POV Christopher

Tentei não entrar em pânico, respirei fundo e me concentrei em tentar me lembrar exatamente onde tinha estacionado. Quando eu cheguei hoje cedo apenas vi uma vaga livre e estacionei sem nem olhar para nenhum ponto de referência.

Enquanto tentava me localizar, percebi que aquele estacionamento era realmente grande, demoraria muito para vasculhar ele todo e eu não podia me dar esse luxo. Resolvi não perder tempo e perguntar ao segurança.

– Licença, você por acaso não viu um Siena verde escuro?

– Com a dianteira e traseira amassadas?

– Isso! - Respondi animado. A esperança começava a surgir.

– Ele está estacionado no K12.

– Obrigado mas, me tira outra dúvida rápida. - Falei constrangido. - Onde fica K12?

Após uma rápida explicação consegui me localizar, agradeci novamente o segurança e fui em direção ao carro. Quando cheguei, achei estranho, não me lembrava de ter estado naquele lugar e nem de ter estacionado por ali. Minha situação hoje cedo acabou sendo mais sério que eu pensava.

Uma das primeiras coisas que reparei foi uma marca de freada no chão, mas ao olhar ao meu redor notei que quase não havia carros, os mais próximos estavam dentro de uma área restrita e eram quase todos importados. Tinha alguma coisa muito errada aqui! Enquanto andava ao redor da área tentando entender a freada e o estacionamento vazio, uma ideia me vem a mente o que me deixa em pânico!

– MERDA! ROUBARAM MEU CARRO!

Estava desesperado, meu pesadelo se realizou. Peguei meu telefone e assim que comecei a discar para polícia, ele começou a tocar.

– Alô ?

– Christopher? Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Zoe do outro lado da linha.

– Meu carro, ele foi roubado! Rodei o estacionamento todo tentando achá-lo e...

– Chris se acalma! Ficar nervoso assim não vai resolver nada. Você precisa vir aqui imediatamente. Esta atrasado para a reunião e os donos da empresa estão presentes!

– PUTA MERDA ZOE! - Desliguei o telefone e sai desembestado em direção a sala de conferências. Nunca um elevador demorou tanto a chegar.

Entrei na sala batendo a porta (novamente) e me deparo com a seguinte cena:

Três pessoas no centro da sala, entre eles Nathalie e num canto próximo estava Angela que me encarava com um olhar de quem estava pronto para me matar a qualquer momento.

– Desculpe... Meu carro...

– Outra vez atrasado e fazendo uma entrada dramática Sr. Morrinson. - Falou Nathalie me encarando de forma séria.

– Desculpem. - Falei abaixando a cabeça e sentando na cadeira mais próxima. Agora com certeza eu seria demitido.

A reunião continuou normalmente e após a apresentação da Angela, esperei a deixa dela para entrar e apresentar minhas idéias mas, para minha surpresa, ela continuou a MINHA apresentação, e pela reação da pessoas estava realmente boa, mas como ela teve coragem?

Fiquei totalmente sem ação, ela roubou minhas idéias descaradamente. O resto da reunião se arrastou e naquela altura eu só pensava em tirar satisfações com a Angela e reaver meu carro roubado. Assim que acabou todos saíram da sala e por sorte e ela ficou para trás. Quando ela estava prestes a sair, a segurei pelo braço e a fiz me encarar.

– Mas que droga foi...

– Sr Morrinson! O Sr. já conseguiu se queimar nessa empresa no primeiro dia de trabalho. Se quiser ter algum futuro aqui, terá que se esforçar mais que qualquer um para mostrar que é capaz e que merece o cargo que tem. - Falou me cortando.

– Então quer dizer que...

– E a propósito, seu carro não foi roubado e sim rebocado, estará pronto no fim dessa semana. - Disse me interrompendo novamente e caminhando apressadamente em direção a porta.

POV Anthony

Estava terminando de arrumar as minhas coisas, pois estava de mudança e tinha ainda algumas caixas que precisavam ser organizadas e levadas. Quando estava quase terminando avistei Angela indo em direção ao elevador, taquei tudo dentro da caixa de qualquer jeito e me apressei para pegar o elevador com ela.

– E ai Angie, segura a porta ai! Beleza? Diz ae, qual a boa de hoje?

– Oi Tony, dia cheio e cansativo. E o seu, como foi?

– Tudo na paz como sempre. Ouvi falar que você bateu no carro do Chris ou ele no seu hoje de manhã, as fofocas voam por aqui.

– Pois é, fazer o que. Mas já foi tudo resolvido, meu carro já foi para a oficina e fica pronto no fim dessa semana.

– Quer uma carona para casa?

– Se não for nenhum incômodo... - Falou meio sem jeito.

– De maneira nenhuma, sou um cavalheiro. Se quiser que eu a acompanhe até seu apartamento.... - Falei brincando.

– Só a carona está ótimo.

Terminei de acomodar as caixas no banco da frente do carro e esperei Angela se ajeitar no banco de trás. Assim que sai do prédio vi o Christopher caminhando em direção a rua para pegar um táxi e acelerei.

– Que isso Tony! Quer matar a gente? - Falou assustada mas eu apenas dei uma risadinha.

– Fala ai mermão, entra ai! - Gritei assustando Christopher que foi logo abrindo a porta do carona.

– Anthony, quer me matar do coração? Que caixas são essas?

– To de mudança, vai ter que se contentar com o banco de trás. - Falei rindo da cara que ele fez ao olhar para o banco de trás.

Perguntei se teria problema de passar no banco antes de deixa-los em casa e ambos concordaram com a cabeça. Passaram a viajem toda em silêncio e o clima estava tão tenso que poderia ser atravessado com uma faca.

– Então meus queridos, eu já volto. Cuidem bem do meu bebê tentem não se matarem até eu chegar.

A "passada" no banco acabou levando alguns minutos a mais do que eu esperava e quando estava voltando para o carro, notei que ele estava balançando o que era um tanto fora do normal. Ó céus e olha que eu ainda pedi para terem cuidado com meu bebê.

Me aproximei lentamente tentando ver o que estava acontecendo e adivinha? Isso mesmo eles estavam no meio de uma discussão calorosa e ainda por cima gesticulavam loucamente. (quanto tempo será que eu fiquei fora?) Fiquei uns minutos rindo da cena que se desenrolava, era melhor que novela mexicana.

– Nossa, mal sai do carro e vocês já estão ai se amando? - Falei botando a cabeça para dentro da janela e surpreendendo os dois que deram um pulo.

Os dois param de discutir na hora e ficaram em silêncio pelo resto do caminho, só falaram quando desceram do carro e agradeceram a carona. Por fim, fui para meu novo apartamento, estava muito ansioso para estreá-lo.

Carreguei as caixas de duas em duas no elevador, ao voltar com a ultima vi uma mulher entrando no elevador e as portas quase fechando. Gritei para ela segurar o elevador. Entrei, agradeci a mulher, coloquei a caixa no chão e como o elevador não era muito grande, me deixou muito próximo da moça e ela se mexeu meio desconfortável, quando levantei a cabeça para me desculpar...

– Anthony o que você está fazendo aqui? - Não acreditei no que estava acontecendo. Era Nathalie no elevador comigo.

– Estou carregando as ultimas caixas para meu novo apê, e você?

– Eu moro aqui.

Fiquei tão surpreso quanto ela o que me fez cair na gargalhada de nervoso. Meu Deus... ME MUDEI PARA O MESMO CONDOMÍNIO DA NATHALIE!