When I Look At You escrita por Ana C Pory


Capítulo 4
IV - Ricos


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu sei que tô confundindo, então vou explicar.
1ª parte - de manhã, escola particular.
2ª parte - de tarde, sorveteria.
3ª parte - de manhã (do mesmo dia), escola particular.



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Primeiro dia na escola nova.
Em filmes, sempre vemos o “primeiro dia”, normalmente. Nesses filmes, ou (1) aparece o personagem indo falar com seus amigos, ou (2) uma garota suspirando por um garoto enquanto conversa com as amigas ou coisas do tipo.
Mas o primeiro dia na escola particular de Amanda parecia um inferno. Nada de amigos. E, principalmente, nada de garotos. Bobagem pensar em rapazes enquanto ainda vive a hipótese de sua melhor amiga possivelmente ter se cortado aquele dia.
Ela não estava acostumada com aquelas pessoas. Chamaria-as de ricas, porque até uma família de classe média é considerada rica quando você vive num orfanato sujo e fedido.
Porém, no colégio particular era tudo muito... existe palavra?
Quando Amanda entrou no grande casarão com o padrão de cores azul e branco (junto com os uniformes, dos quais ela nunca tinha visto), analisou o local. Um corredor enorme, com alguns armários de um verde desbotado nos cantos, portas enumeradas e... seus colegas.
A maioria estava encostado nos armários, conversando com amigos. Umas meninas entupidas de maquiagem (Amanda já vira, enquanto estava saindo da escola, uma revista jogada no chão. A mulher da capa estava cheia de maquiagem, mas aquelas meninas conseguiram se maquiar ainda mais que ela) discutiam conteúdos de programas sobre celebridades, e uma tentava convencê-las que tal menino lá era o mais bonito do colégio.
O pessoal “estilo Pietro” sempre vinha acompanhado de óculos escuros, mochilas personalizadas e outras coisas caras. As “patricinhas”, como Amanda aprendera a identificar tempos depois, pareciam estar interessadas neles.
Também havia pessoas com cadernos e livros na mão, que sempre eram chamados de alguma coisa quando alguém passava. Quando ela se aproximou mais, descobriu que chamavam eles de nerds.
Segundo seu caderno, a aula começaria dali a dez minutos. Como ela não sabia o que fazer (e definitivamente ficar parada com uma mosca zonza no meio do corredor não era um opção), foi até os fundos do colégio, que tinha uma quantidade consideravelmente razoável de gente. Sentou-se em uma mesa de madeira, mergulhada em pensamentos como “o que a Debby fez ontem?” e “eu não deveria estar aqui”.
Após dois minutos inteiros (e ela pretendia fazer isso até o sinal tocar) pensando em como sua vida era ridícula, um garoto se aproximou dela.
– Oi. Você é nova aqui? – perguntou-lhe o rapaz. – Nunca te vi aqui.
Dava para considerá-lo um bad boy.
– Sou – respondeu.
– Bem-vinda então, novata – ele estendeu a mão. A menina apertou. – Sabe, deve ser meio ruim entrar no mês de Maio, mas eu desejo boa sorte a você.
– Obrigada...
– Que turma você é?
Ela conferiu os horários.
– Sala 216, turma 98.
O menino respondeu-lhe, com um sorrisinho no rosto:
– Isso pode parecer meio clichê, do tipo daqueles filmes que dá na TV, mas sou da mesma turma. Dica: o professor de Geografia é um idiota.
Amanda riu.
– Obrigada, novamente. As pessoas daqui parecem não ser muito gentis.
– De nada, garota. Se precisar de mais dicas... bem, a professora de Francês, aula opcional, é bem maneira.
O sinal tocou.
Os dois andaram para a sala, ele com seu grupinho bad boy e ela, apenas com... ela.


Deborah sorriu.
Na sua frente, um casarão.
Pegou seu celular e mandou uma mensagem, e dois minutos depois, Amanda saiu correndo pela porta e quase a sufocou num abraço, retribuindo de bom-grado.
– Saudades... – disse Deborah.
– E pensar que foi apenas uns dias – Amanda riu, saindo dos braços de Deborah. – Quer, hm... ir numa lanchonete ou uma sorveteria?
– Você está rica mesmo, Amy.
Ela vestia um vestido branco que ia até os joelhos e uma sapatilha da mesma cor. Seu cabelo estava solto e seus olhos verdes estavam radiantes.
– Que nada, Debby. Mas eu ainda te ajudo. E quanto ao João? A Ana? – perguntou.
– Eles vão bem. Coitados... veio até uma nova órfã esses dias, a Ana está tentando confortá-la. Mas eles estão bem – respondeu Deborah.
João e Ana eram dois dos órfãos que as meninas ajudavam. Sim, não podiam fazer grande coisa, mas se conseguissem dinheiro, iria todo para a mochila, o material e outras coisas para aquelas crianças do orfanato.
– É melhor irmos – disse Amanda. – Há uma sorveteria aqui perto. Eu nunca comi sorvete.
– Muito menos eu.
E as duas foram até a sorveteria a pé.
Chegando lá, ocuparam uma mesa. Deborah começou a contar à amiga as novidades, que esta retribuiu.
– Conheceu alguém? – perguntou Amanda.
– Amy, conhecer alguém que não ligue pelo fato de sermos pobres é quase impossível. Mas, sim, conheci um menino hoje.
– Hmm... como?
– Ah, ele é do particular. Acho que o mesmo que o seu.
Quando ela descreveu o rapaz, a menina quase teve um infarto.
– Então o nome dela era Bernardo! – Amanda exclamou.
– Quem?
– É, hoje, antes de você, conheci uma pessoa com a mesma aparência.
– Tem certeza que é o mesmo rapaz que estamos falando?
– Ele tem uma pulseira de couro.
– Hm, sim, escrito “Castellari”.
– É o mesmo – concluiu Amanda, balançando a cabeça. – Que estranho. Agora vamos pegar nossos sorvetes.
Digamos que Deborah não entendeu o fato de o sorvete ser “gelado”.
– Ai! Meu cérebro congelou!
Amanda riu.
– Calma. Seu cérebro não congelou – disse, soltando uma gostosa gargalhada.
A amiga sorriu. Queria que todo mundo pudesse tiver um dia desses.


– Eu tô ferrado, cara, tô ferrado – havia dito, aquela manhã, Pietro.
– Avisei que você não deveria se meter com drogas, cara. Agora – Bernardo disse – vai ter que arcar com as consequências. E não deixe a sra. Teixeira ouvir isso, que ela vai corrigir seu “tô” por “estou”.
– Você é muito certinho, Bê – reclamou Pietro.
Bernardo deu de ombros.
– Pelo menos não sou traficante.
Ao terminar a última palavra, Pietro deu um soco no braço de Bernardo.
– Ei!
– Não fale em voz alta, seu idiota.
– Idiota e seu melhor amigo. Por acaso, como é aquela menina que agora é sua irmã? Essa do teu segredo?
– Ah, é uma loira de olhos verdes.
Bernardo quase cuspiu.
– Nova aqui?
– É.
– Eu a vi! – exclamou ele.
– Hm, e o que isso tem de interessante, Bê?
– Que ela é legal.
– A legal que sabe que sou traficante.
Bernardo deu um soco no braço de Pietro.
– Não fale em voz alta, seu idiota – repetiu.
Os dois riram. Rir de bobagens era o estilo deles.
Mas foi só esse momento do dia que riram, no resto, Pietro tentou convencer ele a fazer Amanda não contar seu segredo.
– Não quer ver seu amigo fora de problemas?
– Eu não tenho nada a ver com isso, cara. Deixe disso. Você nunca pensou em como ela se sente? – replicou Bernardo.
Por que Pietro sempre ouvia isso?
Ele era uma ótima pessoa.
Ótima.
Você pode até ver as vezes que ele visitou o orfanato para ajudar as crianças, que foi...
Zero.
Eu não sou mal! Sou?, pensou ele, ao voltar sozinho para casa, pois Bernardo havia o abandonado. Ele virou a esquina para ir à sua própria casa.


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Notas finais do capítulo

Olha só, eu não posto mais um capítulo se não ganhar, slá, favoritos ou reviews, por aí u.u
E se eu ganhar recomendação... surpresa. Uma surpresa que vocês vão adorar e.e
2bjs,
Je (: