When I Look At You escrita por Ana C Pory


Capítulo 1
I - Nova família....


Notas iniciais do capítulo

Eae, pessoalzinho! Então, eu tô aqui, com minha super-amiga Coraline trazendo essa fanfic Original para vocês.
Queria agradecer a Mari, que apesar de ficar me apressando para postar logo o capítulo, com o pouco que contei da história já começou a gostar.
Beijos, amiga!
Esse capítulo é seu, colega.



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     Num quarto grande e escuro, a menina acordou.
Amanda sentou na cama, ainda assustada. Não estava acostumada com aquela casa. Depois de tanto anos no orfanato, acordar em um beliche no meio da noite já tinha virado rotina.
Ela tentou se lembrar do que estava sonhando. Em seu sonho, seus pais estavam abandonando-a. Amanda se lembrou do dia em que eles a deixaram lá, com apenas oito anos de idade.
“ – Por que vocês vão me deixar aqui? – choramingou a menina. Era apenas uma criança indefesa.
– Não queremos você – falou sua mãe, insensível. – Pare de chorar, garota. Vá ao orfanato e seja uma boa menina. Não me decepcione. Porque, se eu souber que você aprontou outra vez... – a mãe levantou a mão, e a menina se encolheu. – Agora entre e pare com essa baboseira.
A menininha ainda tentou olhar dentro do carro, onde seu pai estava. Mas ele não demonstrava sensibilidade. Ele sorriu e tomou um gole de cerveja.
– Vá! – ordenou a mãe novamente, já levantando a mão de novo. A coitada da menina agarrou sua pequena bolsinha, que muita pouca coisa continha, e correu chorando até o orfanato.”

Amanda forçou-se a parar de relembrar aquele dia. Chega de recordações. Chega de sofrer por quem nunca lhe deu valor.
Andou devagar até a suíte de seu quarto. Com a mão trêmula, acendeu a luz e jogou água no rosto.
Ela não estava com coragem de levantar a cabeça e ver seu reflexo no espelho. Também não estava com a mínima vontade de o fazer. Mas quando foi secar suas mãos, ainda tremendo, acabou se virando para o espelho.
O que ela via ali? Uma menina adolescente, de 16 anos. Como estava com o cabelo louro-escuro completamente bagunçado, ajeitou uma mecha. Seus olhos verdes demonstravam medo. O medo que ela sempre tentara esconder de todos, com sorrisos forçados e “sim, senhor” ou um “sim, senhora” dirigido às moças do orfanato ou a os professores da escola.
Mas o medo sempre estava estampado em seus olhos. Ela já tentara fazer de tudo para escondê-lo. Fracassando, tentava os esconder com o cabelo ou simplesmente saia rapidamente.
Mas apenas uma pessoa reconhecia aquele medo. Sabia que ela estava tentando fugir. E essa pessoa era sua maldita mãe, que dizia que a melhor forma de ensinar a uma criança o correto era a agressão física e verbal. Amanda não concordava com isso. Talvez, por essa razão, conseguisse relacionar tão bem com crianças.
Parece que toda vez que via seu rosto, ela se lembrava da mãe. Não sabia o porquê, já que sua mãe não era nada parecida com ela. Mas desconfiava que fosse dos tantos tapas que ela lhe dava. Tabefes na cara, com a mão dura. E ela ia para escola com a bochecha roxa, com todos zoando dela.
Suspirou. Parou de se encarar, secou suas mãos, que continuavam trêmulas, e foi deitar-se na sua nova cama. Quando apagou a luz do banheiro, Pietro apareceu na porta, que estava aberta.
O menino de cabelos escuros e olhos cor de âmbar desculpou-se.
– Não me lembrei que você estava aqui – explicou. – Se quiser que eu feche a porta...
– Feche, por favor – respondeu-lhe Amanda.
– Claro – Pietro fechou a porta, enquanto Amanda foi até a cama. Deitou, e mesmo com o frio que estava não se esquentou com os cobertores. Ela não sentia o frio, estava mergulhada em lembranças. Mas, em vez de lembranças de quando era criança, pensou no que tinha acontecido no dia anterior.
“ Como na maioria dos dias, Amanda acordou de noite. Ela não sabia, pois não tinha relógio, mas era quase de manhã. O sol ainda não aparecia no céu, porém, era quase cinco horas da madrugada.
Ela desceu, bem devagar, da escada de madeira que tinha em seu beliche. A madeira era velha, por isso rangia, mas Amanda chegou ao chão sem causar o menor ruído. Estava acostumada a fazer aquele caminho todos os dias.
Deborah não estava na cama de baixo; Amanda não se surpreendeu com isso. Sua melhor amiga sofria muito, pois seus pais morreram quando criança e sua tia a expulsou de casa, dizendo que a menina havia matado o gato, rasgado os lençóis e feito coisas tão horrendas que a pobre órfã não queria nem contar.
Amanda silenciosamente foi até os fundos do orfanato, fugindo do quarto enorme em que todo o resto das crianças dormiam. Seu pijama não a protegia do frio, mas mesmo assim a garota atravessou o jardim dos fundos e foi até um armário de vassouras.
Ela sabia que estava na direção certa, pois apesar do forte barulho do vento, ouviu um soluço. Amanda contornou o armário e achou sua amiga.
A garota estava encolhida, com as costas encostadas na madeira, que também era velha, do armário. Seu cabelo escuro ia até a altura do cotovelo, terminando em cachos. Pelos lindos olhos verdes pequenas gotas de lágrimas saíam. Nas suas mãos... nas suas mãos havia...
– M-me desculpe, Amy – soluçou Deborah. – Eu não sei o que estava pensando...
– Eu sei – cochichou Amanda. Ela tirou o pedaço de vidro das mãos da amiga. – Mas me prometa que não fará isso de novo, Debby.
Amanda rasgou um pedaço de tecido do seu pijama fino e limpou o sangue do pulso de Deborah.
– Não faça isso – choramingou a menina. – As moças do orfanato vão perceber que você rasgou a blusa.
– Eu me viro – sussurrou Amanda. Ao tirar o paninho improvisado, viu cicatrizes no pulso da amiga. – Ah, Debby... Por que não me contou?
Mais lágrimas caíram do rosto da menina. Ela tentou explicar, mas soluçou ainda mais.
– Está tudo bem, Debby – consolou-a, abraçando a amiga. Ao soltar, segurou as mãos de Deborah. – Desabafe.
E nisso, a menina depressiva contou à melhor amiga toda a raiva e mágoa que sentia. Depois de muitos conselhos e promessas (que Amanda desconfiava não serem cumpridas), descobriram que estava amanhecendo.
– Vamos, Amy. Se não vão desconfiar... – as duas correram até suas camas, fingiram dormir e acordar com os sinos do orfanato. Também estavam acostumadas com isso, de modo que se espreguiçaram e fizeram a voz parecer sonolenta.
Comeram o café da manhã com o resto dos órfãos, no enorme refeitório. As crianças, ao ouvirem mais uma vez o sino que dizia que podiam sair, correram até o jardim dos fundos para brincar. Sábado era o dia de descanso, de modo que Deborah saiu do refeitório um pouco atrás.
Amanda estava planejando dar mais conselhos à amiga, então, depois de todos saírem, se levantou. Ao atravessar a porta, uma senhora gentil barrou-a.
– Boa tarde – cumprimentou a menina, sempre muito educada. – Posso passar, por favor?
Seus cabelos eram castanho-escuro, com alguns fios grisalhos. Sua roupa era, adivinhou Amanda, de empregada. Ela vera a mesma roupa nas faxineiras do colégio. Quando a senhora sorriu, covinhas apareceram em seu rosto enrugado.
– Boa tarde. Não vai mais precisar ir com eles. Meus patrões adotaram-na, senhorita.
Desse jeito, a senhora (soube-se depois que se chamava Rita) disse que seus novos pais a estavam esperando do lado de fora do orfanato, mas Amanda pediu um instante.
– Eu preciso falar com uma amiga... – explicou.
Conversar com Deborah fora a parte mais difícil da adoção.
– Não tenho escolha – dissera a menina. – Tenho que ir, Debby. Eles me adotaram. Mas... você pode me visitar e eu posso te visitar.
– Eu entendo... Mas como saberei onde você mora?
Incrivelmente, Deborah só ficava depressiva de noite. De dia, ou conversava com a amiga ou ajudava na limpeza do orfanato, para tentar esquecer o passado. Mas, quando estava na cama, a menina tinha tempo de sobra para sofrer.
Amanda sabia que era questão de tempo para que a melhor amiga se cortasse por causa da saudade á ela.
– Fique com isso, Debby. – ela pegou um iPhone. –Rita pediu para que eu lhe entregasse. Ela disse que, você clicando aqui – Amanda demonstrou no celular. –, pode falar comigo. É um tipo de telefone... e também tem vários joguinhos.
– Joguinhos? – Deborah sorriu. Só Amanda a fazia sorrir, mesmo falando algo idiota. – Acho que posso conviver com isso. Viva bem, amiga.
As duas se abraçaram.
– Até... amanhã – despediu-se “Amy”, como diria Deborah.
Um pouco contra a sua vontade, Amanda arrumou suas coisas (que era de uma quantidade menor do que quando chegou no orfanato), suspirou e seguiu Rita até a rua, esta lhe puxando papo.
– Seu Leo queria entrar, mas seu celular tocou e ele não queria parecer inconveniente. Ele já deve ter desligado, prometeu-me que não estaria mais usando o telefone quando chegasse...
– Seu Leo?
– Seu novo pai. Dona Melissa se atrasou um pouco, mas já deve estar aqui.
– Sem querer parecer mal-educada... – começou Amanda.
– Capaz! Você tem o total direito de ter alguma dúvida, querida – disse-lhe Rita.
– Então... Por que eu?
A empregada sorriu. Estavam quase chegando à porta.
– O filho dos Thomson, Pietro, contou de você para os pais.
A menina quase engasgou.
– Pietro?! O garoto do café?
– Exato.
Atravessaram a porta. Na rua, uma mulher saía de um carro com a ajuda de um homem.
Ele deveria ter uns trinta e nove anos. Seus cabelos eram escuros, da cor dos de “Debby”, e seus olhos azuis eram sinceros. Vestia terno e gravata. Ele deu a mão para uma mulher linda, que saiu docemente do carro.
A mulher... Deus! Cabelos castanho-escuros ondulados e olhos lindos castanhos. Seu vestido era de grife e preto, e seu salto-alto a fazia parecer uma mulher importante e muito - mas muito mesmo - linda.
Quando saíram, sorriram para Amanda.
– Olá! – cumprimentou, docemente, a mulher. – Eu me chamo Melissa e esse é meu marido Leonardo. Nós somos da família Thomson e, quando soubemos que há oito anos você não saía do orfanato, queríamos lhe ajudar. Portanto, bem-vinda a família! – ela foi direta, e deu um abraço em Amanda, que esta surpresa, lhe retribuiu.
– Pedimos desculpas por não termos entrado... problemas – e ele apontou para o telefone e fez uma careta engraçada, que fez ela rir.
– É um prazer conhecer vocês, senhor e senhora Thomson – disse Amanda.
– Igualmente, querida – Melissa respondeu, sorridente.
– Bem... precisamos entrar! Mostramos-te tudo quando chegarmos, Amanda – Leonardo convidou-a para o carro.
A nova família de Amanda parecia ser boa, mas ela não conseguia parar de pensar que o maior pegador da cidade agora era seu novo irmão. A vida não podia piorar”
Amanda saiu de seu devaneio e percebeu que não iria conseguir dormir.
Decidiu tomar um copo d’água na cozinha.
Muito acostumada, saiu de seu quarto sem causar barulho. Desceu a escada bem devagar, mesmo sabendo que o concreto não iria ranger como a madeira velha do seu orfanato. Estava quase chegando na cozinha quando ouviu uma discussão na sala de estar.
– Nós já a adotamos e está decidido! – uma voz conhecida falou.
A menina espiou, e viu Leonardo discutindo com Pietro.
– Só porque falei de uma menina que conheci num café, não significa que você tenha que adotá-la! – retrucou Pietro, se atirando na poltrona.
– Você nunca pensou no sofrimento que ela passou? Oito anos naquele lugar imundo!
O orfanato realmente era imundo. O lado de fora era completamente cinza e o telhado, preto, fazendo que o casarão parecesse um lugar sem cor. Mas sempre estava sujo em algum lugar, por isso Deborah ás vezes ia ajudar na limpeza.
– Você já parou para pensar, Leonardo – começou Pietro, e Amanda assustou-se com o fato de que ele não o chamava de “pai”. –, que nenhuma garota vai querer visitar nossa casa com aquela órfã estúpida morando aqui?
Agora a menina já ouvira o suficiente. Amanda saiu correndo, seus pés batendo no chão. A casa estava tão silenciosa que Pietro conseguira ouvir, de modo que no primeiro degrau da escada ele agarrou o braço dela
– Me desculpe, Amy. Eu...
Mas a garota desvencilhou-se dele e entrou no quarto. Pietro quase conseguira entrar, mas ela fechou a porta.
– Amy! Eu não queria dizer isso! Oh, Amy...
Amanda passou a chave pela fechadura.
– Não deveria conversar comigo – disse-lhe. – E só Deborah me chama desse jeito!
– Amy... eu... – ela ouviu ele suspirar.
– Vai estragar sua imagem conversar com gente da minha laia, bad boy.
A adolescente escorregou e se viu sentada de costas à porta, com Pietro tentando se desculpar.
– Deixe-me – ela sussurrou, fechando os olhos.
As últimas coisas que ouviu antes de adormecer foi um “Eu te avisei” provavelmente vindo de Leonardo, uma tentativa de desculpa e um suspiro.
“ A vida não podia piorar.... mas piorou” pensou Amanda. E caiu no sono.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram o capítulo?
A Mari acabou de me pedir pela milésima vez mandar o site... Já vou, Mari!
Vocês vão entender tudinho depois... eu espero! Kkkkk.
Pietro é um mulherengo sem-vergonha, e eu e a Coraline merecemos ser #dramaturgas
—qq
Tô meio doidona hoje.... e sempre.... e vou postar logo porque "Mariana enviou uma mensagem para você" o que será que ela falou? KKKK
*dúvida*
Uh! Mariana estressadinha ¬¬'
Ainda te amo, tá?
Beijocas.
Tão curtindo nossa dramartuguize? (essa palavra existe?)
2bjs,
Je (: