu vou ter que desenhar?

– Elena a gente não pode. – Jeremy suspirou em decepção.

O resto do grupo acompanhava o falatório atenciosamente. Elena olhou para os lados tentando entender a razão do irmão em dizer aquilo.

– Porque não? Vocês dois tão aqui, não é? Porque não podem fazer?

Centrado, Jeremy tentou explicar.

– A gente veio pra conhecer, porque abriram uma exceção pra alguns alunos mais adiantados de outros anos poderem fazer essa excursão, se familiarizar. Mas a gente não pode participar dos jogos, só vocês.

– Ah, mas que droga também. – Explodiu Elena já enraivada. – Pedem pra vim os bonzão, fazem um desafio desses e depois ficam de frescura. Falta do que fazer, isso sim.

– A gente acha outro. – Alaric aproximou-se do trio. Depois em olhar calmo, repassou os olhos em volta de cada aluno. – Ivory? O que você acha? Que ir? – Sim, Ivory Ryan. Todos pensaram esperançosos. Um dos estudantes mais disciplinados e espertos do colégio. Principalmente quando se tratavam de cálculos. Era a opção perfeita.

– Aceita Ivory. – Incentivou alguém.

– Aceita vai. – Uma garota pediu, acendendo um coro ao meio do grupo que implorava suplicando para que o menino aceitasse.

– Chega. – A voz de Damon entreviu-se na multidão calando a fala de todos aos poucos.

A voz de Alaric foi a ultima a se interromper.

– Que foi Damon? Porque tá com essa cara.

– Não sei, não sei. – Respondeu hesitante, balançando as mãos. – É que... Pro tempo ser de vinte minutos é porque o exercício é complicado. Envolve mais o raciocínio, a lógica do que... Só cálculos.

– E o que é que tem? – Ric voltou a questiona-lo.

– Ivory você vai me desculpar, mas você não é muito bom em exercícios de lógica. Seu negocio é uma coisa mais direta, matemática mais calcular e não racional. Pronto, falei. – Disse Damon suspirando alto e finalmente parando de gesticular com as mãos. – Desculpa gente, só to sendo sincero. Só isso.

– O senhor tem razão professor. – Concordou Ivory, compreensivelmente. – Eu tava meio com o pé atrás pra aceitar por causa disso mesmo. É verdade.

– Mas e agora o que a gente faz pelo amor de Deus? – Caroline adentrou a conversa. Ela parecia bem mais alterada; De todas ali, Elena sem o pingo de duvida conseguia enxergar que ela era a mais interessada naquela oportunidade.

Alaric deu as mãos para o alto e suspirou pesadamente.

– Sinceramente eu não sei. Ninguém mais aqui é bom em matemática? Em lógica? Qualquer coisa do gênero pessoal?

– Têm. Tem esses dois paspalhos aqui que são uns ETs pra essas coisas, mas não podem. Ai que saco isso vou te contar. – Indelicadamente, Elena trouxe o assunto à tona outra vez, apontando para seus irmãos que desapontados assistiam impedidos de fazerem algo para ajudar, embora pudessem.

Pela rápida observação de Elena, somente dois times já haviam nomeados seus representantes. Estes na qual, já estavam em direção ao campo e escolhendo suas lousas. O tempo cada vez mais escasseava no relógio automático do painel do lado da arquibancada. Em uma dessas idas e vindas de seus olhos, encontrou os de Damon vexando-se sobre os seus. Fora rápido. Mas não o bastante para ela poder identificar mistérios... Raiva... E até algo na qual seu corpo estremeceu... Divertimento.

Uma má espécie de divertimento. O divertimento vingativo visto no adversário ao sofrer. Não grandes golpes, mas sim nas pequenas coisas.

Porque eram as pequenas coisas da vida que fundiam nas grandes decisões e momentos da vida. E ele sentia isso. Transmitia isso.

Sentiu seu medo e arriscou-se.

– Porque a Elena não vai. – Sugeriu dissimulado. Descarregando todo seu cinismo e ironia na qual Elena nunca pensou que um dia conheceria. Velozmente, todos o encararam e Damon prosseguiu, vomitando o sarcasmo de suas palavras. – Quer dizer, ela é ótima em pensar rápido, em arquitetar coisas pra despistar as pessoas. É uma inventora nata. E pra inventar precisa de coerência, imaginação... Lógica. E ela é boa com números também. – Disse ele em continuidade, abrindo um sorriso de caçador para a presa fraca. Metáfora na qual resumia com exatidão o modo como Elena sentia-se – Tirou a nota mais alta na minha ultima prova. Nota máxima, aliás. O que acham? Perfeita, não é? Aceita, Elena?

– É Elena, você é inteligente. – Rebekah em animação apoiou, agarrando seu braço esquerdo de maneira ávida.

Encontrou novamente o desafiador olhos dele encarando-a.

Debochado, ainda sim divertido e vingativo. Mas não totalmente vingativo. Sabia que era muito pouco para o que ele devia estar arquitetando para fazer de sua vida um inferno na terra.

Olhou-o de cima a baixo, nauseante pela sensação tão má que transbordavam dele. Soltou-se dos braços de Rebekah na vontade de louca de correr daquele lugar.

– Vocês parecem loucos. – Exclamou olhando para seus pés. Queria mais do que nunca voar. Receber ódio de quem se ama tanto era de longe o sabor mais amargo que já havia provado na vida inteira. Não costumava correr da dor, mas também não era masoquista. Era somente alguém que nunca tinha se apaixonado, ou amado de verdade. – Já falei mil vezes que os robôs da minha família são meus os dois ali, não eu.

Apressada após olhar o tempo no relógio, Bonnie aproximou-se da amiga, ficando frente a frente para ela.

Bloqueando Damon de seu campo de visão.

– Elena. Faz, faz Elena; Seus irmãos são tão espertos, pode ter essa genética em você, sim. FAZ, por favor. A escola precisa do dinheiro e tanta gente quer ter a chance pra essa bolsa. Vai, Lena, faz isso por nós, seus amigos. Todo mundo gosta tanto de você.

Em rendição, Elena assimilou as palavras, ainda hesitante. Não se tratava só de Damon e sim pelo fato de que sabia que não iria que conseguir. E todos queriam muito aquilo.

Bom, tão insistindo. Quando eu perder não vão poder me culpar. Pensou Elena completamente afogada pela incerteza. Bufou entre dentes, jogando os cabelos para o alto olhando o céu. Logo iria anoitecer. Longe, em uma área distinta já era possível ver o vermelho alaranjado do crepúsculo de meio de tarde. Um minuto para o tempo se esgotar. Todos os representantes haviam sido escolhidos e já estavam a postos.

Respirou fundo novamente e revirou os olhos. Não pelo tédio e sim pela alta insegurança. Ainda sendo bloqueado por Bonnie, Damon não se mexeu de seu lugar, mesmo quando os olhos de Elena encararam um a um em seu redor para receber a certeza de que todos concordavam.

Ficou e não se moveu, fechando os olhos inúmeras vezes em pedido para que fosse forte.

– Eu vou. – Murmurou Elena o surpreendendo. Levantou-se do banco onde sentava sendo apoiada por toques de colegas e professores oferecendo apoio.

‘’ Vai lá’’.

‘’ Arrasa’’.

‘’ Você consegue’’.

Essas e inúmeras outras frases eram incentivadas enquanto Elena corria para a única lousa que havia sobrado. Completamente de costas para o rio, onde ao longe um pescador recolhia sua rede.

Cena poética na qual um fotógrafo se deliciaria pela visão. Ela para seu choque, não sentia as mãos tremulas ao executar o ato de apanhar o canetão azul escuro da pequena lousa branca em sua frente.

Tinha vontade de desenhar ali. Não era as contas que queria e sim os traços de algo que a inspirasse.

Mas o que?

– Como é seu nome? – Perguntou um homem com uma prancheta parando ao lado de Elena, que encolheu o rosto de imediato em seus ombros.

– Elena. – Respondeu simplesmente e o homem anotou.

– Nome completo, por favor.

– Só Elena, moço... Só Elena.

– Mas moça eu preciso disso pra...

– JÁ FALEI QUE É SÓ ELENA, QUE SACO. TÁ SURDO? ELENA. SÓ ISSO. – Assumiu-se em furor ainda sem encarar o rapaz que saiu assustado, dando logo em seguida para seu alivio a voz de Wes no autofalante de novo. Queria acabar de uma vez por todas com aquela brincadeira.

– Bom novamente muito obrigado por terem participado e comparecido a nossa gincana. É com muita gratidão que eu apresento o ultimo desafio da tarde, na qual eu espero que tenha sido uma das melhores da vida de vocês. A última etapa é simples, como já disse, irei recitar um exercício de lógica na qual seus representantes terão que pensar e acertar, logo no primeiro palpite. – Por mais que não desse para vê-lo na distância que a tenda dos grupos escolares se mantinha, Elena agora tinha a certeza de que Damon comemorava internamente por ter acertado em ser um exército de lógica. – Prestem atenção e de preferência anotem em letras pequenas na parte superior da lousa o que eu vou dizer: Eu tenho o dobro da idade que tu tinhas quando eu tinha a idade que tu tens. Quando tu tiveres a minha idade, ambos teremos noventa anos. Que idade eu tinhas quando tu nasceste? Repetindo: Eu tenho o dobro da idade que tu tinhas quando eu tinha a idade que tu tens. Quando tu tiveres a minha idade, ambos teremos noventa anos. Que idade eu tinhas quando tu nasceste? Todos anotaram? Vinte minutos no relógio. Podem começar.

Somente após identificar que havia escrito tudo de maneira correta, foi quando Elena pode ler realmente o que lhe foi perguntado. O pensamento involuntário de: Que diabos é isso? Foi-lhe a primeira coisa que a ascendeu dentro da cabeça.

Mal conseguia entender o que estava escrito quanto mais resolver aquilo assim. E pelo que observou das expressões dos concorrentes, não estava sozinha. Ninguém entendia nada.

Ninguém entendeu.

Tá pensa, Elena pensa. É sobre diferenças de idade... Muitos exercícios matemáticos falam sobre diferenças de idade. A lógica só exige que você preste atenção.

Em voz baixa, quase inexistente, lia o que escreveu.

– Eu tenho o dobro da idade que tu tinhas... – Ok, dobro. Dois. Retirou a tampa do canetão e anotou. Eu, é x. Dobro de x, 2x. Até aí simples. –... Quando eu tinha a idade que tu tens. – Tá, o eu tinha a idade que o tu tinha quando o eu tinha o dobro da... AGRH... Que? Ai meu Deus... No que eu fui me enfiar?

– É muito complicado. – Suspirou April abraçando-se ao corpo do irmão novamente. Estavam todos em enorme aflição. Os olhos fixos em algum movimento que denunciasse que ela havia conseguido. Mas até o momento ninguém ao menos parecia estar perto. – Senhor Salvatore... O Senhor sabe? – Perguntou, atraindo alguns olhares curiosos para Damon.

Triste, Damon voltou a sentar-se em um dos bancos ali próximo. Ficariam todos muito tempo ali ainda.

Somente a espera e ânsia por respostas.

– Vi esse exercício na faculdade uma vez. Meus amigos ficaram mais de uma fazendo. Falaram que o que confunde mais são as palavras e não o raciocínio em si. O que é uma bobagem; As palavras são o que realmente impulsiona o raciocínio, só que tem que interpretar do jeito certo senão o raciocínio sai errado. É lei da vida, fazer o que.

Sentando-se também, ela voltou a questiona-lo. Jeremy agora se afagava aos cabelos de Anna.

– Então você sabe como faz?

– Não, eu no dia nem vi como montava e se tivesse visto, ia ter me esquecido. Mas eu lembro o resultado. To tentando pensar aqui, fazer comigo mesmo.

– Mas pelo menos você sabe o resultado. – Consolou ela ainda com a vista na direção de Elena. Curiosa, ela desviou o olhar para ele. – Qual é? – Sussurrou para que ninguém escutasse.

– Melhor eu não falar. Não me leva a mal não, mas se eu te disser... Se alguém acertar ou a Elena errar você vai saber. E é bom ter esperança, ficar na ansiedade.

Em aceitação, April assentiu e voltou a concentrar-se no que acontecia no meio do campo improvisado. Tinha um carrinho de sorvete ali perto no qual, todos aproveitaram para se distraírem-se do tempo.

Já era a terceira vez que Elena lia o que havia escrito. Um dos garotos representantes de uma escola pediu que o exercício fosse lido mais uma vez no microfone. Confirmou letra por letra e viu que infelizmente estava correto.

Mas é impossível.

Por enquanto a única coisa desenhada em sua lousa, além do enunciado, era o antigo raciocínio do ‘’ eu = 2x’’.

Espera... Mas é a idade do tu que é x, não era?

Confusa, ela voltou a ler o enunciado outra vez.

Quando o tu passa a ter o dobro... O eu é que fica com dois x... É isso? Pensou ainda mais indecisa.

–... Quando eu tinha a idade que tu tens. – Murmurou Elena a cabeça abaixada, fazendo força para que pudesse raciocinar. –... Ambos teremos noventa. Ou seja... Terão noventa quando o tu tiver a idade do eu. Então...

O eu é o mais velho?

Bom... O tempo passa igual pra todo mundo, então um dia... O tu vai chegar aos mesmos dois x. Que é o mesmo tempo que o eu demorou pra chegar à idade que tem hoje.

Só que... Um minuto. Se for assim, o eu leva o mesmo tempo que o tu pra chegar no dois x.

Na pressa para não deixar o raciocínio fugir, Elena abriu a tampa do canetão, apoiando os dedos na lateral da lousa, quase a deixando-a cair sobre o apoio de madeira que a segurava.

Os outros concorrentes pareceram perceber sua afobação em escrever. Logo, olhares de fúria se dirigiram em sua direção.

Cega pela felicidade, Elena não pareceu perceber a raiva transbordante na qual era posta. Continuou a anotar cada silaba de seus pensamentos.

O mesmo tempo que passou entre o passado, o presente e esse presente e o futuro é igual. O tempo é o mesmo, o tempo não muda. Então pra saber... Tem que usar o dois e dividir pelo tempo que se passou entre a ocasião em que a idade do tu era x até hoje. E hoje... A idade do tu é 2x.

– Ok, Elena... Você tá indo bem, você tá indo bem. – Incentivava-se a si mesmo, num sussurro baixo. Apertou o canetão canalizando todo seu nervosismo. Olhou ao relógio e um pouco mais de sete minutos haviam se passado.

Dava tempo, mas não tanto tempo.

Preciso encontrar um jeito da soma dessas idades serem noventa.

Um x mais dois x são três x. Ok. Se eu dividir por esse, dois aqui... Dá... Dá um e meio x. Um e meio x, que deve ser a mesma idade que o eu tinha quando o tu tinha x. Só que o tempo que se passa eu ainda não sei... Então é outro x.

Quando o tu tiver dois x, o eu terá então dois e meio x e a soma dessas duas idades dá noventa. Somando dois x com dois e meio x, dá quatro e meio x que é igual a noventa. Noventa, dividido por quatro e meio dá...

Vinte? Vinte... Sim é vinte.

Então... AI MEU DEUS.

Conteve-se para não gritar. Apressada, anotou a descoberta e respirou fundo na tentativa de conter o sorriso no rosto.

Não podia desconcentrar-se senão perdia a linha de raciocínio.

– Foco Elena, foco. – Disse a si mesma.

Bom se x é igual a vinte e o resultado é esse. O eu tinha trinta anos quando o tu tinha vinte; Até porque vinte, dividido por dois é dez.

DEZ, DEZ,

Mas espera... Em tempos futuro, a soma das idades tem que ser noventa.

Ok... Noventa. Soma que dá noventa. Cinco + quatro dá nove. Então... Cinquenta mais quarenta dá noventa.

DEZ ANOS, DEZ ANOS.

Então hoje em dia. O eu tem quarenta; e quando o tu tiver quarenta o eu terá cinquenta... Que dá noventa.

Resultado: O eu tinha dez anos quando o tu nasceu.

– EU CONSEGUI. – Gritou alto, jogando os braços para cima em comemoração. Esperançosa olhou ao redor na procura de seus concorrentes, mas nenhum deles estavam lá.

Aos poucos seus braços foram caindo de volta para o lugar e sua expressão assumia tristeza. Todos já tinham conseguido antes de mim. Pensou ela querendo ir embora por tamanha vergonha. Olhou ao relógio e apenas doze minutos se passaram; E nesses doze minutos todos haviam feito, exceto por si.

Uma vergonha na qual não conseguia denominar.

– Olha vejam só a moçinha persistente. – A voz irônica de Wes no autofalante intensificou ainda mais seu acanhamento. Não podia acreditar que havia aceitado se submeter aquilo; Pois bem, a escola a quis e era culpa deles. Não sua. Sabia que não era boa o suficiente e avisou, mas não quiseram ouvi-la. – Como vai senhorita? – Perguntou ele levantando-se da bancada de jurados ao lado da arquibancada. Em resposta, Elena mandou um aceno tímido.

O instinto imediato de Elena foi abaixar o rosto quando percebeu que o diretor vinha andando até si. Dessa vez não só pelo receio de ser reconhecida, mas também por ainda estar um pouco envergonhada pelo que aconteceu. Além de muito magoada, embora não quisesse admitir.

Não tardou até o homem se por ao seu lado, com um sorriso cortes e olhos cobertos por óculos escuros pretos.

– Seu nome? – Inquiriu ao microfone, voltando-o para os lábios da garota em seguida.

– Elena. – Diferente da menina na qual antes se deliciava ao falar com a imprensa, respondeu no tom de voz mais baixo que conhecia.

– Elena do que? – Igual ao rapaz de antes, o reitor a fez a mesma pergunta, recendo também o idêntico retorno que o outro homem.

– Só Elena mesmo.

– Ok então. Vi que a sua escola foi a ultima a se decidir na escolha do representante. O que aconteceu lá? Muita gente queria?

Facilmente, Elena percebia que o homem mantinha-se incomodado com a falta de olhar vinda dela. Continuava olhando para baixo ou para o lado contrario ao dele. Sempre desviando e nunca encarando nada que não fosse o vazio.

Agradecia também ao fato dele estar de óculos escuros. Nessas horas desejava um para si própria; Acompanhada, de preferência, por um chapéu.

Ou quem sabe de uma máscara.

– Acho que foi o contrario. – Constatou cruzando os braços. Começava a sentir frio outra vez.

– Bom se foi assim acho que fizeram uma boa escolha optando por você. – Sorriu ele, causando o desentendimento de Elena. Antes que pudesse questionar, Wes gritou ao microfone recebendo os aplausos e gritos do publico presente. – Palmas, por favor, para Elena que foi a única a não desistir. Ela merece. Palmas, muitas palmas.

Em analise as palavras ditas por Wes, os olhos de Elena cruzaram todo o recinto parando na tenta posta do outro lado onde todo seu grupo escolar estava. April mandava acenos com os braços no alto, comemorando junto com suas amigas.

Fazendo-a perceber o que realmente estava acontecendo.

Tinham todos, desistido?

Grande parte de seu raciocínio concentrava-se no fato de estar sendo enganada. Vitima de uma piada de muito mau gosto por ter sido a ultima a ter supostamente chego ao resultado. Afinal, precisavam ainda conferir primeiro se estava certo ou não.

Quando finalmente os aplausos e vozes cessaram, tudo pareceu ficar mais serio. Seus colegas não comemoravam mais. Cruzavam seus dedos em pedidos para que o resultado fosse o esperado. Ao contrario das outras escolas que junto com seus representantes, não poupavam disfarçar suas expressões contagiadas por veneno.

Com toda aquela atenção sobre si, Elena desviava seu rosto para os lados cada vez mais. Não se atrevia a encarar ninguém presente.

– Senhorita Elena. – Wes a chamou, obrigando-se a olha-lo por poucos instantes. Para ser educado, ele não se atreveu em questionar a postura tão estranha da garota. – Primeiro vou pedir que a senhorita, explique pelo microfone como chegou no resultado e depois... Diremos se está certo ou não. O que acha?

Silenciosa, ela assentiu em positivo, mas o homem continuou com o microfone em frente seus lábios exigindo por uma confirmação em alto para o publico. Revirou os olhos e forçou um sorriso, voltando a abaixar a cabeça logo após.

– Como o senhor desejar. – Assegurou em concordância. Sentindo-se em completa submissão.

Demorou um pouco para que pudesse lembrar o antigo raciocínio e dizer letra por letra do que tanto pensou até que chegasse ao número que chegou. Wes parecia mais interessado na expressão dos ouvintes da bancada de júri, que atentos ouviam lançando olhares na qual Elena preferia não tentar interpreta-los para não distrair-se.

Ao fim, nem tudo que queria fora dito, mas ficou contente pela parte principal ter sido posta de maneira explicativa e ter conseguido dizer tudo sem os confundir.

– Então... De acordo com a senhorita, o eu tinha dez anos quando o tu nasceu? É isso mesmo? Confirma?

Mais segura de si, ela respondeu. Dessa vez de cabeça levantada e voz firme.

– Total certeza. Dez anos de diferença.

– Ok. Justo. Muito justo. – Disse ele apanhando do bolso da camiseta um papel amarelo dobrável. Parecido com uma ficha de jogos de banco imobiliário. De modo gentil, Wes solicitou que Elena afastasse um pouco para que ele pudesse ler o resultado.

Contra gosto, sentiu suas mãos tremerem levemente pela ânsia e toda sua garganta secar-se na intensificação de seu nervosismo. Devagar, Wes abriu a ficha, soltando em seguida um sorriso de lado, carregado por ironia na qual aumentou em um modo estranho o medo de Elena, causando-lhe um desconhecido frio no estomago.

Após o suspense, o diretor engoliu um pouco de saliva acumulada e aproximou o microfone de seus lábios pronto e animado para revelar o que havia lido.

Percebendo a aflição de todos, resolveu não prolongar muito o ato e fez o que tinha de fazer.

–--x---

– O que acha desse? – Perguntou Caroline para Elena.

– Muita franja. Não estamos nos anos 20, guarda isso. – Ordenou fazendo a loira bufar alto e dobrar o vestido na mochila novamente. Elena odiava aquela barraca. Só a ideia de que teria de passar a noite ali lhe causava arrepios até em lugares depilados. E essa festa que teria agora a noite podia vir a ser a oportunidade perfeita para que pudesse ficar bêbada e desmaiar em um dos sofás das mansões da irmandade. – Que tal isso? – Retirou um par de sapatilhas ocre em um dos bolsos e mostrou para a amiga que renegou a opção rapidamente com a cabeça, com direito a cara de nojo. – Você devia ter trago roupa pra festa, Elena. – Disse cansada, em repetição àquelas palavras pela quinta vez.

– Minha filha eu tava vindo pra uma excursão em uma faculdade. Foi milagre eu ter trago mais de duas blusas na mochila; Fiz porque sou muito vaidosa.

– Tava no protocolo da viagem que teria essa festa, que teria acampamento... Tava tudo lá.

– E você acha que eu li protocolo de viagem, Caroline? Faça-me o favor tenho muito mais o que fazer na minha vida, não é? – Ironizou a garota rudemente.

Deixando as roupas de lado, Caroline rebateu usando do mesmo tom de voz:

– Mas tá muito grossa. Pra quem há duas horas tava toda felizinha, pulando de alegria, se achando a mais inteligente do mundo por ter ganhado o jogo. Agora tá assim... Azeda.

Assimilando as palavras da loira, Elena preferiu ficar calada. Na hora com a euforia e todos a congratulando, não se agarrou ao fato de Damon não a ter parabenizado. Após pulos, beijos e palavras encorajadoras de seus colegas e professores, já com as lembranças tão vivas em sua mente, foi quando avaliou cada segundo do que aconteceu e realmente reparou que não...

Ele não a tinha lhe dando nem ao menos um sorriso.

Sendo que até alguns adversários vieram e cumprimentaram por seu feito.

– Já escolheram as roupas? – O sotaque de Rebekah invadiu sua mente, levando Elena de volta para fora de seus devaneios. Ela entrava na barraca com Bonnie atrás.

Estressada, Caroline suspirou.

– Eu já... Mas a Elena só trouxe um conjunto.

– Então usa o conjunto. – Bonnie sugeriu em obviedade.

– Nenhum deles é pra festa não é minha filha. Se fosse não estaria aqui há séculos tentando escolher entre esses modelitos bregas da Caroline. Preciso de um vestido, um salto, maquiagem... Trouxe quase nada.

– Meus vestidos não são bregas, Elena. – Rebateu a loira calmamente.

– Sinceramente amiga... Fala sério. Franja até o joelho, paetê na gola alta, drapeado estilo periguete de quinta...

– Ei, ei, ei. – Interrompeu Bonnie. – Eu dei aquele drapeado pra ela de aniversário.

– VOCÊ? Tá bom. É bem mais sério do que eu pensei. Quando a gente voltar eu vou até a casa das duas. Quero ver o armário de vocês pra poder jogar todo o resto no lixo e repaginar ele inteiro.

Sem que se importassem, Caroline e Bonnie sacudiram os ombros. Elena voltou a falar.

– Bekah. – Chamou-a em um gemido manhoso. – Você é britânica, de Londres cidade grande, chique. Não é caipira que nem elas duas... Dá uma força vai.

Suspirando para conter o riso, Rebekah foi até sua mochila na esperança de ter algo que pudesse agradar o gosto da colega. Bonnie e Caroline não pareceram se importar com os pequenos insultos vindos da parte de Elena. Tornavam-se cada vez mais familiares com o jeito próprio dela de agir com as pessoas. O que antes pudesse parecer rude, agora soava engraçado com a convivência.

– Bom eu também não trouxe muita coisa. Tem esse aqui, mas é um pouco simplesinho? O que acha?

– Ai que fofo Rebekah. – Não conseguiu conter o pequeno grito de comemoração ao finalmente deparar-se com algo ao mínimo bonito. – É muito fofo.

De fato, simples, como a própria dona havia dito. Mas ainda sim belo o suficiente para poder usar sem sentir vergonha. Um tomara que caia florido, preso por um fino cinto vermelho no alto da cintura. Azul marinho com flores em detalhes também em vermelho. Preferiu vesti-lo por cima de uma jaqueta de couro preta e botas cano curto marrom. Haviam dito que para a festa o traje era livre daquele uniforme de escoteiro na qual fazia o estomago de Elena embrulhar-se somente pela lembrança.

As meninas a esperavam do lado de fora da barraca enquanto terminava de se trocar. Seu cabelo não estava no melhor dos dias, portanto o prendeu em uma trança lateral. Com a falta de um lampião ou de uma luz qualquer, também deixou a maquiagem simples, somente um lápis de olho fraco, batom coral, sombra sem cor e rímel. Ainda sim, levou o resto da maquiagem na pequena bolsinha de mão preta que carregava, para poder reforça-la no banheiro da mansão.

A maioria já estava pronta quando saiu.

– Vamos? – Perguntou Elena ajeitando um detalhe na camiseta de April.

A mesma a respondeu.

– Ainda não dá. Faltam algumas pessoas e todos tem que chegar juntos. O grupo inteiro.

– Ah, que maravilha. – Disse ironicamente, contorcendo sua expressão em nojo.

O fato de já estar à noite somado a terem que andar por aquela clareira, que mesmo que rasa e pequena, ainda sim possuía matos e arvores, deixavam a mente de Elena ainda mais estressada.

E o pensamento de que ainda teria a volta e nem fazer ideia da hora que a festa encerraria, piorava toda a situação.

Passaram-se mais alguns minutos e em fila, os professores o guiaram para frente da mansão amarela da irmandade; Onde Davina já na porta os recepcionaram com sorrisos ao rosto e aquela mesma simpatia de antes.

–---x----

Com exceção de sua turma e dos alunos extras selecionados da escola, a ‘’festa’’ o que na verdade era uma reunião de coquetéis, contavam somente com as doze meninas da irmandade na qual Davina era presidente.

O que fora de fato um alivio. Elena chegara a pensar que haveria mais de cinquenta pessoas ali. Conforme os minutos iam passando o reconhecimento se tornou inevitável da parte das garotas. Animaram-se com sua presença, fizeram elogios, perguntas. Paparicaram-na.

Educadamente, pediu para que não contassem a ninguém, nem mesmo da faculdade sobre si. Após inventar algumas mentiras e dá desculpas falsas sobre suas reais razões, elas concordaram em não dizer nada e não comentar nem ao menos em redes sociais.

Na ida, Damon seguiu o caminho inteiro a frente com os outros professores. Ao contrario dela que ficou ao fim da fila, junto a Tyler e Dick.

Principalmente Dick que era alto o bastante para que pudesse esconder-se atrás durante a travessia da clareira. Ao chegarem, perdeu Damon de vista logo nos primeiros segundos de advento a casa. Quando então a reconheceram, ficou impossível de encontra-lo. Ou se quer procura-lo.

Ideias e pensamentos involuntários a adentravam por completo em misto a probabilidades e duvidas na qual somente em cogitar, seu corpo suava em frio pelo medo do desconhecido.

– Davina! – Apanhou o braço direito da garota a puxando para um canto longe do pequenino grupo que a rodeava. – Por acaso... Não tem bebida alcoólica nessa casa, não é?

– Aqui? Não, nem pensar. – Disse com veemência. Com a sinceridade na qual foi tão firme aos poucos, Elena ia acalmando-se de seus próprios devaneios. – Bebidas só no escritório do reitor que fica no prédio principal.

– Tem certeza? Garanti que não tem nenhum álcool? Nem vinho? Batida? Nada.

– Sucos, água ou refrigerante. Só. – Sorriu orgulhosa exibindo toda a responsabilidade que possuía em si.

Aliviada, Elena suspirou em alto e agradeceu a moça, afastando-se em direção a Bonnie logo depois.

– O que tá bebendo? – Não conseguiu disfarçar sua desconfiança.

Confusa, Bonnie encarou seu copo de plástico e franziu as sobrancelhas em estranheza ao tom de voz da amiga.

– Suco de maçã. – Murmurou a oferecendo. – Quer um pouco?

Sem que respondesse, Elena saiu em passos nervosos deixando Bonnie em total falta de compreensão. O baixo eco de suas botas sem saltos no chão amadeirado, movimentando-se de modo instintivo, era o único som que seus ouvidos se concentravam. Deparou-se a poucos metros do corredor que induzia a cozinha, na qual ainda não tinha ido procurá-lo, enchendo a si mesma de esperança.

Qualquer coisa era opção para quem desconhece possibilidades. Ou está desesperado.

E não podia parecer assim. Caso o encontrasse, não podia deixar exibir tão facilmente as reações que ele tinha sobre seus atos. Precisava recuperar o mínimo do orgulho que sempre possuiu. Reconstruí-lo.

Acalmou os pés. Parou ao meio do corredor. Canalizando de volta a respiração do ar selvagem recoberto por empáfia que sempre abrangia dentro de seu corpo. Olhou ao redor pela sala ampla e vazia, como quem observava da sacada de um palácio, toda uma multidão gritando por seu nome. Em coincidência, fora essa a sensação (ou até melhor) ao paralisar-se de corpo e alma no encontro a primeira vista com aquela visão tão repleta pela liberdade, inocência, carinho e amor. Tudo, com a exceção de seus olhos e seu coração, eram como tivessem congelados. Voltou andar, dessa vez, calma, precisa, firme. Não mais em direção à cozinha, e sim a parede ao fundo. Parou em frente, já com os olhos prestes a afundarem por lagrimas. A mente dela, que antes se concentrava em ir à busca do homem para tirar as satisfações pela frieza consigo – Agora àquela mesma mente se distraia na beleza das cores vivas recriadas pelas mãos de um desconhecido. Numa perfeição surreal em forma de pintura na tão banal tela feita de linho. A delicadeza retratada numa visão tão comum em junção aos detalhes moldados em recriar infinito verde amarronzado do mar na praia. Seus olhos não conseguiam mexer-se em qualquer direção que fosse. A não ser... Aprecia-lo.

Em uma profunda expiração, seus cílios bateram para baixo sendo totalmente entregues a escuridão. Assim. De olhos fechados, todo seu olfato focalizava-se em imaginar o perfume da maresia.

– Pelo jeito gostou da pintura. – A voz endossa de Damon alcançou seus tímpanos em um violento empurrão para fora de seus pensamentos. Olhou-o rapidamente por alguns instantes, em seu lado direito; Mesmo que breve, fora o suficiente para sentir saudades e voltar logo toda sua atenção para o quadro exposto na parede de uma das salas de visitas. – Sabe que eu prefiro muito mais o cavalinho no seu quarto.

No primeiro soar, achou que ele estava sendo irônico. Somente após certificar-se de que nenhum sorriso sínico fora lhe atingido, percebeu que havia sido sincero.

– Obrigada. – Agradeceu também em franqueza. – Só nesse comentário já da pra perceber que você não entende nada de pintura, nem de arte.

– Gostou tanto assim? – Dessa vez, fora irônico. – Um bebê de mãos dadas com a mãe na praia... Nada de mais. Não tem nenhuma mensagem por trás, não tem alma, não tem faz pensar. Entende? É só mais uma pintura a óleo. Só isso. – Disse ele, balançando os ombros. Repleto pela indiferença.

Elena não pareceu incomodar-se pelos argumentos. Continuou a encarar o quadro com a mesma expressão de antes. Hipnotizada pelo encantamento da tela.

– A mensagem às vezes não tá no choque... Não tá na culpa ou na vontade de mudar uma atitude ou sentir pena. Sentir-se bem por conta que o sofrimento do outro é pior... Não te faz alguém com compaixão, te faz alguém egoísta. Uma mensagem boa, uma mensagem ruim, uma mensagem de saudade, de nostalgia... Pode ser transmitida em sentimento. Essa tela não me faz criar sentimentos novos; Ela faz lembrar sentimentos ocultos, coisas do passado, coisas que eu desejo. – Num breve suspiro. A voz, antes maravilhada, entristeceu. –... Coisas que eu queria.

Silêncio. Voltaram a encarar a tela.

Embora curioso Damon não se atreveu em questionar que coisas eram essas. Ainda sim, tornava impossível não imaginar as razões pelo qual aquele simples quadro a tocou tanto. Quando se imagina algo que deixaria Elena Gilbert prestes a chorar de emoção, ele automaticamente imaginaria um vestido de gala ou um sapato de diamante.

Mas quando a realidade trata-se da pintura de uma mãe e uma filha pequena na praia, fincando os dedos na área molhada no raso mar. Embora soe poético, não entoava o suficiente, para deixá-la tão maravilhada. Ao menos não a Elena na qual ele conhecia; Ou pelo menos, achava conhecer.

Porque logo aquela imagem?

– Você foi ótima hoje. Parabéns. – Felicitou, ele timidamente.

Do mesmo modo, Elena agradeceu.

– Brigada. Achei que eu não ia conseguir, mas... Foi bem legal. Deu certo pelo menos.

Damon deteve-se por um momento, hesitante pela possível reação dela.

– Eu ia te cumprimentar, mas tava todo mundo em cima de você que... Sei lá. Aí depois teve aquele showzinho de te sugerir, querendo fazer piada; Nem sei direito o que aconteceu comigo na hora, eu tava com raiva. Você entende, não é? – Perguntou esperançoso.

Com os olhos fechados, Elena ouvia cada palavra engolindo em seco. Mais do que um pedido de desculpas, tudo que desejava de Damon, a cima de qualquer coisa, era um abraço. Um abraço na qual transmitiria por inteiro todo o sentimento que ansiava.

A volta do amor, a volta da confiança, a volta do relacionamento. A volta dos dois.

Quando ele o beijou na garagem naquela noite, após o machucado em seu pescoço e tudo que aconteceu no bar, jurou a si mesma que seria firme em nome de todas as razões que possuía. Era difícil. Cada vez que conversavam por mais mínima que fossem as palavras trocadas. Cada vez que ouvia o som da voz dele... O muro construído em cima daquele orgulho e de toda teimosia e motivos, rachava-se.

Não aguentava mais. Precisava falar; Nem que tivesse que implorar por perdão. No dia que Damon descobriu sobre o plano, estava muito nervoso. Chocado. O baque e o sentimento de traição ainda eram quentes por todo seu corpo.

Só que agora... Mais calmos e mais dispostos a ouvirem, poderia enxergar a chance de explicar tudo que houve. Contaria cada detalhe se fosse preciso.

Quem sabe assim, ele a diria também como descobriu.

Decidida, girou o corpo para o lado direito ficando a frente dele; Apanhou o braço do rapaz com toda sutileza para que não se assustasse.

Derrubaria de vez o muro. Era hora de tentar de novo.

– Damon eu preciso muito...

– Ei, vocês dois aí. – Interrompeu uma menina de sorriso alegre, parada na soleira da porta. – A gente vai jogar verdade ou desafio lá na outra sala... Querem ir?

O misto de decepção e fúria infiltrava-se rapidamente por todos os poros do corpo de Elena. Damon de modo veloz afastou seu braço das mãos dela, cambaleando alguns passos para trás. Elena logo forçou um sorriso e assentiu positiva a pergunta da garota.

– Eu vou daqui a pouco. Vão indo na frente – Disse Damon atordoado.

Sem o que contestar, Elena seguiu com a menina para a sala de TV. Outra vez toda a sensação do fracasso a dominava. Tinha tanta coisa para dizer que sentia que logo iria afundar em todas aquelas palavras. Oportunidades eram poucas; Muito poucas. E quando uma brecha abriu, voltava a se fechar sem dar tempo.

A frustrante sensação do quase na qual todo ser humano, infelizmente, conhece.

Uma roda era aos poucos formada no meio da sala, onde uma garrafa de plástico verde se mantinha nas mãos de um dos integrantes. A mesa de centro fora afastada para os fundos junto a algumas cadeiras. O enorme tapete era o bastante para todos sentarem-se sem sujar-se ao chão.

Elena apanhou uma almofada no sofá e sentou-se ao meio de Matt e Bonnie. Do outro lado de Bonnie, estava Caroline e do outro lado de Caroline estava Tyler. Ao lado esquerdo de Matt, mantinha-se, logicamente Rebekah.

Ric sentou-se para jogar, junto à outra professora. O resto recusou o convite e preferiram observar em um dos sofás. Incluindo Damon. O mesmo que dispensou acentos e ficou de pé encostado em uma parede. Não observava o jogo; Mantinha a cabeça encostada no vidro da janela. Preso em tentar desviar toda a atenção de seus olhos de Elena.

O que ela queria falar? Pensava. Aquele era o único raciocínio que tinha. Sem espaço para mais nada, toda sua mente naufragava nas possibilidades.

–--x---

20 minutos depois.

– Nunca mais jogo isso. Nunca mais. – Reclamou Carly sentindo toda uma vontade de cuspir pinicar por seus lábios. Elena compartilhava por aquele sentimento. Verdade e desafio a traumatizou desde o dia que teve de beijar aquele nerd com bafo. No desespero pela decepção com Damon mal havia reparado que estava ali, jogando aquilo outra vez. Compreendia o que Carly estava sentindo por ter que fazer o mesmo com aquele menino.

Se havia aceitado era para distrair-se ao máximo do pensamento de não ter conseguido falar o que tinha a dizer. Mas ficar ali sentada observando uma garrafa girar não era a melhor maneira de ocupar seu cérebro da frustração.

Mas também pensava.

O que aconteceria se eu conseguisse dizer tudo?

– Bom... Vamos girar mais uma vez. – Anunciou Davina apanhando a garrafa novamente. – Lembrando de novo que: A frente pergunta, atrás responde. Pra não esquecerem, dessa vez.

Em pratica, Davina girou o braço do lado direito para o esquerdo. Os olhos de Elena não se concentravam ao movimento do objeto. Ainda pensava nele. O vulto verde ao chão, após alguns segundos, se veio naturalmente a parar.

Não compreendeu de imediato os sorrisos de suas amigas em sua direção. Encarava o nada quando Bonnie tocou seus ombros, despertando-a de si mesma.

– Ok então, Janice pergunta pra Elena. – Outra vez Davina divulgou em sua normal maneira animada. Em susto, Elena confirmou a oração, olhando para baixo. Observando a parte traseira da garrafa apontada para si. O instinto mandava desviar, mas não havia nada que pudesse fazer.

Era a primeira vez que caía sob si e achava que o jogo terminaria sem que fosse incomodada.

Aceitou o jogo. Naquele momento, qualquer coisa para parecia mais otimista que pensar.

– Verdade ou desafio? – Perguntou Janice.

Optou pelo primeiro que veio a mente.

– Desafio. – Proferiu dando os ombros. Em total contrariedade a sua reação indiferente, Janice lhe abriu um sorriso transparecendo felicidade.

– Eu to um pouco envergonhada, mas... Vou falar assim mesmo. – Começou Janice, deixando Elena em estado alarmante pelo que poderia vir. – Nem acredito que eu vou te pedir isso, só que... Eu leio seu blog e eu achei TÃO LINDO aquele ultimo texto que você postou. Até imprimi de tanto que eu gostei. Tá lá na minha bolsa inclusive.

– Muito obrigada. – A voz de Elena ficou sufocada. Percebendo, limpou a garganta. – Eu agradeço, de verdade.

– Que isso, você mereceu. – Disse, simplesmente. – Voltando ao assunto: Eu imprimi, e eu trouxe pra cá porque eu queria ler mais. Amei aquele texto; Por umas razões pessoais que eu não quero falar agora, nem vale a pena. E enquanto eu lia, eu pensava: O que será que a Elena tava sentindo quando escreveu? Como interpretava cada palavra? Então eu queria te pedir isso... Queria que você lesse o texto pra gente, tentando passar o que você sentia.

– O que eu sentia... – Sussurrou Elena ecoando aquelas ultimas palavras. Somente a menção da lembrança já fora o bastante para encher seu peito pelo ar sufocante. Fechou os olhos respirando fundo.

Sem que lhe desse a opção para responder, Janice levantou de seu lugar e foi até a bolsa, jogada em uma das prateleiras da sala. Voltou com o papel branco preso as mãos e um sorriso estampado no rosto.

Todo seu coração estava naquele papel.

Girou a cabeça alguns centímetros, para trás. Encarando de relance o homem na qual em metade daquelas palavras ele era inspiração.

Janice lhe entregou a folha. Ainda não tinha a coragem necessária para abrir. Era com Damon que queria falar aquelas palavras e não para todo um grupo.

‘’ Não se dá pra ter tudo’’. Sua avó lhe dizia sempre.

Mesmo que sem privacidade, ao menos teria a chance de falar.

E ele teria que ouvir.

Sorriu em falso para o resto das pessoas à volta. Abriu o papel tendo em vista todo o seu desabafar. Era como se não precisasse da folha. Sabia de cor cada linha. Conhecia cada pensamento posto.

Conectou os olhos e a atenção a primeira palavra e começou a ler.

Roupas, sapatos, acessórios, penteados, alta costura, maquiagem etc... São esse os assuntos, conselhos e opiniões na qual divido com vocês toda semana nesse mesmo site. Coisas na qual são consideradas tão fúteis, mas que é a grande minha paixão.

Mas o que seria fútil? Eu? Ou o que eu tanto gosto?

Finjo tanto não saber a resposta, mas infelizmente sei sim.

Ouvi dizer uma vez que mentir para os outros é fácil, mas mentir pra si mesmo é impossível. Logo após escutar, meu corpo foi invadido por uma sensação indescritível de confirmação, junto a uma onda de pensamentos embaralhados e completamente misturados, a espera de um sentido. Um cubo-mágico se virado de um lado para o outro em procura ordem, assim era minha mente naquele momento.

Era disparado a frase mais verdadeira que já havia ouvido. E pode soar triste (porque é realmente triste), mas era também a frase na qual mais me identifiquei na vida.

Foi assim que eu mesma me tirei um dos únicos sinônimos de felicidade que já tive. Como o belo clichê que me tomo, não há maneira melhor de contar do que com a clássica abertura dos felizes para sempre: O era uma vez.

Pois bem então.

Era uma vez eu. Eu que entre minhas caminhadas e voltas da vida, conheci alguém. Até então nada fora da realidade. Afinal, todas as histórias de amor os protagonistas tem de ser conhecer. Não importa como termina e muito menos como a relação desenrole-se ou os obstáculos. De algum modo eles têm que se conhecer.

E um dos maiores erros cometidos pelos filmes, pelos livros, pelos seriados ou qualquer coisa que seja. Qual antes era visto como tão diferencial e que agora é tão banal: Transformar o ódio em amor.

Amor que se transforma em ódio nunca fora realmente amor, apenas mais outro capítulo da vida. Ódio que vira amor é porque nunca houve realmente ódio. E sim, falta de conhecimento entre ambas as partes.

Soa tão poética, não soa?

A primeira dose da paixão nos faz sentir assim. Literal. Conhecedora e dominadora das palavras e dos sentimentos. Através da doce sensação do toque, toque rápido de só um dos dedos, só aquilo já era o suficiente para decompor em musica e poesia. Até mesmo aos mais prosaicos.

É fácil descrever o quanto me sentia bem com ele, como que num único beijo parecia que asas se desenvolviam em nossas costas e ambos voávamos pelo céu escuro recheado por estrelas. É fácil descrever a sensação de manhã de natal que vinha sempre que ele me abraçava. O difícil é a perda. O difícil é perceber que o ser humano não pode voar; Que as minhas asas quebraram e as deles nem eram ao menos reais. E a manhã de natal é destruída sem o dinheiro para os presentes, para a comida. Consome-se inteiramente pelo frio e congela as lagrimas ao perceber que não há família para se comemorar, nem motivos para rir.

Minhas mentiras interromperam as asas de continuarem a subir. Minha imaturidade deixou a noite mais longa e a manhã de natal nunca chegou. Inteiramente minha culpa. Assumo em voz alta a resposta para a pergunta do começo: Eu sou a fútil. Não o que gosto.

Não o que perdi.

Num falhar alto de um suspiro, sua boca narrou a ultima frase. Na época da escravidão, um escravo agradecia aos céus pelo fim das chibatadas, mas em seguida voltava a chorar pela dor e humilhação que vinha depois ao corpo.

Era assim que se sentia.

Não literalmente; Longe de si querer comparar-se comparar a uma das maiores tragédias da humanidade. Aquele era apenas seu modo de explicar que a pior dor viria depois.

Elena novamente impediu suas lagrimas de transbordarem. Redobrou o papel, trincando o queixo. Não iria aguentar muito tempo. Precisava chorar.

Também não se atreveu a olha-lo. Se o encarasse seria impossível de conter. Todo e qualquer tijolo de seu muro iria a baixo.

Arfou em alto e engoliu um grosso salivar; Sentia como uma avalanche em sua garganta. Fechou os olhos em cuidado para não fazer forçar de mais a vista. Nenhuma lagrima poderia escapar.

– Acho que eu vou indo. – Sussurrou, quase sem voz, para o grupo que a encarava quieto. Fora tudo que conseguira dizer. Sentia-se como se tivesse perdido a habilidade da fala. Entregou o papel de volta para Janice e saiu dali em passos tão pequenos na qual parecia que estava rastejando ao invés de andar.

Além de não conseguir falar... Talvez não consiga mais correr também.

Sua mente era nada. Não pensava em nada.

Apressou o passo somente ao ter que voltar para o acampamento e atravessar a clareira. Abriu sua barraca e passou o zíper pelo lado de dentro a fechando por completo. Deitou-se lentamente ao travesseiro. As lagrimas não vieram de imediato, somente alguns minutos depois.

Quando vieram não foram poucas. Demoliram-na por inteira, até que precisasse beber água e abastecê-las.

Damon por outro lado mantinha seus olhos secos. Tão secos que não se mexiam. A visão já estava turva pela falta de movimentos de seus olhos.

O que se faz em situações assim?

Não fazia nem a ideia de como agir.

Correr atrás dela e a confortar era uma opção. Dizer que estava tudo bem e a beijar nos lábios apaixonadamente.

Mas e as pessoas que estavam ali? Se fizesse isso não haveria mais descrição e os dois estariam mortos.

Não havia como não ser racional. Para o bem futuro dos dois (juntos ou não) precisava ser racional.

O primeiro movimento de seu corpo veio quando seguiu em direção ao banheiro. Lá havia o silencio para pensar. Andava de modo aleatório, muito parecido ao caminhar dela quando saiu. Os outros aos poucos voltavam a jogar.

Constrangidos, mas voltavam.

Encarou seu reflexo no espelho repetindo na cabeça todas as palavras ditas por Elena. Em seus olhos refletidos no vidro, via os olhos dela o encarando enquanto lia letra por letra.

Seria inútil procurar por bebidas numa casa onde vivida apenas por doze garotas de dezoito anos que residem numa faculdade de alta tradição.

Quando finalmente saiu do banheiro, seguiu em volta para a sala em próxima a escadas da mansão. O quadro que Elena tanto gostou em exposição na parede.

Encarou a tela até o chamarem de volta para ir embora.

–--x---

A partida de verdade ou desafio não havia durado muito após o que aconteceu com Elena. Para aliviar a tensão, Davina sugeriu um grande jogo de poker divididos em grupos. Sem pestanejar, ela logo subiu para o andar de cima em busca das cartas.

O meio tempo da ida e volta da garota era o necessário para Bonnie respirar e repensar no que aconteceu. Soube, sem dificuldades, interpretar cada palavra lida por Elena; Remexendo todos seus pensamentos e crenças na incerteza.

– Oi. – Sussurrou exausta aproximando-se das duas loiras que conversavam num canto.

Não precisou falar mais que aquilo para perceberem que a amiga não estava bem.

– O que aconteceu com você? – Caroline a abraçou, preocupada.

– Esse texto da Elena. Vocês viram? O jeito que ela olhava pra ele? Ele olhava pra ela? Viram?

– Eu não vi nada. – Exclamou Rebekah.

– Eu também não.

– Mais vocês duas não reparam em nada. – Disse nervosa enquanto esfregava os olhos. Sentia-se em total mercê do estresse. – Pelo amor de Deus... Tem que ser mais detalhista.

Caroline segurou uma risada.

– A gente é detalhista. Só não somos... Como você. É diferente.

– Diferente como?

– Somos normais. – Rebateu Rebekah sarcasticamente. Bonnie preferiu não discutir e prolongar de mais aquele assunto; Somente bufou em alto e aproximou-se cochiando para ninguém a escutar.

– Eu acho que a gente pode ter se precipitado. – Antes que as duas perguntassem em que, ela respondeu. – Quem sabe se a gente tivesse falado com a Elena primeiro. Saber mais do relacionamento deles... Acho que conversar... Vocês me entendem?

– Entender a gente entende. Mas... Aonde você quer chegar com isso? – Caroline perguntou. A voz mistura entre a dúvida e o interesse.

Era melhor ser direta. Aproximou-se mais e olhou ao redor; Tyler não podia ouvir aquilo nem em um milhão de anos.

– Acho que a gente devia contar pra ela... Dizer o que a gente fez.

Rebekah quase engasgou com sua bebida.

– Tá maluca? – Tossia. – Ela nunca vai falar com a gente de novo.

– Não se nós prometemos ajuda-la a reconquistar o Damon. Pensa: Se a gente falar pra ela que conversa com ele e conta a verdade... Ela perdoa. É bem mais fácil ele acreditar na minha palavra, já quem foi eu que contei a mentira... Do que na da Elena, que quer ele de volta.

Por mais que não admitissem era uma boa ideia. Tanto Caroline, quanto Rebekah conseguiam ver o quão fez mal a Elena tudo que aconteceu. Seja lá o que os dois tivessem, devia ser de muito valor para ela para causar tanto sofrimento como dizia naquele texto.

Não havia outra saída a não ser ajuda-la.

– Eu adoro o Tyler, mas eu vou ter que concordar contigo. – Após pensar bem, Caroline demonstrou seu apoio. Em agradecimento Bonnie sorriu e lhe lançou um olhar meigo.

– E você Bekah? – Perguntou à baixinha.

Era sim de sua vontade querer o melhor para Elena, mas ainda sim considerava Tyler como seu irmão. Quando se mudou para essa cidade sem conhecer ninguém, suas famílias eram visinhas e ambos tornaram amigos no primeiro minuto. Seu primeiro amigo naquela nova vida em uma cidade tão distinta de Londres. De certa forma identificava-se com Elena também por esse fato. Com exceção de toda a fama que ela tinha e a vida de celebridade badalada.

Estava sim indecisa. Tudo que queria era fazer o bem.

Mas qual era o bem?

A lembrança da leitura de Elena era o bastante para toda sua duvida apagar-se.

Voltou os lábios para mais um gole de seu refrigerante. Embora cética, sua voz soou sincera.

– Tá a gente conta pra Elena. Propõe ajudar os dois, mas to falando... Tem que tá preparado porque a reação dela não vai ser das melhores. E depois quando tiver que contar pro Damon o que a gente fez... Vai ser pior. Então se preparem porque vai ser difícil.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal posso avisar que as coisas vão ficar bem complicadas a partir de agora. Vão pegar fogo MEEESMO. Não sei se vocês repararam, mas a Elena tem uns diferenciais de personalidade. Por exemplo. Ela é uma nojentinha, mas ela tem alguns mistérios e perguntas n respondidas sobre a sua personalidade. Como: o porque dela gostar tando de moda, mas só considerar um hobby e n uma profissão entre alguns segredinhos sobre si mesma na qual serão revelados o porque. Ela por mais que tenha sempre tido uma vida maravilhosa etc tbm tem suas falhas na qual vcs vão descobrir.
A partir do próximo cap a fic entra no seu estagio mais agitado e com mais adrenalina.
Não tive tempo de corrigir esse cap pq ficou mto grande e eu n tenho pessoas que me ajudam com erros e coisas nesse tipo, então perdão, amanhã cedo acho que concerto.