Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 36
A traição que destruiu o amor


Notas iniciais do capítulo

Capítulo longo, fiquei empolgada. Espero que não se torne cansativo.



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Henrique foi embora um pouco depois da ultima pergunta que fez a Melina. Como ela não sabia responder, ele não insistiu, já que ela estava confusa demais com a conversa que teria com o namorado dali algumas horas. Ele se foi, depois de certificar que ela ficaria bem. Mas as respostas que ele buscava para suas tantas perguntas, delas ele não iria desistir facilmente.

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Melina foi dormir logo depois que ele se foi, sentindo-se esgotada e um tanto frustrada por não saber responder a Henrique. As respostas que ele buscava eram as mesmas que todos esses anos ela tentou responder a si mesma e não soube.

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Ela acordou no dia seguinte com Daniele chamando por seu nome e cutucando-a.

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— Meli, acorda! Acorda! – a voz da amiga era distante. Muito distante. — Thomaz esta ai. Quer falar com você!

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Thomaz? Melina deu um pulo da cama, esfregou os olhos e encarou sua amiga sem acreditar no que ela dizia.

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— Peça a ele para entrar! Vou escovar os dentes.

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— O.K. E, podem ficar a vontade por aqui. Eu vou sair com Ariela, vamos comer algo fora. Eu até iria chamar você, mas Thomaz chegou primeiro. E Marcela não aparece há dois dias. Eu duvido muito que ela volte hoje. Então, a casa é de vocês. Aproveitem.

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Melina correu até o banheiro, lavou o rosto, escovou os dentes e passou por de arroz no rosto para esconder resquícios da noite mal dormida.  Ao voltar para o quarto, encontrou com Thomaz de costas, em pé, encarando o mosaico de fotos que ele dera a ela no aniversário de namoro.

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— Thom? – ela chamou a atenção dele. Por alguns segundos, que pareceram demorados, Thomaz virou-se de frente para ela.

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Melina correu para abraça-lo. Envolvida na saudade e nas preocupações ela mal percebeu que o abraço entre eles não era mais o mesmo abraço envolvente de antes. Agora com menos emoção.

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— Você está bem querido? – ela deu um passo para trás. — O que está acontecendo? Porque veio até aqui? Porque precisava tanto conversar comigo?

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Thomaz sorriu torto.

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— Calma, Melina. Você acabou de acordar não é? Eu cheguei mesmo muito cedo para uma manhã de sábado. Eu trouxe uns pãezinhos para você e tem café fresco também.

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Ao pensar em levar pães antes de chegar ao apartamento de Melina, Thomaz acreditou que assim poderia recompensa-la de alguma forma pelo que estava prestes a confessar. Não seria fácil. Durante toda a viajem até ali, ele sentiu-se oprimido, estava nervoso, ensaiou diversas vezes por onde começar a falar e como dizer da melhor forma que havia traído aquela quem ele amava.

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Os dois sentaram-se na mesa. Os fracos raios solarem entrava pela janela e refletia em toda a cozinha.

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— Eu não consigo! – ela deixou o pãozinho de lado. Por mais faminta que estivesse, muitas coisas assombravam sua mente. — Fale logo o que você quer Thomaz!

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— É complicado! – ele abaixou o olhar. Sua presença diante da namorada só aumentará sua tensão. Seu coração batia rápido e suas mãos soavam frio. Thomaz queria desaparecer ali.

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— Você não vai chorar, não é? – ela olhava fixamente para ele e não deixou de notar o quão ele estava diferente. Parecia bem mais velho, acabado ou destruído. Seria alguma coisa no trabalho? Com a empesa? Com sua saúde? Melina balança as pernas nervosamente.

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Thomaz começou a chorar. Não pode evitar. Jamais teria as palavras certas para justificar o quão sentia-se culpado por sua traição. Não suportaria ver Melina sofrer. Teria coragem, ali diante dela, de lhe contar toda a verdade? Parecia impossível. Sabia que esconder a traição era uma tentadora opção. Mas seria a melhor? Não! Ele não poderia esconder por muito tempo. Logo todos descobriram e seria ainda pior para sua amada.

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Melina seria capaz de perdoa-lo? E mesmo que perdoasse, ele teria coragem de conviver com a culpa? Não! Não! E Não! Thomaz nunca mais teria coragem de olha-la nos olhos depois da verdade. Por mais que, caso ela insistissem em continuar o relacionamento, ele não teria coragem de levar a diante depois de tudo que fez.

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Melina levantou-se e abraçou o namorado. Vendo-o chorar, fazia com que ela tivesse vontade também de chorar. Algo muito ruim estava acontecendo e ele não sabia como dizer. Isso estava estampado em seus olhos cor de piscina agora mais lúcidos com as lagrimas. O melhor seria esperar que ele sentisse bem o suficiente para falar. Ela aguardaria o tempo que fosse preciso.

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— Melina – ele a chamou entre soluços. — Eu te traí.

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Melina não teve muita certeza do que ouviu. Amparava o namorado, passando os dedos entre seus fios claros quando ouviu o que ele disse. Melina acreditou que ele levaria bem mais tempo para falar qualquer coisa, mas foi rápido, rápido até demais.

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— O que você disse querido? Eu não entendi. – ela se afastou, olhando para ele. Thomaz enterrou a cabeça nos braços sobre a mesa.

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Seus soluços aumentaram, assustando Melina ainda confusa.

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— Eu te trai Melina. – ele falou explicitamente ao levantar a cabeça, o rosto recoberto de lágrimas, os olhos vermelhos inchados fixados nos dela.  Seus lábios tremiam ao dizer. — Trai.

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Melina soltou um risinho. O que Thomaz estava tentando lhe dizer? Ela realmente não sabia onde ele queria chegar com aquela brincadeira. Ainda assim, sentiu-se perder o equilíbrio e volto a se sentar de frente para ele, em outra cadeira.

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— Não consigo entender, Thom. – ela falou baixinho, confusa e assustada. — Me explica melhor.

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— Simples: eu traí você. – ele repetiu vagarosamente. — Sabe a minha secretária? Rebeca? Nós ficamos juntos! É isso! Beijamo-nos... Me senti envolvido e acabei cedendo aos encantos dela. Sim, sem pensar em você. Só me arrependi depois. Mas não espero que você me perdoe e me entenda porque o que eu fiz não tem volta. Eu tentei me segurar por um bom tempo, mas acabou acontecendo. Eu te amo, sempre vou amar. Mesmo que você me odeie pelo resto da vida. Tudo bem, eu posso conviver com isso. Vou pagar pelo meu erro. Eu não queria que você sofresse...

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— Cala essa boca! – Melina pediu calmamente, com a voz embargada. Thomaz falava depressa demais, ela mal conseguia acompanhar a linha do seu raciocino.

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— Melina, espera. Me escuta!  – ele levantou-se, ainda chorava. Foi até ela, tentou toca-la, mas foi surpreendido por um movimento rápido de Melina que acabou derrubando a cadeira que ela estava sentada e levantou-se, dando de costas para ele.

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— Então era isso que você tinha a me dizer? – ela perguntou, ainda muito calma. Mas não conseguia olhar para ele. Sentia-se como um animal ferido. — Estava se sentindo culpada nos braços de outra e veio até aqui para me contar tudo pessoalmente?

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— É isso! Mas tem mais! Eu só quero que você saiba que eu não fiz por mal. Todo o tempo eu pensei em como evitar não fazer você sofrer, mas eu não tinha escolhas, além de lhe contar toda a verdade. Eu não poderia esconder por muito tempo! Uma hora ou outra você descobriria e achei melhor contar o quanto antes... Mas eu amo você! Eu sempre amei você. Eu já deveria ter imaginado que contratar Rebeca, uma mulher sensual como secretária seria perigoso. Mas eu resolvi arriscar, pois tinha certeza do nosso amor e....

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— É isso que você chama de amor? – ela virou-se de frente para ele. Sem um pingo de lágrimas dos olhos. Estava fria e rígida.

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Ao saber da verdade, Melina poderia agir como muitas outras: bater em Thomaz, quebrar os copos, destruir a casa, arrancar os próprios cabelos, cair em prantos, fuzila-lo de xingamentos ou qualquer coisa do gênero. Qualquer coisa que uma mulher traída teria o direito de fazer. Mas pelo contrário, Melina estava calma. Tentava assimilar as informações e se manteve firme, com postura. Ela só não sabia por quanto tempo seria capaz de ser tão... Forte.

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— Não duvide do que eu sinto por você, Melina! Nunca duvide! – aos poucos, ele tentava se aproximar. Ela se afastava com alguns passos. Não queria ser tocada. Não por ele. — Eu te amo! Não vim aqui atrás do seu perdão, vim até aqui para lhe contar toda a verdade!

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— Ah. – ela suspirou. — Então é isso? – sua garganta essa seca, como se tivesse com nós. — Você já pode ir. E de qualquer forma, agradeço pela coragem de contar tudo o quanto antes.

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— Você não vai dizer mais nada...?

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— Não! Não estou em condições de dizer nada! Nem de humilha-lo e nem de recrimina-lo. Talvez, você tenha feito o que fez por eu nunca ter sido o suficiente para você...

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— Não! Você não está entendendo...

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— Mas tudo bem. Eu já podia esperar alguma coisa do tipo, já que nosso relacionamento não estava lá essas coisas. No fundo, eu tinha esperança que melhorasse... Mas acabou antes. – ela finalmente olhou para ele. — Por favor, Thomaz, agora, vai embora.

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— Você tem certeza? Eu gostaria de...

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— Vai. Embora. Agora.

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 Ele assentiu e se arrastou até a saída. Melina o observava sair de sua vida em câmera lenta. Ela podia gritar, atirar algum objeto cortante dele, insulta-lo ou pedi-lo para voltar, que explicasse a historia melhor e alegar a ele que seria capaz de perdoa-lo, daria uma chance... Mas não teve coragem de fazer absolutamente nada. Não tinha forças.

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Thomaz voltou pela ultima vez para trás antes de sair. Viu o quanto Melina estava intacta mesmo depois de saber da traição. Ele já esperava essa reação. Sabia que Melina não era como as outras, ela sempre foi diferente. E ele sempre a admirou por isso. Por essa razão ele sentiu-se mais motivado a conta-lhe toda a verdade cara-a-cara. Mas no fundo sabia que ela estava destruída. Por sua causa.

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Ao vê-lo partir, Melina olhou para os lados a procura de qualquer resquício de que aquilo não passava de um terrível pesadelo. Ela fechou os olhos e tentou voltar à realidade. Quando os abriu teve mais do que certeza do que acabara de acontecer: seu namoro de dois anos havia acabado definitivamente.

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No quarto, Melina olhou em volta muito calmamente. Viu o mosaico de fotos e ficou olhando para ele por um bom tempo. Cada foto lhe trazia a lembrança de um momento bom que tinha vivido ao lado de Thomaz. Ela jamais seria capaz de destruir aquilo, pelo menos não agora. Sobre sua cama tinha dois ursinhos de pelúcia que Thomaz também havia lhe dado em momentos especiais. Os dois bichinhos tinham o perfume dele, ela poderia atira-los longe, mas apenas deixou os de lado e jogou-se sobre a cama de bruços.

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As primeiras lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.

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Era como em um filme: flashes de momentos vividos ao lado de Thomaz passavam por sua cabeça com um fundo musical. A música de namoro dos dois: Over My Head (Cable Car) The Fray. Melina se lembrava dos sorrisos, dos abraços, os carinhos, os beijos, a primeira noite de amor, todos os presentes, dos telefonemas, das brigas, discussões e dos momentos em que faziam as pazes, pois não conseguiam viver muito tempo sem a companhia um do outro. Como ela seria capaz de viver sem tudo aquilo? Juntos eles criaram muitos laços, sonharam com o futuro juntos, fizeram planos e promessas que se acabaram repentinamente por um ato mal pensado.

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Seu choro aumentou com as lembranças. Lágrimas e soluços a sufocavam. Havia um nó apertado em sua garganta.

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Melina queria poder esquecer tudo aquilo ou correr atrás para que nada se perdesse. Pensou em sufocar a cabeça com o travesseiro na tentativa de se livrar das lembranças. Mas não foi possível. Uma raiva repentina tomou conta de si. Ela sentou-se na cama, olhou para os lados e teve vontade de destruir tudo. Como se estivesse louca.

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Ela sempre foi uma boa namorada: prestativa, carinhosa, romântica, atenciosa, paciente, o respeitou, o amor, teve esperança de dias melhores, se dedicou, se entregou de corpo e alma. Confiava em Thomaz melhor do que ninguém, contou-lhe segredos, planos, sonhos, vontades. Deitou-se com ele pela primeira vez e eles fizeram amor ardentemente. Thomaz foi seu primeiro e único homem.

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Mas eu nunca fui o suficiente.

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Pensando bem, Melina concluiu que o esforço que sempre fez nunca foi o suficiente para ele. Thomaz a trocou por outra, colocou tudo a perder por outra, preferiu outra, deitou-se com outra, destruiu o amor deles por outra. E tudo por quê? Porque ela não foi o suficiente.

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De certo modo também se sentia culpada como se tivesse o traído por ter se apegado a Nicolas enquanto Thomaz esteve ausente. Antes, tudo rodava em volta do namorado. Ele era seu melhor e único amigo depois de seu pai. E quando o relacionamento deles foi ficando diferente, menos intenso, Melina fez de Nicolas seu porto seguro, sua calmaria, seu melhor amigo, seu protetor, o presente dos céus.

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Também teve Henrique. Melina se encontrou com ele, sentiu-se atraída e envolvida apesar de nunca terem ficados juntos. Melina admirou a beleza de Henrique, sentiu-se mexida ao seu toque, sentiu saudades da historia que eles nunca tiveram e se reencontrar com ele fez com que ela tivesse vontade de reviver o passado de outra forma, talvez com mais intensidade e profundidade. Fazer daquela ocasião uma oportunidade que eles nunca tiveram antes.

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Isso tudo não poderia ser considerado também uma traição?

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Melina culpou-se. Culpou-se por ter levado a diante o reencontro com Henrique e por ter feito Nicolas seu melhor amigo quando ela deveria ter estado mais presente na vida do namorado sempre ocupado com o trabalho. Melina deveria ter desconfiado da tal secretária e ter evitado que Thomaz tivesse se envolvido com ela. Pensando bem, Thomaz não é o único culpado.

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Eu quero dormir por uma eternidade. 

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~*~

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Marcela chegou em casa sorridente, já sabia de tudo que havia acontecido. Pois Rebeca tinha telefonado para lhe contar assim que Thomaz garantiu que voltaria para o Rio de Janeiro dali algumas horas.

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O apartamento estava vazio quando ela entrou. Pensou que encontraria tudo revirado, rasgado, quebrado. Pois Melina tinha todo o direito de ter surtado com a verdade. Mas se decepcionou quando viu tudo em ordem, limpo e organizado.

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Curiosa, Marcela foi até o quarto da outra. Viu Melina adormecida sobre a cama. De longe pode ver seu rosto molhado. Bel, a cachorrinha, estava deitada ao lado da dona. Marcela quase poderia ter sentido pena da colega, mas não sentia. Estava se sentindo melhor do que nunca. A infelicidade da patricinha era sua felicidade.

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Melina acordou com o barulho que vinha da cozinha ou da sala de estar. Alguém cantarolava alto. Seria alguma das meninas? Ela sentou-se na cama sentindo uma forte dor de cabeça e decidiu que iria tomar algum remédio.

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— Melina! Oh, que surpresa – a morena abriu um largo sorriso, desligou o som e deixou sua arrumação de lado. — Você tá bem?

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Marcela nunca arrumava nada além do seu quarto. Melina estranhou a alegria da morena e encaminhou até a cozinha.

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— Não muito! – Melina respondeu. E massageou as têmporas. — Estou com dor de cabeça. Sabe onde fica a caixinha de remédios?

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— Ali – Marcela apontou. — Deixa que eu pego pra você. – de repente Marcela estava tão simpática.

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— Obrigada. – ela agradeceu. Pegou um copo e encheu com água, depois jogou o remédio na garganta e tomou.

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— Você terminou com Thomaz, não é? – Marcela perguntou curiosa. Melina já havia esquecido e agora...

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— Como você sabe? – ela arqueou uma das sobrancelhas. — Eu não contei isso a ninguém. Estava dormindo e...

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— Eu não sei. – Marcela desconversou. Quase estragou tudo. — Pela sua carinha deduzi que... Teriam terminado.

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— É. Terminamos. – Melina forçou um sorriso. — Mas não se preocupe. Eu vou ficar bem.

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— Eu sei que vai. – Marcela deu de ombros, ainda sorria. — Afinal, você tem o Nicolas... E o tal de... Henrique.

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— O que você quer dizer com isso?

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— Que basta escolher entre um deles.

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Melina evitou se estressar, não deixaria que Marcela a abalasse ainda mais com suas ironias.

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— Olá! – alguém entrou pela porta. As duas garotas se viraram para olhar. — Melina vamos dar uma volta de moto? Eu pensei que...

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Nicolas olhou bem para Melina, ignorando completamente a presença de Marcela.

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— O que aconteceu com você? – ele perguntou com os olhos fixados nos dela.

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— Nick, me tira daqui. Agora. – ela se jogou nos braços dele e voltou a chorar desesperadamente.

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Melina subiu na garupa da moto de Nicolas e ele a levou para o primeiro lugar que lhe veio à mente longe dali: uma praça pouco movimentada. Eles sentaram-se num banco de concreto um do lado do outro. Nicolas ainda não havia feito nenhuma pergunta.

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— O que aconteceu? – ele lhe tocou o rosto. O rosto de Melina estava banhado pelas lágrimas. — O que houve? – ele insistiu.

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Melina tentou contar-lhe os motivos do termino do namoro com Thomaz no máximo de palavras que conseguiu colocar pra fora acompanhado de seu sofrimento, o choro e os soluços.

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Quando por fim ela finalizou relatando tudo que lhe vinha à cabeça como uma maré forte, Nicolas a aninhou em seus braços e afagou seus cabelos. Tentando acalma-la. Mas não sabia o que lhe dizer. Nada parecia o suficiente ou ideal para o momento.

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Enquanto Melina ainda chorava compulsivamente molhando a camiseta de Nicolas, ele pensava em maneiras de tomar-lhe a dor para que não tivesse que sofrer ainda mais. Não era justo o que acontecia com ela. Melina tem um bom coração e não merecia aquela traição, a dor, o sofrimento. Ela está estava em prantos e ele mal saber o que fazer para alegra-la. Se é que seria possível fazê-la feliz naquele instante, parecia pouco provável.

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Nicolas pensa o quanto Thomaz foi insensível ao se arrepender somente depois de seu ato mal pensando. Deveria ter pensando nas consequências antes mesmo de trair Melina ao menos poupa-la. Que terminasse o relacionamento antes. Melina lhe parecia à namorada ideal, como ele foi capaz?

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E pra piorar, ela estava se sentindo insuficiente. Como já não bastasse ter sido traída por aquele que ela sempre amou, ainda sentia-se pior por acreditar não ser sida uma boa namorada. Melina se culpa e isso faz com que Nicolas sinta um aperto no coração. Como se fosse possível ela não ser boa. Impossível. Nicolas não consegue imaginar que Melina tenha falhado em algum ponto. Pelo contrário, Thomaz foi culpado. Mas não cabe a ele julga-lo, por mais que nunca tenha gostado dele.

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— Você quer que eu diga algo? – ele perguntou ao ver que ela estava se acalmando aos poucos. Como quem está esgotada de tanto chorar, de se tortura, de sofrer.

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— Não precisa. – ela força um sorriso. Ele retribui, ajeitando os cabelos desalinhados de sua amiga. — Te ter ao meu lado já é o suficiente. Obrigada, Nick.

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Ele voltou a abraça-la. Desejando que ela pudesse ficar ali, acolhida em seus braços por toda eternidade. Assim impediria que qualquer um a fizesse sofrer injustamente. Nicolas seria capaz de proteger Melina do que fosse preciso. Nunca mais a deixaria e nem a soltaria. A abraçaria para todo o sempre.

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O celular tocou.

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Eles se entreolharam, como se perguntassem um ao outro qual dos celulares seriam. Nicolas sentiu uma vibração dentro da bermuda jeans e arrancou de dentro do bolso seu aparelho móvel.

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Analu.

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— Não vai atender? – ela olhou para ele, curiosa. Melina limpou os olhos cuidadosamente, com a manga da blusa branca.

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— Não. Não é importante. – ele desligou o celular e voltou a guarda-lo dentro do bolso. — Você precisa de mim, nesse momento, mais do que qualquer outra pessoa. Eu tenho e devo que ficar ao seu lado sempre que necessário.

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Melina não tinha palavras para agradecer Nicolas. Em meio a tanta dor, uma dor que ela pensou ser invencível, ele ainda tinha o dom de arranca-lhe um simples sorriso. Sem precisar forçar.

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Esgotada, Melina deitou-se sobre sua cama e Nicolas a cobriu com um lençol fino estampado. Ainda era cedo, mas ela não tinha forças para fazer mais nada. Só conseguia se imaginar fechando os olhos na tentativa de esquecer aquele pesadelo em que estava vivendo.

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— Prometa que vai ficar tudo bem? – Nicolas perguntou, aproximando seu rosto do dela.

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— Não posso garantir isso. – ela tinha a voz fraca, quase um sussurro. — Mas obrigada mesmo assim, por ter me suportado durante toda a tarde. – um sorriso bobo brincou em seus lábios.

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— Se ainda precisar de mim me ligue, a qualquer momento, pode ser até durante a madrugada. Eu venho correndo. Mas ligue mesmo, não me deixe preocupado.

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— Tá. – ela suspirou, cansada.

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— Descanse. – ele depositou em sua testa um beijo suave, molhado e caloroso. Diferentemente de Henrique, o toque de Nicolas era sempre mais quente. Depois, Nicolas se foi com o coração partido por ter que deixa-la sozinha.

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Notas finais do capítulo

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