Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Desde já, peço desculpas caso encontrem erros ortográficos. Eu tenho o costume sim de revisar todo o texto, mais de uma vez. Mas as vezes, algumas coisas passam despercebidas.



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Melina se deparou com um campo de visão amplo, uma densa vegetação a sua frente rodeada por colinas altas e um caminho de pedra a seguir. O céu sobre sua cabeça era de um azul reluzente com raios solares cintilantes e de poucas nuvens. Ela não fazia ideia de onde estava, nunca havia visto aquele lugar antes.

A jovem garota usava um vestido branco sem estampas e os pés estavam descalços. Os cabelos longo soltos emolduravam sua cintura bem delineada. Melina olhou para um lado e depois para o outro. Mas não viu ninguém e nada que pudesse ajuda-la a se identificar onde estava. O lugar era deserto, vazio e silencioso. Porém uma das paisagens naturais mais bonitas que ela já presenciou em toda a vida.

Ela decidiu que iria a busca de ajuda ou de alguma saída e seguiu em frente pelo caminho de pedras. Sempre olhando para os lados a procura de algo ou alguém e admirando as diversas flores a sua volta e as altas árvores coberta de frutos.

— Olá – sua voz ecoou diversas vezes. Melina não obtém nenhuma resposta. — Alguém ai?

No alto ela ouviu o cantarolar de uma águia sobrevoando. Em seguida viu a vegetação a sua volta se movimentar. Não sabia se eram os bichos terrestres, o vento sobrando forte ou se alguém estaria a perseguindo. Ficou confusa e assustada. Melina não sabia para onde recorrer. Sentia-se tão sozinha e solitária. De repente teve vontade de chorar, mesmo assim continuou sua caminhada em frente.

No final da trilha Melina viu um grupo de borboletas azuis turquesa, elas dançavam no ar. Ela tentou se aproximar, mas elas se afastaram assustadas. Nesse exato momento, Melina ouviu o som da água. Poderia ser um rio, uma lagoa ou uma cachoeira. Foi em busca entrando pela mata e se deparou com um riacho. E de longe viu que alguém se banhava.

Logo Melina reconheceu o jovem de olhos azulados e pele levemente bronzeada e os cabelos dourados. Ele estava de costas à beira do riacho.

— Thom? – ela arriscou. Gritando por ele. — Thomaz!

O garoto olhou depressa para trás e quando viu que era ela, abriu um largo sorriso e venho ao se encontro o mais rápido que pôde.

Melina se encaixou perfeitamente nos braços malhados do seu namorado. Permaneceu ali, acolhida, sentia-se protegida e aliviada por ter o encontrado. Antes de encontra-lo sentia-se tão perdida, tão angustiada, pensou que estava sozinha e sentiu muito medo.

Thomaz como quem lê seus pensamentos beijou o alto de sua cabeça e acarinhou seus longos cabelos finos e castanhos.

— Que bom que você está aqui comigo! – ela deu um passo para trás, para poder olhar nos olhos dele. Os dois estavam sorridentes. Melina nunca havia se sentindo tão satisfeita. — Onde estamos querido?

— Fale baixinho – a expressão de Thomaz mudou repentinamente de feliz para preocupado. — Temos que tomar cuidado...

— Cuidado com o que Thom? – ela perguntou curiosa, voltando a se aninhar nos braços dele, amedrontada.

Antes que ele pudesse responder, em questão de segundos o céu de azul celeste transformou-se em preto carvão. Um raio se partiu no centro do céu a fazendo saltar de medo. Bruscamente Thomaz se afastou de Melina. E ela ficou sem entender por que.

— Parece que uma tempestade está vindo por ai. Vamos procurar um lugar para nós abrigar.

Quando ela ia agarrando a mão dele para juntos saírem dali, ele recuou. Tinha uma expressão intrigante. Melina não conseguia entender o que estava acontecendo ali. E mais uma vez outro raio se partiu fazendo um estrondo de tremer a terra.

— Thom... O que você tem? O que está acontecendo aqui? – Melina não sabia com o que mais se preocupar: se com a indiferença do namorado ou a tempestade que se aproximava rapidamente.

Ele, por sua vez, permaneceu imóvel olhando friamente para ela sem qualquer contentamento, parecia não se preocupar com a tempestade. Melina não conseguia reconhece-lo. Tinha tantas perguntas a fazer, mas que ele não estava disposto a responder.

— Thom... Você é tudo que eu tenho. – ela sentiu os olhos se encherem de água. — Vamos sair daqui. Agora.

— Eu não quero Melina. Vai você. Sozinha.

Ela ia questionar quando um raio caiu bem no meio dos dois e por pouco não atingiu a ela. Melina apenas caiu no chão com o impacto, sujando todo o vestido que ficou enlameado e tentou se proteger. Uma garoa fria e grossa caia depressa do céu.

Quando ela abriu os olhos, viu que o céu estava ainda mais assustador, com relâmpagos no horizonte de arrepiar. Viu de relance Thomaz correndo para o meio da vegetação, como se ele tentasse fugir dela, como uma presa ferida, se refugiando.

Melina se levantou depressa e mesmo com dificuldade de correr em meio ao mato com os pés descalços e a chuva lhe molhando a roupa e os cabelos, ela o perseguiu o mais rápido possível gritando por seu nome. Mas Thomaz era mais rápido e mais ágil, corria cada vez mais depressa, em meio à escuridão, ele se penetrava no meio da vegetação, ficando praticamente invisível.

— Thomaz! Me espere! – ela gritava tropeçando em galhos secos e raízes grossas de arvores.

Mas ele nem olhava para trás. Ou, não conseguia escuta-la pelo forte barulho da chuva ou ele a ignorava completamente. Melina não sabia se ficava furiosa ou se debruçava para chorar de medo.

Estava quase perdendo Thomaz de vista, com as lágrimas já escorrendo pelo rosto, a garganta já estava seca e sem força para continuar a gritar por ele. Os pés de Melina sagravam e ardiam. Ela estava cansada e ofegante. Já não podia suportar o peso do próprio corpo depois da interminável corrida.

Nunca se sentiu tão desesperada, tão inútil, amedrontada e incapaz. Sentia vontade de matar Thomaz, que pela primeira vez, estava a deixando na mão, para trás. Ele nunca fora assim antes. Muito pelo contrário. E agora, quando ela mais precisava de alguém e só podia contar com ele, ele fugia, se escondia como quem não quer ela por perto. Mas porque? 

Uma espessa chuva se iniciou sujando ainda mais o vestido de Melina. Com a escuridão ela já não conseguia enxergar mais nada a sua volta. Perdera completamente Thomaz de vista. Ele foi melhor na corrida do que ela. O vento uivava forte e fazia seu corpo estremecer de frio.

— Thomaz! – ela gritou pela ultima vez ao erguer os braços para os céus e levantar a cabeça deixando a chuva levar-lhe a alma. — Alguém, por favor, me ajude!

Melina soluçava engasgada com o próprio choro. Ela se ajoelhou no chão, vencida pelo cansaço. Com seus pés feridos e sua roupa e cabelos ensopados e sujos.

Naquele momento, tomada pelo medo, a dor e desespero, ela só pensava em seus pais e o quanto gostaria que eles estivessem por perto para protegê-la. Não fazia a menor ideia de como havia chegado á aquele lugar desconhecido tomado pela escuridão e porque Thomaz havia a abandonado.

Os raios ecoavam no céu. E uma voz doce e serena falou com Melina dentro de sua cabeça: Vamos lá! Não desista! Continue! Você consegue. Não duvide de sua capacidade.

Com um impulso que veio de dentro foi o que ela fez. Melina não era de desistir fácil, não tinha porque fraquejar agora, quando mais precisava sair daquele lugar desértico. Levantou-se, ajustou o vestido sujo e molhado ao corpo e resolveu continuar. De alguma maneira ela precisava encontrar um lugar para ficar, até que sua família a encontrasse para salva-la.

Melina passou com dificuldade por algumas árvores, alguns arbustos, pisoteou sem querer em algumas flores. O maior problema é que não conseguia enxergar absolutamente nada. A chuva forte não colaborava e o vento também não facilitava sua busca.

E de repente, como se abrisse uma cortina, ela saiu da escuridão para uma parte isolada, completamente iluminada. Como se estivesse no céu, Melina não via mais nada, além de fumaça por onde ela andava, como se fossem nuvens, só que na superfície.

Ela suspirou aliviada olhando para um lado e para o outro. Aquele lugar de alguma forma a reconfortava tinha um cheio doce  agradável. O lugar era mais calmo, nada de tempestades, nada de vegetação, nem animais. Apenas a imensidão do infinito.

Quando ela ia perguntar por alguém, viu duas luzes se acederam a sua frente, como faróis, bem distantes. E se calou. Uma das luzes, a da esquerda, era vermelha. A luz da direita, azul.

Melina ficou com receio de se aproximar de qualquer uma delas, ambas incandescentes, incomodavam sua visão; ambas transmitiam calor, que aqueciam a pele de Melina.

Impressionada e ao mesmo tempo intrigada, ela nem percebeu que estava de vestido trocado. Usava agora um vestido cor pêssego, a pele estava limpa e os cabelos bem penteados. As feridas nos pés eram inexistentes, possibilitando-a de caminhar na direção a qual fosse mais favorável, a seu critério.

Ela logo entendeu que tinha que fazer uma escolha. Optar ou por a luz vermelha ou a azul. As duas eram bonitas, as duas eram desejáveis, as duas fortemente a atraia, as duas a enfeitiçava de tal maneira que ela não conseguia se decidir, nem escolher. Gostaria de ficar com as duas. Não queria ter que se decidir. Pois no fundo, algo lhe dizia, que caso escolhesse uma delas, poderia se arrepender por não ter escolhido a outra. Melina estava confusa.

Será que alguma delas é o caminho de volta para casa? - ela se perguntou intrigada.

Ainda de longe ficou olhando para as duas luzes, incerta de qual decisão tomar. Sentia que seu tempo estava acabando. E que ela precisava se decidir de uma vez por todas. Mais qual? Gostava das duas cores. Eram suas prediletas.

Você precisa se decidir logo menina – uma voz lhe aconselhou suavemente, como se viesse do alto ou talvez de um alto-falante.

— Não sei qual devo escolher – o coração da garota estava acelerada. Ela se sentia divida em duas tentações inquestionáveis.

Nunca antes Melina havia se deparado em tal situação de uma decisão tão difícil, mas sentia-se tentada, como se pela primeira vez, tivesse que tomar uma decisão que seria a mais importante de sua vida. Se não a mais, uma das mais importantes.

— Decida-se logo – a voz pediu pacientemente. — A sua escolha será muito importante para você. Ela refletirá em todo seu futuro. Apenas siga seu coração. Você sabe qual a decisão certa a tomar. Sempre saberá, por mais difícil que seja. A resposta está em você.

Parece simples, falando assim.

Melina encolheu os ombros, abaixou o olhar e se pôs a pensar. Seu corpo todo tremia e suava frio. A voz não tinha razão. Ela não sabia a decisão certa a tomar, nunca saberia. Melina tem medo de fazer a escolha errada, de destruir seu futuro e sua mãe culpa-lhe pelo resto de sua vida por não ter pensando melhor.

Ela queria fugir dali, daquele lugar desconhecido, que acalmava seu coração por sua beleza e ao mesmo tempo a apavorava por coloca-la em uma situação difícil. Sentiu que os olhos se enchiam rapidamente de lagrimas impossíveis de conter.

 A voz doce e serena voltou a martelar dentro de sua cabeça: Vamos lá! Não desista! Continue! Você consegue. Não duvide de sua capacidade.

Melina ergueu a cabeça, olhou para as duas luzes reluzentes a sua frente, analisou-as com calma. Pensou em todas as possibilidades de cometer a decisão certa e a errada. E quais consequências teria de sofrer independentemente da escolha.

Por fim concluiu que valeria a pena, qual quer que fosse sua escolha. Se ela não arriscasse, nunca saberia o que estava por vir, o que lhe era reservado. Caminhou devagar em direção a sua escolha. Seu coração falava alto a resposta da qual ela precisava ouvir. Melina de repente nunca se sentiu tão certa do que estava prestes a fazer.

Só mais uns passos e...

— Não! – ela gritou alto, estava apavorada. Suava frio e chorava. Saltou de um sonho terrível em que estava prestes a tomar uma decisão que mudaria para sempre toda sua vida.


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Notas finais do capítulo

É importante lembrar que eu só darei seguimento a história com a presença de leitores e seus incentivos.