(Em algum lugar do planeta Terra, encontra-se um lindo jovem de cabelos escuros e cacheados, dono de um belo corpo, comum a qualquer rapaz de 18 anos que enfrenta tantas fases e transformações, sentado em frente a uma bela cachoeira... foi inevitável que em sua mente não aparecessem lembranças... trazia consigo um sonho quase realizado... é verdade que conhecera várias pessoas, paixões, países, culturas, mas mesmo assim não deixara de carregar em seu coração um grande vazio. Um vazio que não pode ser suprido por nada e nem por ninguém. Mesmo depois de tantos meses, seu coração ainda era dela... da sua eterna marrentinha...)

(Dinho) – Ai Lia... como será que você está? Será que ainda tem raiva de mim? Ou melhor, será que ainda me odeia pelo que eu fiz? Será que você me esqueceu? Será que colocou outro em meu lugar? Será que achou outro para chamar de idiota ou implicar sem motivos? A única vontade que eu tenho hoje é de voltar de onde eu nunca deveria ter saído e ficar para sempre ao seu lado, mas será que você me aceitaria de volta? Você me receberia de braços abertos ou com as mãos cheias de pedras? E as suas mechas azuis e pretas realçando em meio aos teus fios loiros continuam ainda a te deixar tão roqueira, tão marrenta, tão minha? Sim... minha... só minha... não importa o que aconteça, não importa o que façamos e nem o tanto que erraremos ainda, eu sempre serei teu idiota e você será sempre a minha marrentinha... É, chegou a hora de arriscar... Chegou a hora de VOLTAR!Voltar para você meu amor...

Muito longe dali... Colégio Quadrante - 2013

(Pilha) – Vamos comemorar galera, o nosso último dia de aula chegou!

(Fatinha) – Agora nós temos que nos preparar para a nossa “festchinha” de formatura, e eu vou avisando logo... eu vou causar!

(Jú) – Só não deixa meu irmão ouvir isso Fatinha!

(Fatinha) – Relaxa cunhadinha! Ele já sabe! Na verdade, sempre soube!

(Lia) – Eu quero só pedir uma coisa!

(Vítor) – Claro minha linda! O que você quiser!

(Lia) – A festa é nossa, certo?

(Orelha) – Certo! E...

(Lia) – Então vamos inovar! Chega dos tradicionais ternos e vestidos longos cheios de brilho. Concordam?

(Fatinha) – Uai, Lia! Você está perguntando se eu aceito não usar um vestido longo? Sério isso?

(Pilha) – Assim você me mata Fatinha! Vestidinho curto até na nossa formatura?

(Morgana) – Ah, gente... será? E a tradição? Os tão almejados trajes de gala e tudo mais?

(Jú) – Vocês piraram? Eu sonho com o vestido da minha formatura desde... desde sempre!

(Lia) – Calma... a minha sugestão é a seguinte... cada um vai como se sentir a vontade. Mas é claro que estaremos bem arrumados, afinal é a nossa formatura, não dá par vir de short e camiseta. Mas meninas, não tem jeito para a gente... tem que ser vestido, aff, mas não precisa ser um vestido tão sofisticado igual o da rainha da Inglaterra.

(Jú) – Então os meninos usarão camisa e calça social. Estão todos liberados das temidas gravatas.

(Os garotos comemoram)

(Gil, Orelha, Pilha, Fera e Vítor) – AêÊêêÊ...

(Fatinha) – Ficamos combinados assim, então?

(Todos) – SIM!

(Morgana) – E nem vai ter muito problema mesmo, porque no momento da solenidade estaremos de beca... ninguém vai ver as nossas roupas...

(Jú) – E aí só vamos tirar a beca para participar do nosso baile, mas depois da entrega dos canudos.

(Fatinha) – Já vi que vou ter que caprichar no meu modelito!

(Lia) – Eu sabia que a ideia era boa e que no final vocês iam aprovar!

(Jú) – Que amiga convencida que eu tenho, hein?

(Lia) – No final deu certo não, deu?

(Fatinha) – Super certo marrentinha!

(Pilha) – Essa festa vai bombar!

(Orelha) – Vocês não imaginam o quanto!

(Depois de decidirem os trajes da festa eles se despedem e cada um segue para a sua casa)

(Dias depois...)

(Os familiares e amigos dos formandos estavam chegando e se acomodando em seus respectivos lugares. Os formandos que estavam chegando eram avisados para ficarem próximos uns aos outros, como no ensaio, para que ficasse tudo mais tranquilo na hora de iniciar as solenidades da formatura. Em um canto menos movimentado da quadra, Fatinha conversa com Bruno e de repente...)

(Fatinha) – Ai meu coração, moreno me segura!

(Bruno) – O que foi Fatinha?

(Bruno ajudou ela a se sentar. Os olhos da garota não acreditavam no que viam, seu melhor amigo, seu companheiro de aventuras e traquinagens de uma vida toda, seu irmão emprestado, seu conselheiro e porto seguro, estava apenas alguns passos dela, mas ela não conseguia chegar perto... na verdade tinha medo de se aproximar e concluir que era apenas a sua vontade se exteriorizando através de pensamentos bobos. Mas ao ver a cara de felicidade de seu amigo nerd, ela enfim acreditou que a presença dele era real. Ainda com as pernas trêmulas, arriscou-se levantar com a ajuda de seu moreno)

(Fatinha) – DINHOOOOOOO!

(Ela ficou em pé, mas não conseguiu dar nenhum passo em direção a Adriano, a sensação que tinha era que seus pés estavam colados no chão. Dinho vendo a reação da amiga se aproxima dela junto com Orelha e corre para abraçá-la.)

(Orelha) – E ai, irmão? Como você está se sentido pisando de novo aqui no Colégio Quadrante?

(Dinho) – Como se nunca tivesse saído daqui...

(Orelha) – Olha o jeito que a Fatinha está te olhando... acho que ela vai ter um treco...

(Dinho) – Vamos lá!

(Fatinha) – Você quer me matar? Como aparece assim sem avisar?

(Ela se empindura no pescoço de Dinho)

(Dinho) – O Orelha sabia que eu ia chegar... aliás tem dois dias que eu estou na casa dele... aí ele me falou da formatura e eu quis fazer uma surpresa.

(Fatinha) – Cachorro!

(Ela diz dando um tapa forte nele)

(Dinho) – Ai, ai, Fatinha!

(Fatinha) – Você está aqui no Rio há dois dias e nem se lembrou de me procurar?

(Ela se solta dele, olha em seus olhos e o abraça de novo)

(Dinho) – Me desculpa minha maluquinha, era para ser surpresa!

(Fatinha) – E foi! A melhor surpresa da minha vida!

(Dinho) – Então deu certo!

(Ele pisca para ela)

(Fatinha) – Muito!

(Dinho) – Ah, eu fiquei sabendo das novidades senhora Menezes! Muito bonito, a senhora se casar e não convidar os amigos...

(Ele disse fingindo estar magoado)

(Dinho) – Parabéns Bruno! Parabéns Fatinha!

(Fatinha) – Obrigada!

(Bruno) – Obrigado!

(Fatinha) – Como você queria que eu te avisasse? Você sumiu seu atoa.

(Dinho) – Pois é! Mas voltei! Serve?

(Fatinha) – Ainda pergunta? Claro que serve! Você não chegou a tempo para ser o padrinho do meu casamento, mas pelo menos apareceu antes do batizado! Já é alguma coisa!

(Bruno) – C-c-o-omo? B-batiza-a-ado, Fat-t-inha?

(Desta vez foi Bruno que caiu sentado, ficando mais branco que um papel)

(Orelha) – Olha só o maior furo de todos os tempos... Maria de Fátima dos Prazeres Menezes está grávida!

(Orelha já estava preparando a câmera quando Fatinha o interrompe)

(Fatinha) – Calma moreno! Sem escândalos Orelha! Ainda não... mas quem sabe, em breve...

(Bruno) – Sério Fatinha? Você não está grávida?

(Fatinha) – Não Brunito, ainda não, mas se a gente continuar nesse pique em que estamos, logo, logo teremos um baby BruTinha por aí...

(Bruno) – Ei, olha os modos!

(Dinho) – Ela continua a mesma... essa Fatinha não vai mudar nunca!

(Bruno) – Com certeza! Mas eu amo essa maluquinha aqui deste jeitinho! Sem tirar nem por!

(Fatinha) – Ownt, meu Brunito, também te amo!

(Eles se beijam)

(Dinho) – Desejo toda a felicidade do mundo para vocês... e você (ele diz apontando para Bruno) cuide muito bem da Fatinha, pois se eu descobrir, ou pelo suspeitar que você a fez chorar de novo, você estará ferrado. Combinado?

(Bruno) – Quanto a isso, pode ficar tranquilo garoto... no que depender de mim a minha loira só vai ter motivos para sorrir!

(Dinho) – Acho bom! Acho muito bom isso ser verdade!

(Fatinha) – Obrigada por continuar cuidando de mim!

(Ela abraça Dinho novamente)

(Dinho) – Sempre!

(Fatinha) – Ih... Dinho, segura o coração aí, mas olha lá quem chegou!

(Enquanto eles se abraçam Lia e Juliana chegam à festa acompanhadas de seus respectivos namorados)

(Jú) – A decoração ficou show, hein?

(Gil) – Aham!

(Vítor) – Ficou sim, Jú! Uma maravilha! Não ficou Lia?

(Lia) – Sim.

(Jú) – Eu não acredito...

(Lia) – Em que?

(Jú) – Aquele garoto de cachinhos abraçando a Fatinha... é o...o...

(Juliana se esquece que está ao lado de Lia, Gil e Vítor, e corre em direção a Dinho e o abraça)

(Gil) – O que deu nela?

(Lia segue a amiga com os olhos e encontra Dinho a olhando)

(No momento em que Lia olha quem é a pessoa que Juliana está abraçada, algumas lembranças vieram a sua mente )

Lembranças – Lia – On

(Dinho) – Marretinha... Saudade... Namora comigo? Eu s2 Você   

(Lia) – EU TE AMO, DINHOOO!

(Dinho) – EU TE AMO, LIAAA!

(Lia) – Eu só quero ficar aqui quietinha, posso?

(Dinho) – Claro!

(Lia) – Eu sempre achei que você fosse querer viajar o mundo sozinho

(Dinho) - ... é... queria mesmo! Mas agora é diferente. Eu quero que você vá comigo. E aí, topa?

(Lia) – Eu estou tão feliz com você, que eu acho que eu topo qualquer coisa!

(Lia) – EU TE AMO, DINHOOO!

(Dinho) – EU TE AMO, MARRENTINHAAA!

Lembranças – Lia – Off

(Juliana continua abraçada em Dinho)

(Jú) – Dinho, quando você voltou? Que saudades garoto!

(Dinho) – Eu também estava com muitas saudades! Têm uns dois dias que eu cheguei, Jú!

(Ela se solta do abraço)

(Jú) – E você só se lembrou de nos procurar agora?

(Fatinha) – Cunhadinha, essa foi a mesma pergunta que eu fiz para esse ingrato!

(Dinho) – Vocês me amam de mais, né?

(Jú e Fatinha) – Muitooooo!

(Elas o abraçam)

(Dinho) – O que vocês podem me dizer sobre a Lia? Eu devo ir falar com ela agora?

(Não deu tempo das meninas responderem, pois Dinho viu Lia desmaiando e correu ao seu encontro; porque quando os olhares de Lia e de Dinho se encontraram, ela não resistiu à emoção e perdeu os sentidos. Ao presenciar a cena Vítor não conseguiu segurá-la e Lia foi de encontro ao chão)

(Todos correm na direção dela para socorrê-la)

(Lia) – Porq...

(Dinho) – LIAAAAA!

(Gil) – Lia?

(Dinho se aproxima e coloca a cabeça de Lia em seu colo)

(Dinho) – Quem é você? Porque ficou olhando a Lia cair e não fez nada? Não teve forças para segurá-la, não? Ou não quis?

(Dinho diz isso para Vítor extremamente irritado, pois deixou sua marrentinha cair no chão)

(Vítor) – Eu sou o namorado dela? E você?

(Dinho) – Belo namorado que minha marrentinha foi arranjar... já vi tudo...

(Jú e Gil) – Lia... Lia...

(Vítor) – Sua marrentinha?

(Ele sussurra se perguntando se tinha escutado direito)

(Dinho) – Lia, Lia acorda... marrentinha... eu é que queria te dar um susto e não o contrário... será que até neste momento você quer competir comigo? Acorda vai... você venceu...o susto que você me deu foi maior...

(Vítor) – Você não respondeu minha pergunta... quem é você? E porque está tão preocupado com a MINHA namorada?

(Dinho) – Em primeiro lugar... se afaste dela, pois você não teve competência nem para segurá-la. Em segundo lugar se você está mais preocupado em brigar comigo, do que com o bem estar da SUA namorada, você realmente não a merece e em terceiro lugar, respondendo a sua pergunta, eu sou o cara que ela sempre amou, ama e amará para o resto da vida.

(Vítor) – D-di-inh-oo?

(Dinho) – Ah, que ótimo que você já ouviu falar de mim! (ele não resiste e dá um sorrisinho irônico) Assim dispensamos as apresentações!

(Vítor tenta impedir que ele pegue Lia no colo, mas Jú intervém...)

(Jú) – Deixa eles, Vítor! Eles sempre se entenderam e desta vez não será diferente...

(Vítor) – Como? Esse foi o cara que mais fez a sua melhor amiga sofrer e ainda faz!

(Jú) – Sim, o Dinho fez a Lia sofrer, mas também a fez muito feliz!

(Vítor) – Ela ainda sofre com tudo isso, porque deixá-la acordar nos braços dele?

(Jú) – Por isso mesmo! Você não parou para pensar que se a Lia sofre até hoje pelo Dinho, é porque realmente ela ainda o ama?

(Dinho pega Lia do chão e segue com ela em seus braços até a arquibancada. O colégio inteiro seguem eles, menos Vítor e Gil, que ficam atordoados com a cena. Dinho senta-se em um canto qualquer e põe Lia em seu colo)

(Gil) – Olha cara, não liga para o que a Jú falou não, ela...

(Vítor o interrompe)

(Vítor) – Depois a gente resolve isso, vamos lá ver onde esse louco está levando a minha princesinha.

(Na arquibancada...)

(Dinho) – Olha só... você foi arrumar um namorado que não consegue nem te segurar quando você desmaia... parece que eu voltei na hora certa né, marrentinha?

(Ele faz carinhos no rosto de Lia até que ela desperta lentamente)

(Dinho) – Hey, marrentinha... o susto maior era para eu dar em você e não você em mim...

(Lia) – Eu sempre venço! Esqueceu?

(Dinho) – Não... claro que não esqueci... o que você não sabe, é que eu sempre te deixo ganhar!

(Lia) – Isso é um sonho? Di-Din-Dinho? É você?

(Ela passa os dedos levemente no rosto dele e sobe até seus cabelos cacheados)

(Dinho) – Será que eu fiquei tanto tempo fora que você nem me reconhece mais?

(De repente Lia desperta do transe que a presença de Dinho lhe causou momentaneamente)

(Lia) – O que aconteceu? O que eu estou fazendo aqui? Me solta idiota!

(Dinho) – Calma aí... eu só estou tentando te ajudar!

(Lia) – Ajudar? Me solta! Me coloca no chão! AGORA!

(Dinho) – Eu posso até te soltar, mas cuidado para você não cair de novo... já percebi que algumas pessoas por aí, não tem força para te segurar...

(Lia se levanta do colo de Dinho e fica constrangida ao perceber que o colégio inteiro e alguns convidados estavam observando os dois. Ela olha para Vítor e percebe no fundo de seus olhos azuis... Tristeza? Decepção? Mágoa?)

(Lia) – Vítor... eu... eu não tive culpa!

(Ele sai sem falar nada)

(Lia) – DROGA! Eu não tive culpa...

(Jú) – Calma amiga! Vem comigo, vamos lá no banheiro para você se recompor...

(Fatinha) – Eu vou com vocês!

(Dinho) – Lia, eu preciso conversar com você...

(Lia) – Depois... depois... ou talvez nunca... não sei...

(Lia sai em direção ao banheiro com as amigas e aos poucos o pessoal vai dispersando)

(Pilha) – Cara, não acredito que você voltou!

(Fera) – Voltou para ficar?

(Dinho) – Talvez... vai depender...

(Orelha) – Depender da Lia, né?

(Dinho) – Eu ainda não estou acreditando que tive a Lia nos meus braços de novo... claro que eu não queria que fosse nestas circunstâncias, mas por pelo menos uns 30 segundos depois que ela acordou, eu consegui encontrar a minha marrentinha ali naqueles olhos verdes... Ah, aqueles olhos verdes são a minha perdição.

(Pilha) – E pelo que eu percebi você ainda continua de quatro pela minha pilhezete roqueira do funk...

(Orelha) – Não só de quatro, mas está também abanando o rabinho, buscando o osso, latindo e até se fingindo de morto... tudo pela roqueira marrenta...

(Fera) – Você acabou de descrever um cachorro, Orelha, foi isso? Por quê?

(Dinho) – O Fera acertou... e você continua um ótimo amigo né, Orelha?

(Ele disse irônico)

(Orelha) – Nada de mais meu caro Fera... é apenas uma comparação... eu quis dizer que tudo que a Lia mandar o Dinho fazer... ele vai fazer... inclusive se ela mandar ele embora... ele vai...

(Pilha) – Vai mesmo Dinho?

(Dinho) – Não sei... eu só vou tomar alguma decisão depois de conversar com a Lia...

(Orelha) – Eu não disse!

(Enquanto isso no banheiro...)

(Jú) – Amiga, se acalme... andar assim de um lado para ouro você não vai resolver nada...

(Lia) – Porque ele tinha que voltar? Por quê? Será que ele não estava feliz não, viajando pelo mundo?

(Fatinha) – Ei, não fala assim do meu amigo! E pelo que eu percebi, ele não estava completamente feliz... faltava alguém... ele voltou por você Lia!

(Lia) – Ele te disse isso?

(Jú e Fatinha) – E PRECISA?

(Jú) – Você tem que pensar no que vai fazer agora... lembre-se que no meio deste rolo todo tem o Vítor...

(Lia) – O Vítor... ainda tem o Vítor... ele não merece isso... ele não merecia ter presenciado aquela cena patética minha e do Dinho...

(Fatinha) – Lia, tudo bem que o Vítor é um príncipe, um verdadeiro anjinho, mas você não o ama... seu coração é, e sempre será do Dinho!

(Lia) – Não, eu gosto do Vítor, ele me ajudou a superar tudo o que eu passei, sempre esteve ao meu lado...

(Jú) – Isso mesmo Lia. Você GOSTA do Vítor, mas quem você AMA é o Dinho! Cuidado amiga, não se deixe enganar por seus sentimentos de novo, você sabe muito bem o que pode acontecer...

(Fatinha) – É... naquela vez foi a Jú e de certa forma até o Gil que saíram machucados, desta vez pode ser o Vítor, o Dinho e até mesmo você, ou os três, se você novamente tomar a decisão errada...

(Lia) – Eu sei...

(Jú) – Vem Lia, deixa-me retocar a sua maquiagem, daqui a pouco os nossos pais vão chegar e você não quer que eles te vejam com essa cara, né?

(Lia) – Eu quero ir embora daqui!

(Fatinha) – E abandonar a nossa festa de formatura? Eu não vou deixar você cometer essa loucura.

(Jú) – Vai adiantar o que, você fugir agora?

(Juliana pergunta para Lia enquanto retoca o seu rímel)

(Lia) – A única coisa que eu queria era sumir daqui, mas eu sei que isso não iria resolver nada... eu tenho que enfrentar essa situação de cabeça erguida. Preciso conversar com o Vítor e com aquele idiota também.

(Fatinha) – Muito bem garota! É assim que se fala

(Jú) – Lia, fica quieta ou eu não vou conseguir arrumar isso aqui.

(Na quadra...)

(Morgana) – Dinho, eu fico tão feliz que você voltou!

(Rita) – Você fez muita falta!

(Orelha) – De mais! Só eu sei!

(Fera) – Não vai mais embora não... fica aqui com os seus amigos, cara!

(Pilha) – Concordo com o Fera!

(Dinho) – Ah, galera... vocês sabem que vocês são a minha segunda família, né?

(Eles dão um abraço coletivo)

(Rafael) – Será que eu também posso participar deste abraço?

(Morgana) – Rafa?

(Ela o abraça muito forte)

(Rafa) – Oi Morg... eu não disse que ia tentar vir para a formatura de vocês?

(Rita) – Disse sim, mas eu e a Morgana achávamos que era só conversa sua!

(Ela disse se juntando ao abraço)

(Rafa) – Pois para provar o contrário do que vocês falaram, aqui estou!

(Depois que o trio mata as saudades, aos poucos a galera toda vai se reunindo em torno deles e novamente acontece um abraço coletivo)

(Fera) – Nossos dois amigos voltando no mesmo dia...

(Morgana) – É alegria demais...

(Rita) – Voltou para ficar, Rafa?

(Rafa) – Não, só estou no Brasil de férias!

(Rita) – Imaginei...

(Rafa) – E você Orelha, está cuidando bem da minha pequena?

(Orelha) – Deixe que ela mesma responda... (Orelha a abraça por trás)

(Morgana) – Não se preocupa não Rafa... o Orelha parece que está tomando jeito.

(Dinho) – Eu cheguei à pouco tempo, mas já percebi as mudanças do Orelha... quem diria que eu viveria para ver Álvaro Gabriel completamente apaixonado pela Morgana? Depois de anos de implicâncias e discussões...

(Orelha) – Olha quem fala... Parece até um casal que eu conheço muito bem!

(Fatinha) – Casal LiDinho! O Quadrante inteiro conhece!

(No banheiro)

(Jú) – Pronto Lia! Terminei! Agora para ficar melhor, só falta você mudar essa cara.

(Fatinha) – É verdade marrentinha, com essa sua cara aí de assombração que você está, nenhuma maquiagem te deixará com uma boa aparência.

(Lia) – Tá, vou tentar...

(Jú) – Vamos?

(Lia) – Vão indo na frente... eu não sei se eu já estou preparada para cruzar aquela porta e dá de cara com ele lá fora.

(Fatinha) – Nada disso, não vamos te deixar aqui sozinha...

(Jú) – A Fatinha tem razão, Lia, nós entramos juntas, vamos sair juntas!

(Lia) – Obrigada meninas! Obrigada por estarem comigo agora, me dando força, me incentivando a seguir em frente e a não fazer nenhuma loucura.

(Fatinha) – E então?

(Lia) – É... Fatinha, você avisa para o Dinho, que eu quero conversar amanhã com ele, porque hoje eu não tenho estruturas para isso e antes de mais nada eu tenho que conversar com o Vítor também... você faz isso para mim, por favor?

(Fatinha) – Claro!

(Lia) – Agora eu tenho que pensar em uma forma de tentar explicar para o Vítor, isso que aconteceu agora a pouco...

(Jú) – Lia, pela situação que todos nós presenciamos, eu acredito que não será preciso nenhuma explicação... você ama o Dinho e ponto final. E você não tem culpa disso! Só que antes de ficar com ele, você tem que terminar tudo com o Vítor.

(Lia) – Mas quem disse que eu quero terminar com ele?

(Fatinha) – Como você quer continuar com o Vítor ainda amando o Dinho?

(Jú) – A pergunta nem é essa! A pergunta certa seria... como você conseguiu ficar tanto tempo com o Vítor, mesmo ainda amando o Dinho?

(Lia) – Ele foi um grande amigo... me ajudou quando eu mais precisava...

(Fatinha) – Grande amigo? Lia, nós estamos falando de amor, não de amizade...

(Lia) – Não basta só amar para as coisas darem certo!

(Jú) – Então você confessa que ainda o ama?

(Lia) – Tudo bem, vocês venceram! Eu admito para vocês que mesmo depois de tudo que ele fez, mesmo depois de tanto tempo eu ainda amo aquele idiota.

(Jú) – Amiga, você não tem que admitir isso nem para mim e nem para Fatinha. A primeira pessoa que você tem que convencer que o ama de verdade, é a você mesma.

(Fatinha) – Falou bonito cunhadinha!

(Lia) – Vamos, acho que nós temos uma festa de formatura ainda pela frente não, é?

(Fatinha) – Isso mesmo! E hoje nós vamos causar!

(Jú) – Só não deixa meu irmão escutar isso!

(Fatinha) – Porque você sempre diz isso? Eu já te disse para não se preocupar! Ele sabe!

(Fatinha pisca o olho para Juliana e em seguida as três saem do banheiro)

(Jú) – Mas olha quem está ali! Hoje realmente é o dia das surpresas!

(Fatinha) – Aonde?

(Lia) – Ali Fatinha, o Rafa...

(Fatinha) – Vamos lá no pessoal, meninas!

(Lia fica meio receosa de se aproximar porque percebe que Dinho está perto dos amigos)

(Fatinha) – Relaxa, vem sem medo marrentinha, quando a gente chegar lá, eu dou o seu recado para o Dinho. Ele vai entender!

(Lia) – Tá, vamos!

(Fatinha) – Rafa! Que bom que você veio para a nossa festa!

(Lia) – Oi Rafa, tudo bem com você?

(Jú) – Chegou hoje no Brasil?

(Rafa) – Meninas, eu estou bem! Na verdade, eu cheguei ontem à noite...

(Assim que se encontra com a Lia de novo, Dinho se preocupa com seu estado)

(Dinho) – Você está melhor?

(Lia) – Sim!

(Ela responde seca)

(Fera) – São apenas as emoções que foram fortes de mais né, Lia? Assim o coração não aguenta!

(Lia) – Pode ser Fera! Vocês me dão licença, eu preciso resolver uma coisa...

(Todos) – Claro!

(Ela sai para procurar Vítor)

(Jú) – Vocês viram o Gil?

(Morgana) – Eu acho que o vi junto com a Marcela indo para o outro lado da quadra...

(Jú) – Obrigada Morg, eu vou procurar eles por lá.

(Fatinha) – Dinho vem aqui... preciso falar com você!

(Dinho) – Pode dizer!

(Fatinha) – Estou trazendo um recado da sua marrentinha...

(Os olhos de Dinho brilham)

(Dinho) – Recado da Lia para mim?

(Fatinha) – Sim, ela pediu para que eu te avisasse que ela quer conversar com você amanhã...

(Dinho) – Só amanhã?

(Fatinha) – Dinho, entenda... a situação da Lia é complicada. Como você já sabe, ela está namorando com o Vítor, ela tem que resolver as coisas com ele primeiro...

(Dinho) – Será que ela vai terminar com ele?

(Fatinha) – Como estamos falando da sua marrentinha, nós não podemos ter certeza de nada, mas pela conversa que eu, ela e a Jú tivemos, uma coisa ficou clara: a Lia não quer mais cometer os mesmos erros... ela não quer mais machucar ninguém...

(Dinho) – Então o jeito é esperar...

(Fatinha) – Vai ser melhor... dê esse tempo para ela...

(Dinho) – Tudo bem Fatinha, diz para Lia que eu vou respeitar esse tempo e não vou forçar a barra, vai ser difícil, mas eu vou me esforçar!

(Fatinha) – Pode deixar que eu aviso. Agora deixa eu ir ver o meu moreno, porque eu já deixei ele sozinho tempo de mais!

(Dinho) – Vai lá maluquinha... ei, juízo!

(Fatinha) – Pode deixar!

(Lia encontra Vítor em um dos corredores do colégio)

(Lia) – Finalmente te achei!

(Vítor) – Como se sente?

(Lia) – Melhor... foi só minha pressão que caiu, talvez pela...

(Lia se cala)

(Vítor) – Pela emoção de reencontrar o seu ex? Era isso que você ia dizer?

(Lia) – Nós precisamos conversar! (ela diz séria)

(Vítor) – Não precisamos! Eu já entendi tudo... e acho que nós podemos evitar esse constrangimento... (ele diz aparentemente com raiva)

(Lia) – Me desculpa...

(Vítor) – Você está se desculpando por não me amar? Ou pela ceninha de agora a pouco?

(Lia) – Vítor... não fale assim... eu não tive culpa do que aconteceu...

(Vítor) – Lia, me responde só uma coisa! Quando você disse que me amava, era verdade?

(Lia) – Naquela época sim... pelo menos eu achava...

(Vítor) – Achava?

(Lia) – Não! Olha só, você está me confundindo. São sentimentos diferentes...

(Vítor) – Por favor, não vem dizer que você me ama como um irmão, porque irmãos não se beijam, não namoram, não...

(Ele para de falar ao ouvir o que Lia dizia)

(Lia) – Se te serve de consolo, eu já fiquei com o Gil, e hoje ele é como um irmão para mim...

(Lia sem querer deixa escapar)

(Vítor) – Como? Você já ficou com o namorado da sua melhor amiga?

(Lia) – Vítor, esquece isso!

(Vítor) – Espera aí... como esquecer isso? Você disse que você já ficou com o atual namorado da sua melhor amiga! Como você me explica esse fato?

(Lia) – Na época, a Jú namorava com o Dinho aí...

(Ele a interrompe)

(Vítor) – Hã? Deixa eu ver se eu entendi... as melhores amigas trocaram de namorado, foi isso? Ou era algum tipo de brincadeira? De jogo?

(Lia) – VOCÊ NÃO PODE FALAR ASSIM COMIGO! VOCÊ NÃO CONHECE A NOSSA HISTÓRIA E NÃO SABE DE TUDO O QUE NÓS ENFRENTAMOS PARA FICARMOS JUNTOS...

(Ela diz completamente alterada)

(Vítor) – É claro que eu não sei... você sempre se recusou a falar dele... apenas se limitou a me dizer que sofreu muito com a traição do seu ex namorado e não queria se envolver com ninguém...

(Lia começa a se controlar aos poucos)

(Lia) – Exatamente. E tudo isso é o que você precisa saber. E me desculpe por ter gritado com você!

(Vítor) – E você acha que eu não mereço saber a verdade? Saber o que realmente aconteceu no seu passado? Francamente, um romance com o Gil eu não esperava, isso sim foi uma grande surpresa...

(Lia) – A gente só ficou e não foi nada demais... o namoro era fake... tudo só para despistar a....

(Ao perceber que ia falar besteira, ela para de falar bruscamente)

(Vítor) – Namoro fake? Porque?

(Lia) – Isso não vem ao caso agora. É passado!

(Vítor) – Como sempre, você vai omitir o seu passado de mim?

(Lia) – Não é questão de omitir ou não...(ela tenta mudar de assunto) Vítor, hoje é o dia da nossa festa de formatura, um momento único para a gente, não vamos estragar isso... Vamos conversar amanhã, tá?

(Vítor) – Que diferença vai fazer a gente terminar o nosso namoro hoje ou amanhã?

(Lia) – Quem disse que eu quero terminar o nosso namoro?

(Vítor) – Desde quando você aprendeu a mentir?

(Lia) – Eu não estou mentindo.

(Vítor) – Está sim... eu vi a sua reação quando você acordou do desmaio... do que foi que você chamou mesmo? Sonho, foi isso? Não foi?

(Lia) – Eu não sei... não lembro... como você mesmo disse eu estava acordando de um desmaio... não tinha nem consciência do que estava dizendo...

(Vítor) – Isso que é o “X” da questão... mesmo “inconsciente” como você afirma, a sua reação foi muito clara... Lia, eu nunca tinha visto seus olhos brilharem tanto, sua voz estava serena, não parecia você!

(Lia) – Ali, não era eu mesma! Quem estava ali, era outra Lia... uma Lia que eu fiz questão de esquecer, que eu fiz questão de deixar que o Dinho levasse com ele, junto com toda a dor e sofrimento, eu lutei com todas as minhas forças para isso... e consegui.

(Vítor) – Conseguiu, mas parece que todos os seus esforços foram inúteis, porque o que deu a entender foi que essa Lia voltou junto com ele, ou eu estou errado?

(Lia) – Eu não quero que ela volte! Eu não quero reviver tudo aquilo de novo.

(Vítor) – Você não pode mandar no seu coração, e pelo seu bem e pelo meu também é melhor a gente terminar, antes que nós nos machuquemos mais ainda.

(Lia) – Se você quer terminar, eu não posso fazer nada...

(Vítor) – Eu não quero terminar... mas vai ser melhor assim... aliás, hoje eu percebo que foi um erro até ter começado tudo isso. Você não queria se envolver em nenhum relacionamento, todo o tempo fui eu que fiquei insistindo, correndo atrás... e olha só aonde nós chegamos? Numa DR em um corredor vazio do colégio no dia da nossa formatura!

(Lia) – Então isso é mesmo um ponto final na nossa história?

(Ela pergunta incrédula)

(Vítor) – Vai ser melhor assim!

(Ele responde convicto)

(Lia) – Você desistiu da gente assim tão fácil?

(Vítor) – Não é questão de desistir ou não... é questão de fazer o certo!

(Lia) – Então tá! Terminamos tudo então!

(Vítor) – Viu só? Eu falei em terminar e você aceitou tranquilamente... não tentou nem persuadir a minha decisão em nenhum momento... é disso que eu estou falando, Lia... não adianta só querer que dê certo... tem que fazer por onde dê certo... e me desculpe, mas você não fez isso!

(Lia) – AH! Agora a culpa do nosso relacionamento não ter dado certo é minha?

(Ela pergunta com raiva)

(Vítor) – Não! A culpa não é minha e nem é sua... a culpa é do seu coração que ainda está ligado ao coração dele... e naqueles poucos segundos que eu vi a troca de olhares de vocês eu percebi isso. Será que só você não enxerga a verdade?

(Lia) – Que verdade?

(Vítor) – Que você ainda o ama!

(Lia) – Não, isso não é verdade...

(Vítor) – Eu e o colégio inteiro percebemos, será que só foi você que não?

(Lia) – Aff!

(Ela coloca uma mão na cintura e outra na testa)

(Vítor) – Admita os seus sentimentos Lia!

(Lia) – Eu não tenho nada para admitir!

(Vítor) – Ficar aqui discutindo esse assunto não vai nos levar a lugar nenhum.

(Lia) – Nisso eu concordo!

(Vítor) – Então, vamos sair daqui e voltar para nossa festa? A nossa última festa juntos!

(Lia) – E agora? O que você vai fazer?

(Vítor) – Olha, eu estava adiando isso, mas agora que as aulas acabaram, que o Sal e a quadrilha dele foram presos e que eu não tenho mais nada que me prenda aqui, finalmente eu posso voltar para Brasília e retomar a minha vida. Sabe Lia, meu pai é amigo de uns empresários japoneses e meses antes de toda aquela confusão com o meu irmão acontecer, eu tinha recebido uma bolsa de estudos deles para estudar em Tóquio. E agora que eu estou voltando para Brasília, vou ver se eu ainda consigo reavê-la.

(Lia) – Você vai embora? Isso é um adeus?

(Vítor) – Quem sabe?

(Lia) – Você me odeia?

(Vítor) – Não, claro que não te odeio... eu te amo, mas justamente por te amar, que eu quero que você seja feliz, e hoje a noite eu percebi que ao meu lado você não é verdadeiramente feliz, você está usando uma máscara para esconder aquela Lia, aquela que você mesma disse que mandou embora junto com o seu ex.

(Lia) – Obrigada! Obrigada por tudo! Você apareceu na minha vida no momento certo e me ajudou muito!

(Vítor) – E pode ter certeza que estou saindo dela no momento certo também!

(Lia) – Amigos?

(Lia estende a mão para o Vítor)

(Vítor) – Nós sempre fomos. E claro que vamos continuar sendo! Amigos!

(Ele retribui o aperto de mão e a puxa para um abraço)

(Depois de terminarem o relacionamento amigavelmente Lia e Vítor voltam para a festa juntos e chamam a atenção de todos. Quando Lia ia contar para Juliana tudo o que tinha acontecido, Robson aparece chamando todos os formandos para fazer a famosa fila, avisando que as solenidades já iriam começar. Após toda a parte do cerimonial; juramento, discurso, homenagens aos familiares, aos professores, aos colegas e aos ausentes, a entrega dos canudos, o lançamento dos capelos e o momento de tirar a foto oficial da turma, todos os formandos são dispensados para curtirem a festa junto com seus convidados. Dinho aceitou o acordo de Lia e não a procurou durante a festa toda. Respeitou até o fim a sua decisão de conversar com ele somente no dia seguinte. Lia, por sua vez, resolveu curtir o momento e deixar as explicações e contar sobre o fim de seu namoro apenas no dia seguinte)

(Lia) – Amanhã será um longo dia...

Dia seguinte... 15h07min

(Lia aproveita que seu pai está de plantão, que Gil está na casa de Juliana e conversa com Marcela sobre a volta de Dinho. Ela a aconselha a ouvir o que o garoto tem a dizer. Depois de aconselhar a enteada, Marcela resolve sair para deixá-los mais a vontade)

(Marcela) – Aposto que essa carinha aí é por causa do Dinho ou tem a ver com ele...

(Lia) – Hã? Não... não é isso...

(Marcela) – Lia! Para mim você não precisa mentir! Te conheço como a palma da minha mão.

(Lia) – Eu sei, desculpa!

(Marcela) – Você está assim porque não sabe o que fazer com o seu namoro com o Vítor agora que o Dinho voltou, acertei?

(Lia) – Quase isso... é que ninguém sabe ainda, mas o Vítor terminou comigo ontem!

(Marcela) – Eu sinto muito Lia! Vocês estavam até dando certo juntos! Será que não tem volta?

(Marcela a abraça)

(Lia) – Não tem mais volta, mas foi melhor assim! Eu não sei ainda o dia certo, mas ele me disse que vai voltar para Brasília, porque não tem mais nada que o prenda aqui!

(Marcela) – O Vítor vai embora? E você vai deixar?

(Lia) – O que eu posso fazer para impedir, Marcela?

(Marcela) – Se você o amasse de verdade, você saberia.

(Lia) – Pode até ser...

(Marcela) – Você vai sentir a falta dele?

(Lia) – Claro, Marcela! O Vítor é um grande amigo, sempre me escutou, me apoiou, vou sentir falta disso sim.

(Marcela) – Era isso mesmo que eu sabia que iria escutar... você percebeu o que você disse?

(Lia) – O que?

(Marcela) – Que vai sentir falta do Vítor porque ele é um grande amigo, que te entende, e compreende, mas em momento algum você disse que sentiria falta dele por amá-lo.

(Lia) – Sinceramente eu estou aliviada por pelo menos dessa vez não ter machucado tanto um terceiro que se envolveu nessa relação maluca entre eu e o Dinho.

(Marcela) – Escuta Lia, você não pode se culpar pelo sofrimento dos outros o resto da sua vida, tudo bem que você poderia ter evitado aquela situação com a Jú e até mesmo com o Gil, mas é passado. Eles superaram, te perdoaram, estão juntos e felizes, e mesmo assim você continua se culpando e se martirizando pelo que fez e até pelo que não fez!

(Lia) – É tão complicado...

(Marcela) – Eu sei! Eu já tive a sua idade, e sei como você se sente! Mas você só vai conseguir ser feliz quando você se perdoar. Não adianta a Juliana, o Gil, o mundo inteiro te perdoarem, não adianta você perdoar o Dinho e vice versa...

(Lia) – Você está dizendo que...

(Marcela) – Exatamente! Se você não se perdoar primeiro, você nunca irá encontrar a sua felicidade.

(Lia) – Eu confesso que eu tive medo de machucar o Vítor...

(Marcela) – Medo, Lia?

(Lia) – Sim! Medo de repetir os erros do passado! E eu quase cometi os mesmos erros só que desta vez com o Vítor... foi ele que terminou comigo, se dependesse de mim o namoro não tinha acabado e aí eu nem sei o que poderia acontecer...

(Marcela) – Não sabe mesmo?

(Lia) – O pior é que eu sei! Ele acabaria machucado, porque ia chegar o momento que eu não iria mais conseguir esconder que não o amo. E o Vítor ainda ia se sentir arrasado achando que eu só tinha brincado com ele...

(Marcela abraça Lia e tenta ajudar a enteada dando todo seu apoio e carinho)

(Lia) – E tudo isso porque eu não sei o que acontece comigo, quando o Dinho está por perto... eu perco a razão, eu esqueço do que está acontecendo a minha volta... eu esqueço os sentimentos das pessoas, eu esqueço de tudo. Parece que só existimos eu e ele e nada mais importa... isso soa tão egoísta... eu não quero ser assim!

(Ela chora nos braços da madrasta)

(Marcela) – Isso é amor! E você não precisa se sentir egoísta por amar o Dinho.

(Lia) – O que eu faço Marcela? Me diz, por favor, o que eu faço?

(Marcela) – O que você tem vontade de fazer? Eu pergunto vontade, e não coragem, tá?

(Lia) – A minha vontade era de correr para os braços do Dinho e não deixá-lo ir embora nunca mais! Mas eu não posso fazer isso... não posso...

(Marcela) – Olha aí, você já sabe o que fazer...

(Lia) – Eu sei, mas não posso! Entende, por favor...

(Marcela) – O que te impede de fazer isso, Lia? Apesar de recente, agora você é uma garota solteira; e bem... o Dinho, eu acredito que esteja solteiro também, senão ele não viria atrás de você.

(Lia) – Mas eu não sei se ele veio atrás de mim, ele pediu para conversar comigo, mas eu estava tão atordoada com tudo que tinha acontecido, que eu acabei fugindo dele e me trancando no banheiro com a Jú e a Fatinha.

(Marcela) – Eu não presenciei o seu desmaio, mas os comentários que eu ouvi era de que ele tinha ficado super preocupado e quase discutiu com o Vítor porque ele não tinha te segurado.

(Lia) – Pode ser por culpa, não?

(Marcela) – Conhecendo o Dinho do jeito que você conhece, você acha isso mesmo?

(Lia) – ... (ela não responde)

(Marcela) – Lia, liga logo para ele, pede para o Dinho vir aqui para vocês conversarem...

(Lia) – Ontem eu mandei um recado pela Fatinha, dizendo que queria conversar com ele só hoje... e ele respeitou isso, não me procurou nenhuma vez ontem na festa... mas agora eu não sei o que fazer...

(Marcela) – E então, o que você está esperando? Aproveita que seu pai só volta do plantão à noite e o Gil está na casa da Jú. Liga e marca logo essa conversa.

(Lia) – Eu não vou ligar, não...

(Marcela faz uma cara de surpresa)

(Marcela) – Lia!

(Lia) – Calma, eu não vou ligar, mas vou passar uma mensagem para ele

(Marcela) – Que seja... já é alguma coisa...

(Lia) – Mas eu só vou conversar com o Dinho, eu não vou dá outra chance para ele me trair de novo!

(Marcela) – Eu sei... eu sei... (ela diz com um sorriso disfarçado no rosto)

(Marcela) – Mas antes de julgá-lo, porque você não dá uma chance dele se explicar? Você não tem mais nada a perder, o que custa escutá-lo? Abra o seu coração de verdade, sem armaduras, sem camuflagem... dê uma chance ao amor de vocês, que eu sei que ainda existe e é muito forte.

(Lia) – Obrigada Marcela! Como sempre você me ajudou muito! Nem sei o que seria de mim sem você... minha “boadrasta”!

(As duas sorriem e Marcela sai para se arrumar)

Mensagem de Lia:

Acho que estou pronta para te ouvir. Assim que você puder, venha aqui em casa. Estou te esperando. Caso não saiba estou morando na casa da Marcela.

Att.

Lia

Mensagem de Dinho:

Em vinte minutos estarei aí. Obrigada por me escutar! Você não vai se arrepender de me dá essa chance!

Beijos

Dinho

Mensagem de Lia:

Jú será que você pode distrair o Gil e não deixar ele voltar para casa agora? Eu conversei com a Marcela agora pouco e ela me aconselhou a ouvir o que o Dinho tem para me dizer. E você sabe da implicância que o Gil tem com ele, né? Só quero evitar mais confusões ainda... será que você pode me ajudar mais uma vez?

Beijos.

Mensagem de Juliana:

Ai amiga, que bom que você resolveu dá uma chance para o Dinho pelo menos se explicar! Pode ficar tranquila que eu não deixo o Gil sair daqui pelas próximas 3 horas... kkkk

Amiga, boa sorte... e lembre-se: é a felicidade de vocês que está em jogo nesta conversa... por mais que seja difícil tente ser paciente e mantenha a calma.

Bjuuu

Mensagem de Lia:

Obrigada amiga!

Vou tentar... mas manter a calma com o Dinho não é fácil né, Juliana?

Mensagem de Juliana:

Certo....certo... qualquer coisa que você precisar, estarei aqui!

Beijuuu

Mensagem de Lia:

Obrigada, amiga!

Beijos

(Na casa de Juliana)

(Gil) – Quem era amor?

(Jú) – A Lia!

(Gil) – O que ela queria? Aconteceu alguma coisa?

(Jú) – Não, nada não!

(Gil) – O que você acha da gente ir lá para casa e assistir um filme com a Lia?

(Jú) – Eu não acho uma boa ideia... ela me pediu para ficar sozinha...

(Gil) – Vamos, talvez ela se anime um pouco... essa volta repentina do Dinho mexeu com ela...

(Jú) – É justamente por isso que ela quer ficar sozinha!

(Gil) – A Lia sozinha é sinônimo de confusão!

(Jú) – Vamos respeitar o tempo dela, tá?

(Gil) – Tudo bem... você me convenceu! Cadê os seus pais?

(Jú) – Foram para mais um daqueles almoços comédia lá na casa do Bruno e da Fatinha!

(Gil) – Humm...então eles vão demorar, né?

(Jú) – Aham! Porque você está fazendo essa carinha de quem quer aprontar?

(Gil) – Eu estava pensando aqui... então o que você acha da gente assistir um filminho por aqui mesmo?

(Jú) – Eu acho uma ótima ideia!

(Gil) – Qual filme?

(Jú) – Uma comédia romântica! E pipoca ou brigadeiro?

(Gil) – Os dois!

(Jú) – Então fique aqui escolhendo o filme, enquanto eu vou até a cozinha preparar nosso lanchinho.

(Gil) – Combinado!

(Eles se beijam e Juliana sai)

(Na casa de Marcela...)

(Marcela) – Vou sair agora para fazer minha caminhada e algumas compras...

(Lia) – Tá!

(Marcela) – Juízo, hein Lia!

(Lia) – Mais uma vez obrigada Marcela. Acabei de mandar uma mensagem para o Dinho pedindo para ele vir até aqui e outra mensagem para a Jú para ela segurar o Gil lá na casa dela por um tempo...

(Marcela) – Isso é ótimo! Assim vocês poderão conversar tranquilamente.

(Lia) – Marcela, eu acho que essa conversa pode ser tudo, menos tranquila!

(Marcela) – Não fale assim! Pensamento positivo!

(Lia) – Tá, vou tentar!

(Marcela) – Boa sorte! Estou torcendo muito para vocês dois se acertarem... vocês se amam e merecem ser felizes!

(Lia) – Obrigada! Tchau!

(Marcela) – Tchau!

(Algum tempo depois a campainha toca e Lia vai atender)

(Dinho) – Boa tarde, Lia!

(Lia) – Boa tarde! Entre!

(Dinho) – E você está bem?

(Lia) – Sim, estou. Não se preocupe!

(Ela o encaminha até o sofá e pede que ele se sente)

(Lia) – Pronto! Aqui estamos!

(Dinho) – Eu acho que a gente tem muitas coisas para conversar! Muita coisa ficou para ser dita ao longo destes meses...

(Lia) – E eu guardei isso por muito tempo!

(Ela desfere um tapa na face de Dinho)

(Lia) – E não pense que vou me desculpar!

(Dinho) – Eu sei que mereci esse tapa... esse e todos os outros que você queira me dá, mas me escuta, por favor...

(Lia) – Pode ficar tranquilo que eu não pretendo te bater de novo... só farei isso novamente, se você fizer por onde!

(Dinho) – Obrigada pela sinceridade e por me escutar também! Você vai ficar até o fim da nossa conversa, né?

(Lia) – Eu estou aqui, não estou? Então aproveite, pois será a última vez que eu vou lhe dá a chance de pelo menos tentar se explicar!

(Dinho) – Obrigada por me escutar!

(Lia) - Mas fale logo, porque eu não tenho o dia todo!

(Dinho) – Tá... mas é difícil, eu nem sem por onde começar!

(Lia) – Eu vou te ajudar nisso! Então me responda, porque você viajou? Porque me traiu? Porque não me contou a verdade quando chegou? Porque omitiu? Porque você foi embora de novo? Para que você voltou agora?

(Dinho) – Vamos por partes...

(Lia) – Ok!

(Dinho) – Em primeiro lugar, eu queria ter viajado com você... você sabe disso... eu tentei até o último segundo te levar comigo, mas eu sei que eu errei, porque quando você decidiu não ir, eu tinha que ter ficado ao seu lado para te apoiar, mas eu agi como um garoto imaturo e egoísta, que mesmo te amando com todas as forças do meu ser, resolveu pegar o primeiro barco que encontrou e sumir no mar... sem nem olhar para trás. A única coisa decente que eu fiz antes de partir foi pedir para a Fatinha cuidar de você! Não te deixar sozinha...

(Lia) – Então foi por isso que ela ficou colada em mim como se fosse minha babá!

(Dinho) – Não foi só por isso, eu sei que mesmo que eu não tivesse pedido nada, ela faria isso do mesmo jeito... a Fatinha mesmo com aquele jeitinho torto dela, ela gosta muito de você... e nos ajudou de mais também... grande parte do início do nosso namoro devemos a ela... foi a Fatinha que me contou que você estava escondida no hostel. Foi ela que acobertou a nossa fuga. Ela que nos ajudou quando os nossos pais proibiram o nosso namoro...

(Lia) – Eu sei! A Fatinha sempre foi uma grande amiga!

(Dinho) – Você reparou quantas coisas a gente já viveu juntos? Por falar em viver, nós quase morremos juntos naquela mata, você se lembra?

(Lia) – Eu acho que não vou me esquecer daquele dia nunca! Mas continua com o que você estava dizendo...

(Dinho) – Então, depois que eu pedi para a Fatinha cuidar de você, eu fui para o porto encontrar o Rômulo. E quando a gente já estava de partida ela apareceu... pediu “carona” no barco e nós aceitamos. Mas até aí não tinha rolado nada. Ela ficava dando em cima e eu só cortando, mas naquela noite em que a gente brigou feio por telefone... acabou acontecendo, mesmo te amando, infelizmente eu não resisti a tentação e a carência e te traí. E foi assim até a viagem acabar! Sem compromisso, sem sentimento, apenas uma ficada.

(Lia) – Isso foi tudo? Era isso que você queria me dizer desde o início?

(Dinho) – Sim, obrigada por me escutar até o fim! Mas eu só quero que você saiba mais uma coisa, que apesar de tudo que aconteceu, eu nunca deixei de te amar.

(Lia) – Quem ama não trai!

(Dinho) – Quem ama, não expulsa o outro da sua vida como se fosse um cachorro!

(Lia) – AGORA A CULPA É MINHA?

(Lia pergunta indignada)

(Dinho) – Você me mandou embora da sua vida VÁRIAS VEZES...

(Lia) – E VOCÊ FOI! (ela grita novamente, mas depois se acalma) Obediente você, não?

(Dinho) – Eu posso até ir, mas eu sempre vou voltar por você Lia...

(Lia) – Não Dinho, não começa por favor! Eu não acredito que depois de tanto tempo a gente ainda vai discutir sobre isso... não dá...chega...

(Dinho) – Chega?

(Lia) – Eu tentei... eu juro que eu tentei... você não sabe como foi difícil te ouvir contar tudo, mas não faz mais sentido essa conversa... não, depois de tanto tempo... nós não temos mais nada...

(Dinho) – ... mas podemos voltar a ter! (Ele responde em um fio de voz) Você não quer tentar mais uma vez?

(Lia) – Tentar? Eu não sei... (ela responde confusa)

(Dinho) – Eu estraguei tudo de novo, né? Eu sou um completo idiota... eu sei que se eu não tivesse viajado, você teria me perdoado, né? (Ele pergunta enquanto segura as mãos de Lia)

(Ela responde olhando profundamente em seus olhos)

(Lia) – Dinho, escuta o que eu vou te dizer... eu não sei o que teria acontecido se você tivesse ficado, talvez a gente tivesse reatado, ou talvez eu estivesse te odiando ainda, mas o fato é que você foi embora, eu reconstruí a minha vida e eu a-a... (ela desvia o olhar dele e resolve não contar do término de seu namoro) e eu estou com outra pessoa, o que aconteceu entre nós dois ficou no passado, não existe mais “a gente”, entenda de uma vez que Lia e Dinho ficou no passado.

(Dinho) – Como você quer que eu acredite que a nossa história ficou no passado, se você não consegue nem dizer que ama o seu atual namorado?

(Ela solta as mãos dele bruscamente e se levanta do sofá)

(Lia) – Quem é você para por a prova os meus sentimentos pelo Vítor?

(Dinho se levanta e segura delicadamente os braços de Lia, chamando assim sua atenção para ele)

(Dinho) – Lia, por favor... sentimentos a gente tem por gato e cachorro, por uma pessoa você precisaria dizer pelo menos que gosta dela... ou no seu caso, dizer que ama, mas você não consegue não é mesmo?

(Lia) – Olha só o rumo que essa conversa está levando... tão desnecessário isso!

(Dinho) – Se você não fosse tão cabeça dura...

(Lia) – Eu o que, hein?

(Dinho) – ...(ele não diz nada)

(Lia) – Fala! Por acaso fui que larguei a namorada quando ela mais precisava para viajar de férias? Fui que a traiu durante esta viagem? Fui eu que depois de voltar a enganei por meses a fio?

(Dinho) – Isso Lia... continue... coloque tudo isso que te faz mal para fora... fale agora tudo o que você não quis me dizer no passado... eu estou aqui para te ouvir... fala!

(Lia) – AHHHHH! (ela grita com muita força e raiva) VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUANTO EU SOFRI? VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE EU PASSEI QUANDO VOCÊ ME DEIXOU SOZINHA PARA VIAJAR ATÉ PARATY? VOCÊ PELO MENOS IMAGINOU UMA VEZ SEQUER QUE QUANDO EU TE MANDEI EMBORA NAQUELA MANHÃ, A ÚNICA COISA QUE EU QUERIA ERA QUE VOCÊ FICASSE AO MEU LADO E ME DESSE APOIO, COLO, PELO MENOS UM CARINHO? (nesse momento as lágrimas de Lia já se misturavam com seus gritos) QUE DEPOIS QUE EU DESCOBRI A SUA TRAIÇÃO EU QUERIA APENAS UM PEDIDO DE DESCULPAS SINCERO E SENTIR O TEU ARREPENDIMENTO? NÃO, VOCÊ NÃO PENSOU! ACHOU MUITO MAIS FÁCIL SUMIR NO MUNDO, E AINDA LEVANDO ELA! POR QUE HEIN, DINHO? POR QUE JUSTO COM ELA?

(Dinho também não segura as lágrimas)

(Dinho) – Eu sei o quanto você sofreu, e acredite, eu também sofri... e sofri muito mais por ter a consciência que te fiz sofrer também e eu não sei nem como te pedir perdão, porque eu mesmo não consigo me perdoar por isso... e respondendo a sua pergunta, eu não sei porque com ela... ela me fez a proposta da viagem e eu aceitei!

(Eles se sentam no sofá novamente)

(Lia) – Você voltou a ficar com ela?

(Dinho) – Não! Nosso caso começou e morreu em Paraty! Eu sumi no primeiro porto que o navio parou. E resolvi seguir viagem sozinho. Eu até pensei em voltar, mas eu não tive coragem... o medo de ver o ódio por mim nos teus olhos foi maior do que tudo... e só agora vendo que eu não conseguia mais viver assim, fugindo desse amor, que eu resolvi voltar.

(Lia) – Dinho... (ela diz em um sussurro)

(Dinho) – Lia... (ele responde no mesmo tom que ela)

(Lia) – ...

(Dinho) – Você me perdoa?

(Lia) – Eu já perdoei a sua traição há muito tempo... na verdade, eu não tive raiva da sua traição em si, eu sei que isso pode acontecer, já aconteceu com a gente, lembra? O que eu não entendo foi o porque de você mentir para mim... porque não foi sincero? Eu lembro que quando você voltou, eu ainda te perguntei se você tinha conhecido alguém especial... e você negou... nós tínhamos um relacionamento, mas apesar de tudo erámos amigos e conversávamos abertamente sobre tudo, você podia ter confiado em mim e me falado a verdade...é lógico que eu ficaria chateada, mas eu ia acabar te perdoando...

(Dinho) – Eu não quis te confessar meu erro porque eu tive medo de perder você! Eu não imaginava mais a minha vida sem você para viver ela junto comigo... partilhar coisas boas e ruins... e depois do nosso término, ficou só um grande e inexplicável vazio.

(Lia) – Você me perdeu do mesmo jeito

(Ela diz em um fio de voz e abaixa a cabeça)

(Dinho) – Não fale mais isso!

(Ele pede quase implorando)

(Lia) – E não é a verdade? Você não me perdeu? Nós não nos perdemos um do outro? Cada um não seguiu com a sua vida? Com os seus planos?

(Dinho) – Você deixou de me amar?

(Lia) – Só amar não basta!

(Dinho) – Eu concordo com você, mas eu sei que o amor é a base de tudo, e, é a partir dele que os outros sentimentos chegam.... mas você tem razão, eu tinha o seu amor, mas não soube valorizar e o perdi. Acho que essa conversa acaba por aqui né? Não vou me meter no meio do seu namoro... eu só quero que você seja feliz com ele, ou com qualquer outro. Seja feliz marrentinha! (ele dá um beijo na testa de Lia)

(Dinho se despede de Lia e quando está quase pegando na maçaneta da porta, ela o chama e ele olha para trás)

(Lia) – Dinho, espera...

(Dinho) – (ele para, vira para trás e a olha)

(Lia) – Eu não sei se vai te interessar, mas o Vítor terminou comigo ontem e a resposta da sua pergunta é sim, eu ainda te amo.

(Dinho) – E isso quer dizer que...

(Lia) – Isso quer dizer que eu não quero ficar com você, mas eu preciso de você ao meu lado para viver, que eu não quero te dar outra chance, mas eu necessito de você ao meu lado para me fazer feliz, que eu não quero sofrer de novo, mas eu sei que se você não estiver comigo eu vou sofrer muito mais...

(Ela se levanta do sofá)

(Dinho) – Lia... eu te amo tanto!

(Ele se aproxima dela e se ajoelha a abraçando pela cintura e encostando sua cabeça na barriga de Lia)

(Lia) – Apesar de tudo o que você me fez passar, eu também te amo! (ela diz enquanto faz carinho em seus cabelos cacheados) E eu tenho certeza que esse amor não vai morrer nunca. E eu te odeio e me odeio por isso, mas para a nossa sorte o meu amor é infinitamente maior do que o meu ódio.

(Dinho) – Minha Marrentinha!

(Lia) – Meu Idiota!

(Dinho segura nas mãos de Lia e se levanta. Em meio as lágrimas ele cola a sua testa na dela)

(Dinho) – Sou, sou o idiota que mais te ama nesse mundo... e que não sabe mais viver sem você...

(Lia) – O que aconteceu com você? O Dinho pegador voltou romântico? (ela diz sorrindo)

(Dinho) – Já vai começar a implicar? Não tem nem cinco minutos que nós fizemos as pazes, Lia!

(Lia) – Qual seria a graça de está ao seu lado e não manter o nosso pique de implicâncias?

(Dinho) – Ah, então quer dizer que a senhorita faz isso de propósito?

(Lia) – Talvez...

(Dinho) – Ah, é?

(Lia) – Aham!

(Dinho se aproxima delicadamente de Lia para lhe dá um beijo apaixonado e banhado de muito amor, paixão, desejo e saudade)

(Dinho) – Como eu consegui ficar tanto tempo longe de você e dos seus beijos?

(Lia) – Porque você é um idiota!

(Dinho) – Não vai se cansar de me chamar assim, não?

(Lia) – Só no dia que você se cansar de estar nos meus braços...

(Dinho) – Então isso não vai acontecer nunca!

(Lia) – Jura? (ela pergunta com um sorriso bobo na face ainda molhada pelas lágrimas)

(Dinho) – Juro!

(Eles se abraçam e se beijam de novo)

(Lia) – E agora? O que vai ser da gente? Você voltou para ficar? Ou vai embora de novo?

(Dinho se desfaz do abraço para olhar profundamente nos olhos de Lia)

(Dinho) – Eu nunca mais vou sair de perto de você, viajar agora para perto ou para longe, só se você for comigo!

(Lia) – Mas e o seu sonho de viajar pelo mundo? Já está realizado?

(Dinho) – Não, completamente!

(Lia) – Por quê?

(Dinho) – Independente de todos os lugares que eu ia, nenhum tinha sentido de eu estar ali, porque SEMPRE faltava você ao meu lado...

(Ela faz um carinho no rosto de Dinho)

(Lia) – Own Dinho!

(Eles se beijam de novo)

(Lia) – A galera vai pirar quando souber que a gente voltou! Ainda mais porque eles pensam que eu ainda estou namorando com o Vítor...

(Dinho) – Esse detalhe a gente esquece né, amor? E como nós somos Lia e Dinho, não podemos deixar de anunciar a nossa volta de uma forma bem original, o que acha?

(Lia) – O que você está pensando em fazer?

(Dinho conta todo o plano para Lia. Depois ele envia um sms para todos os seus amigos marcando um encontro no Misturama)

Mensagem de Dinho:

Meus caríssimos amigos, quero convidar vocês para nos encontrarmos hoje no Misturama a partir das 20h, topam?

Beijos.

Dinho.

(Lia) – Deixa eu ver o que você escreveu aí!

(Dinho) – Para que?

(Ele entrega o seu celular para Lia)

(Lia) – Para que tanta formalidade, Dinho? Me daqui esse celular e deixa que eu digito e envio...

Mensagem de “Dinho”:

Galera, espero vocês hoje a noite às 20h no Misturama para comemorar a minha volta, combinado?

Beijos.

Dinho.

(Dinho) – Deixa eu ler o que você escreveu!

(Lia) – Não!

(Dinho) – Deixa...

(Lia) – Pronto! Já enviei!

(Lia devolve o celular para ele)

(Dinho) – Você não vai mudar nunca, né?

(Lia) – Não! (ela dá uma risada sapeca)

(Dinho) – Que ótimo! Porque é desse jeitinho aí e com toda a sua marrentice que eu te amo!

(Eles se beijam novamente)

(No Misturama... 20h12min)

(Dinho) – Obrigado pela presença de todos! Como vocês já sabem eu voltei de viagem há alguns dias e eu queria me reunir com vocês para matar as saudades e colocar o papo em dia...

(Fatinha) – Oh Dinho, você quis reunir a gente aqui para comemorar a sua volta, mas eu estou te achando felizinho de mais... eu acho que aconteceu alguma coisa e você está escondendo.

(Dinho) – Eu não estou escondendo nada! Eu só estou feliz por voltar para casa depois de tanto tempo e rever os meus amigos. “e ter a minha marrentinha de volta” (essa última parte ele diz só em pensamento)

(Jú) – Depois de tanto tempo, estamos quase todos juntos aqui no Misturama de novo, pena que está faltando a Lia! Ela me disse que não vem!

(Gil) – Ela tem os motivos dela!

(Jú) – A gente insistiu tanto para ela vir... mas ela disse que ia dormir cedo porque ainda estava cansada da festa de ontem.

(Fatinha) – Digamos que esse cansaço tem outro nome!

(Dinho) – Eu convidei todo mundo, inclusive a Lia! Se ela quiser vir, será muito bem vinda. Até porque o Misturama é um local público.

(Jú) – Vocês brigaram de novo?

(Dinho) – Não!

(Orelha) – Pois está parecendo...

(20h30min)

Mensagem de Dinho:

Todo mundo já chegou! Desce logo, estou morrendo de saudades.

Te amo.

Beijos.

Dinho

Mensagem de Lia:

Exagerado você, hein? Já estou descendo!

Também te amo.

Beijos.

Lia

(A surpresa é geral quando Lia aparece no Misturama)

(Orelha) – Inacreditável! Olha só quem chegou!

(Todos olham para a porta)

 (Rita) – Pois ela veio, Jú!

(Jú) – Lia?

(Dinho vai até Lia e a recepciona com um beijão na frente de todo mundo)

(Dinho) – Boa noite, meu amor!

(Dinho sussurra no ouvido dela)

(Dinho) – Amei as mechas azuis de volta ao lugar de onde nunca deveriam ter saído.

(Lia) – Boa noite, amor!

(Ela também sussurra no ouvido dele)

(Lia) – Para você!

 (Fatinha) – Pera aí! Vocês estão juntos?

(Bruno) – Lia e Dinho, vocês voltaram?

(Fatinha) – Eu não disse que o Dinho estava alegrinho de mais?

(Jú) – Vocês dois voltaram a namorar e você não me contou nada, Lia?

(Gil) – Quando foi isso?

(Pilha) – Tem gente que não vai gostar de saber do novo casal!

(Nando) – O viajante aventureiro voltou com a roqueira rebelde, então isso quer dizer que o motoqueiro rodou?

(Morgana) – Pai!

(Orelha) – Quer dizer então que o ex pegador e a eterna marrenta voltaram? Dinho você não me disse nada!

(Morgana) – Lia e Dinho juntos outra vez?

(Fera) – Desde quando vocês estão juntos?

(Rita) – Quando vocês se acertaram?

(Lia) – Nossa! Quantas perguntas!

(Ela diz enquanto está em pé com Dinho e suas mãos entrelaçadas às dele)

(Dinho) – Bem que você falou que o surto ia ser geral né, amor?

(Lia) – Eu sempre tenho razão!

(Ela pisca para ele)

(Lia) – Respondendo as perguntas de vocês... sim, eu o Dinho voltamos!

(Dinho) – E desta vez vai ser para sempre!

(Eles trocam um rápido selinho)

(Lia) – Eu sei que vocês estão estranhando a situação, mas me deixa esclarecer algumas coisas... ontem o Vítor terminou comigo... e hoje à tarde eu e o Dinho conversamos e resolvemos nos dar mais uma segunda chance!

(Dinho) – É galera, foi isso!

(Lia) – Vocês podem estar achando loucura essa rapidez, mas nem a gente assimilou isso tudo ainda...

(Fatinha) – Depois da conversa que eu e a Jú tivemos com a Lia eu sabia que vocês iam voltar, só não imaginei que seria tão rápido! Mas para que esperar marrentinha! Quando o amor chega a gente não precisa perder tempo e esperar a felicidade passar! Tem que correr atrás e agarrar! E quando eu digo agarrar é no sentido original da palavra, viu?

(Dinho) – Então eu preciso te agradecer mais uma vez por me ajudar a me reconciliar com a Lia... e você também Jú!

(Jú) – Ah, bom... pensei que você ia me eixar de fora!

(Lia) – Fatinha! Mas pode ficar tranquila que esse aqui já está seguro! Não largo mais!

(Todos) – Ownt...

(Fatinha) – Então é isso aí, galera! Casal LiDinho de volta na área!

(Morgana) – E quase todos agora estamos em casal...

(Fatinha) – Isso aí Morg! Casal BruTinha; eu e meu Brunito, casal LiDinho; a Lia e o Dinho; casal JuGil; a minha cunhadinha e o Gil, casal MorElha; os nerds da turma – Orelha e Morgana, casal RiFe; Fera e Rita; e o eventual casal PiBi, né Pilhote?

(Pilha) – Ah?

(Fatinha) – Pilha você não fica de vez e quando com a Fabi! Então? Prefere casal PiBi ou casal FaLha?

(Orelha) – O pilha por si só, já é uma falha!

(Todos sorriem)

(Pilha) – Valeu aí Orelha! Amigão Você!

(Orelha) – Brincadeira, Pilha! É só brincadeira!

(Rita) – Só a Fatinha mesmo para inventar esses nomes mesmo! De onde você tira isso?

(Fatinha) – Ah, eu sou uma gênia, né? Pode confessar!

(Bruno) – A gênia mais convencida e linda que eu conheço!

(Fatinha) – Ownt Brunito! Também te amo!

(Eles trocam um rápido selinho)

(Dinho) – Agora que todo mundo já está mais recuperado do susto, vamos comemorar...

(Fatinha) – Nananinanão... agora vocês vão sentar aqui e contar tim tim por tim tim essa história... quando, como e onde foi a reconciliação?

(Jú) – Nós queremos saber tudo!

(Fera) – E o Dinho enganou todo mundo direitinho dizendo que não sabia se você vinha...

(Gil) – E a Lia também! Quando eu saí de casa deixei ela de pijama!

(Lia) – É porque a gente queria fazer surpresa!

(Jú) – E que surpresa hein, amiga!

(Lia) – E eu só comecei a me arrumar depois que você e a Jú saíram, para não levantar suspeitas!

(Dinho) – Se arrumou super rápido e está linda!

(Orelha) – Nando, neste estabelecimento tem babador? Nosso amigo aqui está precisando...

(Dinho) – Engraçadinho! (ele diz e depois sorri junto com seus amigos)

(E depois de se sentarem Lia e Dinho começaram a contar como foi que fizeram as pazes e respondem todas as perguntas da galera)

(Dinho) – Então Lia... eu reuni todos os nossos amigos aqui para comemorar a minha volta, mas tem outro motivo também!

(Lia) – Qual?

(Dinho) – Para eles serem testemunhas da minha pergunta e da sua resposta.

(Lia) – Testemunhas de que? O que você vai aprontar, Adriano?

(Dinho leva Lia até mais a frente, onde eles ficam na visão de todos os seus amigos. Ele para bem na frente dela e eles trocam olhares)

 (Dinho) – Eu te amo Lia Martins, você aceita namorar comigo de novo? (ele abre uma caixinha e retira dali duas alianças de prata) E se você aceitar, eu prometo que nunca mais eu vou deixar ninguém se colocar entre a gente.

Aliança de Lia e Dinho

(Fatinha) – AÊ MARRENTINHA! TÁ PODENDO, HEIN? (ela grita)

(Pilha) – Olha só! O cara voltou preparado!

(Lia) – Eu aceito! É claro que eu aceito! Eu também te amo!

(Ele coloca a aliança na mão direita de Lia e a beija. Em seguida Lia faz o mesmo. Durante a troca de alianças eles deixaram algumas lágrimas de felicidade escaparem.)

(Jú) – PARABÉNS AMIGA! (ela grita chorando)

(Quase cochichando eles trocam breves palavras)

(Lia) – São lindas Dinho! Obrigada!

(Dinho) – Você merece muito mais que isso! Quando forem as alianças do nosso casamento, eu prometo caprichar mais!

(Lia) – Ca-casamento, Dinho?

(Dinho) – Sim, mas só daqui alguns anos! Mas eu queria que você já soubesse disso logo!

(Lia) – Adorei saber!

(Morgana) – Quem diria que esses dois iam vencer tantas barreiras? Que lindo esse momento... deu vontade até de chorar!

(Orelha) – Chora não Moranguinho!

(Morgana) – Você pede para eu não chorar, mas você já está chorando...

(Orelha) – Eu não estou chorando... só estou feliz pelo meu melhor amigo.

(Morgana) – Sei...

(Fatinha) – Que lindo! (ela diz chorando também)

(Bruno) – A Lia é como irmã para mim! Eu só quero que ela seja muito feliz!

(Eles se beijam apaixonadamente e toda a galera aplaude)

(Jú) – Depois de tudo o que passaram eles merecem ser muito felizes

(Gil) – Eu sei que é estranho, mas eu concordo com você!

(Enquanto Lia e Dinho se beijam, todos os outros casais também trocam selinhos e beijos apaixonados. Depois dos inúmeros beijos, todos vão até o mais novo casal para parabenizá-los. Entre vários cumprimentos um em especial surpreende a todos)

(Bruno) – Dinho, você se lembra do que me disse sobre a Fatinha?

(Dinho) – Com certeza!

(Bruno) – Então faço minhas as suas palavras! A Lia é como se fosse minha irmã, igual a Jú, então se eu suspeitar que você fez a Lia sofrer, você estará ferrado... combinado?

(Dinho) – Pode ficar sossegado, porque a minha marrentinha de hoje em diante só terá motivos para sorrir!

(Bruno) – Acho bom! Acho muito bom que isso seja verdade.

(Bruno e Dinho apertam as mãos “selando” o trato. Enquanto Juliana repreende o irmão, Fatinha cai na gargalhada, pois só ela entende o que está acontecendo entre os dois)

(Fatinha) – Meu moreno agora se vingou legal do Dinho, hein?

(Lia) – Não entendi!

(Jú) – Nem eu!

(Fatinha) – É que o Dinho teve uma conversinha “séria” com o Bruno sobre mim... e agora foi a vez do Bruno ter essa mesma conversinha “séria” sobre a Lia.

(Jú) – Ah, então foi isso! Que alívio... já estava com medo de vocês dois brigarem aqui no meio de todo mundo!

(Em seguida eles se sentam e pedem uma rodada de milk-shake para comemor a volta de Dinho, e ao amor que se estabeleceu em quase toda a turma e principalmente a amizade entre eles, que com mais um ciclo se fechando, cada um vai seguir seu caminho, mas independente da distância e da correria do dia a dia, a amizade deles sempre prevalecerá)

(Lia) – Eu não sabia que você ia fazer isso! (ela diz admirando a aliança em seu dedo)

(Dinho) – Claro que não! Era para ser surpresa mesmo!

(Depois muito tempo conversando, rindo e trocando beijos com seus respectivos pares, cada um vai para sua casa descansar, pois o dia foi longo e repleto de fortes emoções)

(15 dias depois...)

(Na casa de Lia...)

(Lia) – Até agora não estou acreditando que meu pai deixou eu te hospedar aqui em casa... e ainda viajar com você...

(Dinho) – A surpresa mesmo foi o lugar...

(Lia) – É isso também, mas não tinha outro lugar para você ficar... tinha que ser aqui mesmo... no meu quarto, mas vai ver que ele percebeu que não adianta tentar separar a gente, até porque nós sempre damos o nosso jeitinho, né? (ela pisca para ele)

(Dinho) – Sempre!

(Ele também pisca para ela e lhe dá um selinho)

(Dinho) – E também ele não pode impedir muita coisa mais, né? Amanhã partiremos para a nossa viagem dos sonhos por tempo indeterminado.

(Lia) – Aham, (diz ela irônica) só não deixa o Dr. Lorenzo ouvir essa história de tempo indeterminado... sem contar que ele me fez prometer que eu não vou voltar desta viagem nem grávida e nem com um filho nos braços!

(Dinho) – Se você quiser eu trago nosso filho no meu colo, porque aí você não volta nem grávida e nem com um filho nos braços! Olha que legal, e você ainda cumpri a promessa que fez ao seu pai! (ela sorri abertamente)

(Lia) – Engraçadinho! (ela sorri acompanhando ele)

(Dinho) – Brincadeira marrentinha! E nós vamos cumprir o prazo de dois anos que seu pai estipulou. Depois disso a gente volta e presta vestibular; em seguida vamos fazer a nossa faculdade, nos formamos e arrumamos um emprego. Depois a gente se casa e aí teremos os nossos três filhos.

(Lia) – Uau, você já planejou tudo? Decidiu a nossa vida assim, sem nem me consultar? Parabéns senhor Adriano Costa!

(Dinho) – Já vai começar a implicar?

(Lia) – O que você acha?

(Dinho) – Eu acho que se você continuar assim, não vai ganhar nenhum beijinho de boa noite...

(Lia) – Ah... você não teria coragem de fazer isso comigo, teria?

(Dinho) – O que você acha?

(Lia) – Sério isso? Você vai usar minhas próprias palavras contra mim?

(Dinho) – Não... não vou, até porque ficar sem te beijar, seria um castigo para mim também, e isso não ia ser legal... ainda mais agora que estamos só nós dois aqui sozinhos... nesse quarto... nessa cam..

(Lia) – CALADO! (ela cora)

(Dinho) – Tudo bem! Mas é mentira?

(Lia) – Não, não é, mas não precisa ficar falando essas coisas...

(Dinho) – O que? Deixei você envergonhada?

(Lia) – Não é isso...

(Dinho) – Não acredito depois de tanto tempo, você... (ele olha para Lia e desiste de falar) desculpa marrentinha, eu não vou falar mais nada, só agir! Posso?

(Lia) – Melhor assim! E não precisa pedir!

(Ela diz olhando profundamente dentro dos olhos dele)

(Lia) – Quando é que você vai começar, mesmo?

(Dinho) – Se você quiser, agora mesmo!

(Lia) – Eu quero você!

(Dinho) – Eu te quero muito mais!

(Ele a beija. Logo em seguida eles “ficam” juntos)

(Algum tempo depois...)

(Dinho) – Marrentinha, agora que você já voltou ao normal com as suas lindas mechinhas azuis que eu tanto amo...(ele diz enquanto enrola seus dedos nas mechas) eu posso perguntar... o que te deu para você colocar aquelas mechas rosas? ROSAS, Lia? Você odeia rosa...

(Os dois sorriem)

(Lia) – Para você ter noção de como eu estava desorientada sem você!

(Dinho) – Eu percebi... começando pelo namorado que você arranjou... o que era aquilo Lia?

(Lia) – Não fala assim dele... tadinho Dinho, ele me ajudou muito...

(Dinho) – Ajudou? Como? Aquele tipo de garoto nunca fez seu estilo... nem seu tipo...

(Lia) – Ah... vamos parar de falar dele e vamos falar da gente?

(Dinho) – Já parei! Mas você tem certeza que quer só falar?

(Lia) – Dinho... Dinho... do que você está falando? (ela se faz de inocente), a gente precisa dormir... o nosso voo amanhã é super cedo... esqueceu?

(Dinho) – Hum...

(Lia) – Ah, sabe o que eu estava me lembrando?

(Dinho) – O que?

(Lia) – Que não vai ser a gente viajando por aí...

(Dinho) – É verdade... A Jú e o Gil vão para Nova Iorque...

(Lia) – Eu nem sei o que a Jú fez para convencer a tia Marta e o tio Olavo de deixá-la ir com ele, mas o fato é que ela conseguiu! Fico tão feliz pela minha amiga e pelo meu irmão!

(Dinho) – Você e o Gil quase irmãos... e morando na mesma casa... estranho, né?

(Lia) – Ué, por quê? Ciúmes?

(Dinho) – Não só que é estranho, isso é... vocês até já namoraram e agora são praticamente irmãos... seu pai já marcou o casamento com a Marcela?

(Lia) – O namoro foi fake! Não marcaram o casamento ainda... eles combinaram de esperar a gente chegar da nossa viagem... eu até imaginei isso... meu pai nunca se casaria comigo longe!

(Dinho) – Coitados! Se seu pai não gostava de mim, depois dessa, então... fico até sem palavras! Ódio é pouco! (ele diz sorrindo) Eles vão ficar esperando a gente por 2 anos? Para depois casar? Quem sabe poderíamos fazer um casamento duplo?

(Lia) – Bobo! O meu pai não te odeia... ele só quer proteger a filhinha dele de você, só isso! E como assim casamento duplo?

(Dinho) – Já imaginou pai e filha se casando no mesmo dia?

(Lia) – Sem chances Dinho! Eu não quero atropelar nada! Vamos com calma!

(Dinho) – Eu sei Lia! É só uma brincadeirinha... você esqueceu dos nossos planos? Viagem à vestibular à faculdade à emprego à casamento à filhos... depois de muitos anos... netos... se tivermos sorte vamos conhecer até os nossos bisnetos, já pensou?

(Lia) – Dos planos que VOCÊ fez, você quer dizer, né? E sobre bisnetos, Dinho? É obvio que eu nunca pensei nisso! Garoto, eu tenho quase 18 anos, como você quer que eu pense em bisnetos? Certeza... você é louco! (ela diz gargalhando)

(Dinho) – Não... dos NOSSOS planos mesmo! Ah, diz se você também não gostou do roteiro da nossa vida?

(Lia) – Está bem, eu confesso! Eu fiquei feliz de saber que você planeja um futuro comigo do seu lado...

(Dinho) – E você ainda tinha dúvidas disso?

(Lia) – Ah, sei lá Dinho... mas você viajou legal agora hein? Bisnetos? Louco!

(Dinho) – Eu sou louco sim, extremamente louco por uma garota marrenta com lindas mechas azuis, conhece?

(Lia) – Acho que já vi ela passando por aí... Bobo!

(Dinho) – Linda!

(Eles se beijam)

(Lia) – Te amo!

(Dinho) – E eu amo muito mais!

(Eles continuam conversando sobre os amigos e familiares)

(Dinho) – Hum... quem vai viajar também vai ser a Fatinha..... ela e o Bruno finalmente vão ter a merecida lua de mel deles lá em Veneza... ela está super empolgada com essa viagem...

(Lia) – A minha vó também vai viajar nessas férias para o sul e vai levar a Tatá e o Rômulo com ela, a minha mãe e o Mathias vão viajar com a Rita para a Suécia para apresentarem o Fera para a mãe e o pai adotivo dela...

(Dinho) – Eu não sei qual surpresa foi maior para mim: se foi você finalmente ter perdoado e aceitado a sua mãe, ou se foi voltar de viagem e encontrar a Raquel e o Mathias praticamente casados. A vida dá tantas voltas...

(Lia) – E eu e a Marcela temos um dedinho nessas voltas aí... quer dizer uma mão e um braço inteiro...

(Ela sorri)

(Dinho) – Como assim?

(Lia) – Nós mandamos flores e cartões para os dois assinando como admiradores secretos... aí depois de muitas confusões e desentendimentos eles finalmente se acertaram...

(Dinho) – Marrentinha? Você bancou a cupido com a sua mãe e o Mathias? Outra coisa que eu não sabia...

(Lia) – Digamos que foi quase isso! E quem diria que a garota problema do Colégio Quadrante iria se tornar enteada do diretor Mathias!

(Dinho) – Outra novidade também foi encontrar a Isabela grávida do Leandro...

(Lia) – ... e a Isabela ainda chamou meu pai e a Marcela para serem os padrinhos da pequenina, além de colocarem o nome da Marcela na filha dela.

(Dinho) – Para mim o racking das novidades foi encontrar o Orelha namorando... assim que eu cheguei no Brasil eu procurei o Orelha e a primeira coisa que ele me disse foi que estava namorando com a Morgana...

(Lia) – Você quase caiu para trás né?

(Dinho) – Imagina a cena?

(Lia) – No começo foi um pouco estranho, mas a turma sempre apoiou eles... e logo os dois que não se davam bem, que brigavam sempre que se encontravam...

(Dinho) – Isso te lembra alguém em especial?

(Lia) – De amores, brigas e confusão? Aham... tem um certo casal implicante que eu conheci por aí... que eu adoro!

(Dinho) – É marretinha... o nosso amor andou inspirando outros...

(Lia) – Sabe que eu não tinha pensando nisso... que no começo eles mal se falavam igual a gente?

(Dinho) – Para você ver... o nosso amor é tão grande que contagiou todo mundo!

(Lia) – Esse amor complicado, implicante, mas que mesmo assim eu amo sentir e hoje não viveria mais sem ele...

(Dinho) – Eu também não vivo mais sem você do meu lado... eu já sei a sua resposta, mas eu preciso te fazer uma pergunta.

(Lia) – O que foi amor? Você ficou sério de repente.

(Ela pergunta olhando diretamente nos olhos dela)

(Dinho) – Lia, você sabe que quando a gente voltar, nós vamos encontrar muitas coisas diferentes, né? Olha quantas novidades eu encontrei aqui, em quase um ano fora... É um risco que corremos quando deixamos tudo para trás... tudo pode permanecer exatamente como está, mas tudo pode mudar completamente, desde a rua até a rotina das pessoas... e eu preciso saber se você está mesmo preparada para isso? Você tem certeza que quer viajar mesmo?

(Lia) – Eu sei, não se preocupe com isso... e pode ter certeza que em momento nenhum eu vou me arrepender de viajar com você... isso é o que eu mais quero na vida, sair viajando pelo mundo junto com você...

(Dinho) – Você não existe, sabia?

(Lia) – Sabia!

(Dinho) – Convencida!

(Lia) – Sou mesmo! Muito convencida e extremamente apaixonada, estou errada?

(Dinho) – Não meu amor!

(Lia) – É claro que eu ou sentir saudades de casa, da minha família, dos meus amigos, principalmente da Jú... das nossas conversas, de tudo sabe?

(Dinho) – Dependendo do nosso roteiro, depois de visitarmos meus pais em Miami, talvez a gente possa fazer uma visita para eles em Nova Iorque, o que acha?

(Lia) – Eu ia adorar!

(Dinho) – Então Nova Iorque acaba de entrar no nosso roteiro... porque eu faço tudo para te ver feliz!

(Lia) – Obrigada! Obrigada por está aqui comigo de novo... obrigada por me entender... obrigada por não ter desistido de nós... obrigada por tudo!

(Ela enche Dinho de beijinhos)

(Dinho) – Eu que preciso te agradecer por você ter dado mais uma chance para a gente.

(Eles se beijam)

(Dinho) – Muitas coisas mudaram mesmo! Pilha, um fanqueiro de sucesso; Fera, um cara inteligente; Fatinha, uma mulher casada; Orelha e Morgana juntos; Rafa estudando dança em Londres;

(Lia) – Até o Robson desencalhou, ele está firme e forte com a Dona Rosa! E aí... tá bom ou quer mais?

(Dinho) – Quero muito mais... eu quero que nossos amigos sejam muito felizes com o destino que eles escolheram.... e que quando a gente voltar daqui há dois anos eles ainda se lembrem da gente!

(Lia) – Bobo! É claro que eles vão lembrar! Nós somos inesquecíveis! Nós somos o casal LiDinho, só a Fatinha, mesmo com esses apelidos; Lia e Dinho – o casal problema do Colégio Quadrante!

(Dinho) – Vamos guardar essa nossa “característica” a sete chaves. Não quero que nossos filhos conheçam essa parte da nossa vida.

(Lia) – Olha, se nossos filhos fizerem com a gente metade do que eu fiz com o meu pai e você com os seus, nós estamos ferrados!

(Dinho) – É... fugir de casa, quase morrer nas mãos de bandidos... não é brincadeira...

(Lia) – Não mesmo...

(Lia aos poucos se deixa levar pelo cansaço e adormece nos braços de Dinho enquanto ele ainda acarinhava os seus cabelos)

(No dia seguinte...)

(Dinho) – Bom dia, marrentinha!

(Ele dá um selinho nela enquanto ela ainda está “dormindo”)

(Lia) – Hum...

(Dinho) – Hey dorminhoca, hora de acordar e levantar!

(Lia) – Já? Só levanto se você me prometer uma coisa.

(Dinho) – Prometer o que?

(Lia) – Que durante a nossa viagem você vai me acordar todos os dias assim... promete?

(Dinho) – Prometido! Agora levanta! E vai tomar banho, porque eu já estou pronto!

(Lia) – Nossa, que romântico (ela diz irônica)

(Dinho) – E desde quando a senhorita é romântica?

(Lia) – Sei lá... acho que quando eu estou com sono...

(Ele dá um beijo de verdade nela, mas depois sai para Lia se arrumar)

(Horas antes do embarque... Lia e Dinho resolvem ir se despedir de um lugar muito especial para eles)

(Dinho) – Eu nunca mais tinha voltado aqui...

(Lia) – Nem eu... sabe, as vezes eu ia para o colégio e passava aqui em frente... eu ficava parada olhando aqui para cima... pode parecer meio idiota isso que eu vou falar agora, mas eu tinha esperanças de te ver aqui, olhando eu passar e esperando eu subir...

(Dinho) – Esse telhado sempre foi meu lugar preferido, desde pequeno... eu adorava passar o tempo aqui... e para completar ele marcou nossa história. Razão mais que suficiente para se tornar inesquecível.

(Lia) – E a varanda da minha antiga casa também! Quantas conversas nós tivemos entre cartazes e mímicas...

(Dinho) – Muitas...

(Lia) – O nosso telhadinho será eterno... mesmo que outras pessoas venham morar aqui... esse cantinho sempre será nosso. Eu quero uma foto aqui!

(Dinho) – Foto?

(Lia) – É ... para guardar de recordação... nós 3. Eu. Você. E . O. Telhadinho.

(Depois de tirar a foto eles se beijam e começam a conversar sobre a viagem)

(Lia) – Vamos começar o nosso tour em Miami para visitar seus pais e seus irmãos, mas e depois qual será a próxima parada? Que lugar nós vamos? Será Nova Iorque mesmo?

(Dinho) – Você eu ainda não sei, mas o lugar para onde eu quero ir e nunca mais sair é: ... o seu coração!

(Lia) – Bobo! Ownt, Dinho... eu estou falando sério...

(Dinho) – Aonde você quiser ir... eu só quero te ver feliz e te fazer muito, mas muito feliz!

(Lia) – Então isso vai ser super fácil, porque eu posso ser feliz em qualquer lugar deste mundo, desde que você esteja sempre ao meu lado.

(Dinho) – Eu te amo!

(Lia) – Eu também te amo!

(Lia e Dinho) – Para sempre!

(Eles se beijam e mais uma vez trocam juras de amor eterno)

                                                                                       The End!