Família imperfeita ou família Malfoy?

“Com minhas costas para a porta, tudo o que podia ouvir era a briga da família, suas mãos egoístas sempre à espera de mais” For The Love Of A Daughter

As duas portas de madeira da mansão Granger se abriram despertando a atenção de todos os presentes na sala. Sentados em um sofá, Harry abraçava Gina que estava com a pior expressão de preocupação existente, ele também não tinha uma das melhores expressões. Rony estava sentado com as mãos apoiadas no joelho e fitava o nada a sua frente. De pé, estavam Senhor e Sra. Granger. Os olhares de todos viraram-se no mesmo momento para a figura assustada e nervosa que atravessava a porta.

Sra. Granger foi a primeira a correr até a porta e abraçou a filha de forma protetora e, logo em seguida, a afastou procurando na mesma machucados. Hermione suspirou e afastou a mãe lentamente, sentando-se ao lado de Gina e abraçando a amiga que desmanchava sua expressão de preocupação para uma aliviada.

Explicar para os pais e aos amigos, quase enfurecidos foi a tarefa mais difícil. É claro que Gina ficou ao seu lado compactuando em suas mentiras mais absurdas até que seus pais começaram a ceder e por fim, Harry seguido de Rony. A decisão de que Hermione deveria estar cansada e precisava de um banho foi geral, logo os pais delas foram para seus quartos e Harry e Rony, para casa. Gina ficaria e passaria a noite com Hermione.

Entraram no quarto da castanha e trancaram a porta, ainda chovia lá fora, não tão forte, mas deixava um ambiente confortável no quarto. Hermione tomou um banho quente e rápido e trocou aquelas poucas roupas que usava por um short de malha rosa clara e regata da mesma cor, pôs por cima um moletom acinzentado. Emprestou para Gina algum de seus moletons, uma calça e a jaqueta -as duas eram acostumadas a dividir roupas.

Mandy preparou para elas duas xícaras de chocolate quente com marshmallows e Hermione sentiu falto do chocolate de Draco quando o pôs na boca, mas nada disse. Não podia esconder nada de Gina, a amiga era esperta e descobriu tudo de um jeito ou de outro, o jeito foi Hermione explicar tudo detalhadamente a ruiva.

[...]

Draco entrou na enorme mansão Malfoy, a sala de paredes brancas e pisos quadriculados na cor preta e também brancos, estava vazia. Havia alguns móveis de carvalho por toda a sala e a lareira crepitava lentamente, mas nada aquecia. A mansão Malfoy sempre seria um lugar sem vida. Seus pais, nem sequer apareciam ao ouvir o barulho da porta abrindo ou de seus passos, talvez porque, ao contrário dos outros pais, eles nem sequer conhecia os passos dos filhos e nunca o viu dando seus primeiros.

A casa era repleta de empregados, em uma quantidade até desnecessária, empregados calados que só falavam quando tinha permissão e por isso o número deles não deixavam a casa animada, ou pelos menos sem essa aparência de casa abandonada.

O loiro estava começando a subir as escadas para se dirigir ao seu quarto quando ele ouviu aquela risada aguda que ele conhecia bem e depois a dona da risada chamou seu nome, ele virou-se para encará-la, Bellatrix Lestrange, sua tia, ou tia Bella como ele costumava chamar, estava atrás dele vestida em seu vestido negro e nos saltos da mesma cor.

_ Draquinho! _ Ela disse abraçando o sobrinho, sorrindo. _ Quanto tempo, querido. Venha, vamos contar as novidades para sua tia.

_ Oi tia Bella. _ Ele deu um sorriso cansado. _ Não se importa de ser mais tarde? Eu estou cansado!

_ Ora, que é isso? Eu vou tirar esse stress com algumas boas risadas. _ Ela abandoou o ar. _ Já te contei sobre minha viagem à Grécia na semana passada?

_ Não, tia, você não contou. _ Draco deu um meio sorriso.

_ Então vamos nos sentar porque tenho muito a contar!

Não importa o quanto Draco estiver cansado, passar um tempo com sua tia era sem dúvidas a melhor coisa que ele podia fazer naquela mansão. Tia Bella era uma mulher jovem e realmente bonita, donas de lindos cachos negros, sua cor favorita, ela era irmã de Narcisa Malfoy, mãe do loiro; e como uma mulher jovem, a coisa que Bellatrix mais gostava de fazer era viagens e compras, ou viagens de compras, e sempre estava viajando pelo mundo e cheia de estória para contar, por isso Draco sempre amava ouvir as estórias dela.

_ ... E ele quebrou aquela coisinha irritante chamada retrovisor. _ Ela rolou os olhos, Draco deu um sorriso divertido e abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido por ela. _ E antes que você diga alguma coisa, sim, o retrovisor... De novo. _ Ela suspirou enquanto o loiro ria. _ E você, como está? Onde está Astoria?

Draco umedeceu os lábios.

_ Eu não estou mais namorando ela tia. _ Sua voz não passava de um sussurro.

_ O que? _ Ela murmurou, quase irritada. _ Por que Draco?

_ Tia, eu não consigo mais... _ Ele suspirou. _ Ela quer tudo só para ela, é uma garotinha mimada... Eu não aguento isso, ela tem crises de ciúmes o tempo inteiro, sem motivos. _ Ele disse. _ Tentamos nos resolver, fui a sorveteria com ela para tentar conversar, mas ela não sabe ouvir tia. E foi melhor terminar.

_ Draco, ela é mimada porque sempre teve tudo que quis, a vida dela sempre foi perfeita e você sabe porque você também era mimado. _ Bellatrix disse, acariciando os fios loiros. _ Seu pai já sabe?

_ Eu acho que...

Ele foi interrompido novamente, desta vez por gritos no andar de cima. A única coisa que tirava o silêncio da mansão era os gritos de Lúcio e Narcisa, que eram constantes, passavam muito tempo em um, período difícil e só eram uma família perfeita na frente dos outros, Draco nunca viu uma forma de carinho entre os pais. Estavam sempre brigando ou se tratando com frieza. O loiro suspirou.

Mas daquela vez, os gritos se tratavam dele. Gritavam coisas como “ele não podia ter feito isso” ou “deve ter uma explicação”, sabia que aquilo teria haver com Astoria, os ombros de Draco se encolheram e as mãos foram ao rosto. Não, aquilo não podia ter acontecido, ele esperava uma hora melhor para contar. Quem havia contado a eles?

_ Draco Black Malfoy, temos que conversar. _ Lucio surgiu na escada. _ O que você pensa que estava fazendo?

_ O que eu estou fazendo?_ Ele disse, irritado. _ Cuidando da minha vida, pai.

_ Não fale comigo assim. _ Ele falou sério, descendo os degraus. _ Você deveria estar com a Astoria e vai voltar com ela agora.

_ Não, não vou. _ Ele levantou, pela primeira vez enfrentando o pai. _ Não vou voltar para ela porque a acho insuportável.

_ Você não tem que achar nada! _ Ele disse, ríspido.

_ E quem deve achar? Você? _ Ele riu, sarcástico. _ Não é você que vai namorar com ela, pai e por isso não pode dizer nada.

– Do que está falando?

– Estou falando que, para a minha vida pessoal, eu tomo as decisões. _ Ele ficou de frente ao pai, nem um dos degraus da escada. _ E eu já tomei a minha. Não vou namorar Astoria Grengrass só porque você quer.

E ele subiu os degraus, correndo. Esperava esconder-se em seu quarto e, de preferência, não sair de lá tão cedo.

[...]

Hermione ria de alguma coisa que uma personagem do filme tinha dito e dissera a Gina o quanto isso parecia com ela, recebera um travesseiro na cabeça como resposta. Então seu celular começou a apitar a castanha saiu procurando entre as cobertas até acha-lo. O que a surpreendeu, foi quem estava ligando. Ela desligou a televisão, recebendo reprovações de Gina, mas a ruiva calou-se ao ouvir quem estava falando.

_ Draco? Oi. _ Ela murmurou. _ Algum problema?

_ Eu o enfrentei Hermione. Meu pai.

_ O que? Como?

_ Eu não sei como, olha... Nem sei porque liguei para você, desculpa se atrapalhei... Eu só queria falar com alguém e...

_ Hey, você pode me ligar sempre, ok?

_ Eu não vou mais voltar com a Astoria, não preciso mais.

O sorriso de Hermione se ampliou, mesmo sem saber por que.

_ Ah, mas isso é, hm, legal.

_ Sim, é sim. Posso te encontrar amanhã? Por favor?

_ É claro. Onde?

_ No barco, pode ser?

_ Sim, pode.

_ Até amanhã, Hermione.

Ela desligou, ainda perplexa pelo que aconteceu e o que a despertou foram os gritos de surto da amiga ruiva que estava ao seu lado. Hermione começou a rir dela, mas logo estava gritando junto com ela.