Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 50
Ciumes pairando pelo ar


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito contente com as respostas que recebi das minhas perguntas do capítulo anterior. Agradeço a quem participou. E boa leitura ♥



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Há poucas coisas em Henrique que ela não gosta.

Melina acredita que Henrique é o melhor namorado que ela poderia ter. Ele ainda a surpreende no meio da semana, quando não podiam se encontrar, com telefonemas. Algumas vezes aparecia de surpresa, trazia presentes, preparava programinhas para os dois fazerem juntos ou cozinhava para ela. Ele como ninguém sabia como a surpreende-la e faze-la feliz.

— Que bom que te encontrei. – Ariela chamou por Melina pelos corredores da faculdade. — Precisamos conversar.

Foram até a lanchonete na esquina perto da faculdade, sentaram-se em uma mesa para dois e pediram um suco.

— Queria te pedir desculpa Melina. Eu não agi de maneira coerente. Eu realmente precisava de tempo e não fui justa com você e nem com Henrique. Eu gostava dele de verdade. No fundo eu sabia que ele não gostava de mim e sim de você. Por isso foi tão difícil pra eu saber que vocês haviam se acertado. Mas o tempo passou e as coisas foram se acertando. Nada melhor que o tempo! E hoje, estou aqui, pra te pedir que, por favor, volta pra casa Melina. Sentimos muito a sua falta. Marcela nem tanto. Mas eu e Daniele queremos você de volta. Independentemente do que aconteceu, hoje já não tem mais importância. Só quero que você seja feliz, pois sei que você me deseja o mesmo. Eu sempre gostei de você! Saiba que é bem vinda no seu lar. Você e seu namorado. Iremos ser bons amigos. Eu prometo!

Melina a abraçou, agradecida. Nada melhor que uma boa reconciliação entre quem se ama. Melina gosta de Ariela, desde a primeira vez em que se falaram, sentiu que seriam boas amigas. E verdadeiras amizades não se rompem com facilidade.

— Eu agradeço, mas ainda não posso voltar pra casa Ariela. Nem tanto por mim e por Henrique. Mas sim, pela minha mãe. Ela está passando por um momento difícil. Ainda não está totalmente recuperada e eu sou a única pessoa que ela tem.

Henrique prometeu que chegaria as nove pontualmente. Ele teria as ultimas aulas vagas e poderia sair mais cedo da faculdade aquela sexta-feira à noite. Melina e as meninas tinham combinando de jantarem juntas no apartamento. Mas agora, ela tinha que esperar por ele. Estava ficando furiosa. Uma raiva que há muito tempo ela não sentia dele.

— Você demorou! Já são quase dez horas. Precisei ligar para as meninas e pedir que elas esperassem mais um pouco.

— Desculpe, Melina – ele a beijou, cumprimentando-a. — Eu tive um imprevisto. Sinto muito. Vamos?

— Vamos – ela sentou-se no carro. — Mas que imprevisto?

— Não vamos falar sobre isso agora, tudo bem? – ele forçou um sorriso. — Vamos! Estou faminto!

O jantar ocorreu normalmente. Ariela e Henrique conversam por um bom tempo, parecia entrosados e se deram bem. Como se nunca tivessem se conhecido ou ficados juntos aquela noite na festa. Melina observava tudo de longe, sorrindo, enquanto conversava com Daniele a respeito do sumiço de Rafael. Ela não sentia ciúmes, pelo contrário, estava muito satisfeita por tudo está dando certo.

Melina foi com Henrique até o apartamento dele. Aquela noite, ela não dormiria ali com ele. Pois prometeu a sua mãe que voltaria para casa e cuidaria dela. Os papeis pareciam ter sidos trocados. Mas Melina não se importava, cuidava da mãe com prazer.

Henrique estava animado, tentava atiçar Melina de todas as formas. Primeiro com um jogo, quem perdesse, tinha que pagar um castigo. Mas algo não saia da cabeça de Melina. E depois de fazer amor com ele, ela não resistiu em perguntar, mesmo que tivesse que cortar a magia harmoniosa entre eles.

— Preciso que você seja sincero comigo – ela sentou-se, levantando o lençol branco para cobrir o corpo. — Eu quero saber a verdade. Afinal, que imprevisto te atrasou hoje mais cedo?

— Você quer mesmo saber? – ele perguntou com ar de cansado. Sentou-se também. — Tá, vou contar. A Bruna. Ela me ligou quando eu já estava saindo da faculdade. Pediu que eu fosse me encontrar com ela, pois o pinel do carro do pai dela havia furado no meio do caminho.

Melina não sabia se ria ou se socá-lo-ia.

— Você é estupido! – ela levantou da cama furiosa, pegando suas roupas pelo chão. — Tão estupido que foi capaz de se atrasar em um compromisso nosso para ajudar sua amiguinha com o pinel do carro dela. Que nem era dela! E sim do pai dela.

Henrique detesta ter que brigar com ela. Sente que às vezes Melina faz de tudo para contraria-lo. Ele acha que ela fica incrivelmente mais bonita quando está irritada. Mas às vezes não suporta o quanto ela é infantil e tem o pavio curto.

Deixou-a ir embora. Não disse nada, nem a impediu e nem tentou se justificar. Melina tinha todo o direito de ter ciúmes do caso que ele teve com Bruna no passado. Ele no lugar dela sentiria o mesmo. O que ela precisava entender é que ele só tinha olhos para ela e não tinha porque temer.

~*~

— Henrique não entende. Eu não suporto essa Bruna. Ela fez de tudo para nos atrapalhar. Liga em momentos desapropriados e passa horas falando com ele ao telefone. Ela sabe que ele esta comigo e faz questão de fazer com que briguemos. O pior é que Henrique não entende, ele não percebe e se faz de ingênuo. Eu tenho medo de perdê-lo. Ciúmes é normal entre um casal. Mas esse não é ponto. O problema é que Thomaz também dizia que me amava que só tinha olhos para mim e que jamais me deixaria por outra. E olha só o que ele fez! Essa é uma ferida que nunca será totalmente cicatrizada.

Nicolas ouvia Melina com atenção. Ela tinha razão. Ele sempre estaria do lado dela. Por mais que gostasse de Henrique, gostava ainda mais, muito mais, de Melina. E estaria com ela mesmo ela estando errada. Pois tem por ela um carinho e uma admiração especial. Mesmo que eles tenham se distanciado. Nada vai mudar.

— Também tenho uma coisa importante para te contar – ele nem sabia por onde começar. Vinha tentando dizer a ela isso há um bom tempo, mas tinha medo da reação dela.

Melina esperou que ele prosseguisse.

— Eu e Analu estamos namorando.

Melina quase caiu para trás. Ficou boquiaberta com a notícia e quando tentou dizer alguma coisa, qualquer coisa, não conseguiu.

Nicolas pediu Analu em namoro há três dias. Nem ele acreditou tamanha sua coragem. Agiu sem antes pensar. E quando deu por si já tinha feito o pedido e ela aceitado.

Eles estavam caminhando pelo parque, dando uma volta com os dois cachorros dele. Ela segurava à fêmea e ele o macho. Conversavam normalmente e sorriam um para o outro.

Analu mexia com Nicolas de uma forma que ele não poderia descrever em palavras. No começo da amizade deles, ele pensou ser impossível algum dia se apaixonar por ela da mesma forma que ela é apaixonada por ele. Mas o tempo foi passando, algumas coisas foram mudando e algo foi brotando dentro de si. Além de boa amiga, boa companhia, ela estava sempre disposta a ajuda-lo, ouvi-lo, compartilhar bons momentos com ele e era disso que ele exatamente precisava desde que Melina passou a se ausentar em sua vida quando ele mais precisou dela por perto.

Após o pedido, Analu que nem acreditou no que acabara de ouvir, soltou a coleira de Linda, a cadela, e saltou nos braços de Nicolas, fazendo-o tombar para trás. Ele a apertou nos braços e enterrou a cabeça no pescoço dela, sentindo seu perfume infantil de bebê.

Gosta dela.

— Você a ama? – Melina perguntou, após ter piscado inúmeras vezes sem conseguir acreditar no que acontecia ali.

Melina não tinha nada de especifico contra Analu. Pelo contrário, no principio gostou dela. Mas com o tempo, não conseguiu de deixar de perceber o quanto Analu a queria bem longe de Nicolas.

~*~

É o dia do aniversário de Daniele.

Melina combinou com Ariela e Nicolas em fazerem uma festinha intima, só entre amigos, algo que pudesse surpreendê-la.

Enquanto Daniele passou a tarde fora, trabalhando, os três amigos organizaram a festinha no apartamento. A decoração branco e rosa - as cores prediletas dela – foi simples, porém muito parecido com uma comemoração que alguém faria a uma criança. Afinal, não comemorariam só o aniversário dela, comemorariam também a aproximação da chegada de Manuela, a bebê. Havia docinhos e salgados por todos os lados, lantejoulas, corações, música de fundo, bexigas, refrigerante e os amigos mais próximos.

Melina passava com a bandejinha de beijinho entre as pessoas, servindo-as, Henrique fazia o mesmo para ajudar, porém segurava os brigadeiros. Melina ficou contente quando ele se mostrou interessado em ajudar. Geralmente os meninos não gostam de ajudar em certos serviços e se fosse Thomaz jamais moveria um só quer dedo para ajudar. Mas com Henrique tudo era diferente e especial.

Ele simpatizava entre os convidados, até mesmo entre aqueles que nem mesmo Melina conhecia muito bem. Henrique esbanjavam sorrisos e fazia amizade com facilidade, sempre gentil e educado.

Melina foi pega de surpresa quando Nicolas chegou um tanto atrasado, na companhia de Analu. Ela lembrou-se da conversa que ela teve com o amigo alguns dias atrás e a resposta que ele a deu.

— Eu gosto dela, Melina. Isso é o que importa.

— Mas você a ama, Nicolas? – ela insistiu.

Ele demorou um bom tempo para responder. Melina esperou que ele fosse sincero e estivesse preparado para responder a sua pergunta que considerou um tanto difícil.

— Eu amo Analu. Amo sim.

Quem eu estou querendo enganar? – Melina se perguntou depois da resposta. Não se sentiu no direito de duvidar do que ele acabara de lhe dizer e nem de se sentir no mínimo enciumada. Nicolas tem todo o direito de amar quem quiser. Ela não tinha porque se meter.

Olhando para eles de longe, vendo-os entrar de mãos dadas, em sintonia, sorridentes. Melina sente uma pontada. Analu e Nicolas formam o casal perfeito. Mas ela seria mesmo a garota certa para ele?

— Tá tudo bem ai? – Henrique se aproxima, com seu hálito doce, encostando o queixo no ombro de Melina.

— Tudo sim – ela sorri. Vira-se de frente para ele e sela aquele momento com um beijo não muito intimo. — Você é a coisa mais bonita que já aconteceu na minha vida.

— Eu nem preciso dizer o que você representa – ele retribui um sorriso afetuoso, segurando firme na cintura dela. — Vai muito mais além do que um dia eu sonhei pra mim.

Ariela confere as horas no relógio em se pulso.

— Galera! Todos calados! Ela já está chegando – a morena corre até o interruptor de luz e apaga. — Fiquem quietinhos...

A porta se abre, Daniele se depara com a escuridão, ela estranha não ter ninguém em casa e nem percebe os risinhos que vem do fundo daqueles que não conseguem se controlar. A loirinha fecha a porta e leva a mão em direção ao interruptor de luz... Vai acendê-la e...

— Surpresa! – todos gritam juntos como um coral, assustando-a. Então ela cai em si e percebe que foi tudo uma armação. Ninguém se esqueceu. Todos se lembraram do dia do seu aniversário.

Cantam os parabéns, cortam o bolo e servem a todos. Alguns grupos conversam entre si, outros arriscam dançar no meio da sala de estar onde os moveis foram afastados, Daniele passa entre os convidados, agradecendo e recebendo os presentes e as palavras de conforto.

— Olhem só esse aqui – Daniele ergue o vestidinho cor de rosa cheio de borboletinhas que ela ganhou de umas das muitas amigas da faculdade. — Não é lindo?

As meninas se reuniram no quarto, todas sentadas na cama de Daniele, em volta dos tantos presentes que ela ganhou tanto para si quanto para a filhinha que está por vir.

Todas suspiram, encantadas.

— Melina? – Nicolas entra no quarto depois de dar umas batidinhas na porta. — Tem uma visitinha pra você.

A festa ainda não terminou e nem tem hora para acabar. Melina levanta-se e acompanha Nicolas até a sala onde os convidados ainda se divertem. Ela não faz perguntas e ele também não diz mais nada. Mas parece preocupado. E ela teme quem seja essa tal visitinha.

Melina avista Marcela em um canto da sala, junto daquela secretária de Thomaz, Rebeca, e ele próprio comendo um pedaço de bolo e tomando refrigerante.

— Quem o convidou? – Melina se vira para Nicolas, assustada e ao mesmo tempo perdida.

— Eu não sei. Mas já posso imaginar. Adivinhe só – ele refere-se a Marcela. A falsa e traidora.

Melina não sabe como reagir. Não sabe se no mínimo tenta ser simpática e amigável com os novos convidados ou se os expulsa dali. A última opção lhe parece um tanto grosseira.

— Não faça nada a respeito. Deixe que eles se divirtam. Se causarem qualquer problema, tentaremos resolver – Nicolas disse como quem lhe seus pensamentos.

Analu se aproxima saltitante, joga os braços em volta do pescoço de Nicolas e o beija sem qualquer tipo de constrangimento. Mesmo com Melina ali, do lado, parece até que faz por provocação.

— Vou deixa-los a sós. – ela se afasta, mas sabe que eles não a ouvem.

Melina procura por Henrique, e o vê próximo a Ariela e mais algumas pessoas, conversando e rindo. Ela dá um passo a frente indo direção a eles, mas é interrompida por uma muralha.

— Você está linda essa noite, Melina. Como sempre – Thomaz beija seu rosto sem que ela esperasse.

Melina veste um vestido azul cor de céu de alcinhas e uma sapatilha branca. No centro da cabeça ela tem uma tiara com um laço.

— Obrigada, Thom. Você também não está nada mal.

Ele agradeço com um sorriso.

— Está feliz? Quero dizer, está feliz com o novo namorado?

— Sim, estou – ela evita olha-lo, apesar de saber que isso significa submissão, como quem está amedrontada. De certa forma sim, teme que ela aja de má fé. — E você, está feliz?

— Eu não preciso te responder, você já sabe qual é a resposta.

No fundo, ela se sente culpada.

Henrique se aproxima com os punhos serrados. Ele respira fundo tentando ao máximo manter o autocontrole. Ele não suporta Thomaz e detesta tê-lo por perto. Sabe que ele ainda ama Melina e sabe que ele é capaz de muitas coisas para tê-la outra vez.

— Atrapalho? – ele se coloca ao lado da namorada.

— De forma alguma – ela sorri, aliviada por ele ter chegado. Melina procura por suas mãos. — Bom, aproveite o resto da festa, Thom.

Ela se afasta com Henrique.

~*~

— Filha, eu já não sei mais por quanto tempo posso suporta essa situação – Verônica se queixa, remexendo-se sobre sua grande cama. — Sinto falta de Jonathan. Mas ele não sente a minha.

— Talvez sinta, só espere que você demostre o mesmo – Melina já sabe de toda história. E até entende o pedido de tempo de Jonathan. Ele quer, como qualquer pessoa, saber que a pessoa que ama, também o ama e demostre isso. Não importa se na mesma intensidade, o que valem são os gestos, muito mais que as palavras.

— O que você acha eu deva fazer?

— Simples: demostre seus sentimentos, surpreende-o, faça uma loucura de amor, dê presentes a ele, telefone, escreva uma carta. Ou simplesmente mova-se. Corra trás de quem você ama! Chega mãe, chega de pedir sem fazer nada em troca. Jonathan está cansado! Mostre a ele que dessa vez é diferente.

— Não sei nem por onde começar querida.

— Eu posso te ajudar, mamãe.


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Notas finais do capítulo

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