Tentava raciocinar quando começou a sentir aquilo. O Pokémon, sentado perto de um pequeno lago, havia deixado seu treinador no pequeno acampamento em que dividia com os outros dois colegas. Pikachu olhava seu reflexo se espelhar na água clara e cristalina, iluminada pelo luar da noite tão aconchegante. Sorriu ao sentir a brisa calma dançar entre as folhas atrás de si e leva-las para tocar o céu. Voltou seu olhar ao reflexo, ele era somente um Pokémon, não é?

E mesmo sendo somente um Pokémon, por que sentia aquela dor tão aguda no peito, ao ver seu mestre andando com outros humanos do sexo oposto? A relação que possuía com seu mestre não era apenas de Treinador a Pokémon? Talvez devesse rever os conceitos que havia sobre Satoshi, mesmo que aquilo mudasse todo seu pensamento – E ele sabia que isso aconteceria.

Então, revemos. O humano – muitas vezes infantil e egoísta, o tratava como o seu melhor amigo. Mesmo tendo passeado o mundo inteirinho a fora com tantos humanos tão encantadores e esplêndidos. O seu melhor amigo, para Satoshi, sempre iria vir em primeiro lugar, não importando se ele teria que sacrificar sua vida por isso. E Pikachu sempre soube que ele sacrificaria tudo por ele. E com isso, sentiu o coração - Puro e inofensivo aos olhos de qualquer outro Pokémon, bater bruscamente. Ele sempre amou Satoshi, sempre iria sacrificar tudo por seu mestre, não importando qual a condição. E talvez isso fizesse o pequeno o amar tão profundamente. Sabia que aquilo não poderia ser amor fraternal, porque já havia falado com a única menina que o entendia naquela equipe de pokémons tão bagunçada e Snivy, havia – como sempre, rido e tentado convencer o mais velho de que estava apaixonado pelo próprio mestre. E como sempre, Pikachu ignorou totalmente o comentário da Pokémon.
Mas agora que pensara bem, talvez o amor que sentia por Satoshi realmente fosse uma paixão. Ou talvez o começo de uma, já que ainda não aceitara que realmente estava apaixonado pelo humano. Mas mesmo assim, teria que contar para ele, não é?

Pikachu engoliu em seco. Contar a Satoshi sobre os seus sentimentos não iria ser nada fácil. Primeiramente porque era um Pokémon, ao contrário do dono e segundo por que ele era o seu melhor amigo. O que Satoshi pensaria se Pikachu o amasse daquela forma? Obviamente iria jogar o Pokémon na primeira estrada de Unova! Ou talvez, retribuísse tudo àquilo que o menor sentisse e ainda mais: Talvez o amasse tão profundamente que todas as outras humanas iriam ter inveja.

O Pokémon sorriu ao concluir o amor que talvez seu mestre também pudesse sentir por si e correu de volta ao acampamento. Correu tão desesperadamente pela floresta adentro que até alguns outros Pokémons que dormiam calmamente acordaram assustados. Aquilo que passara era um Pikachu? Em Unova? Que coisa tão esplêndida!

O pequeno parou em frente à barraca de seu dono. Podia sentir a respiração manhosa do maior lá dentro, possuindo lindos sonhos agarrado ao travesseiro desengonçadamente. Suspirou e respirou fundo. Olhou para trás, o dia parecia amanhecer tão belamente. O sol levantava-se manhoso e tocava as montanhas floridas e belas de Unova. Voltou seu olhar a barraca do maior e sorriu, invadindo silenciosamente.

Satoshi dormia profundamente quando sentiu a respiração quente de seu Pokémon bater contra seu rosto. Abriu os olhos, manhoso, enquanto esfregava repetidamente as pálpebras dos olhos castanhos, tentando sucessivamente enxergar perfeitamente o pequeno à sua frente. Bocejou uma, duas vezes antes de encarar Pikachu novamente.

– Pika, Pika.

Satoshi deitou-se no colchão inflável, deitando a cabeça na frente do Pokémon. Pikachu sentiu suas bochechas queimarem. O pequeno selou rapidamente seus lábios no do mais velho e os retirou rapidamente, envergonhado. Satoshi surpreendeu-se com a atitude do Pokémon e sorriu. Já sonhava com esse dia há tempos. Puxou com um dedo o queixo do amarelo e selou seus lábios ao do menor, calmamente. O gosto puro e inocente que Pikachu havia, com um toque de curiosidade e a imensa surpresa. Ah como ele já havia sonhado tanto em fazer aquilo. E agora finalmente, Pikachu havia entendido como era os sentimentos de seu dono. E o pequeno, adorara aquilo.